Após saldo de R$ 71, bloqueios do Governo Bolsonaro zeram caixa de universidade federal em MG

Johnny Negreiros
Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.
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Estudantes que dependem do auxílio financeiro irão "abandonar os cursos", segundo reitora

Universidade Federal de Uberlândia. Foto: Arquivo Proae

Os bloqueios no orçamento promovidos ao final do mandato de Jair Bolsonaro deixaram a Universidade Federal de Uberlândia (MG) com saldo bancário de R$ 71. Dois dias depois, o valor foi zerado.

No dia 28 de novembro, foram R$ 244 milhões bloqueados das universidades federais e R$ 122 milhões dos institutos federais, sendo R$ 366 milhões no total.

Em ofício enviado do Ministério da Economia às instituições, a pasta determinou o congelamento de toda a verba disponível das escolas. A medida busca cumprir o teto de gastos, que limita as despesas do Estado brasileiro à inflação em período pré-determinado.

LEIA: Bolsonaro furou o Teto de Gastos antes da pandemia, aponta estudo

Vale lembrar o Governo de Jair Bolsonaro (PL) furou o teto de gastos já no primeiro ano de mandato, em 2019. Apoiadores e aliados do atual presidente argumentam que a medida foi necessária em resposta à pandemia e à guerra na Ucrânia, mas esses eventos começaram a ocorrer somente em 2020. Ao longo dos últimos quatro anos, o limite de despesas foi desrespeitado em R$ 795 bilhões.

Impacto na UFU

No caso da UFU, a verba bloqueada do dia 28 chegou a ser liberada novamente. Porém, horas depois o contingenciamento voltou a valer, em montante ainda maior.

Com isso, todos os contratos, bolsas e auxílios fornecidos pela Universidade ficaram inviabilizados. Segundo Elaine Saraiva Calderari, pró-reitora de Assistência Estudantil da UFU, 68% dos matriculados, cerca de 13 mil alunos, serão impactados.

Neste momento, em torno de 1450 estudantes dependem diretamente de apoio financeiro da instituição para moradia, alimentação, transporte, entre outros. Estamos falando de estudantes das categorias de faixa econômica E e D, com renda per capita até um salário mínimo, que não terão como pagar suas contas para comer, sobreviver, pagar moradia. Nitidamente irão abandonar seus cursos.

disse ela

Capes sem recursos

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) admitiu não ter condições de pagar os 200 mil bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, além dos 14 mil residentes de medicina. A nota foi publicada na noite desta terça-feira (6), após denúncia feita pelo grupo de transição (GT) de Educação do governo Lula 3 mais cedo.

“Qual é o risco que a educação brasileira tem hoje? Primeiro: não pagar as bolsas dos estudantes de medicina residentes. São 14 mil estudantes que não vão receber a bolsa este mês, se nada for feito. O mesmo vale para os estudantes da Capes, de mestrado e doutorado e pós-doutorado”, adiantou Aloizio Mercadante, coordenador dos grupos de trabalho e ex-ministro da Educação.

Johnny Negreiros

Estudante de Jornalismo na ESPM. Estagiário desde abril de 2022.

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