Temer não pode vender os bens do povo brasileiro, diz Lula em ato na Paulista

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Lula em manifestação em abril de 2016 - Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

 

Jornal GGN – Em discurso a cerca de 200 mil manifestantes na avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o golpe “não foi apenas contra Dilma”, mas também para “acabar com as conquistas sociais”, e que Michel Temer deveria o escutar e ser “presidente de empresa”, não “vender os bens do povo brasileiro”.
 
A declaração foi no ato na capital paulista, que teve início às 15h e se estendeu pela noite desta quarta-feira (15), no Dia Nacional de Luta Contra as Reformas da Previdência e Trabalhista e pela saída de Michel Temer.
 
“Está ficando cada vez mais claro que o golpe dado neste país não foi apenas contra a Dilma e os partidos de esquerda. O golpe foi para colocar um cidadão sem nenhuma legitimidade para acabar com as conquistas sociais do povo”, introduziu Lula no discurso.
 

“Colocou no Congresso uma força política para enfiar goela abaixo do povo brasileiro uma reforma que vai impedir a aposentadoria de milhões. O problema não é de dinheiro. Eu queria que o Meirelles estivesse ouvindo. Eu queria que o Temer estivesse ouvindo”, alertou o ex-presidente.

Segundo Lula, quando o país, durante o seu governo, gerou 22 milhões de emprego, todas as categorias tinham aumento acima da inflação e, com isso, a previdência consegui arrecadação para se manter.
 
Lembrou que no passado o país já tinha conseguido resolver o problema da previdência, ao “incluir os pobres no orçamento”. “É preciso parar com essa bobagem de cortar e vender as nossas estatais. Quem não sabe governar, só sabe vender”, completou.
 
Com a sequência de privatizações e medidas contra os direitos sociais, o ex-presidente afirmou que “Temer deveria ser presidente de uma empresa, para vender o que ele produzisse e não vender os bens do povo brasileiro”.
 
Criticou o governo “golpista” de Michel Temer e defendeu que somente com um presidente legítimamente eleito, escolhido pelo povo nas urnas, é que se chegará à confiança da sociedade e “nós vamos fazer esse país voltar a crescer”.
 
“Tenho orgulho de ter sido presidente por oito anos e ter ajudado esse país a levantar a cabeça. Quem pensa que o povo está contente, esse povo só vai parar quando elegerem um governo democraticamente eleito”, finalizou.
 
Já no fim do discurso, voltou ao microfone para “avisar” a Temer que as obras de transposição do Rio São Francisco têm paternidade: “No domingo, estarei na Paraíba para avisar ‘quem tem parente lá'”.
 
Assista ao vídeo:
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

9 Comentários

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  1. Era melhor que Lula se

    Era melhor que Lula se preservasse, mas parece que não temos outro Estadista para um improvável  “Contra-Golpe”. SE o país tivesse um militar com o patriotismo, a intelifência e a coragem de um Fidel Castro, o Brasil seria uma potência mundial. Mas não, só temos Fulgêncios Batistas e outro Joaquim Silvério dos Reis.  

  2. O governo irá vender até o parquinho do Michelzinho

    Esta semana ficará na história do Brasil, como o momento em que o governo Temer explodiu. E não será por conta da lista de Janot e o reflexo sobre o gabinete, sobre o Congresso e sobre lideranças políticas do PMDB e do PSDB. Também, não será por conta da manifestação popular que tomou as ruas contra as reformas pedindo a cabeça do governo golpista. Estes serão fatores a mais a contribuir para o debacle final. Debacle final é da mesma época em que o uso da mesóclise era sinal de erudição, então, troquemos por tombo final.

    E foi o STF, com uma imensa contribuição da sua Ministra Presidente, quem provocou o, vá lá, debacle. Cá entre nós, vamos e venhamos, debacle tem estilo, parece até fazer um estrondo quando é escrito. Mas, o que houve? Foi fogo amigo? Disparo acidental? A togada guarnição da peça de artilharia fumou maconha vencida e descuidou-se do canhão? Não se sabe, mas, seja como for, foi de uma precisão imensa, um disparo de 105mm, intenso e devastador, na linha d’água do orçamento federal. Estima-se uma perda de receita de R$ 250 bi em 12 meses o que pode representar algo como R$ 210 para o exercício corrente. 

    Eu estou com uma certa dificuldade para escrever com coerência porque não consigo parar de gargalhar. Estou parecendo uma hiena, bicho feio como a fome, faz sexo uma vez por ano, come carniça e ri. Estou rindo sem parar, apesar da minha própria desgraça e do pobre povo brasileiro, mas não consigo me conter sabendo do tamanho do pote de bosta que desabou na cabeça dos golpistas.

    Isso me lembra do barnabé infeliz que vestiu verde e amarelo e bateu na única panela (de alumínio) que tinha em casa. Olho para os médicos que estão com os consultórios vazios. Conheço um cirurgião plástico que fez promoção de 50% no preço das cirurgias e não deu certo. Conheço outro que fechou a clínica e abriu um consultório. Estão, a exemplo de muitos outros paneleiros (no sentido de bater em panela e não no significado dado em Portugal), vendo o tempo andar para trás, o calendário econômico apontando que voltamos a 2007 e o cenário político mostrando Washington Luís na presidência e a sede do governo de volta ao Palácio do Catete de 1930. Por isso, hoje, até serventuário da justiça e policial federal deram uma pausa na perseguição ao Lula e na arenga contra “O Mais Corrupto da História” e aderiram às manifestações. Dói a barriga de tanto rir e dói na alma antecipar tamanha a tragédia que se avizinha.

