Como Bolsonaro usa operações psicológicas militares em guerra contra adversários

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O El País divulgou uma entrevista com o antropólogo Piero Leirner, professor da Universidade Federal de São Carlos e especialista em estratégia militar, que ajuda a lançar luz sobre os subterrâneos da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência da República. Na esteira das revelações da Folha de S. Paulo sobre a rede digital construída com suposto financiamento empresarial ilícito e automatização irregular, El País expõe como a comunicação do capitão da reserva exala uma guerra semiótica.
 
Sem tempo de TV, Bolsonaro lançou mão, no primeiro turno, da estratégia de criar “um ambiente de dissonância cognitiva [no qual uma pessoa apresenta simultaneamente opiniões contraditórias entre si], para em um segundo momento aparecer com um discurso de restauração da ordem.”
 
“Este é um passo clássico de operações psicológicas [militares], algo que está colocado em manuais de informação e contrainformação, propaganda de guerra e estratégias de dissuasão do inimigo há muito tempo.”
 
A guerra no campo da informação e contrainformação tem o objetivo de “dissuadir o inimigo sem precisar levantar a espada. Isso é Sun-Tzu [estrategista militar chinês autor do livro A Arte da Guerra]. Isso é a base das PsyOps, ou operações psicológicas. O ponto todo é sempre desnortear o inimigo, deixando praticamente impossível para ele uma avaliação real sobre o tamanho, o posicionamento, a coesão e o estado de suas forças.”
 
A ideia é “adicionar uma quantidade de camadas de informação diante dos fatos de modo que as pessoas não saibam mais se estão olhando para as distrações ou para a mão que realiza a manobra.” 
 
Bolsonaro pode dizer que não tem controle das fake news que criam em seu favor. Mas “tem controle sobre a própria boca e como as coisas saem dela” e a utiliza para dizer e desdizer coisas que alimentam a guerra semiótica. “O padrão é sempre aparecer com uma ordem semanticamente paralela à desordem anterior”, construindo a ideia de que é uma autoridade sobre a desordem.
 
Leia a entrevista completa no El País.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

2 Comentários

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  1. Se o país escolher eleger um
    Se o país escolher eleger um cidadão despreparado, preconceituoso e sem tato nenhum no trato com o semelhante, que arque com o ônus e o bônus dessa escolha….

    O candidato não se esconde atrás de subterfúgios, se apresenta em toda a sua ignorância, apesar do esforço final de limpar a sua imagem.

    Ele afirmou que seu governo é continuação do governo golpista e que continuará as reformas lesivas aos trabalhadores e aposentados.

    Se preferirem se jogar em direção do iceberg por conta de antipetismo, que não reclamem depois…..

  2. Doutrina Chacrinha

    “Eu não vim aqui para explicar, vim para confundir”.

    Acho que é preciso sublinhar que a estratégia e as táticas militares empregadas pelo entorno de Bolsonaro, (sim, não apenas por ele, mas de uma legião de militares (de)formados pelos currículos da Escola das Américas) não tinham como inimigos o PT, os Tucanos, o comunismo e o resto da classe política.

    O inimigo contra o qual foram empregadas todas as armas disponíveis, é, em última essência, o povo brasileiro.

    É o povo brasileiro que se busca derrotar.

    As táticas de informação e contra-informação não visam apenas confundir seus adversários políticos. Trata-se de puro expediente de encobrimento, visando suprimir quaisquer laivos de transparência que permitiriam à população exercer sua escolha livremente e com consciência.

    Faz parte dessa estratégia de encobrimento, o silêncio imposto, neste final de campanha, para que nada possa ser detectado e conhecido sobre as intenções do alto comando da tropa em caso de vitória no próximo domingo.

    Ainda dá tempo de impedirmos.

     

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