Professora Dorinha traz Mangabeira para o nível da terra

O Ministro Robert Mangabeira Unger tem muitas virtudes e um defeito: o hábito de buscar conclusões definitivas antes de se aprofundar nos temas.

É o que ocorre com suas propostas sobre educação – antecipadas no programas Brasilianas.org.

Como bom intelectual, o primeiro passo de Mangabeira é desmontar tudo o que já foi construído. É tudo ruim, deplorável, atrasado.

Depois, apresenta as soluções salvadoras – um conjunto de conceitos conhecidos, debaixo da rubrica genérica de “modernos”.

Faz parte do repertório de retórica dos intelectuais, e Mangabeira é habilidoso nesse campo.

Por sua distância do Brasil, no entanto, Mangabeira não se inteirou ainda dos novos tempos, nos quais algumas políticas públicas são frutos de uma construção coletiva que se manifesta nas conferências nacionais.

Mangabeira defende genericamente uma maior participação da população na definição das políticas mas não tem a menor ideia de como se dá esse processo, nem nunca ouviu falar dos sistemas participativos criados na Constituição de 1988.

Ora, houve um envolvimento nacional de cerca de 600 mil educadores para definir o PNE (Plano Nacional de Educação), seu conjunto de metas, suas propostas pedagógicas.

De repente, o Ministro surge dos céus, diretamente dos Estados Unidos, saca da algibeira algumas ideias e imagina que montou uma nova política.

A deputada Dorinha, do DEM de Tocantins, coloca o Ministro no seu devido lugar, com propriedade e elegância.

Mangabeira poderá ter um papel importante no país. Mas, primeiro, precisa se comportar como um intelectual, mais do que como demiurgo, e se debruçar sobre o que já existe, para poder formular diagnósticos mais precisos.

https://www.youtube.com/watch?v=EdK9_0lMFb4

Luis Nassif

14 Comentários

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  1. É ralmente um fenomeno da

    É ralmente um fenomeno da natureza, tendo nascido no Brasil, aqui se formando em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com idas e vindas ao Brasil continuamente, não consegue falar um português minimanente razoavel, tenho amigos americanos natos que tiveram algum contato com o Brasil, como William Perry, que fala português melhor que ele.

    Unger tem o mesmo sotaque pavoroso do Rabino Henry Sobel, que vive no Brasil há 40 anos e fala como quem chegou a seis meses, acho que ambos fazem tipo com esse sotaque néscio. Penso que um  Ministro de um governo brasileiro teria obrigatoriamente que falar a lingua nacional sem derrapadas e sons guturais, aqui não é um pais de passagem.

    Quanto as ideias, valem tanto quanto seu sotaque. O mau falar da lingua vernacula significa distanciamento da realidade do Pais e como pode nascer dessa deficiencia uma visão estrategica do Pais?

    1. Esta bem! Qual sua Ideia?
       

      Fale das ideias!

      Se um caipira ou sertanejo, um agricultor ou roceiro planta, produz, colhe e enche sua boca de verduras, cereais,suco, vegetais, carnes e etc., todos os santos dias, você não reclama do mau falar e nem deles estarem fora da realidade do Brasil ou do mundo. Seria mesmo que eles estão fora da realdade ou vc que não produz para seu sustento?

      Mais um Preconceito bobo!

       

      1. Concordo,

        é preciso sentar pra fazer.

        Reunir grupos em conselhos, chamar quem roça o umbigo por anos e anos em salas de aula, ouvir trabalhos com êxito pelo Brasil, ensinar a fazer e fazer junto.

        Discordo dessa noção de terra arrasada. Há muitos projetos políticos pedagógicos que estão dando certO no país; quando se fala em educação- vivo dizendo isso- todo mundo ou todo o mundo “acha” que sabe de tudo;  a educação no Brasil é uma droga, não se sabe ler nem escrver, nem contar etc. etc.

        Temos que ter cuidados , grandes cuidados com o que se divulga, por que se divulga e onde se divulga…ou será que nós outros, já não estamos calejados por essas “infiltrações apocalípticas”…

        Vamos sim fazer mudanças pertinentes na educação. Vamos estudar esse negócio aí do qual todo mundo acha que sabe tudo e está apenas se preocupando com conteúdos ‘do meu tempo’, “no meu tempo escola era boa, escola pública era boa”.”SALA DE AULA LOTADA ” ETC. ETC.

