Políticos tentam passar a manta do caixa 2, por Luís Nassif

Passar a manta, em mineirês: passar a perna durante uma negociação.

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Desde tempos imemoriais, misturaram-se financiamentos de campanha e financiamento pessoal. Tome-se o caso de Tancredo Neves: a vida financeira de sua família só ganhou alguma folga após a campanha para presidente. Ou então, Franco Montoro que, após a campanha para governador, conseguiu recursos para sair da casa onde morou a vida toda e mudar-se para um apartamento de boas dimensões. E Fernando Henrique Cardoso que, após a primeira campanha, conseguiu recursos para se tornar sócio de uma fazenda em Minas Gerais.

Estamos falando dos políticos mais íntegros.

Nos tempos atuais, há uma maneira simples de separar quem recebeu recursos para campanha e quem enriqueceu embolsando uma parte: basta abrir suas contas pessoais.

Os fundos de investimentos de Verônica Serra resistiriam a uma auditoria por uma firma independente, dessas que, ao contrário do Ministério Público Federal, não permitem o vazamento de informações sigilosas? E Serra teria como justificar sua coleção de obras de arte? Ou então apresentar recibos de aluguel da bela casa que adquiriu, ainda enquanto Secretário do Planejamento de Montoro, e que dizia a todos que só foi morar lá devido a um aluguel módico? A propriedade da casa só foi esquentada em 2002, usando como lastro supostas doações da filha Verônica Serra, conforme consta nas explicações do candidato à época.

Aécio abriria mão do sigilo de suas contas no exterior e de suas declarações de renda, para que se entenda como uma pequena rádio de São João Del Rey permitiu a ele ter uma coleção de carros caros e uma vida mansa no Rio de Janeiro?

Há três justificativas para o uso do caixa 2 por políticos:

  1. A empresa não quer ser identificada para não sofrer assédio de outros candidatos. Digamos que é a única circunstância legal. Bastaria doar ao partido, acertando previamente o candidato a ser beneficiado.

  2. A empresa não quer ser identificada porque trata-se de dinheiro de propina e seria fácil estabelecer as ligações entre obra e padrinho.

  3. O político quer liberdade para utilizar o dinheiro. Se a empreiteira  entregou ao político R$ 10 milhões em espécie, qual a prova de que o dinheiro seguiu intocado até o marqueteiro? Imagine, então, o dinheiro sendo depositado em uma conta na Suíça, em nome de um banqueiro de confiança do senador. O que impediria que parte dele fosse para o bolso do senador? Em tese, nada.

Como não se espere do MPF nenhuma investigação mais apurada sobre esses varões de Plutarco, talvez eles tenham a intenção de espontaneamente se submeter a essas averiguações. No mínimo, para espantar qualquer desconfiança que possa recair sobre a reputação de tão notáveis homens públicos.

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Luis Nassif

24 Comentários

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  1. simplifica  ..pagou imposto

    simplifica  ..pagou imposto ta limpo  ..mas declara !!!! assuma !!!!

    Política sempre foi e será JOGO de interesses  ..toma lá da cá SIM

    Propina ? UAI, qual político é eleito sem prestar contas ou firmar compromissos ?

    Quem consegue diferenciar interesse ideológico de econômico ?

    Claro que se o PAÍS, a sociedade perder ..ou se crimes atividades ilícidas forem cometidas (e em muitos casos isso é fácil de se reconhecer  ..fraude em concorrência por exemplo) aí a conversa toma outro caminho  ..mas até então, o cara ganhou pra defender interesses SIM

    Que sindicatos, associações, igrejas, corporações financiem os seus  ..e que mantenham apenas a ética de CUMPRIREM o que publicamente se comprometem

    Tostines vende mais pq é fresxquinho ou é fresquinho pq vende mais  ..as empreiteiras eram cobradas ou ofereciam a quem se mostrasse amifgo ?  ..o preço delas foi tirado do lucro ou cobrado do cliente ?

    Aliás, desculpe a pergunta “meretrício”  ..um promotor ou advogado se eleito com dinheiro dos funcionários públicos e da OAB pra defender interesses corporativos da categoria (como mais salários e benefícios, direitos exclusivos) ..por acaso isso pelo critério coritibano também é propina ?

