Greenpeace une Dilma e Alckmin à promessa de mobilidade urbana

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Uma ação do Greenpeace gerou desconforto nos gabinetes de campanha a reeleição do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e da presidente da República, Dilma Rousseff (PT). Cartazes em 100 pontos de ônibus de São Paulo traziam a imagem de Dilma ao lado de Alckmin, com a mensagem: “A espera acabou. Até o final de 2014 a extensão do metrô de São Paulo vai dobrar”. O objetivo da ONG era que os candidatos assumissem o compromisso, além das promessas eleitoreiras.

As propagandas foram divulgadas na última quarta-feira (13). Entretanto, teve, inicialmente, efeito negativo para o Greenpeace. Isso porque candidatos que concorrem à reeleição são proibidos por lei de fazerem publicidade institucional, durante o período eleitoral.

A campanha de Alckmin afirmou que o material era “crime eleitoral” e disse que iria processar a empresa que produziu os cartazes. A empresa responsável pela manutenção dos pontos de ônibus da cidade, Ótima, disse que “foi surpreendida com a violação” de seus paineis. Acionou a Justiça Eleitoral e registrou boletim de ocorrência na 15ª Delegacia de Polícia para apurar responsabilidades.

A ONG Greenpeace afirmou, em nota, que planejava revelar os objetivos e autoria da ação no final do dia (13). Mas com o falecimento de Eduardo Campos, a Organização decidiu adiar a assinatura do protesto. Logo na manhã de quarta-feira, os cartazes foram retirados pela empresa Ótima.

“O Greenpeace pretende chamar a atenção para o fato de que uma melhor mobilidade capaz de garantir uma boa qualidade de vida para o cidadão é um desafio de todos os candidatos, independente do partido político do qual eles façam parte”, disse a ativista da ONG, Barbara Rubim.

Com informações do Estadão, G1 e Greenpeace. Sugestão de Sergio T.

Assista ao vídeo da ação:

https://www.youtube.com/watch?v=8nFfH6tiJe0 width:700 height:394

Leia a nota do Greenpeace, na íntegra:

Melhor mobilidade urbana tem que deixar de ser promessa

Os paulistanos acordaram nesta quarta-feira com uma surpresa:  cem pontos de ônibus das regiões da Vila Madalena, Avenida Paulista, Vila Mariana, entre outras, estampavam cartazes com a seguinte frase: “A espera acabou. Até o final de 2014 a extensão do metrô de São Paulo vai dobrar”. Os cartazes continham também uma foto-montagem de Geraldo Alckmin, atual governador do Estado de São Paulo, e de Dilma Rousseff, presidenta do Brasil. A união dos políticos de partidos diferentes também reforçava o estranhamento da “propaganda”.

A provocação realizada pelo Greenpeace Brasil tem o objetivo de pressionar os candidatos (Dilma é candidata à reeleição assim como Alckmin) a assumir verdadeiro compromisso com a melhoria do transporte público e com a mobilidade urbana para além de promessas eleitoreiras. A intervenção foi destaque na imprensa e provocou reações dos partidos dos candidatos. “Mas ninguém lembrou que o voto dos cidadãos é  sempre conquistado com promessas que depois não são cumpridas e que a população convive com condições indignas de transporte público”, afirma Barbara Rubim, da Campanha de Transporte do Greenpeace. “Isso tem que mudar”.

O planejamento inicial da atividade previa a revelação de seus objetivos e autoria no final da quarta-feira 13. Diante da comoção nacional e em respeito ao falecimento do candidato Eduardo Campos e equipe, o Greenpeace decidiu postergar a assinatura do protesto para hoje, quinta-feira.

Os cartazes continham também a hashtag #JuntosPelaMobilidade para incentivar a população a compartilhar a imagem e questionar o anúncio nas redes sociais. Esse objetivo foi atingido e o estranhamento alimentou inúmeras discussões na Internet, gerando respostas dos partidos envolvidos (PT e PSDB). A discussão de fundo, contudo – que trata exatamente da falta de compromisso dos governantes com a melhoria do transporte público e com a mobilidade urbana -, não recebeu a mesma atenção por parte das agremiações políticas. Resultado: mais uma vez a disputa partidária deixou em segundo plano o que realmente interessa à população.

No balanço dos últimos quatro anos do que foi feito no estado de São Paulo em relação ao investimento em transporte público, por exemplo, apenas 13% do que havia sido prometido de expansão do metrô virou realidade. O governo federal, por sua vez, repetiu o papel de transferir a responsabilidade. Limitou-se a acompanhar passivamente a incapacidade dos entes estaduais e municipais de não aplicar os recursos transferidos pela União para  desenvolver e executar os projetos de mobilidade urbana. Tanto é que, dos cerca de R$150 bilhões prometidos nos últimos anos, aproximadamente 30% foi de fato convertido em melhorias para a população.

