Armando Coelho Neto
Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.
[email protected]

E aí, Teori amigo? Quem vai fazer a bala parar?, por Armando Coelho Neto

E aí, Teori amigo? Quem fazer a bala parar?

por Armando Rodrigues Coelho Neto

O mundo civilizado sabe que existe um golpe em andamento. O mundo está perplexo que um “juiz ladrão” tenha aliciado jurados de sua laia para condenar uma pessoa que, ao contrário de muitos de seus julgadores, não pôs um centavo alheio em seu bolso. Vejo nisso um jogo de cartas marcadas capaz de deixar o Primeiro Comando da Capital (PCC) perplexo, cujos “julgamentos” são mais “honestos”!

O impeachment tem previsão constitucional, mas como já disse nesse mesmo espaço, tem ares de processo de “maconha intrujada”, que viciado na origem segue os trâmites legais. Sobre as ilegalidades e as farsas tudo já se disse e está em curso um golpe. Os presidentes anteriores usaram e abusaram do mesmo suposto crime e o candidato a usurpador da faixa também.

Também aqui lembrei que a Operação Farsa a Jato é uma derivação de crimes que remontam à era FHC, com passagens pela CPI dos Precatórios, Operação Macuco e Banestado, quando, mais à frente, o doleiro e o juiz eram os mesmos (Yousseff e Sérgio Moro); os veículos de maior penetração social (baixa e alta renda desinformada) eram as mesmas: TV Globo e Veja, que aqui representando demais latrinas desinformativas da República de Bananas S/A.

Depois de ser herói por cinco minutos, o deputado Maranhão desanulou o seu ato de anulação, dando sua contribuição à fruta símbolo de nossa cleptocracia. No contexto, deixando de lado tudo que já se disse sobre o tal Maranhão, fiquei chocado ao ver que grandes emissoras, com pompas e circunstâncias deu voz ao banido Eduardo Cunha, para que ele dissesse que o tal recurso não apreciado, que fundamentou o ato de Maranhão, tinha sido sim examinado. Só não foi assinado.

Coisas do bananal! Pela terceira vez, um documento sem assinatura vale alguma coisa. O primeiro foi contrato do sítio de Atibaia; o segundo a Portaria de Dilma Rousseff nomeando Lula ministro e agora o “recurso apreciado” pelo impoluto Cunha. Aliás, sempre li que administração pública pode anular seus atos a qualquer tempo, quando eivados de vícios. É súmula do STF.

E aí fiquei sem saber se a Câmara Federal pratica ato administrativo, ainda que em sentido lato. Fiquei pensando se Michel Temer ao assumir tem os mesmos poderes de Dilma Roussfff, por que razão o tal Maranhão não teria o mesmo poder de seu antecessor e anular o novo “Pacote de Abril”.

Depois de retomar tantas notas nesse GGN, elogiei a coragem do Teori Zavasck pela ousadia e envergadura de seu voto no afastamento de Eduardo Cunha, mas depois vi que não demonstrou a mesma lucidez diante do recurso apresentado pela Advocacia Geral da União.

E aí lembrei que parece não ser mais tradição do Supremo Tribunal Federal considerar vícios de vontade. Lembro, por exemplo, que na farsa do Mensalão falou-se muito de votos comprados, o que viciaria as vontades. Como pela teoria do domínio do fato, sequer o fato ficou provado, o brasileiro ficou sem saber que votos foram vendidos e para quê. E assim, consolidou-se o vício de vontade.

Nesse momento tenso, de inquietação espiritual e cidadã, permita-me o leitor divagar sobre a “Canção do Novo Mundo”, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos. Teria sido uma homenagem ao cantor John Lennon e nela, dizem: “Me diz como pode acontecer, um simples canalha mata um rei… Oh! Minha estrela amiga, porque você não fez a bala parar”.

Numa democracia com a aparente plena funcionalidade dos Três Poderes, restaria, sim, a esperança de que o horror canhestro da tragicomédia politico-midiática do golpe pudesse ser corrigido pelo Senado Federal. Por instantes pensei: não, não irão deixar que um simples canalha ou uma legião deles “matem um rei”, no caso o Estado de Direito.

Não. O processo viciado “ab ovo” (vingança do Cunha) foi aceito com um recurso não apreciado ou, segundo Cunha, “foi apreciado mas não foi assinado por ter sido afastado”. A TV Globo até mostrou o documento para avalizar a palavra de Cunha. Leia-se a TV Globo mostrou em cadeia nacional que o documento estava em branco e portanto, formalmente o ato inexiste. Alias, o direito faz distinção entre ato nulo, anulável e inexistente. Mas…

Agora, sobrou para o Poder Judiciário dizer se processo aberto por ato viciado de vingança, endossado por 318 ladrões ou suspeitos de, com vícios de forma e ato inexistente tem o condão de anular 54 milhões de voto.