        É assim. Mas vamos só dizer que os governantes não estão fazendo nada? Vamos brigar por isso.

        Será mesmo que antes era melhor?

        Baseando-se em que índices, em quais parâmetros? Nos do século XXI?

        Acorda, Brasil.

        Acorda pátria educadora !

        Chega de só reclamarmos que os alunos não querem estudar, que consomem drogas, que vivem ouvindo músicas em seus fones em sala de aula, que só vivem passando mensagens por celular… que a escola é de cuspe e giz e outros clichês …

        E aí? Como fazemos?

        É o que temos para hoje.Matamos todos, então, punimos todos então, desde os 16, depois aos 14…

        Reclamaremos só da ações extra escola, extra pedagógicas.

        Continuo conclamando meus colegas de ofício a TOMAREM O PODER , A TOMAREM SEU PODER !

        Mas não desunidos, brigando a sós, entre quatro paredes, em seu município, em seu estado.

        Mas sim unidos por SABER !

      2. Um olhar estrangeiro.

        Um caipira, um nordestino, um gaúcho, um paulista “orrameu” e um carioca “mermão”, todos têm sotaque e podem, por esse traço cultural, estar pensando o Brasil a partir de um Brasil particular – o seu Brasil. Podem, portanto, cometer generalizações indevidas e acabar por impor ou deixar passar particularidades importantes. De qualquer modo, seria o Brasil pensando o Brasil.

        O risco ao qual parece-me que André Araújo alude é o de Mangabeira estar pensando o Brasil a partir do seu Estados Unidos. Aliás, como FHC e Marta Suplicy, por exemplo, o fazem quando pensam o Brasil a partir de suas Paris. 

        FHC e Marta não têm sotaque, o que nos dificulta perceber que enxergam o Brasil com um olhar estrangeiro, mas Mangabeira fala com o mesmo sotaque de Theodore Roosevelt. Por certo há um porquê para isso, e um risco nesse porquê.

        Obviamente, isso nada tem a ver com a produção agrícola e pecuária.

    2. André, eu já tive esse
      André, eu já tive esse preconceito (quem pegava no pé com isso era minha mãe, rs) em relação ao sotaque mas é uma implicância típica dos portugueses, prefiro deixar eles “preocupados” com o idioma do que julgar o Unger por conta disso, embora (não é o caso dele) seja sim algo estranho alguns brasileiros “desaprenderem” o idioma quando vivem no exterior, mas depende do grau de intensidade disso.

      O caso do Sobel é injusto pois o sotaque vc só perde até determinada faixa etária, depois disso vc só dribla o sotaque se decorar os fonemas e treinar e o Sobel já veio adulto pro Brasil e é descendente de portugueses (judeus portugueses).

      1. Quem não gosta de samba, bom sujeito não é.

        Trabalhei a minha vida inteira em empresas estrangeiras. Conheci diretores que, após alguns anos de Brasil, falavam português tão bem quanto eu e você, embora notasse-se que não eram brasileiros. Outros carregaram sempre um forte sotaque e outros, ainda, jamais aprenderam sequer a falar português minimamente.

        Qual deles você crê que entendia melhor o Brasil, o que era ou o que não era capaz de cantar a letra de um samba?

        Você pediria para Sobel cantar a Aquarela do Brasil?

  2. Só me refiro também ao

    Só me refiro também ao sotaque “danado” de Unger porque geralmente não consigo acompanhá-lo. Vai me dando um nervoso tão grande que logo desisto de ouvi-lo.

    Também posso compará-lo a outros brasileiros, como amigas que saíram de Natal em 1962 para viverem em New Haven, onde permacem até hoje, conseguindo falar sem sotaque, às vezes se perdendo um pouco numa ou noutra palavra. 

    Sempre assisto ao Brazialiana, mas dessa vez não deu, e a culpa é do entrevistado. 

    1. Henri Sobel (o da gravata)

      Henri Sobel (o da gravata) vive no Brasil há não sei quantas décadas, e insiste – ou insistia (às vezes penso que “faz tipo”) naquele sotaque carregado, como se tivesse desembarcado aqui no Carnaval. Nunca ví ninguém se incomodar com isso. 