  2. Origem do dinheiro do Caixa 2

    Dentre as justificativas, faltou uma delas, talvez a principal:

    O caixa 2, não raras vezes, é exigência da empresa doadora simplesmente porque o recurso a ele destinado já tem origem em um caixa paralelo da empresa, fruto de sonegação e outras ilegalidades e desvios. Doar oficialmente recursos desta natureza seria um risco enorme para a empresa.

    A meu ver, do modo como foram colocadas as coisas, ficou muito confortável para as empresas. Não são “otárias”, “coitadinhas” ou “bobas da corte”.

  3. Desde todo o sempre, sempre foi a regra!

    Pois é! Todos sabem que sempre foi assim, até como bem disse Nassif: ” … estamos falando dos políticos mais íntegros…”

    O chocante é que usem estes fatos seletivamente para uns e não para outros. Embora venha dando resultado para uma certa banda (ou bando) política, fica claro que nossas intituições são vergonhosamente falhas, capciosas, interesseiras e certamente não representam a vontade popular.

    É trágico e decepcionante constatar como nossa Democracia é uma Vergonha. Conluio de Bandidos Engravatados e Togados.

  4. Se algum político é

    Se algum político é financiado por alguma empres (ou, agora, pelo dono de certa empresa), sua atuação parlamentar ou executiva será pautada pelas necessidades desta mesma empresa. Como sempre foi (por exemplo, o Marchezan, no Rio Grande do Sul, teve sempre suas campanhas financiadas pelas transportadoras de carga e correlatas: sempre agiu em nome delas no parlamento). Tais ações, de acordo com a finalidade para que foram financiados seria, em si, CORRUPÇÃO? Então, esses procuradores-de-meia-pataca e o dito desMoronado são apenas bestas do apocalipse de propriedade dos mesmos que compram eou financiam os políticos? Haja saco. Ontem o desMo condenou mais uma vez o Zé Dirceu (em quem eu jamais votaria) por ele ter viajado em táxis aéreos que teriam sido pagos por empreiteira(s) dessa(s) vaza-jato entre 2009 e 2011. Como o Zé não exerceu nenhum cargo público depois que saiu da Casa Civil e foi cassado pela Câmara, em 2005, que crime ele teria – mesmo – cometido? Quer dizer que a empreiteira paga as viagens dele – sem cargo algum – e, mesmo assim, foi corrupção? Vão se catar.

  5. Pois é. Bandidos são os

    Pois é. Bandidos são os filiados do PT de quem os fascistas nunca encontraram contas em paraísos fiscais. Para o PT, caixa 1 vai ser crime. Em país bananeiro policia e  judiciário servem para isso; proteger ladrões e corruptos para mantê-los no poder.

    E prisão para o Lula do triplex sem dono e do puxadinho do sitio dos pedalinhos.

    1. Para não dizer ….

      que não falaram do PT hoje…. Retiraram do Baú a alcunha do Palocci, o italiano. E o juizeco de Curitiba ainda condenou o José Dirceu a mais 11 anos de cadeia. Quais seriam as provas do cínico, já que não li nada a respeito do processo, nem testemunhas

      de defesa, mt menos de acusação . Será que ando tão distraída assim ….?

       

  6. Assim se explica pq o PMDB

    sempre elegeu o nº que quer de deputados e Senadores, ainda que de bancadas diferentes (é o baixo clero mandando tb).

    Jamais teve um candidato a Presidente, já que nenhum deles tem o carisma necessário. Preferem mandar no legislativo e ver prá onde a canoa está indo, se PT ou PSDB,

  7. “E essa sede pode nos matar”
    Equipe do GGN, desculpe pelo comentário “fora do contexto”, ou nem tanto.
    Dia Internacional da Mulher, a geratriz diuturnamente vilipendiada, assim como a Natureza da qual somos a parte mais custosa, e simbolicamente, nosso líquido amniótico eterno e indispensável, a ÁGUA.

    Reproduzo aqui reportagem do The Intercept Brasil que considero tratar de um tema tão fundamental para todos mas que não tem recebido, a meu modesto observar, a atenção merecida com a profundidade e combatividade necessárias, salvo exceções.