O Greenpeace não quer que esse erro se repita. Por isso, desde 2013, desenvolve a Campanha de Transportes para pressionar os governantes a quebrar esse ciclo nocivo que compromete a qualidade de vida nas grandes cidades. Em ano eleitoral, a organização pede aos candidatos à Presidência que priorizem investimentos regulares na mobilidade urbana. Como só investimento não vira realidade, o governo federal precisa também se envolver com a capacitação e a implementação de projetos em nossas cidades. Os governadores não podem encarar as melhorias de mobilidade como carta eleitoreira – as mudanças e compromissos assumidos precisam começar já em 2015, evitando que, daqui há quatro anos, elas continuem na lista de promessas.

Confira abaixo algumas das promessas não-cumpridas pelo governo de São Paulo em relação à ampliação de sua rede metroviária:

Em 2010, ao ser eleito, o governador prometeu terminar a linha 4 do Metrô, criar o Expresso Guarulhos e a linha 6 do Metrô, que ligaria as regiões São Joaquim, Freguesia do Ó e Brasilândia. Nenhuma dessas se cumpriu;

Em 2012, prometeu entregar mais 126 km de malha metroviária para São Paulo até 2018;

No mesmo ano, disse que até 2014 a cidade teria mais 30 km de metrô. Desses 30 km, no entanto, somente 13% saiu do papel.

O Governo Federal também não deixa a desejar no quesito promessas que não saíram do papel:

Em junho de 2009 foi anunciado o trem-bala que, apesar de ser questionável, deveria ter sido entregue para a Copa do Mundo, e hoje está sem previsão de inauguração;

Em 2010 estava previsto investimento de R$11,6 bilhões (valor não corrigido pela inflação) para as obras de mobilidade que seriam o legado da Copa, ao final de 2013 o valor já havia caído para R$8,5 bilhões. Em números de projetos, chegamos a ter 67 obras prometidas, das quais somente 42 foram mantidas, a grande maioria delas, contudo, só ficará pronta entre 2015 e 2017, se não atrasarem de novo;

Somando-se o valor prometido para a mobilidade entre PACs e o Pacto da Mobilidade (anunciado em junho de 2013), chegamos à vultosa quantia de R$150 bilhões, contudo, cerca de 70% desse valor nunca saiu dos cofres do Governo Federal. 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

12 Comentários

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  1. Curioso.Sempre  intrigou-me

    Curioso.Sempre  intrigou-me  o patrocínio  da Mobil Oil , dos Rockfeller,no Greenpeace. Este  meteram-se com os franceses bisbilhotando o programa nuclear e em troca tiveram seu  navio afundado.Aprenderam, Voltaram-se ,para o então terceiro  mundo. Com a multiplicação de ONGs, com todos o propósitos,desconfia-se ou se tem a certeza, de que  as ações  desenvolviam-se  com estratégia comum,visando imobilizar os países  em desenvolvimentos.

    Inteligente. Contudo, o zelo  pela natureza e bem -estar da humanidade  numa ponta,revelava  a falácia  por ações contrárias desenvolvidas na outra extremidade.

    O capitalismo ,assim como, o lobo da fábula,não consegue pele  de ovelha  do  seu tamanho que o ocultem sua verdadeira  identidade.

  2. Greenpeace tem representatividade?

    Desde quando uma ONG tem representatividade? Quem delegou a eles o direito de falar pelo povo e pelos usuários de transporte? Há uma mania nacional de se desqualificar os politicos para falarem em nome de quem representam e uma tentativa de se eleger ONGs e meritocratas como qualificadaos para falar em nome do povo. Ms sabem por que? Porque essas ONGs e meritocratas falam em nome de um segmento social, uma visao classista que entende que o povo é “nossa turma”.

  3. Quadrilha internacional

    Nassif,

    O Greenpeace não vale nada, 

    Até agora se espera pela gritaria em função do vazamento da BPetroleum no Golfo do México, pela chiadeira contra o gigantesco estrago ambiental causado pela extração do xisto betuminoso no Canadá e USA, iniciativas diretamente ligadas a quem faz esta ONG funcionar, $$$ dos vultuosos patrocínios que sempre recebe da indústria petrolífera e outros grandes setores da economia mundial.

    No patropi o interesse é especial, agora o grupo de pliantras resolveu pegar o gancho da mobilidade urbana. 

     “O governo federal, por sua vez, repetiu o papel de transferir a responsabilidade. Limitou-se a acompanhar passivamente a incapacidade dos entes estaduais e municipais de não aplicar os recursos transferidos pela União para  desenvolver e executar os projetos de mobilidade urbana.”, e o que é que este Greenpeace ou seja lá quem for deseja, que o governo federal faça tudo, prque governos estaduais e municipais são incompetentes ?