  3. No nível da terra temos os

    No nível da terra temos os que fabricam naves interplanetárias e os que nem fuscas sejam ideias suas. Mas fabricam aviões. E armas sofisticadas. E muitas outras coisas. Mas nos faltam muito mais.

    Mal comparando, temos vários campos de futebol, muitos times ou clubes, milhares de jogadores, mas não conseguimos ganhar da Alemanha, vendo até o Japão e EUA jogando bem. Sem se falar no México.

    Ninguém pode discordar de que temos vários bons programas, com ótimos resultados, mas os avanços estão aí e a NORMOSE, se conseguir percebê-los e quando fizer os diagnósticos, o cenário já será outro.

    Não é fácil arquivar nossos diplomas, certificados e nos despirmos daquilo que é uma das causas do atraso: A busca deles sem os conhecimentos e compromissos que os consubstanciem.

  4. Limites do PNE

    Acho que o PNE mal arranha os desafios do setor, por mais que tenha sido “participativo”.Aliás, que legado deixaram os PNE’s anteriores? Para dizer o mínimo, o texto de Mangabeira é bastante provocativo; talvez ajude a melhorar o nível do debate. Para tanto, melhor não dar tanta importância a sotaques. Aí vai o link do texto:

    https://avaliacaoeducacional.files.wordpress.com/2015/04/qualificacao-do-ensino-basico-documento-para-discussao.pdf

  5. Uai?

    Uai, uai, uai, o ministro tem um cacoete que parece ter contaminado o editor deste blog. Não raro li e reli debates aprofundados e outros nem tanto, onde o editor destroçava tudo o que havia antes, e pregava sua “modernidade” como solução.

    Seja em gestão pública (o tal do governo eletrônico), seja nos processos de participação de tomada de decisões, seja na Educação, e por aí foi.

    Lembro até de um querequequé sobre Juscelino, plano quinquenal e a ausência de planos na dinastia lula-dilma.

    O editor do blog tinha a receita.

    E olha que o estofo intelectual do editor do blog (sem ofensas) nem chega perto da carga do Mangabeira.

    Então vamos combinar, ele tem uma qualidade ímpar: assumir o encargo de propor algo e se expor a luta para execução ou a mera desconstrução (e reconstrução) do que apresenta. E já é um ótimo começo.

    Qualidade essa (coragem) que também deve se estendida ao dono do blog, por que não?

    Sempre teremos em mente que planos são isso: planos, para serem atacados e modelados enquanto se executam ou são planejados.

    O editor do blog sabe, mas esconde, que o papel do Mangabeira é este, ou seja, concentrar e assumir a responsabilidade de propor algo tão ousado e gigante, e ao mesmo tempo simples, e que neste processo, é normal que sua postura pareça “olímpica”.

    Desconstrui-lo, não ajuda (e o blogueiro sabe disso).

  6. Enquanto um professor prestes

    Enquanto um professor prestes a se aposentar ganhar R$1.000 líquido e um Juiz de Tribunal de Justiça em início de carreira ganhhar mais de R$20.000, como no Estado do Rio, já era; é tudo bla bla, bla. Não tenho mais paciência pra essas conversas.

    Há pelo menos trinta anos que se fala nisso e nada.

    No final das contas fica todo mundo falando mal da escola e dos professores. Imprensa fala mal das escolas e dos professores, educadores falam mal das escolas e dos professores, pais falam mal das escolas edos professores, professores falam mal das escolas e dos professores… E querem que os estudantes adorem as escolas e os professores!?!? Tudo em nome de “modernas práticas pedagógicas”?!?!

  7. Só é possível filosofar em alemão, Sebastião?

    “O mau falar da lingua vernacula significa distanciamento da realidade do Pais e como pode nascer dessa deficiencia uma visão estrategica do Pais?”

    André Araujo tocou no ponto nevrálgico dessa questão dos estrangeiros que acampam aqui no Brasil. Vivem aqui por decadas e não conseguem (ou não querem, ou pretendem deixar claro que não são “daqui”, da taba) falar o idioma do país com um mínimo de acerto na pronúncia e no entanto dão palpites e pitacos sobre todos os assuntos nacionais, que vão da qualidade da nossa manguaça ao sistema tributário nacional (se é que existe um).

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