    No Brasil, a privatização da CEDAE no Rio de Janeiro, a tentativa golpista de vender inadvertidamente terras nacionais para estrangeiros enquanto ataca o direito a elas por indígenas e quilombolas, a ameaça contra o Aquífero Guarani, a exploração mineradora irresponsável que resultou em contaminação da Bacia do Rio Doce, o conhecido “acidente” ambiental com a empresa Samarco Mineradora em Mariana, Minas Gerais; nos EUA, a batalha dos ativistas e indígenas estadunidenses contra a DAPL (Dakota Acess PipeLine),entre outras medidas de privatização da água, o ataque Trumpista contra a EPA (agência federal de proteção ambiental) e contra as pesquisas científicas sobre o aquecimento global, descaradamente negado, todas as questões têm em comum o avanço das corporações capitalistas sombrias sobre os recursos naturais indispensáveis à vida – terra e água –, em meio ao esgotamento da sustentabilidade ambiental e econômica dos combustíveis fósseis. O outro lado desta moeda se vê na comemoração efusiva da boa nova pelos nordestinos com a chegada da milagrosa substância com a Transposição do Rio São Francisco, apesar do polêmico impacto ambiental – valei por nós, patrono da ecologia! Para o cidadão, a diferença entre a ação minimamente responsável do Estado que trata bem público como tal e o interesse especulativo das empresas flutuantes, sem raízes nem âncoras, inimputáveis.
    Não há conciliação possível com forças obscuras que atentam contra qualquer possibilidade de sobrevivência da espécie e seu melhoramento. A ofensiva ultraliberal de direita no mundo não deixa outra alternativa e apenas o enfrentamento sem concessões pode barrar as ameaças de destruição da humanidade, nucleares, ecológicas ou sociais, que estão à espreita.

    Como “apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras!” (São Francisco de Assis), a imprensa e seu poder de esclarecimento da população para a mobilização consciente são a possibilidade de lançar luzes sobre os temas que realmente importam – a aldeia global é tão grande que sem imprensa livre, democrática e plural voltaremos às cavernas.

    Somos ensinados que a água é o elemento indispensável para a existência da vida, aqui ou em Marte. O controle corporativo e capitalista da água é a maneira mais abjeta e rápida de promover ou acelerar o genocídio dos indesejados, a maioria de nós, e do ecossistema do qual somos também dependentes.

    Em Minas Gerais, depois da região de Mariana atacada pela cobiça mineradora é a vez de a água ser despossuída de sua função democrática e ambiental.

    Segue a reportagem, apenas com os trechos textuais; as imagens foram omitidas por meu desconhecimento de edição. A visita à reportagem original é imprescindível para melhor compreensão.

    Do The Intercept Brasil

    EXCLUSIVO: AUTORIDADE INTERNACIONAL PEDE QUE FERNANDO PIMENTEL NÃO PRIVATIZE CIRCUITO DAS ÁGUAS EM MG

     

    Helena Borges

    8 de Março de 2017, 8h00

     

    O ESTADO DE MINAS Gerais abriu licitações para que a gestão das fontes de água mineral siga o modelo de parcerias público-privadas em duas das dez cidades do Circuito das Águas. A privatização é criticada pela presidente do conselho Food and Water Watch e ex-conselheira da Assembléia Geral da ONU, Maude Barlow, em carta enviada ao governador Fernando Pimentel (PT-MG), a qual The Intercept Brasil teve acesso. A especialista lembra ao governador que a demanda por água vai superar a oferta em 40% em menos de uma década e que, por isso, é preciso proteger as reservas hídricas como um patrimônio público e um direito humano — e não enxergá-las como mercadoria.

    Barlow foi procurada por cidadãos de Cambuquira (MG) organizados na ONG Nova Cambuquira, cidade que recebeu em 2014 o certificado de “Comunidade Azul”. O mérito é dado a municípios que sigam três regras: reconhecimento legal da água como direito humano, serviços de água com gestão e financiamento 100% públicos e banimento da venda de água engarrafada em instalações e eventos públicos.

    Apenas 22 cidades no mundo (entre elas Paris, na França, e Berna, na Suíça) possuem o selo dado pelo Conselho dos Canadenses, do qual Barlow é presidente. Cambuquira é a única cidade brasileira a receber o selo. Colocar suas fontes sob gestão de PPPs fará o município perder não apenas o reconhecimento internacional, como também o controle sobre um recurso extremamente valioso.

