A cotovelada diplomática nos EUA
As ambições do Brasil de ser um jogador mais importante no cenário diplomático mundial estão batendo de frente com os esforços dos Estados Unidos e outras potências ocidentais para conter o programa iraniano de armas nucleares. Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, agendou-se para receber o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na segunda-feira, em sua primeira visita oficial ao Brasil. A visita é parte de um esforço maior de Lula para percorrer o mundo aparentemente insolúvel da política do Oriente Médio, e se segue às visitas das últimas duas semanas do presidente de Israel, Shimon Peres, e Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina. Mas a visita está atraindo críticas dos parlamentares e ex-diplomatas no Brasil e Estados Unidos, que dizem que isso pode minar os esforços ocidentais para pressionar o Irã sobre seu programa nuclear e, conseqüentemente, esfriar as relações do Brasil com os Estados Unidos e prejudicar a sua crescente reputação como poder global. Autoridades brasileiras dizem que o objetivo da visita é fortalecer os laços comerciais entre os dois países e ajudar a levar a paz ao Oriente Médio.
E mais:
A ameaça fantasma – Paul Krugman
Fed de Chicago vê desemprego a 10,5%
Tecnocratas no topo da União Europeia
Espanha prepara o crescimento da próxima década
A ameaça fantasma
Por Paul Krugman
Uma coisa engraçada aconteceu no caminho do novo New Deal. Há um ano, a única coisa que tínhamos a temer era o medo em si; hoje, a doutrina reinante em Washington parece ser a do “Tenha medo. Tenha muito medo”. O que aconteceu? Certamente os “centristas” no Senado têm emperrado esforços para salvar a economia. Mas a evidência sugere que, além de enfrentar a oposição política, o presidente Obama e seu círculo interno foram intimidados pelas histórias assustadoras de Wall Street. Considere o contraste entre o que os assessores de Obama estavam dizendo às vésperas de seu mandato, e o que estão dizendo agora. Em dezembro de 2008, Lawrence Summers, que logo se tornou o principal economista da administração, apelou por uma ação decisiva. “Muitos especialistas”, alertou, “acreditam que o desemprego poderá atingir 10% até ao final do próximo ano“. Diante dessa perspectiva, continuou, “fazer muito pouco representa uma ameaça maior do que fazer muito“. Dez meses depois o desemprego atingiu 10,2%, sugerindo que, apesar da advertência, a administração não fez o suficiente para criar empregos. Você pode ter de esperar, então, uma determinação para fazer mais. Mas em uma recente entrevista à Fox News, o presidente parecia tímido e nervoso sobre a sua política econômica. Ele falou vagamente sobre possíveis incentivos fiscais para a criação de emprego.
Fed de Chicago vê desemprego a 10,5%
O presidente regional do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) de Chicago, Charles Evans, espera que o desemprego nos Estados Unidos atinja o pico de cerca de 10,5% na próxima primavera (março a julho) e esperançosamente cedendo para cerca de 9,5% no final de 2010, segundo comentários publicados nesta segunda-feira. “O melhor palpite é que vamos ter um planalto provavelmente na primavera“, creditou o Financial Times. “Esperaria uma estabilização e a mesma taxa de desemprego provavelmente por alguns meses antes que ela comece a cair. E pode mesmo ter altos e baixos por um par de meses”. Evans havia sido “um pouco surpreendido” pelos dados recentes de desemprego a 10,2%, o que contrariou suas próprias expectativas com o resultado um pouco maior, segundo o jornal.
Tecnocratas no topo da União Europeia
Os líderes europeus escolheram dois competentes, porém maçantes tecnocratas para serem o primeiro presidente da UE (União Europeia) e o ministro das relações exteriores. A escolha inspirada mostra a determinação dos líderes nacionais para se manterem no poder – e os limites do que é atualmente possível dentro do bloco. Se o presidente norte-americano tem um assunto urgente para discutir com a União Europeia no futuro, a quem vai chamar? Naturalmente alguém em Berlim, Londres ou Paris, como de costume -, mas certamente ninguém em Bruxelas. Em um raro espetáculo de unanimidade na reunião de cúpula da UE na semana passada, os três grandes da Europa, a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Nicolas Sarkozy e o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, nenhum dos quais particularmente entusiasmados com a UE, certificaram-se que não haveria nenhum desafio ao seu poder vindo de Bruxelas. Na tarde de quinta-feira, os líderes escolheram o primeiro-ministro belga Herman Van Rompuy o primeiro presidente permanente do Conselho Europeu e Catherine Ashton, britânica, como a principal representante da UE para a política externa e segurança.
Espanha prepara o crescimento da próxima década
O primeiro-ministro espanhol contrariou esta manhã a maioria das organizações internacionais. José Luis Rodríguez Zapatero aproveitou a conferência organizada pela revista britânica The Economist em Madri para garantir que a Espanha está em condições de “retomar um vigoroso crescimento econômico”. A OCDE, o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia previram para o próximo ano uma queda do PIB entre 0,3% e 0,8% e um crescimento em torno de 1% até 2011. Zapatero disse que a recuperação “já começou” e “tudo aponta” que o ritmo “vai se acelerar”, mas admitiu que não sabe “com que intensidade” nem “com que progresso” a recuperação começou, ou quando a economia terá “força suficiente para criar empregos“. O presidente justificou o otimismo de que a Espanha tem um potencial de crescimento maior que o da União Europeia. Ele se baseia nos argumentos de que a população é mais jovem, a percentagem de formados é maior do que em outros países europeus e a massiva incorporação das mulheres no mercado de trabalho. Zapatero também anunciou que a próxima sexta-feira, quando o Conselho de Ministros der luz verde ao projeto de lei de Economia Sustentável, também aprovará a Estratégia para o Crescimento Econômico Sustentável.
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