Impensável? Reabilitação através da leitura

Por Vinicius Carioca

Crise prisional do Brasil é agora parteira de alguns programas criativos que visam estimular a redução penal

The Guardian

Com mais de meio milhão de presos, quase metade deles em prisão preventiva, as prisões brasileiras estão entre as mais superlotadas e violentas do mundo. Não exatamente um lugar onde o pensamento penal inovador tem muita chance, você pode pensar. Mas pense novamente. A crise prisional do Brasil é agora parteira de alguns programas criativos que visam estimular a redução penal dos quais a Grã-Bretanha, com os nossos próprios problemas de superlotação das prisões, poderia aprender.

Em um novo sistema verde, por exemplo, os presos brasileiros podem se exercitar em bicicletas fixas que carregam baterias para alimentar a iluminação pública local; em troca de três turnos de oito horas, os presos ganham um dia na redução de sua sentença – bem como perdem peso e ficam em forma. Ainda mais novo, por assim dizer, é um sistem de “redenção através da leitura”, no qual os presos de quatro das mais duras prisões do país ganham quatro dias de redução de sua sentença para ler uma obra clássica de literatura, filosofia ou ciência, e escrever um ensaio sobre a mesma – até um limite de 12 livros por ano. A leitura e a escrita na prisão têm sido sempre uma rota para a reabilitação; como o período de estudo forçado que ajudou a transformar o provisório IRA para o processo de paz. Mas por que parar aí? A leitura nunca deve ser vista como uma punição, mas poderia ser uma nova alternativa útil à custódia, bem como um passaporte para fora dela. Em vez de condenar alguns criminosos à prisão, os tribunais poderiam obrigá-los a ler romances clássicos – os romances completos de James Joyce, por exemplo, com tempo livre para terminar Finnegans Wake.

Luis Nassif

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