    Até o trem-bala mencionaram, mas esquecendo de ressaltar as dificuldades enfrentadas pelo Projeto que tem gente contra e gente a favor.

    Me faz lembrar o importante papel da quadrilha internacional ao início das hidrelétricas de Belo Monte e Jirau, sem falar na formidável campanha contra as PETs, que iriam ajudar a afogar todas as baleias e tubarões do Oceano Pacífico. 

    No dia em que este grupelho fizer campanha cerrada contra algumas das inúmeras atividades irregulares da Monsanto, começarei a mudar a minha opinião;

  4. “No balanço dos últimos

    “No balanço dos últimos quatro anos do que foi feito no estado de São Paulo em relação ao investimento em transporte público, por exemplo, apenas 13% do que havia sido prometido de expansão do metrô virou realidade. O governo federal, por sua vez, repetiu o papel de transferir a responsabilidade. Limitou-se a acompanhar passivamente a incapacidade dos entes estaduais e municipais de não aplicar os recursos transferidos pela União para  desenvolver e executar os projetos de mobilidade urbana. Tanto é que, dos cerca de R$150 bilhões prometidos nos últimos anos, aproximadamente 30% foi de fato convertido em melhorias para a população.”

     

    Pacto federativo, me perdoem, é o caralho!

    Não é como se a União pudesse chegar em São Paulo, e, em obras de sua competência, emitir glorioso despacho: “cumpra-se, incontinenti!”

     

    A Constituição impõe vários limites à interferência de um ente federativo em outro. Respeitar eles não é sinal de incompetência e sim, pelo contrário, de respeito à democracia e à Constituição.

  5. Equação

    Soros nas sombras, Greenpeace na ribalta. Agora juntam Dilma e Alckmin para desacreditar os dois perante seus eleitores. A aposta é alta. Tudo por Marina.

     

  6. Green Washing

    Quem desejar se aprofundar sobre o Greenpeace com algumas leituras subsidiárias, recomendo, primeiramente,

    os seguintes links.

    Aqui no Chile, o Greenpeace apoiou a famigerada Ley de Pesca (2012), que entregou 90% dos recursos pesqueiros a 7 mega-empreendimentos familiares.

    Pescadores artesanales critican apoyo de Greenpeace a la Ley de Pesca

    http://www.publimetro.cl/nota/economia/pescadores-artesanales-critican-apoyo-de-greenpeace-a-la-ley-de-pesca/matlkl!98K9V_NevC_Y6sbGCPFRbA/

     

    Greenpeace – Un oscuro negocio[…]

    http://www.taringa.net/posts/noticias/5157760/Greenpeace—Un-oscuro-negocio.html

     

    GREENPEACE

    Mad Max y sus

    Guerreros del Arco Iris

    http://www.mitosyfraudes.org/INDICE/CAP15-Green.htm

  7. Agora é hora…

    Porque só agora os ” GREEN”  estão colocando as asinhas de fora?  Agora vale entrar na briga… Só não vê quem não quer…  

  8.  
    São uns trapaceiros

     

    São uns trapaceiros espertosos donos e criadores dessa poderosa maracutaia midiática Greenpeace. Vendem seu peixe. Ao tempo em que, funciona como eficiente biombo (cortina de fumaça), mantendo em certa penumbra os crimes mais graves e abjetos de seus provedores.  Aproveitam o que seria utilização de trabalho escravo. Como ação voluntária. No interregno, sobra oba, oba  e entretenimento para filhos e afilhados da burguesia desocupada, se exercitarem praticando “esportes radicais” de baixo risco, em vez de se esbaldarem em rebolativas baladas  regadas a ligantes e revigorantes eterodoxos. Aliás, o neto de Tancredo, faria melhor, tomando seu “gatorrede” numa balada dessas.

     

    Orlando

  9. Soros, resolveu dar as caras

    Soros, resolveu dar as caras na campanha de desestabilização do país, definitivamente. Agora o Greenpeace vem com o enredo mobilidade urbana… Partiram para o tudo ou nada, mesmo; sem disfarces.

  10. Só que não. Haddad não pode andar na “ciclopassarela” de Alckmin

    Surreal! Haddad tem mais mais um choque com a gestão tucana, a ciclopassarela onde não se pode pedalar.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=tH3z44Il-9c width:640]

    Cuidado Haddad que empurram mesmo, tão adorando ver político por aí caindo do céu.

    Eles escondem  o Padilha pra botar o Alckmin como parceirão da Dilma. Lembrando que tem tucano como representante dessa ong no Brasil e ao mesmo tempo na campanha da Marina, essa “reação” é jogo de cena.

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