Ministério Público retira Vale do cadastramento das famílias atingidas em Brumadinho

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Brumadinho. Foto: Ricardo Stuckert

Levantamento emergencial das famílias afetadas será realizado por instituição pública / Ricardo Stuckert

Levantamento emergencial das famílias afetadas será realizado por instituição pública - Créditos: Ricardo Stuckert

do Brasil de Fato

Ministério Público retira Vale do cadastramento das famílias atingidas em Brumadinho

Decisão desta terça-feira (29) é considerada uma vitória dos movimentos populares que atuam em defesa dos atingidos

O Ministério Público de Minas Gerais retirou nesta terça-feira (29) a mineradora Vale do processo de cadastramento das famílias atingidas pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG). Desde o início da semana, o cadastramento vinha sendo realizado pela empresa Sinergia, associada à Vale, que foi questionada pelos atingidos em Mariana (MG) e no Rio Doce após o crime cometido pela Samarco em novembro de 2015.

A decisão é resultado de esforços do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) junto ao Ministério Público de Minas Gerais, à Defensoria Pública da União e de Minas Gerais e outras instituições do Gabinete de Crise. O MAB considera que, se o levantamento for realizado por instituições públicas, sem vínculo com a Vale, é maior a chance de garantia dos direitos das vítimas do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão.

Receio

Até a decisão do Ministério Público, a Sinergia vinha listando, junto aos atingidos, os bens e perdas materiais do rompimento da barragem. O MAB denunciou a situação às instituições: “Imagina realizar cadastros em situação de extremo desespero, as famílias não são capazes de identificar realmente quais foram os danos e perdas, dimensionar isso no tempo, porque nesse primeiro momento ainda é impossível dimensionar. Então, atuamos junto do Ministério Público, da Defensoria Pública do Estado e da União para impedir que a Vale continue centralizando as informações, o banco de dados dos cadastros, inclusive possibilitando a omissão de informações”, explica Pablo Dias, que integra a coordenação do MAB.

A partir de agora, será feito um levantamento emergencial das famílias que foram afetadas com o rompimento da barragem, sem mensurar perdas e danos materiais. A coleta destas informações será realizada por um instituição pública, a ser definida, que irá produzir um banco de dados dos atingidos.

:: Histórico de violações da Vale vai além de Mariana e Brumadinho ::

Segundo o MAB, o cadastro deve ser construído em conjunto com os atingidos, com uma metodologia e um questionário dinâmicos, para dimensionar de fato os danos e não fazer um levantamento “direcionado”. Além da mudança no processo de registro das famílias, este esforço conjunto também pode garantir conquistas como: traslado das famílias para as diversas localidades que envolvem o crime, como Instituto Médico Legal (IML); garantia de alimentação permanente e de qualidade; ampliação do atendimento psicossocial; garantia do serviço funerário, entre outros direitos.

“Estamos no dia 29 de janeiro, daqui a pouco será dia 5 do mês de fevereiro. As contas das famílias vão vencer e não terão condições de subsistência. O MAB defende o pagamento de um auxílio emergencial, via cartão para todas as famílias deslocadas e que tiveram sua renda impactadas pelo rompimento. Isso é urgente”, alerta Dias.

Após o crime de Mariana, em 2015, a Sinergia repassou os dados dos atingidos para a Fundação Renova, responsável pelas reparações, que não cumpriu o cronograma apresentado às famílias. A Fundação Renova alega que o cronograma inicial, definido pelo Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAC), não considerou a complexidade e a extensão do território atingido, e por isso houve atraso nas reparações.

Edição: Brasil de Fato

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

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  1. Isso deveria ter tido inicio desde segunda-feira pela manhã.

    Tem que cadastrar e já adiantar uma indenização para fazer frente aos gastos das famílias com enterro e outras necessidades.

    O dinheiro não pode vir por “doação” da Vale. Doação é humilhação.

    Tem que vir do MP mesmo, via judicial e como adiantamento.

    O valor do bloqueio das contas deve ser transferiodo para uma conta judicial, para que não

    se desbloquei os recursos via medida liminar.

  2. Pelo nome do presidente da

    Pelo nome do presidente da Vale penso que ele também é judeu. Isso, se verdade, torna mais evidente a necessidade da vinda dos militares de Israel ao Brasil. E essa união do nosso governo com esse povo mesquinha, miserável, pouco nos agrada, se nunca vimos judeus condescendentes com as causas humanitárias. Eles gostam de ser lembrados como vítimas do Hoocausto, mas promovem coisa similar contra qualquer um que não reze em sua carilha. Como todo judeu que preza sua história, amam a terra alheia, e, principalmente uma terra alheia cheia de riquezas, como a nossa.

    1. Separe o joio do trigo, Mana
      Por si só, o fato de ser judeu não torna ninguém um crápula. Se fosse assim, não teríamos Marx e Einstein, entre tantos outros judeus extremamente humanitários.

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