‘Oposição terá dificuldade’ de falar contra governo, diz Temer

Temer chama de “feito extraordinário” do Planalto queda da Selic e inflação e atribui queda de desemprego aos esforços do seu governo 
 
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(Foto Agência Brasil)
 
Jornal GGN – O presidente Michel Temer avalia que um candidato na eleição presidencial deste ano que fizer oposição ao seu governo terá “muita dificuldade” para falar contra os resultados da sua gestão. Em entrevista ao jornal Valor, o emedebista apresentou melhoras nos indicadores econômicos como feitos da sua administração, defendeu as reformas que buscará levar adiante até o final do seu mandato e, sobre a venda da Embraer para a Boeing, disse que as negociações estão de pé, mas buscou acalmar os críticos da transação acrescentando que não haverá perda do controle do Estado “nem pela via direta nem pela via indireta”, sem se aprofundar de que maneira o governo pretende garantir isso. 
 
Sobre a política econômica, Temer declarou que graças a “um feito extraordinário” do seu governo a taxa básica de juros caiu de 14,25% para 7% e a inflação ficou em 2,95%, bem abaixo do centro estipulado de 4,5%, esquecendo de explicar que as condições econômicas ruins levaram o Banco Central a reduzir a Selic para forçar as pessoas a gastarem mais (a redução da atividade econômica é um efeito colateral do aumento de juros). A queda da inflação também segue essa lógica: em períodos de recessão e alta taxa de desemprego a população gasta menos e o valor dos produtos é reduzido.
 
Temer defendeu ainda como um legado de sua gestão a criação de novos postos de trabalho. “Em dezembro de 2016 tínhamos saldo negativo de mais ou menos 1,330 milhão de postos de trabalho; este ano, temos um saldo negativo de 28 mil. Ou seja, houve abertura de 1,3 milhão postos de trabalho”. Dados que também devem ser observados com cuidado. Em julho de 2017, quando o governo anunciava pela terceira vez consecutiva uma leve queda da taxa de desemprego no país, o coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo, explicou à Agência Brasil que a redução de desemprego se deu mais pela informalidade.
 
“Tivemos uma redução na taxa [de desocupação], com o aumento da população ocupada e queda no número de desocupados. Mas, infelizmente, a ocupação cresceu pelo lado da informalidade, ou seja, há mais pessoas sem carteira e por conta própria, que não têm garantias trabalhistas”.
 
Sobre o candidato que o Planalto irá apoiar neste ano, Temer elogiou o ministro da Fazenda Henrique Meirelles. “Ele seria um grande presidente, não tenho a menor dúvida. Se eu pudesse retê-lo na Fazenda, manteria, porque ajuda muito. Este ajudar muito é, na verdade, um elemento comprobatório da capacidade que ele tem para administrar”, disse completando, porém, que só irá oficializar o possível apoio em maio. 
 
Privatizações e Previdência 
 
O emedebista reforçou que tem bom trânsito no Congresso para conseguir passar a privatização da Eletrobras e a reforma da Previdência. “Toda vez que se fala numa proposta mais polêmica, a primeira ideia é que não vai aprovar. Foi assim com o teto dos gastos, com a reforma do ensino médio, foi assim com a trabalhista e foram todas aprovadas”, confirmando que o governo irá insistir para passar a reforma da Previdência ainda em fevereiro com a ajuda do presidente da Câmara Rodrigo Maia.
 
“Domingo, ainda, fizemos uma caminhada e ele me disse mais uma vez da disposição de começar a discutir dia 6 e votar dia 19 ou 20”. 
 
Vale destacar que a boa articulação entre o Planalto e o Congresso teve um facilitador nos últimos anos: as emendas parlamentares.
 
O instrumento permite aos parlamentares do Congresso Nacional participarem da elaboração do orçamento anual da União e, desde 2015, é obrigatório. Um levantamento feito pelo Estado de S.Paulo apontou que o Planalto liberou em 2017 R$ 10,7 bilhões para as emendas, um volume 48% superior ao praticado em 2016 e 68% em relação a 2015.  
 
Os parlamentares da base tiveram 72,8% do valor aprovados, com destaque para o MDB, o mais contemplado com um valor total de R$ 1,032 bilhão. Enquanto parlamentares do PT que possuem a segunda maior bancada na Câmara tiveram R$ 831 milhões em emendas atendidas. Ainda, segundo o Estadão, o governo calcula liberar mais R$ 30 bilhões para aprovar a reforma da Previdência.
 
Em entrevista ao Poder 360, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP) admitiu que R$ 500 milhões liberados pela sua pasta para emendas de congressistas em 2017 podem ter sido utilizados para negociar acordos entre o Planalto e o Congresso Nacional. 
 
Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista de Temer ao Valor:
 
Valor: Como o senhor pretende superar as resistências à privatização da Eletrobras? Michel
 
Temer: Não tive conversas ainda, mas não verifiquei muitas reações negativas. Nós vamos explicar direitinho e certamente vamos ter não só a compreensão, mas o apoio, inclusive dos governadores. Há clima para aprovar isso. Toda vez que se fala numa proposta mais polêmica, a primeira ideia é que não vai aprovar. Foi assim com o teto dos gastos, com a reforma do ensino médio, foi assim com a trabalhista e foram todas aprovadas.
 
Valor: O sr. declarou que não vai vender o controle da Embraer, mas a Boeing continua dizendo que está negociando. E a sueca Saab procurou o governo, preocupada.
 
Temer: É natural a insistência. Aliás, quando o presidente da Embraer esteve aqui, ele trouxe argumentos que diziam respeito aos acionistas. A Embraer tem uma simbologia muito grande para o país, mais ou menos como a Petrobras. Nós dissemos a ele: vamos levar em conta seus argumentos, vamos estabelecer uma comissão com a Aeronáutica, a Defesa, vocês da Embraer e vamos discutir isso longa e fartamente. Mas desde já fica estabelecido, o controle continua com o poder público federal. A ideia básica é esta: perda do controle nem pela via direta nem pela via indireta.
 
Valor: Os presidentes da Câmara e do Senado estão com uma pauta que trata de temas menos polêmicos, mas que dariam algum gás para o crescimento. O sr. apoia? 
 
Temer: Nós tivemos esta conversa, em algumas ocasiões, de fazer uma pauta que não se cingisse à Previdência. E dela deve constar a tributação dos fundos exclusivos. Mas, tocando na Previdência, eu quero dizer que o governo insistirá na votação agora em fevereiro.
 
Valor: O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, diz que faltam votos. Temer: Mas ele está trabalhando muito. Domingo, ainda, fizemos uma caminhada e ele me disse mais uma vez da disposição de começar a discutir dia 6 e votar dia 19 ou 20.
 
Valor: O relacionamento Executivo, Legislativo e Judiciário está longe de ser harmônico. Há uma judicialização da política e da própria função executiva, seja no momento em que um ministro do Supremo diz que tem que reajustar os salários do funcionalismo, mesmo quando o Estado com forte déficit, ou quando impede a nomeação de um ministro. O modelo de três poderes independentes e harmônicos está se exaurindo?
 
O modelo de três poderes independentes e harmônicos está se exaurindo?O modelo de três poderes independentes e harmônicos está se exaurindo?
 
Temer: Acho que ainda não. Eu prezo a harmonia entre os poderes. Prezo por determinação da soberania popular. Quando a Constituição diz que os poderes são independentes e harmônicos entre si, é uma mensagem para nós, para mim que sou presidente da República, para os membros do Judiciário e do Legislativo: vocês são autoridades constituídas, não são autoridades por conta própria. Autoridade quem tem, segundo a soberania popular, é o povo. Está escrito na Constituição. Pessoalmente, tomo cuidado para não invadir competência de nenhum poder.
 
Valor: Mas o judiciário impediu a posse da ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, e o STF decidiu uma questão favorável a esse entendimento, não?
 
Temer: No instante em que começa a haver uma invasão das competências da Presidência da República, não é bom para a harmonia dos poderes. Isso está acontecendo? Pode estar acontecendo pela via da interpretação, porque nós temos, ainda, um longo trajeto jurídico. É um embate de natureza jurídico-interpretativa. Ou vale a competência privativa do presidente para certas questões ou não. No caso mencionado da indicação da ministra eu faço um parêntese: o presidente até pode errar politicamente, administrativamente, escolher mal. Essa é uma questão de mérito. Mas ele não erra juridicamente ao exercer uma competência que é privativa. Nós solucionaremos essa questão, pautados por palavras do Supremo, que tem pessoas da melhor suposição da área constitucional. A própria presidente (Cármen Lúcia) é professora de direito constitucional.
 
Valor: Mas a presidente do STF aderiu à tese do juiz e não à tese do ministro do STJ, não foi?
 
Temer: Mas não é definitivo. Ela decidiu sobre uma outra questão, de reclamação de competência, se a competência é do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo. Em três passagens da decisão ela diz ‘eu não estou entrando no mérito. Eu apenas quero dar um espaço’, e deu 48 horas para manifestações sobre se a competência é do STF ou é do STJ.
 
Valor: O sr. sentiu alguma diferença de tratamento em Davos (Fórum Econômico Mundial, na Suíça) em relação a suas primeiras viagens como presidente?
 
Temer: Logo depois que assumi em definitivo fui ao G-20 e me receberam lá com toda tranquilidade. Mas é claro que essas coisas vão se sedimentando. É claro que há, agora, uma fisionomia mais consolidada do governo.
 
Valor: O sr. é amigo do ministro Henrique Meirelles (Fazenda), tem conversado com ele sobre a candidatura à presidência?
 
