Imprensa “deturpa” o verdadeiro teor do processo contra Lula, diz advogado

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Reportagens que colocam sob suspeição os recibos que comprovam 4 anos de locação de um apartamento vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo, estão ajudando a Lava Jato a deturpar o verdadeiro objeto da segunda ação penal que tramita contra o petista nas mãos de Sergio Moro. É o que avalia a defesa do ex-presidente, em nota enviado ao Estadão no último final de semana.

A nota comentava uma reportagem do jornal sobre os pagamentos feitos pela Presidência da República em relação à mesma propriedade. A matéria foi uma maneira encontrada pelo veículo para não deixar morrer a história dos comprovantes apresentados pela defesa ao juiz Moro. Desde que vieram à tona, os documentos foram colocados em xeque pela grande mídia.

O advogado Cristiano Zanin já havia classificado a polêmica como uma grande “bobagem”. Na nota ao Estadão, ele acrescentou que a cobertura focada neste assunto apenas “deturpa o objeto da ação penal” e esconde que os procuradores de Curitiba estão com dificuldades de comprovar a segunda denúncia que ofereceram contra Lula, sobre os contratos da Odebrecht com a Petrobras.

“A reportagem deturpa o objeto da ação penal à qual se refere. Na acusação real e não comprovada pelo Ministério Público, o apartamento teria sido adquirido para o ex-Presidente Lula com recursos provenientes de 8 contratos firmados entre a Petrobras e consórcios envolvendo a Odebrecht. No entanto, nenhuma prova de uso de valores da Petrobras foi feita pela acusação. Além disso, o Sr. Glaucos da Costamarques comprovou ter feito a compra com recursos próprios, por meio de cheques administrativos”, disse Zanin.

“A quitação é a prova mais plena de pagamento segundo a lei. A imprensa e agentes do processo tentaram, sem êxito, desqualificar os documentos, inclusive com precipitadas ofensas à Defesa de Lula. Mas hoje não há qualquer dúvida de que eles foram assinados pelo proprietário e em diferentes períodos e, portanto, são documentos idôneos e aptos a fazer a prova de que D. Marisa honrou sua obrigação contratual e fez o pagamento dos aluguéis”, acrescentou.
 
Leia mais: A conveniente história dos recibos de aluguel forjados
 
Na semana passada, foi vazado para a imprensa uma planilha apreendida pela Polícia Federal na casa de Lula que chama “Contas Mensais 2º Sem. 2011”. No documento, constam pagamentos do condomínio, luz e IPTU do apartamento alugado à família do ex-presidente por Glaucos da Costamarques. Não o valor de aluguel, cerca de R$ 3,5 mil, não aparece na tabela.
 
O documento, apreendido em março de 2016, foi vazado em meio a uma guerra de narrativa entre a Lava Jato e a defesa de Lula, acentuada após a entrega de 26 recibos que desmontam o depoimento de Glaucos a Sergio Moro. O engenheiro afirmou, no início do mês, que não recebeu os valores do aluguel entre fevereiro de 2011 e novembro 2015.
 
“A ‘grande descoberta da vez’ é uma planilha apócrifa e que relacionaria apenas ‘pagamentos em agência bancária’ no ano de 2011. Além de não ser possível relacionar um documento sem qualquer assinatura com D. Marisa, ele nada prova. Não se pode presumir, até porque o próprio documento não permite, que ele contenha uma relação exaustiva de pagamentos feitos por D. Marisa em 2011, que podem ser feitos de diversas formas de acordo com a lei”, disparou Zanin.
 
Segundo o Estadão, a PF encontrou o material no mesmo baú onde estavam os 26 recibos encontrados recentemente pela defesa de Lula. Mas nenhum deles havia sido anexado aos autos do processo contra o ex-presidente em Curitiba. Foi necessário a solicitação do juiz para que eles fossem apresentados.
 
Para os procuradores de Curitiba, Glaucos comprou o apartamento para Lula, com propina da Odebrecht, no valor de R$ 504 mil. O contrato de locação e os recibos teriam sido feitos apenas para mascarar a operação de lavagem de dinheiro.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

3 Comentários

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  1. Beirando o ridículo

    A Odebrecht compra um apartamento para Lula no valor de 504 mil, 4 mil a mais que as malas de Temer e de Aécio. As obras no apê na praia de não sei onde, de propriedade de alguém chagam a 2 milhões,  4 malas de joesley, isto é claro, nada perto dos 51 milhões, sem dono, encontrados em um apartamento de Salvador. Quanto valem os tais pedalinhos mesmo?

    Isto tudo sem falar que as robustas provas já que não foram encontradass contas no exterior ou empresas de fachada em paraísos fiscais, uma clara obstrução da justiça.

    Na ausência de coisa melhor, tome discurso contra a pedofilia, não dá mais para pedir etica na política fazendo parte do ‘governo’ e votando sistematicamente para impedir o processo daqueles que colocaram no poder.

    Acho que a criminalização dos menores de 18 anos não tarda, é o que nos mostra a situação caótica do Rio de Janeiro. A  liberação da venda de armas para o cidadão de bem precisa de um fato de impacto repercutida a exaustão.

  2. essas “verdades” da imprensa

    essas “verdades” da imprensa comercial não têm pretensão de mudar opinião de quem vota em Lula, mas apenas dar combustível para a direita-casa-grande se achar no direito de tomar o poder, porque o orçamento é dela e ninguém vai lhe tirar isso (de novo, como aconteceu nos governos PT). acaso aécio diria o que disse, faria o que fez após eleição 2014 se não estivesse acorbetado, amparado pelo imaginário que habita essa tal elite? são bandidos que roubam com ares de legalidade. e tentam repassar a ideologia deles para o resto da sociedade alienada: nós é que podemos, vocês, trabalhem! isso não é novidade no mundo, é histórico. a diferença agora e aqui é a desfaçatez com que vêm acontecendo as mudanças no espectro político desde o golpe (o último, o mais recente). outra diferença, as revoluções sangrentas, as guerras civis, que não tivemos com sucesso. não fora esta última, novo governo popular simplesmente (ou quase) renacionalizaria o que os atuais bandidos de Brasília estão vendendo. segurança jurídica? boicote das nações-de-rapina que tomaram nossos bens? às favas tudo isso. uma país não se faz rebaixando-se. tempos difíceis serão os próximos com o país neocolônia, isso sim. 

     

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