Em biografia, João Santana defende campanha de Dilma contra Aécio e Marina

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – João Santana, o responsável por conduzir a campanha vitoriosa de reeleição de Dilma Rousseff (PT), falou pela primeira vez sobre a disputa acirrada contra Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB). O marqueteiro rechaçou as acusações de que o PT fez uso de uma campanha baixa e difamatória contra os adversários. As declarações contundentes fazem parte do livro “João Santana: um marqueteiro no poder”, lançado nesta sexta-feira (23). 

Livro sobre João Santana mostra táticas que marqueteiro adotou para desestabilizar adversários de Dilma

De O Globo

“Os candidatos são tão humanos e muitas vezes mais frágeis do que o eleitor. Ninguém gosta de levar porrada. Ou se enfurece e reage, ou se quebranta”.

Que o digam Marina Silva e Aécio Neves. Contra o ex-governador de Minas, o marqueteiro João Santana — autor da análise acima — saiu-se com acusações de nepotismo em 2014, quando Santana fez a campanha do PT. O tucano acabou chamando Dilma Rousseff de “leviana”, no que se voltou depois contra o próprio Aécio: o PT passou a insinuar que, com isso, o senador teria mostrado que era agressivo com mulheres. Já Marina levou porque chorou — virou aquela que não aguenta a pressão, e onde já se viu isso numa candidata a comandar o país. As estratégias para a reeleição de Dilma — quando Santana, então, passou a ter em sua conta a vitória de sete presidenciáveis — estão em “João Santana: um marqueteiro no poder”, de Luiz Maklouf, que chega nesta sexta-feira às livrarias, pela Record.

Na avaliação do marqueteiro e jornalista, o pensamento de que quem bate perde eleição é falso, pois perde é quem não sabe bater ou se defender. “A política é, ao mesmo tempo, a sublimação e o exercício da violência”, diz.

Para a obra, um “perfil biográfico” de Santana, Maklouf conversou com gente que conviveu com Santana na juventude, no trabalho na grande imprensa e em campanhas, além de ter entrevistado o próprio marqueteiro.

Em determinados momentos, “é mais tático você influenciar os adversários do que o eleitor”, resume Santana. E desestabilizar a concorrência foi o objetivo com os ataques, por exemplo, a Marina Silva. Quando ela assumiu a cabeça de chapa do PSB, após a morte de Eduardo Campos — e as pesquisas passaram a fazer de Marina uma rival a ser batida —, o marqueteiro a avaliou e deu o diagnóstico: ela tinha “queixo de vidro”. Mas, garante ele, o embate foi “100% político e 200% programático. (…) Marina não revidou ou por ingenuidade, ou por fragilidade teórica, ou por soberba. Talvez mais por soberba”.

— A campanha de Dilma em 2014 foi o exemplo completo de uso do marketing selvagem e do poder econômico numa eleição — disse ao GLOBO Bazileu Margarido, porta-voz da Rede e que participou da campanha da ex-senadora, ao comentar as declarações de Santana no livro.

Os ‘superbombardeios’

Também segundo Maklouf, foi Santana o primeiro na campanha petista a dizer que não seria Marina a companhia de Dilma no 2º turno, mas, sim, Aécio. E o queixo mineiro não era de vidro; contra ele, argumentou o marqueteiro, a presidente tinha de ser mais propositiva. Os ataques mais duros ao senador, que havia perdido para Dilma em sua própria terra no 1º turno, viriam no final: “a ação negativa (contra Aécio) deveria ser feita em ‘ondas superconcentradas’ (…). Ou seja: escolher determinados dias e temas para superbombardeios”. Foi assim que os brasileiros começaram a ouvir, sobre Aécio, que “quem conhece não vota”.

“Aécio quis se fazer de vítima e de superior (…). Chegou a lançar um slogan ridículo e inócuo: ‘A cada ataque, uma proposta’. Isso não produziu nem defesa, nem proposta”, diz Santana.