    Essas são algumas das palavras de Barlow na carta. A canadense também é conselheira do World Future Council, com sede em Hamburgo e, entre 2008 e 2009, atuou como Conselheira Sênior de Água do Presidente da Assembléia Geral das Nações Unidas. Ela liderou a campanha que fez a ONU reconhecer, em 2010, a água potável como um direito humano.

    No documento enviado ao governador mineiro, Barlow pede que Pimentel “proteja as águas de sua região” pelo bem das próximas gerações:

    Clique aqui para ler o documento original, em inglês, ou leia abaixo a tradução:

    2 de março de 2017Sr. Fernando PimentelGovernadorEstado de Minas Gerais, BrasilPrezado Sr. Fernando Pimentel,Em 2014, tive a oportunidade de visitar a cidade de Cambuquira e conhecer a maravilhosa região do circuito das águas.  A meu ver, é uma região única no mundo com diversas fontes de água mineral.  Em minha visita a Cambuquira, tive a honra de premiar a cidade com o certificado “Comunidade Azul”, colocando Cambuquira junto às 18 Comunidades Azuis do Canadá, às cidades de Saint Gallen e Bern na Suíça e a Paris. Fico feliz em ver uma comunidade tão pequena como Cambuquira envolvida com a defesa da água como um direito humano e bem público sob controle público. É um exemplo para outras comunidades do mundo.  Também é uma combinação rara de um lugar especial em termos de fontes de água mineral com um grupo dedicado de cidadãos locais comprometidos com sua proteção. Seu empenho e entusiasmo me inspiram.Através desse grupo de cidadãos, fui informada de que a empresa estatal proprietária dos parques hídricos — CODEMIG — anunciou a abertura de uma licitação para uma Parceria Público-Privada para que uma empresa privada possa então explorar, engarrafar e vender a água mineral desses parques hídricos. Estou profundamente decepcionada em ver um patrimônio hídrico tão único ser encarado como uma mercadoria a ser engarrafada e vendida.Cambuquira e outras cidades do circuito das águas, com seus parques hídricos, merecem um futuro melhor, um futuro azul. Peço que reconsidere a decisão dessa PPP e, pelo contrário, dê total apoio a um projeto regional de desenvolvimento sustentável que possa vir a se tornar um exemplo para o mundo. Fui informada de que a Universidade Federal de Lavras e a Universidade de Bern da Suíça — ambas “universidades azuis” — estão dispostas e já estudampropostas para a região em cooperação com os cidadãos interessados de Cambuquira. Da minha parte, gostaria de apoiar da forma possível todos os esforços por uma cooperação internacional mais ampla em torno de Cambuquira e da região do circuito das águas.Prezado Governador, as fontes hídricas do planeta enfrentam uma situação terrível de acordo com um relatório da ONU que revela que, em menos de uma década, a demanda por água vai superar a oferta em 40%. Precisamos nos mobilizar agora para proteger as preciosas águas de nossas comunidades como um patrimônio público e um direito humano, e precisamos que o senhor proteja as águas de sua região.  As gerações futuras lhe agradecerão.Obrigada por seu tempo e atenção,Maude BarlowPresidente Nacional, Conselho de Canadenses, Ex-consultora sênior da Assembleia Geral da ONU

    Superexploração de água em cidade vizinha acendeu o sinal de alerta

    A Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) é detentora da concessão das fontes de águas minerais das marcas Araxá, Caxambu, Cambuquira e Lambari, extraídas e produzidas nos municípios com os mesmos nomes. É a Codemig que está liderando as negociações para a PPP.

     

    A privatização do serviço de exploração das águas minerais de Cambuquira e de sua vizinha Caxambu começou a ser negociada em fevereiro. As águas produzidas nos dois municípios participam de festivais gastronômicos internacionais, como o Madrid Fusion. A água Cambuquira se encaixa no conceito de “água exclusiva”, premiada como uma das melhores do mundo e vendida a preços acima da média, fazendo concorrência com a francesa Perrier.

    Preocupados com problemas recentes na cidade vizinha de São Lourenço — que vendeu suas fontes à Nestlé e deixou de fazer parte do Circuito das Águas — os moradores procuraram as autoridades de defesa da água como direito humano. O Circuito das Águas é um conjunto de 10 municípios ricos em fontes naturais de água mineral. No lugar de São Lourenço, hoje figura o município de Maria da Fé.

    O caso São Lourenço

    É observando o ocorrido em São Lourenço — localizada a 63 km de distância — que se entende o medo dos moradores de Cambuquira. Ali é produzida a água que leva o nome da cidade, hoje uma marca pertencente ao grupo Nestlé.

     

    Problemas com as fontes geridas pela empresa suíça no Parque das

    Águas levaram os cidadãos de São Lourenço a entrarem na justiça contra a Nestlé. A empresa chegou a espionar ativistas locais que defendiam a água como direito humano.

    A polêmica ganhou um capítulo próprio no livro-reportagem francês “Affaire classée. Attac, Securitas, Nestlé” (em português, Caso arquivado, Attac, Securitas, Nestlé) que revela as investigações feitas pela empresa Securitas, contratada pela Nestlé para infiltrar agentes na ONG Attac (sigla em francês para Associação pela Tributação de Operações Financeiras e pela Ação Cidadã).

    Franklin Frederick, carioca, ativista pela água apoiado pela Attac, foi o alvo das investigações da Securitas a mando da Nestlé, como conta o livro:

    “Quando Sara Meylan começa sua atividade de espionagem na Attac, Franklin Frederick estava na Suíça. Fazia certo tempo que ele lutava para atrair a atenção de apoiadores da alterglobalização para o combate que ele mesmo e mais 3 mil habitantes da pequena cidade brasileira de São Lourenço travaram ao assinar, em 2000, uma petição contra as ações da Nestlé em sua cidade. Ele se encontrava na Suíça para mobilizar as igrejas, alertar a imprensa, sensibilizar tantos quanto possível. Franklin Frederick pertence àquela categoria de gente combativa que não se intimida pela multinacional.”

    O abaixo-assinado fez com que o Ministério Público de São Lourenço ajuizasse uma Ação Civil Pública ambiental contra a Nestlé em dezembro de 2001. Ao passarem para as mãos da Nestlé, as águas de uma das fontes da cidade começaram a ser tratadas segundo um processo conhecido como osmose reversa, proibido pelo Código de Águas Minerais. Os minerais eram completamente retirados, depois apenas sais selecionados eram adicionados — artificialmente — à composição da água, que era embalada sob a marca Pure Life.

    A empresa já enfrentou problemas similares em outros lugares no mundo, como nos Estados Unidos: [ vídeo não reproduzido aqui ]

     

    O problema de São Lourenço ficava mais evidente nos relatos dos moradores da região, que começaram a denunciar que as águas estavam perdendo o sabor, as fontes estavam diminuindo a vazão e novas rachaduras apareciam no chão em torno de alguns pontos onde a água brotava do solo.

    A razão dos relatos foi apontada na denúncia do ministério público: superexploração das águas. A média de 6,2 milhões de litros extraídos em 1972 saltou para 27,6 milhões em 1999. A Nestlé assumiu em 1994 a Perrier Vittel do Brasil e desde então passou a ter direito de explorar o subsolo e as águas minerais no município.

    O resultado final do embate jurídico foi um Termo de Ajuste de Conduta onde a empresa se comprometeu, entre outras ações, a acabar com as atividades ilegais, interrompendo a produção de Pure Life, e a reflorestar 26m² do parque com mata nativa. No entanto, moradores estão novamente na justiça denunciando a empresa por ter secado os lençóis freáticos de todo o parque.

    É o tipo de problema que a carta endereçada ao governador tenta evitar que se repita nas cidades vizinhas.

     

    Fonte:

    https://theintercept.com/2017/03/08/exclusivo-autoridade-internacional-pede-que-fernando-pimentel-nao-privatize-circuito-das-aguas-em-mg/

     

    Obs.: O título adapta trecho da música “Tenho sede”, de Dominguinhos e Anastacia (gravação definitiva de Gilberto Gil)

     

    “Traga-me um copo d’água, tenho sede
    E essa sede pode me matar
    Minha garganta pede um pouco d’água
    E os meus olhos pedem o teu olhar

    A planta pede chuva quando quer brotar
    O céu logo escurece quando vai chover
    Meu coração só pede o teu amor
    Se não me deres posso até morrer” (fonte: https://www.letras.mus.br/dominguinhos/45559/)

     

    SP, 08/03/2017 – 18:40

     

     

  8. BNDES

    Também conheço certos jornalistas que deviam uma nota preta pro BNDES e conseguiram negociar suas dívidas numa boa!

    hehehe

  9. Por razões lógica. a

    Por razões lógica. a descriminalização Caixa 2 sempre esteve nos planos dos que urdiram o golpe parlamentar que destitui a presidente Dilma. No “zerar tudo” arguido pelo “Juca” ao delator Sérgio Machado quando conspiravam contra a Lava a Jato estava incluída a necessidade dessa mudança de status legal.

    Não por acaso, o vivaz “Juca” incluiu o STF nessa frente “patriótica”. Não por acaso. O ministro Gilmar Mendes hoje, candidamente, já relativiza o Caixa 2. Já em 19/12/2016 declarava ao Estadão: “O Caixa 2 não revela PER SE a corrupção, portanto temos que tomar todo esse cuidado(com relação às motivações)”. Recentemente, Fernando Henrique Cardoso se pronunciou no mesmo sentido. Já Aécio neves nem teve pejo em gravar um vídeo para espalhar pelas redes sociais a “inocência” do Caixa por debaixo dos panos, à revelia da Justiça Federal. Gilmar Mendes não iria gastar o seu latim por nada. 

    Estamos diante do cumprimento de um roteiro e não da irrupção de um debate circunstancial. Roteiro que obrigatoriamente previa nesse “zeramento” uma apólice de seguro contra o que viria na frente: delações envolvendo envolvendo  todo o estamento político não petista com as empreiteiras da Lava a Jato. Restaria para os petistas o papel de boi de piranha. 

    Convenhamos: os sujeitos são profissionais mesmo. Aprende PT!

     

    1. Perfeito o comentário.
      Esse
      Perfeito o comentário.
      Esse jogo não é uma busca honrada pela pureza, é uma busca renhida por poder….
      A imbecil que disse “que não ia sobrar pedra sobre pedra” e abaixou a cabeça pro movimento da mídia/lj, agor tá comprando salsicha no mercadinho lá em POA.
      Ninguém pode reclamar do fato de que aqueles mais matreiros, que entendem e jogam o jogo, queiram se defender.

      Quem apanha quieto é petista mesmo.

      1. Ruby Thursday:
        Quer dizer,

        Ruby Thursday:

        Quer dizer, então, que na tua lógica, deve-se espalhar a corrupção em todas as instâncias da vida social e política.

        Não há como escapar desse destino.

        Um Presidente honesto tem que se render à lógica da corrupção e governar cercado de corruptos por todos os lados.

        Eu sempre fui simpatizante do PT, sempre votei no PT e vou continuar votando se o Partido não tiver o registro cassado, como resultado final desse golpe de estado. 

        Entretanto, não aceito a corrupção como norma informal para azeitar as relações entre os diversos agentes políticos, agentes econômicos e demais grupos de interesses de toda ordem.

        A intolerância em relação à corrupção não é uma questão moral, é uma questão política.

        Tolerada a corrupção, quem tem vantagem no jogo político corrupto é quem possui recursos financeiros em abundância e, portanto, pode comprar votos de eleitores e de parlamentares para que a legislação atenda a seus interesses privados.

        As camadas populares, os trabalhadores, os camponeses sem terra, os estudantes e mesmo as classes médias e os representantes políticos desses segmentos sociais já entram no jogo político em tremenda desvantagem, pois não tem recursos financeiros para participar do jogo político corrupto.

        Foi o que aconteceu nessa atual legislatura. Um parlamento, majoritariamente composto por políticos eleitos pelo poder econômico, compromissados com interesses econômicos de grupos privados nacionais e estrangeiros, derrubou uma Presidenta eleita majoritariamente pelo povo, porque ela não aceitou atender os interesses desse poder econômico que se contrapunham aos interesses das camadas populares. 

        Dilma Roussef bateu de frente com os políticos corruptos e foi derrubada. Foi uma derrota política ? Foi, não há dúvida. No curto prazo.

        Mas, há garantias de que, no médio e longo prazos, a corrupção possa ser contida para que o jogo político possa se dar de forma mais equilibrada.? Nenhuma, é imprevisível, pois o combate à corrupção está sendo feito de forma seletiva, por um juiz e uma fõrça-tarefa de procuradores e policiais federais e segmentos do judiciário visivelmente comprometidos em inviabilizar politicamente as lideranças populares vinculadas ao PT e seus aliados.