E aí pergunto: Oh, minha estrela amiga, quantos e quais dos juízes, em número suficiente, ousarão fazer a bala parar?

Armando Coelho Neto

Armando Rodrigues Coelho Neto é jornalista, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo.

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Não sei quantos juízes tem no

    Não sei quantos juízes tem no Brasil, só sei dizer que nenhum deles terá coragem suficiente para impedir o golpe, só vão assinar algum manifesto contra, mais agir mesmo, duvido muito.

  2. Pesquisa

     Por ansiedade de saber spbre p parecer do teori Fiz uma pesquisa no google: Noticias recentes sobre o STF, e vejam qual foi a primeira resposta á minha pesquisa:  Teori Zavascki nega pedido do governo para anular impeachment

    Globo.com‎ – 3 horas atrásEsta emissora está brincando com fogo. Minha mãe dizia, quando éramos crianças que quem brinca com fogoamanhece mijado.De onde será que nasce as ações extremistas?? Fanatismo! Seja religioso, como também pode ser político.Ao meu ver esse “ódio fanático” alimentado pela mídia poderá causar grandes eventos de violencia.  

  3. Ivan

    Prezado Armando Coelho Neto

    Passo todo o tempo que tenho disponível, conectado á procura de comentarios, análises, posts nos blogs. A cada dia minha angústia se aumenta, mas minha esperança se mantinha viva.

    Hoje foi a primeira vez que chorei, emocionado com suas palavras me fazendo cantar em pensamento esta musica interpretada por Beto Guedes.

    “Numa democracia com a aparente plena funcionalidade dos Três Poderes, restaria, sim, a esperança de que o horror canhestro da tragicomédia politico-midiática do golpe pudesse ser corrigido pelo Senado Federal. Por instantes pensei: não, não irão deixar que um simples canalha ou uma legião deles “matem um rei”, no caso o Estado de Direito.”

  4. Eles não farão parar essa

    Eles não farão parar essa bala porque a maioria dentre eles não interessa de fato coisas como Estado de Direito ou ainda Verdade. O que importa é estar ao lado dessa maioria que ai esta. Tudo é tão passageiro… E esse momento de gloria para os golpistas também passara. E o que ficara? Que todas as pessoas responsaveis deste Pais alertaram que se tratava de um golpe no Estado de Direito e na Verdade e eles passarão então para o lixo da Historia, como passaram os golpistas de 64.

    Lembrando Beto Guedes, quem tanto cantamos em nossa juventude, em Paisagem da Janela “Conheci as torres e os cemitérios.Conheci os homens e os seus velórios. Quando olhava da janela lateral.” Nada de novo.

    1. Lixo da história não é

      Lixo da história não é nada!!! Um monte deles vai morrer antes disso !!!

      Pior é o Brasil que passará a país lixo do planeta e será espoliado !!!

      O Brasil perderáq sua soberania, e o povo os seus direitos ???

      OS Golpistas ?? Vão falr mal deles quando eles nem mais vivos estiverem para ouvir !!!

      Tem que ser feito algo com eles AGORA !!!

  5. Teori não é magistrado

    Eu e muitas outras pessoas depositávamos confiança em Teori. Ele parecia ser um Magistrado. Aquele que sabe da sua importância para a possibilidade de pessoas conviverem sem o “estado de violência” característico da bárbarie. Aquele que sabe que o mais difícil é enfrentar a elite econômica, fazendo prevalecer o Estado de Direito.

    Porém, Teori mostrou-se um Covarde.

    Compactuou na condenação de uma inocente.

    Portanto, não é um Magistrado.

    Teori somente tem um bom emprego no STF para servir aos poderosos.

    1. Este entrará para a história

      Este entrará para a história como aquele que afiançou o golpe na democracia.

      Sua demora de mais de 150 dias para analisar um pedido de afastamento do Cunha da presidência da câmara dando a ele o tempo que necessitava para encaminhar o golpe ficará para  sempre nos livros de história. 

      Sua decisão de afastar o eduardo Cunbha nada teve de corajosa. Apenas o Cunha já tinha consumido a sua serventia. Então poderia ser afastado.

      Teori Zavaski. Este nome não será esquecido tão cedo. Toda opressão que o povo humilde deste país sofrerá de hoje em diante poderá ser creditado em sua conta. E as mortes também, se houver.

      E a opressão já começou. E com novas armas, mais agressivas.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador