Por Marco Antonio L.
Este senhor tem o mapa da mina
O caminho do lucro com a infraestrutura passa por Bernardo Figueiredo, comandante da nova superestatal EPL, que garantirá R$ 133 bilhões de investimentos em ferrovias e rodovias, além do trem-bala.
Por Denize BACOCCINA e Guilherme QUEIROZ – Istoé Dinheiro
Desde que voltou a morar em Brasília, há 12 anos, o economista Bernardo Figueiredo, 62 anos, casado, sete filhos, planeja se aposentar e cuidar da fazenda que mantém na zona rural de Sobradinho, a 40 quilômetros da Esplanada dos Ministérios. Até hoje não conseguiu cumprir seu plano. Sempre que pensa em deixar os cargos públicos que vem ocupando, desde 1973, quando se formou em economia na Universidade de Brasília (UnB), aparece um novo desafio. O atual é a presidência da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), a estatal que vai administrar todo o sistema de transportes brasileiro. A empresa, criada por medida provisória enviada ao Congresso na semana passada, tem uma missão nobre: atualizar a malha rodoviária e ferroviária e levar estradas para escoar a produção das novas fronteiras agrícolas e jazidas minerais.
A EPL também será responsável por fazer as conexões entre o interior do País e os portos do litoral – evitando o congestionado centro de São Paulo – e desenhar novas rotas para o Norte, que aliviem o intenso movimento dos portos do Sul e Sudeste. No futuro, vai ainda integrar hidrovias a ferrovias e rodovias, criando acessos que aproveitem, de fato, o imenso potencial de navegação dos rios. Figueiredo, um mineiro de Sete Lagoas, que se mudou para Brasília aos dez anos de idade acompanhando o pai, que foi trabalhar na Rede Ferroviária Federal, ainda nem tem escritório definitivo, cartão de visita ou telefone fixo. Mas já é o dono de um dos mais ambiciosos planos de investimentos lançados pelo governo nos últimos anos.
O presidente da EPL tem nas mãos um pacote de R$ 133 bilhões em obras que serão concedidas à iniciativa privada ou executadas em parceria com o governo. Ele vai cuidar também do trem de alta velocidade (TAV), o trem-bala entre Campinas, São Paulo e o Rio de Janeiro, um projeto de R$ 33 bilhões, que deve entrar em operação em 2020 e no qual a EPL entrou com 10% e direito a uma golden share. A minuta do edital, publicada na quinta-feira 23, prevê um lucro de R$ 241 bilhões para a operadora em 40 anos, com uma taxa de retorno de 6,23%, de acordo com Hélio Mauro França, superintendente-executivo da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), agência da qual Figueiredo foi diretor-geral até fevereiro.
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