Pense duas, três, quatro vezes antes de apertar esse botão (Reprodução / Facebook)
da CartaCapital
Compartilhar para falar mal. Apenas parem
por Lino Bocchini
Ao compartilhar nas redes sociais conteúdo do qual você não gosta, mesmo que para criticar, você legitima o veículo ou colunista como um pólo de discussão
“Que capa absurda! Vou denunciar como a revista X é mentirosa!”
“Ridícula a reportagem desta TV! Vou descer o pau!”
“Esse colunista fulano é um imbecil! Vou acabar com ele!”
E não interessa o comentário que acompanha o link. Compartilhar é reconhecer a importância. É legitimar. A mensagem passada para toda a sua rede de conhecidos é: esse veículo (ou articulista) é o fórum adequado para se debater determinado assunto. Pouco importa se as opiniões serão, em sua maioria, contrárias ou favoráveis. O que interessa é que inevitavelmente todo debate se dará a partir do ponto de vista da revista, da TV ou do colunista do qual você não gosta.
Eles serão o ponto de partida, e tudo o que vier a seguir vai girar em torno deles.
Alguns dirão: “Mas existem encurtadores que criam um link que não gera audiência para o site tal. Então posso espalhar à vontade o conteúdo que o fulano não vai ganhar nenhum clique a mais.”
Verdade. É o que faz, por exemplo, o popular Naofo.de, que tem o sugestivo slogan “Encurtador higiênico de chorume”. Ao usar esse serviço e seus similares, seus contatos verão o conteúdo sem, entretanto, dar audiência para o site-destino. Funciona assim: a ferramenta gera uma cópia idêntica à página que você quer divulgar. Gera também um link encurtado para essa cópia. É ele que você usará para espalhar o conteúdo. Ao clicar no link, seus amigos verão uma página igualzinha ao endereço original, só que o site real não ganha nenhum acesso.
A invenção é interessante, mas ela embute uma armadilha.
Acontece que, com o advento destes encurtadores “higiênicos”, as pessoas estão sentindo-se ainda mais estimuladas a divulgar “chorume”. É um efeito colateral terrível que, que torna ainda mais inóspitas as TLs mundo afora, e de quebra, dá ainda mais cartaz e respaldo para quem você não gosta.
Acredite: evitar dar audiência é o de menos. O ponto central é o seu aval. E ele segue intacto, com ou sem o repasse da audiência.
Por outro lado, é compreensível o argumento de que às vezes “não dá para aguentar”. Em alguns casos o conteúdo nos revolta tanto que nos sentimos “obrigados” a criticá-lo publicamente.
Para esses momentos de crise, sugiro um exercício que leva poucos segundos e é de extremo valor: da próxima vez que for clicar no “compartilhar” do seu Facebook ou dar um retweet: pare, respire e se faça a seguinte pergunta: “essa pessoa ou veículo merece MESMO ainda mais divulgação e ainda mais legitimidade entre os meus amigos, familiares e colegas de trabalho?”.
Em geral, não vale a pena.
Acredite, nesse caso o dito popular “falem mal, mas falem de mim” funciona. E muito. Já passou da hora de mudar de estratégia. Basta lembrar qual a TV, o jornal, a rádio ou a revista mais poderosa do Brasil. Qual sua opinião sobre elas?
Publicado originalmente em 05/08/2014
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Chico Xavier
Se não me engano foi Chico Xavier que proferiu a célebre frase:
“Nós devemos ser o terminal da fofoca. Quando ela chegar deve terminar na gente”.
Por isso, não repasso nada, não tenho face, insta, whats, feeds, youtube, blogs, essas “mídias sociais” de rastilho que propagam coisas verdadeiras e falsas.
Comentar no GGN é o mais longe que eu posso chegar.
E a máxima sobre fofoca:
“Quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso.”
Millôr Fernandes
ET – isso não quer dizer que tenha gente de quem eu não goste de falar mal, tipo Dória, Moro, Bolsonaro – essas vidas vitrines tão convidativas à maledicência.
E sigamos felizes dentro da
E sigamos felizes dentro da bolha onde só discutimos as opiniões de quem pensa igual à gente.
Perfeito!!!
A partir de agora, vou adotar esta atitude. Freezer para os fascistas e embusteiros. Gratíssima pela importante reflexão!