Temer: Vez ou outra nós trocamos ideia sobre isso. Ele quer ser candidato para defender o que o governo fez. Eu disse a ele, em certa ocasião, que isso depende muito do que a pessoa sente. Uma candidatura, especialmente à Presidência, tem que ser uma coisa muito forte, muito significativa, no interior de cada indivíduo. Ele seria um grande presidente, não tenho a menor dúvida. Se eu pudesse retê-lo na Fazenda, manteria, porque ajuda muito. Este ajudar muito é, na verdade, um elemento comprobatório da capacidade que ele tem para administrar.
 
Valor: Meirelles não seria o candidato que o governo apoiaria? 
 
Temer: Isso eu só vou pensar em maio.
 
Valor: Na hipótese de o sr. não ser candidato, quem pode defender melhor o legado do governo, Rodrigo Maia ou Meirelles?
 
Temer: Vou defender a hipótese de o governo apoiar quem vai sustentar o governo. Até por uma razão: quem for candidato da oposição, quem quiser criticar o governo, vai ter que dizer ‘eu sou contra o teto dos gastos, a reforma do ensino médio, a modernização da legislação trabalhista, a inflação medíocre de 2,95%, eu prefiro a inflação de 10%, eu sou contra esses juros horrorosos de 7%, eu preferia aquele de 14,25%, eu sou contra a moralização das estatais (eu é que sancionei a Lei das Estatais), sou contra a abertura de 1,3 milhão de novos postos de trabalho’. Em dezembro de 2016 tínhamos saldo negativo de mais ou menos 1,330 milhão de postos de trabalho; este ano, temos um saldo negativo de 28 mil. Ou seja, houve abertura de 1,3 milhão postos de trabalho. Um candidato de oposição vai ter muita dificuldade para fazer isso.
 
Redação

12 Comentários

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  1. Temer está precisando de um
    Temer está precisando de um pai de santo, para tirar-lo desse transe.
    Só com ebó, borogodó e quetais ele sai desse surto, e volta para o mundo real

    Ó meu fio du jeito qui sussetá,só o omi
    qui podi ti ajudar

  2. Diria algo diferente?

    Notícia como esta serve pra saber o que um títere faz.

    No contexto, o declarado, se é mentira ou verdade, para muitos, tanto faz. Mas é possível, também, perguntar quem acredita nisso.

    Mas a História tem exemplos. Hitler levou sua insanidade até o fim (mas não estava sozinho, evidente).

  3. Pergunta
     

    Qual seria o prazer na leitura da transcrição da entrevista do mandatário danação?

    Ouvir falar nele já é penoso.

    Impressão sobre as impressões(dele):

    “Oposição terá dificuldade em falar contra o governo”

    Nosso desinterino mandatário  ou é alienado ou é muito otimista ou um sem noção, que signfica as duas coisas juntas.

     

  4. mi$$hell
    VTNC
    A quadrilha, todos eles, do $upremo ao advogado porta-de-cadeia, do vosso presidente ao vereador dos grotões, do cardeal ao pastor de garagem, das sinhazinhas da casa grande até as madames paneleiras do Leblon e dos Jardins; toda essa malta sabe bem com quem está lidando: com gente sem sangue nas veias, um amontoado de milhões e milhões de seres sangue-de-barata.
    Todas as orcrims que meteram as mãos no poder apontam diariamente quem é o seu inimigo mortal.
    Mas a estupidez e os interesses mesquinhos, e os alienígenas, impedem a única ação que poderia fazer frente aos parasitas internos parças dos sangue-sugas do mundo.

  5. Minta
    Minta, minta e minta.
    Mas até nisso?
    É.
    Peladão no motel: Foi sequestro.
    500 kilos do mais puro pó: Não sei nunca vi, eu só ouço falar; Alguêm colocou isso aeh.
    Minta, mas minta muito, mas tanto até que a realidade dos fatos seja encoberta pela falsidade repetida agora, ontem e anteontem, amanhã e depois de amanhã, várias e várias vezes até achatar a terra.

  6. Eu acho engraçado como Temer

    Eu acho engraçado como Temer parece realmente acreditar que ele é levado a sério. E eu espero que seja apenas encenação dele, porque o contrário indica psicopatia.

  7. Estamos é lascados com o país

    Estamos é lascados com o país tendo que conviver com uma miséria dessas como presidente…é demais para os nervos de qualquer um! PqP!

    Além disso, você olha pro outro lado e…tá lá, do outro lado, do lado de lá: um poder judiciário em ruínas! Destruido por uma safra desgraçada de homens minúsculos, todavia, volumosos em:

    sordidez baixeza abjeção aviltamento canalhice degradação futricagem indignidade infâmia opróbrio pequenez rebaixamento ruindade sabujice servilismo submissão subserviência turpitude vilania vileza afronta desdouro injúria maroteira ultraje vitupério torpeza desonestidade perversão… E, muita ganância. UFA!

    Ainda assim, fico devendo.

    Orlando

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