Durante semanas teceu-se a urdidura.
E Heddy Lammar, que era rocha pura,
e Salitre de Tal, pura armadura,
esqueceram por instantes de suas lanças,
e do exercício rotineiro do sarcasmo.
E o chat perguntava, o que deu neles?
De certo tramando a grande sacanagem,
a suprema parceria, o trote clássico e fatal,
entre Heddy Lammar e Salitre de Tal.
A cada noite, depois do batente,
encontrávamo-nos no ICQ para balanço
e aprimoramento da estratégia traçada.
A cada manhã, antes da labuta,
encontrávamo-nos de novo.
Na hora do almoço, mais uma vez.
E aproveitávamos os intervalos da grande armação
para confidências, revelações discretas,
plantadas distraidamente na conversa
como intervalos comerciais da grande novela.
E de revelação em revelação
rapidamente penetramos
nos recantos mais secretos de cada um.
Em breve, ela viu em mim um solitário.
Rapidamente a intuí tão só.
E enquanto as comportas se abriam
jorravam torrentes de dor e de agonia,
de dois náufragos navegando ansiosos
pela cósmica solidão de um mundo novo.
Pressentindo Heddy Lammar sozinha,
sentindo em mim a solidão latente,
tornamo-nos hóspedes permanentes
de nossa solidão vizinha:
eu abrigando minha solidão na dela,
ela amparando sua solidão na minha
(continua)
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.