Quando a grande mídia faz leitura enviesada de pesquisa para esvaziar apoio a Lula

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O site BR18, blog do Estadão especializado na cobertura das eleições, publicou nesta quinta (16) uma pesquisa feita pelo instituto Paraná Pesquisas sobre o voto do brasileiro em Lula na condição de preso na Lava Jato. A empresa foi às ruas perguntar ao eleitor: “O senhor (ou senhora) votaria no candidato Lula mesmo que ele esteja preso em Curitiba?” 

Na média nacional, o resultado espelha o desempenho de Lula nas pesquisas de opinião: 65,6% declararam que não votariam no ex-presidente, mas 34,4% afirmam que o petista teria seu voto mesmo assim.

O BR18, porém, usou o estudo para afirmar que o PT pode até “encenar” o apoio das massas a Lula, manobrando “militantes” petistas e do MST, mas enquanto o petista estiver no “xilindró”, ele “não terá o apoio da população nas urnas.”

Para cravar que a pesquisa é um soco no PT, o site descartou ponderações. Não citou que o patamar de pouco mais de 30% dos votos para Lula preso confere exatamente com seu desempenho no Ibope e Datafolha, por exemplo, onde ele tem liderado as simulações de primeiro turno.

É de se questionar, portanto, se esses 65,6% que não votam em Lula preso são a soma dos que votam em Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Marina Silva e nos outros candidatos, mais os que estão indecisos ou pretendem optar por branco ou nulo.

Por este ângulo, Lula, preso, não tem mesmo o apoio da maioria da população. Mas teria mais do que seus adversários sozinhos.

O BR18 também divulgou os números por região do País. Esquecendo, porém, da informação que consta na pesquisa original: cada região tem uma margem de erro distinta da que é usada para os levantamentos no plano nacional, de 2%.

No Nordeste, 49,4% não votariam em Lula preso, mas 50,6% sim. A margem de erro é de 4,5%.

No Sul é onde ocorre a maior rejeição: 77,1% responderam que não votariam, contra 22,9%. Margem de erro é de 6%.

No Sudeste, o não representa 69,3% do eleitorado, ante 30,7%. Margem de erro, 3,5%.

No Norte e Centro-Oeste, a maioria, 72,8%, não votaria em Lula preso, mas 27,2% sim. Margem de erro, 6%.

Leia a pesquisa completa aqui

Sobre a pesquisa

O universo desta pesquisa abrange os eleitores brasileiros. Para a realização desta pesquisa foi utilizada uma amostra de 2.002 eleitores, sendo esta estratificada segundo sexo, faixa etária, escolaridade, nível econômico e posição geográfica. O trabalho de levantamento de dados foi feito através de entrevistas pessoais com eleitores com 16 anos ou mais em 26 Estados e Distrito Federal e em 168 municípios brasileiros entre os dias 09 e 13 de agosto de 2018, sendo auditadas simultaneamente à sua realização 20,0% das entrevistas

Tal amostra representativa do Brasil atinge um grau de confiança de 95,0% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2,0% para os resultados gerais. Nas análises das questões por localidade, o grau de confiança atinge 95,0% para uma margem de erro de 3,5% para o estrato da Região Sudeste, onde foram realizadas 866 entrevistas, 4,5% para o estrato da Região Nordeste, onde foram realizadas 542 entrevistas, 6,0% para o estrato da Região Norte + Centro-Oeste onde foram realizadas 301 entrevistas e 6,0% para o estrato da Região Sul, onde foram realizadas 293 entrevistas. A Paraná Pesquisas encontra-se registrada no Conselho Regional de Estatística da 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª Região sob o nº 3122/18

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Sob medida

    Pesquisa trabalhada sob medida por agente do PIG para incentivar o ímpeto inconstitucional punitivista que vem sendo ardilosamente praticado pelos operadores do direito canhestro tupinambá e seus sequazes contra o Lulão.

  2. Pesquisa eleitoral

    Torcem, distorcem, mexem, remexem, fantasiam, mudam critérios, parecem até aquele personagem do desenho animado que faz de tudo mas não consegue pegar o mocinho. Lula continuara à frente, seja ele mesmo ou seja o seu indicado.

    Ridículos. A propósito esse instituto deu como líquida e certa a vitória do golpista mor, senador mineiro, em 2014.

    1. Pesquisa Eleitoral

      O que entristece, é o baixo nível jornalístico, inferindo que o posicionamento de quem publica em leituras sem crítica, relevando apenas a sua própria opinão. A eleição está tornando um caso de torcida com exarcebado fanatismo

  3. Mídia e eleições

    Está no DNA da mídia tentar influir no resultado das eleições.  Há várias explicações, mas as principais têm a ver com o pseudoconceito de “quarto poder”, senão também com o inconfessável e insopitável desejo de cada jornalista em posição de chefia. Imparcialidade é uma quimera idílica que só encanta jornalistas sonhadores formados na primeira metade do século passado. Comentários como este deviam ser incentivados no contexto de um pluralismo real, mas infelizmente não é assim. Como se alçam a “Terceira Turma do STF” (G. Mendes), grupos de jornalistas com mania de onipotência do pensamento ( Freud) almejam afetar as eleições, sem atentarem para o ridículo atroz (Mendes) ou, pior, para a eventual ignomínia (Globo, 1989).

  4. Jogando sujo

    Jogar sujo é colocar todos contra um candidato, o engraçado é que nenhum outro nessas condições sobreviveria mais que o Lula.  

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