da ADUnB
Não foi “Revolução”, não foram “brincadeirinhas”. Foi DITADURA
A ditadura militar foi um dos episódios mais nefastos da história recente desse país.
A tortura, a perseguição e o ‘desaparecimento’ de cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras foram e são crimes que devem condenar seus autores pela eternidade da história. A ditadura militar no Brasil, instituída a partir de um golpe de Estado covarde e antidemocrático, deve ser execrada para sempre.
É inadmissível que o presidente da república, diante das conquistas democráticas do povo brasileiro e suas heroicas lutas, reduza a gravidade desse momento a um nada histórico, arvorecendo-se a organizar uma comemoração revanchista da ditadura militar nesse país, silenciando novamente a memoria, os sobreviventes e a historia .
O que se comemora, mórbido presidente? A participação da hegemonia com a Operação Brother-Sam? O financiamento de setores empresariais aos aventureirismos ufanistas? As torturas e desaparições de uma geração nos calabouços das botinas? Estes são alguns dos “probleminhas”, que serão comemorados?
Assim como em boa parte da América Latina e do Caribe, houve ditadura militar no Brasil, sim, e alguns dos “probleminhas” que querem relativizar foram:
- No governo Médici, houve uma circular do ministro do exército, Orlando Geisel, intitulada “O interrogatório” confirmando que a tortura e a morte de cidadãos foram utilizadas como instrumentos oficiais e úteis aos propósitos do governo. Além disso, os dois últimos presidentes dos governos militares, Ernesto Geisel e João Figueiredo, reconheceram suas participações na ditadura: Figueiredo reconhecendo ter assistido a cenas de tortura e Geisel, comandando o extermínio de pessoas na guerrilha do Araguaia;
- 50 mil presos nos primeiros meses do regime;
- 7.367 pessoas acusadas nos termos da Lei de Segurança Nacional (10.034 inquiridos);
- 130 banidos;
- 4.862 cassados;
- 6.592 militares punidos;
- 245 estudantes expulsos da universidade;
- 388 mortos e ‘desaparecidos’ (426, se contados os que morreram por sequelas da tortura, no exterior);
- Cerca de 10 mil brasileiros forçados ao autoexílio;
- São estimadas cerca de 100 mil pessoas perseguidas ou detidas durante o período da ditadura. Grande parte delas sofreu torturas e humilhações;
- Cerca de 365 e 400 opositores políticos foram mortos, a maioria quando já se encontrava presa;
- Os corpos de opositores – entre 136 e 180, segundo avaliação mais recente – eram considerados ‘desaparecidos’, ou seja, não entregues a seus familiares;
- Os cidadãos condenados pela Lei de Segurança Nacional, quando libertados em regime condicional, continuavam rigorosamente controlados.
Houve ditadura militar no Brasil, sim, e os “probleminhas” estão presentes e causam dor e sofrimento de inúmeras famílias até hoje.
Parentes de ‘desaparecidos’ políticos durante a ditadura ainda sofrem por não saber onde os corpos de seus entes queridos foram deixados. Famílias exiladas e sobreviventes que não podem recuperar convívios e vivencias subitamente arrancadas. Os corpos dos que morrem em combate nas guerras, desde a Convenção de Genebra de 1949, são devolvidos, assegurando-lhes enterro digno.
Crime de lesa-humanidade, a tortura é imprescritível a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU), de 1948, da qual o Brasil é signatário. Em seu artigo 5º institui que “Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”, e no artigo 9º, que “Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado”.
A ditadura militar no Brasil torturou, agiu com crueldade, desumanidade e de forma degradante, estabelecendo prisões, detenções, exílios e penas arbitrárias. Um festival de horrores regado a muito sangue e sofrimento humanos.
Houve ditadura militar no Brasil, sim, presidente, e o senhor deveria começar a falar o que sabe sobre o ’desaparecimento‘ de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.
Houve ditadura militar no Brasil, sim, presidente, e a banalização desse fato histórico que ainda hoje não penalizou seus responsáveis é uma vergonha nacional para qualquer dirigente sério e que se paute por valores democráticos e humanos. Não é o seu caso. Quem trata a morte e o extermínio da sociedade como doutrina de governo, e assim ficará para a historia, prova a incapacidade e maturidade de exercer o cargo mais importante de um país diverso como o nosso,
FORA BOLSONARO E TODOS OS GOLPISTAS, JÁ!
Em memória de todas as pessoas que lutaram contra a ditadura militar no Brasil, e destacamos três estudantes da Universidade de Brasília (UnB) vítimas do crime de desaparecimento forçado praticado pela ditadura militar brasileira: Paulo de Tarso Celestino da Silva (Presente!), Honestino Monteiro Guimarães (Presente!) e Ieda Santos Delgado (Presente!).
Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília – ADUnB
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