No dia da votação, Dilma não fez discurso de derrota. Quando saiu o resultado, e ao se preparar para a 1ª aparição como reeleita, ela recorreu ao marqueteiro: “Vou com roupa de que cor?”.

O início da relação entre a petista e o baiano de Tucano — onde deu Dilma — não foi tranquilo. Em 2010, ao debaterem o 1º programa de TV, Santana conta que Dilma “achou a presença dela muito light (…). Eu disse que o protagonismo (dela) tinha que ser gradativo. Tive que ser duro”.

Apesar dos atritos entre a gerentona e o “voluntarismo” que Santana admite ter, ela se decidiu pelo baiano. Mas conversou com Duda Mendonça a pedido do amigo Fernando Pimentel — “a bicha mais invejosa que tem”, diz Santana. Além de frases do marqueteiro pontuadas por palavras pejorativas e xingamentos, o livro também traz trechos do romance de Santana, “Aquele sol negro azulado”, de 2002, a história de um casal.

Duda e Santana tinham sido sócios e rompido na campanha de Lula em 2002. Santana sairia. Lula “compreendeu, me deu um abraço e me presenteou com um comprimido enorme de Viagra’ ”, conta Santana. Ele voltaria a trabalhar com Lula em 2006, quando o reelegeu.

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

10 Comentários

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  1. Taí… poderia ser criado o

    Taí… poderia ser criado o 40º ministério e ser dada essa pasta para talcriatura. De longe, seria o mais competente… ele poderia perfeitamente abrir mão do salário – uma merreca, se comparado a tudo o que ele já conseguiu amealhar ao longo de seus prestimosos serviços ao partido.

    1. Chora

      que o choro é livre tucanagem… e vão se preparando, que em 2018 a gigantesca crise mundial já terá se dissipado e a “surra de votos” será, então, memorável!

  2. O brasileiro

    Infelizmente, na visão deste senhor, ser honeste, humilde ate mesmo humano é sinonomo de idiota, burro ou outros adjetivos.

    Votamos em alguem que usava uma mascara, que iludiu a todos dizendo que estava com o povo, mais agora vemos a verdade.

    Se estas acoes do governo continuarem, o projeto PT 2018, sera devidamente enterrado, e o povo talvez  siga por uma terceira via, Marina via ter 4 anos para abrender com seus erros, assim com Lula perdeu duas eleição, e depois saiu vitorioso, podemos esperar o mesmo com ela. 

     

      1. prefiro

        Prefiro e ser honesto, do que ser um tolo que não tem ideia propria que defende uma pessoa nitidamente mau carater, que não acrescenta nada de bom para o PT e para o pais.

        Que falte aqua, luz, que falte ate esta pessoa, pois não serva para nada. 

        Lamento por voce, pois deve acha que so por ser do PT merece todos os louvores e desculpas para as suas açoes. E se isso te da sono não esqueça de no inicio do mes que vem ir ate o diretorio do partido para pegar seu suado dinheirinho de ficar na net rebatendo as criticas ao PT  e seus lideres.

         

  3. santana, superestima, no

    santana, superestima, no mínimo, sua atuação na quebra

    da imagem de marina silva.

    na minha opinião, a blogosfera teve uma participação fundamental.

    neste blog, por exemplo, quando em quinze dias, por aí,

    desmontou as falácias do plano de governo de marina

     e dos economistas que defendiam esse plano.

  4. Isso saiu aonde?

    Matéria sobre o lançamento do livro?

    “A campanha de Dilma em 2014 foi o exemplo completo de uso do marketing selvagem e do poder econômico numa eleição — disse ao GLOBO Bazileu Margarido, porta-voz da Rede e que participou da campanha da ex-senadora, ao comentar as declarações de Santana no livro.”

    Ou uma análise sobre o que há no livro?

    Há o que se pensar a respeito…

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