Petroleiros processam Pedro Parente por improbidade e exigem confisco de bens

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Agência Brasil

Da RBA

FUP processa Pedro Parente por improbidade e exige confisco de seus bens

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) ingressou com ação civil pública contra o ex-presidente da Petrobrás, Pedro Parente, por improbidade administrativa. A ação cobra a anulação do pagamento de US$ 600 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) que a estatal, sob comando do tucano, fez em maio ao banco J.P. Morgan. A medida antecipou em mais de quatro anos a quitação de uma dívida que só venceria em setembro de 2022.

Pedro Parente é sócio do presidente do banco, José de Menezes Berenguer Neto, o que revela conflito de interesses. A mulher do ex-presidente da Petrobrás, Lúcia Hauptman, é procuradora de Berenguer, com quem a família tem estreitas relações, segundo informa a FUP em seu site. O casal é sócio do banqueiro em pelo menos duas empresas (Kenaz Participações e Viedma Participações), sendo que uma delas tem como sede um imóvel que pertence a Pedro Parente.

Na ação, além da nulidade da antecipação do bilionário pagamento ao banco J.P. Morgan, a federação cobra a responsabilização de Pedro Parente e do banqueiro José Berenguer e pede a indisponibilidade imediata de seus bens.

“Conclui-se que os réus violaram, além dos princípios constitucionais que regem a administração pública, os deveres de imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições, previstos no artigo 11, caput e inciso I, da Lei 8.429/92, por terem se valido do patrimônio de empresa estatal na consecução de interesses pessoais”, diz o texto do processo.

Segundo a entidade, a operação foi um “péssimo negócio” e injustificável sob a ótica da eficiência, dados os resultados negativos apresentados pela Petrobras nos últimos anos.

Gestão marcada
A FUP cita ainda outros casos em que acusa conflito de interesses envolvendo a gestão de Pedro Parente na Petrobras. E lembra denúncia feita há um ano ao Ministério Público Federal. Quando assumiu a presidência da estatal, Parente acumulou a presidência do Conselho de Administração da BM&F Bovespa, cujos índices foram altamente impactados por suas decisões em negócios da petrolífera, com vendas de ativos e desinvestimentos.

Também teria sido favorecida pela passagem de Parente pela Petrobras foi a Prada Administradora de Recursos, grupo de gestão financeira e empresarial presidido por sua mulher Lucia Hauptman. A empresa atua como consultora de milionários no mercado de capitais. Parente é sócio fundador da empresa que, não por acaso, teve o maior boom de clientes e carteiras de investimento em 2016, após o golpe que o levou ao comando da estatal.

O volume de compras de ações feitas pela Prada saltou de R$ 403 mil, em dezembro de 2015, para R$ 3,2 milhões, em dezembro de 2016. Uma movimentação maior do que a comum no mercado.

Segundo a FUP, o MPF ainda não respondeu a nenhuma denúncia apresentada. A entidade associa ainda esses conflitos de interesses aos R$ 137 bilhões de prejuízos que a Petrobrás amargou durante os 11 dias de protestos dos caminhoneiros e os R$ 40,9 bilhões que perdeu com o comunicado de demissão feito por Parente em pleno funcionamento do pregão, antes do fechamento do mercado, como é padrão em todas as empresas de capital aberto.  

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Como enxergar o que se quer.

    Editorial do Estadão:

    O Brasil, ao que parece, não está pronto para uma gestão profissional e apolítica de suas empresas estatais. Sempre que uma estatal ou banco público começa a ter critérios racionais de administração, tornando-se infenso aos usos e costumes clientelistas e patrimonialistas, os grupos de pressão – sejam políticos, sejam sindicais – tratam logo de sabotar esses esforços. Donde se pode concluir que estatais, geralmente em nome de um obscuro “interesse nacional”, jamais serão gerenciadas para manter seu equilíbrio financeiro e ter recursos para investir, pois só existem – é o que parece – para satisfazer objetivos estranhos ao seu negócio.

    O recente caso da Petrobrás é apenas um exemplo. Como se sabe, a estatal chegou à beira da ruína depois de anos servindo aos projetos megalomaníacos dos governos de Lula da Silva e de Dilma Rousseff. Felizmente, o impeachment de Dilma interrompeu esse processo, pois o sucessor da petista, o presidente Michel Temer, tratou rapidamente de entregar a administração da empresa a Pedro Parente, um executivo com indiscutível capacidade administrativa. Nenhuma das qualidades de Parente, contudo, teria sido suficiente para salvar a Petrobrás se o presidente Temer não tivesse atendido às principais exigências do executivo para aceitar o cargo, isto é, total autonomia para definir os rumos da Petrobrás e garantia de que não haveria interferência política na sua gestão.

    Os extraordinários resultados obtidos pela Petrobrás na gestão de Pedro Parente serviram para comprovar não apenas o quão importante é ter bons profissionais à frente da administração de estatais, mas principalmente o quão crucial é impedir que essas empresas sejam exploradas com propósitos populistas, eleitoreiros e corporativistas.

    Apesar dessas constatações indisputáveis, o governo foi incapaz de sustentar a administração de Pedro Parente diante do primeiro solavanco causado pelas milícias do subdesenvolvimento – que impulsionaram uma greve de caminhoneiros para exigir que a Petrobrás deixasse de praticar sua racional política de preços de mercado, implementada por Parente, e voltasse a bancar combustível barato, como fazia na trevosa era lulopetista.

    Parente não foi o primeiro a sucumbir diante da força do parasitismo estatal. Antes dele, em maio do ano passado, caiu Maria Silvia Bastos Marques, que havia tentado fazer do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) uma instituição voltada para sua função essencial – estimular o crescimento do País sem favorecer nenhum setor em especial e sem bancar os “campeões nacionais” que fizeram a festa durante os governos de Lula e Dilma. Convém lembrar que Maria Silvia teve que trabalhar em um BNDES repleto de funcionários que haviam ingressado durante a administração do PT e que, sob inspiração do partido, foram responsáveis por dar aval a uma política de crédito que se revelou ruinosa não apenas para o banco, mas para o País. Também neste caso, o Palácio do Planalto falhou na defesa de sua executiva justamente no momento em que esta mais sofria com pressões de todo tipo – de funcionários, de empresários e de gente de dentro do próprio governo.

    Assim, observa-se quão inúteis são as iniciativas destinadas a melhorar a governança das empresas e dos bancos estatais. A mais recente dessas iniciativas, a Lei das Estatais – que impôs requisitos mínimos para o preenchimento de cargos, na suposição de que isso impediria a nomeação de apaniguados de partidos governistas e, portanto, protegeria as empresas de interferência política -, se tornou quase letra morta. E isso aconteceu não apenas porque os partidos continuam a ter influência na nomeação de diretores das estatais, mas principalmente porque, como se viu nos casos da Petrobrás e do BNDES, quanto mais competente e profissional for a administração dessas empresas, menos “estatais” – isto é, menos sujeitas à ingerência política e sindical – elas serão. E isso para os diversos grupos organizados que, a título de defender os interesses do “povo”, pretendem se apoderar de pedaços do Estado – aí incluídas suas empresas e bancos – é simplesmente intolerável.

    1. Inacreditavel esse editorial

      Tem que ser estudado e bem analisado nas escolas de jornalismo pelo teor burlesco e farsesco. Ha muito que O Estadão tornou-se o porta-voz da Tea Party brasileira. 

  2. FHC

    Engraçado ! Todos s participantes do Governo FHC estão muito ricos, incluindo Verônica Serra e Paulo Henrique Cardoso , que, pelo jeito , nem mora aqui. Eita gente de sorte !

     

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