Queda generalizada da inflação

Próximos IPC-S vão continuar desacelerando, mas FGV descarta deflação | Valor Online

Próximos IPC-S vão continuar desacelerando, mas FGV descarta deflação

Arícia Martins | Valor

01/06/2011 13:01

SÃO PAULO – O cenário para o Índice de Preços ao Consumidor-Semanal (IPC-S) nos próximos três meses é de desaceleração, mas não deve haver deflação em maio, junho, e julho, como foi observado no ano passado.

Segundo Paulo Picchetti, coordenador do indicador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é improvável que se repitam as quedas do índice registradas no meio de 2010 (que foram de -0,21%, -0,21% e -0,08%, em junho, julho e agosto, respectivamente) porque o momento atual da economia é diferente do ano passado. “Naquela época de 2010, houve deflação de alimentos e a economia não tinha entrado em trajetória de aquecimento”, disse.

Para os três meses seguintes, o economista projeta um IPC-S médio em torno de 0,35%, menor do que a taxa de 0,5% verificada em 31 de maio. “Mesmo com um possível choque de oferta de alimentos, essa projeção é realista e favorável”. Os mesmos itens que puxaram o índice para baixo na leitura atual – em 22 de maio, ele estava em 0,96% – vão continuar a exercer efeito benigno entre junho e agosto, afirmou Picchetti.

O grupo alimentação, que desacelerou de 1,27 para 0,47% entre a terceira e a última semana de maio, continuará nessa trajetória devido a um aumento da oferta interna com a normalização da produção de alimentos in natura, e também à queda das commodities no mercado externo. O grupo transportes, que recuou de 1,04 para 0,01% na última leitura, continuará a ser favorecido pelo álcool combustível, que ainda seguirá em deflação, e pela gasolina, que terá desaceleração maior. Na quarta semana de maio, o álcool hidratado foi o item com maior queda, de -11,25%, contra deflação de -4,88% na terceira semana do mês.

Picchetti destacou, no entanto, que os itens alimentação e transportes não explicaram, sozinhos, a atual desaceleração do IPC-S. “O item alimentos respondeu por 0,26 ponto percentual da queda [de 0,45 p.p.], e combustíveis, por 0,13 p.p., mas eles não explicam tudo. A boa notícia é que a queda foi disseminada em todos os itens”. Para o coordenador do índice, esse dado aponta para um “quadro consistente de redução generalizada nos preços”. A única ressalva feita por Picchetti foi em relação aos itens serviços e aos preços administrados. “Estamos vivendo um cenário de aquecimento da economia, que pressiona serviços. Esse item vai desacelerar, mas continuará pressionando”. Entre abril e maio, a alta do item serviços recuou de 1,3 para 0,8%.

Sobre os preços administrados, o economista acredita que eles se manterão em patamar elevado, já que o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), utilizado no reajuste de aluguéis e tarifas públicas, encerrou 2010 acima de 10%. “Quando juntamos o efeito do aumento dos administrados com o efeito dos serviços, a deflação de junho, julho e agosto de 2010 não se repetirá em 2011”, ressaltou. Mesmo assim, o cenário daqui para frente é positivo, diz Picchetti. “O [Boletim] Focus está recuando há quatro semanas. A novidade da queda das commodities no mercado internacional ainda dá espaço para os alimentos recuarem nos próximos meses, o que trará uma trajetória negativa à inflação”.

(Arícia Martins | Valor) 

Luis Nassif

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