        Paciência, ela fez o que deveria ser feito, pois  a rendição para os corruptos era a pior saída para as camadas mais desfavorecidas da sociedade.

        Ela não só perderia os anéis mas os dedos, também.

  10. Quarto motivo: compra de votos.

    Exemplo: Um cacique político quer eleger o filho deputado federal. Além da campanha oficial milionária, ele – detentor da máquina partidária – aciona uma rede de cabos eleitorais em todo o estado. Então o vereador X da cidade Y de 10 mil eleitores se compromete a entregar 500 votos no município e se cumprir a meta recebe, por exemplo, 50 mil reais DEPOIS DA ELEIÇÃO. X recebe material, cartazes, panfletos e um pouco de dinheiro para fazer a campanha do pimpolho, mas o bônus só é pago DEPOIS DA ELEIÇÃO se cumprir a meta. Naturalmente não pode aparecer esse pagamento feito na moita. Caciques de grandes estados tem centenas desses cabos eleitorais espalhados nos municípios. Isso explica como deputados que o eleitor mal conhece conseguem votação em todo o estado, em quase todos os municípios, sem ter uma base eleitoral prévia nenhuma. Essa máquina funciona também para eleger senador que financia (o próprio ou o suplente) as campanhas de deputados.

  11. Não, pelo amor de Deus, não,

    Não, pelo amor de Deus, não, primeiro foi o comentarista Alexis há uns dois dias, depois, acho que o André Araujo, e agora o próprio Nassif, ressucitaram essa expressão feiosa e manjada: “desde tempos imemoriais”. Não, por favor…

  12. Os estranhos no ninho

    Dilma e Lula foram expulsos por serem assim, seres esquisitos, aliens no meio dessa galera.

    Tem outros, lembro-me do presidente Itamar Franco (1930 -2011), que também sofreram bullying dos ¨coleguinhas¨. 

    Nassif: que tal uma listinha com esses estranhos e raros?

    Tem o Patrus, o Jefferson Peres (1932 -2008), e outros estranhos ao ninho (?!).

  13. coisa de pobre

    Findo seu mandato , FHC mudou-se para uma cobertura em Higienópolis , que pertencia ao banqueiro Edmundo Safdié . 

    E o outro , coitado! , uma merda de um sítio em Atibaia e uma cobertura em Guarujá ……….. nem sequer ao menos teve a coragem  de atravessar a balsa e ir até Riviera de São Lourenço. Pobre é um horror .

  14. Conflitos de interesse

    Para alguns essa conversa de caixa 2 ou apropriação pode até funcionar. Mas quando se trata de Aécio Neves, José Sarney e os Lobão, que possuem empresas de comunicação não rola não… Afinal, as verbas de campanha servem para publicidade! Mas como explicar que eles pegavam dinheiro de caixa 2 e aplicavam em suas próprias empresas??!!

    Quer dizer… Pegou o roubo e investiu legalmente na sua própria empresa?! Pra mim é enriquecimento…

  15. o joio é diferente do joio

    Há que se diferenciar o joio, do joio…

    Dinheiro dado ao PT é propina, dinheiro dado ao PSDB é caixa dois e isso faz muita diferença.

    Engole essa, coxinha.

  16. Pena que para o MPs das

    Pena que para o MPs das gravatas Hermes e para um certo juiz metido a justiceiro nada disso vem ao caso!

  17. CAIXA2

    Se perguntar para qualquer um desonesto , o que é mellhor, ganhar um apartamento de 1 milhão em propina ou 1 milhão de caixa 2 para no final ser eleito deputado com 4 anods de mandato com todas as mordolmias e possibilidades de abocanhar mais  ou melhor ainda senador com 8 anos . portanto falar que caixa 2 não é crime e é mais leve é abusar da inteligencia dos brasileiros como um todo.

  18. Passar a manta e azular
     
    “É

    Passar a manta e azular

     

    “É uma engenhosa estratégia de lavagem de dinheiro, a prestação de contas atuará como um típico expediente de ocultação e de dissimulação do caráter delituoso em caráter oficial oriundos da prática, por exemplo, do delito de corrupção”, declarou Celso de Mello.

     

    http://mundovelhomundonovo.blogspot.com.br/2017/03/lavanderia-eleitoral-lacrada-no-stf.html

     

     

        

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