    Mas, voltando ao assunto do tiro de canhão. Hoje, em sessão plenária, os predestinados magistrados da Mais Alta Corte fizeram o que têm feito por dedicada predestinação, cagaram no Brasil. Ao declarar a inconstitucionalidade do ICMS integrar base de cálculo do PIS/COFINS, esterilizaram, de supetão e com efeito imediato, uma parte relevante da receita tributária do País. Não se discute o mérito da decisão, mas o momento, parece escolhido a dedo para detonar o Planalto, por abaixo o que resta da pinguela e defenestrar a equipe econômica de Meirelles a Goldfajn, passando, de lambuja, pelo Kojak da Previdência, que não tem nada a ver com isso, mas está vendendo peixe podre e, no embalo, vai dançar. Leva a pensar, por que um processo que estava rolando há uma década, de repente, sem mais nem menos, vira pauta bomba do Supremo e explode, neste exato instante, no colo do governo do Postiço? Quem acompanha a Valsa dos Insanos que toca no Planalto Central não tem como não ficar com a pulga atrás da orelha. Há algo (mais) de podre no reino da Dinamarca e, Horácio, há mais coisas no céu e na terra que supõe a sua filosofia, então, fica esperto Michel I, o Breve.

    Ao que parece o diabo fez uma panela sem tampa e o caldo está a transbordar. Esse governo, como nunca antes nesse país, montou um orçamento com um déficit astronômico, de negativos R$ 141 bi, apresentado à plebe por meio de uma “atitude realista e honesta”, mas, cujos valores de previsão já estouraram na largada em algo como R$ 40 bi, um erro honesto e realista de quase 30%. Então, agora se está falando de um rombo potencial no resultado primário da ordem de uns R$ 400 bi ou mais de 6% do PIB.

    A saída será aumentar alíquota do PIS e da COFINS para cobrir o rombo, mas, mesmo se tudo der certo, o que por si já seria difícil, entre a publicação do aumento e a entrada em vigor das novas alíquotas, lá se irão 90 dias (art. 195 CF) o que causará, no minimum minimus, um buraco de outros R$ 60 bi no esquálido e desvalido orçamento do Governo Federal e, par-a-passo ou vis-à-vis, como diria a Lagarde, dará uma diarreia sem precedentes no “Mercado”.

    Esse conjunto de desgraças simultâneas, a lista janotina, as reformas nas reformas pelo Congresso, o canhonaço do STF e o povo na rua, não esquecendo do aumento de juros pelo FED e dos fantasmas do Alvorada, é muita areia para o caminhãozinho do Postiço. O “mercado”, enfim, parece que está começando a ver o que já era visto por todos ao menos um olho e por São Tomé, aquele que precisava ver para crer e além de cético era o padroeiro, dentre muitos outros, dos que não veem, inclusive dos analistas de mercado e comentaristas econômicos da rede Globo. A visão aclarada pelo colírio do óbvio, do inevitável choque do sonho com a realidade, mostra que o caminhão do Golpe arriou os pneus e seus tripulantes não irão, para usar do jargão, entregar valor. Zero é o que mereces e zero e o que terás.

    Chega! O riso me impede de continuar…

     

    1. correção

      O impacto da exclusão do ICMS da da base de cálculo do PIS/COFINS indicado como R$ 250 bi/ano é muito menor. Esse valor foi retirado do site Poder 360 (http://www.poder360.com.br/justica/stf-decide-que-pis-e-cofins-nao-incidem-sobre-o-icms-uniao-perdera-r-250-bi/) onde registrava: “[…] é uma derrota importante para o governo federal, que perderá até R$ 250 bilhões por ano, na estimativa mais pessimista”. Mas, o valor está errado. O jornal Valor Econômico, de hoje, aponta R$ 20 bilhões/ano. Um cálculo direto com base no valor total de ICMS arrecadado em 2016, de R$ 398 bilhões, aplicando a alíquota do PIS/COFINS de 9,25% o total chegaria a R$ 40 bi, mas há que se considerar os diferentes regimes de apuração o que pode diminuir esse valor.

      De quaquer forma não foi a explosão de um Cracatoa, mudam as dimensôes, mas os efeitos em si não mudam e o debacle está posto.

       

    2. Boeotorum: ainda sou pelo

      Boeotorum: ainda sou pelo “debacle”. Dá mais precisão e elegância verbal à ruina do que está por vir. É como profetizou [ironicamente] o ministro chefe das Forças Armadas, na sua discreta, mas apocalíptica mensagem de fim de ano — “Agora está ruim; mais promete ficar pior”… 

  3. Muito bem, Lula

    Tem-se ai um governo que so sabe vender e conceder à iniciativa privada. Não ha uma soh boa noticia desse governo para a população em geral. E va mesmo à Paraiba e reafirme a paternidade da transposição do S. Francisco, uma briga que foi comprada pelo governo Lula e tocada adiante principalmente por Dilma.

  4. “Michel Temer deveria o

    “Michel Temer deveria o escutar e ser “presidente de empresa”, não “vender os bens do povo brasileiro”.”

    Que merda que vc falou hein Lula ???

    Esse cara não tem que ser o presidente de porra nenhuma.

     

     

  5. Lula tem que avisar que vai

    Lula tem que avisar que vai rasgar os contratos e que sem remdudar a constituição é impossível governar o Brasil.

    O Governo Lula será um desastre, pq qualquer governo com a PEC será um desastre.

     

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