Começa nova fase eleitoral: pesquisas ativam guerra pelo segundo turno

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Equipes de campanha de Ciro Gomes, Marina Silva, Alckmin e Haddad iniciam estratégias para o enfrentamento entre si
 
 
Jornal GGN – A nova pesquisa do Ibope, que foi divulgada nesta terça-feira (11), e a do Instituto Datafolha, publicada na segunda (10), trouxeram uma encruzilhada para quem irá a segundo turno contra o candidato na liderança Jair Bolsonaro (PSL): é que os nomes de Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT) aparecem tecnicamente empatados.
 
Por isso, as estratégias de campanha devem ser redesenhadas a partir de agora por cada um dos quatro candidatos cotados no segundo posto. O confronto não se dará mais de cada um dos nomes contra Bolsonaro, mas entre eles.
 
Não à toa, a candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, decidiu enfrentar Fernando Haddad em sua primeira declaração após os resultados das pesquisas. Com agenda em Minas Gerais, concedeu entrevista à rádio local Super, afirmando que Haddad é “muito semelhante” à Dilma Rousseff, presidente que alcançou grandes índices de rejeição e levou a uma derrocada da popularidade sobre o PT.
 
Marina tentou convencer os mineiros que votar em “indicado” pode levar o país “novamente” a um “poço sem fundo”. A referência foi porque o ex-presidente Lula fez campanha para os dois mandatos de Dilma Rousseff. Por isso, apesar de trazer propostas diferentes ao governo Dilma, Marina quis assemelhar o caso ao de Haddad.
 
“[Haddad] é muito semelhante [a Dilma]. As coisas ruins foram aprofundadas no governo Dilma-Temer. As coisas boas foram sendo desaceleradas, e a população brasileira não pode deixar de pedir uma prestação de contas do que levou o Brasil para o fundo do poço”, disse à rádio.
 
Da mesma forma, a equipe de campanha do tucano Geraldo Alckmin já decidiu que o confronto não será a Bolsonaro, líder nas pesquisas, mas a quem está mais páreo a ele: Ciro Gomes (PDT), que compartilha dos mesmos 9% das intenções de voto, segundo o Ibope.
 
Na televisão, o movimento por adesão de eleitores do tucano vinha sendo endossado pelo discurso de ser o “único candidato antiPT”, em confronto direto a, agora, Haddad. Mas sua equipe acredita que Alckmin precisará confrontar com Ciro.
 
A tarefa não será fácil, aponta a coluna de Andreia Sadi. Isso porque tucanos afirmam que Alckmin é amigo de longa data de Ciro e terá “dificuldades” de bater duro com o pedetista. Mas para seguir a estratégia, seus interlocutores defendem que essa resistência precisará ser enfrentada nessa fase da disputa eleitoral.
 
Ainda assim, seguirá a mesma linha exposta pelo GGN [leia aqui] de que votar em Bolsonaro é um “passaporte para a volta ao PT”, uma vez que Bolsonaro perde em segundo turno com quase todos os candidatos. 
 
Já Ciro Gomes adota essa estratégia de combater outros adversários em pé de segundo turno desde o início da campanha. Os governos do PT foram alvos de boa parte de suas críticas, além do próprio PSDB. Após o anúncio de que Fernando Haddad assume a candidatura oficial à Presidência, no mesmo dia do resultado do Instituto Datafolha, Ciro aproveitou para criticar o partido e as posturas nestas eleições.
 
“Nós já estamos divididos [a esquerda], na medida em que eu não aceito em nenhuma hipótese a imposição que a burocracia do PT vem tentando fazer. Todas as declarações minhas são de que isso era uma farsa. Basicamente, uma tentativa de fraude para qual eu fui convidado”, disse nesta terça, durante caminhada em ato em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
 
E agora que Haddad assume oficialmente a candidatura, não é somente esta estratégia de enfrentamento contra seus pares que deverá ser definida por sua equipe de campanha, como também os tons adotados, que devem mudar e descentralizar dos “projetos de Lula” para “projetos do PT”.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. Telegramas de Pasárgada.

    Que marina e o picolé de chuchu bandeirante ataquem haddad está no roteiro.

    Mas o cara equilibrado, o centro da esquerda, aquele que nos redimiria de todos os males, o bolsonaro de Harvard partindo para o confronto com o PT e usando o mesmo argumento de que haddad e igual a Dilma é de doer.

    Fraude da burocracia do PT????

    (risos). É um tremendo cara de pau!

    —————————————————————–

    Primeiro, quem nos dera ser o hadadd parecido com a Dilma!

    Será que é isso mesmo? Vamos aceitar que Dilma tenha virado referência de ofensa?

    Logo ela? A vítima do golpe, vítima de sexismo e das análises horrorosas, inclusive desse blog?

    Ela que depois do massacre segue chinelando a bunda do psdebostas de MG?

     

    Bom, depois fica, depois da tentativa de enganar a plateia, o verdadeiro ciro: desbocado, descontrolado e ressentido.

    Um coronezinho mimado, que culiva uma auto-imagem distorcida, como se fosse um déspota esclarecido:

    Nem déspota porque não tem colhões, nem esclarecido porque nem Harvard deu conta de sua miopia política!

      1. Falou e disse!

        Ciro É DE ESQUERDA

        Pronto. Isso tem tanto peso quanto a sua mera opinião, que não leva em conta o programa do cara que é evidentemente de esquerda. 

         

        #Ciro12

        1. Papel aceita tudo… Nao é questao de opiniao

          Foi favorável à privatizaçao da Vale, aconselhou Itamar a ser duro com os petroleiros em greve. Em 2010, ELE MESMO disse que, se Aécio fosse candidato, ele nao precisaria ser, porque os projetos de ambos eram parecidos… Aécio é de esquerda, pra você? Ora, ora.

          1. À marinheira da maionese

            Que preguiça. Em 2007 até o Lula cogitou apoiar o Aecio. Em 2017 o PT salvou o mesmo. Lá em 2007 alguém afirmou: “Eu mantenho relações muito boa com gente do PSDB, com o Aécio, o [José] Serra, o [Tasso] Jereissatti. Se algum momento eles radicalizaram, é problema de avaliação deles. Nós disputamos eleições e eles detectaram que o povo não estava combinado com aquilo que eles fizeram com o governo”. Advinha quem?

            Se for pra entrar nessa picuinha eu vou postar a foto aqui do Haddad e do Lula abraçando o Maluf, mas não farei isso, porque é necessário uma inteligência limitada para resumir o espectro ideológico aos jogos políticos.
             

          2. Farol de Alexandria

            E essa autorida auto-ungida de dizer quem é ou não de esquerda? Quem você pensa que você é? Menas.

             

            O Haddad é de esquerda? Mas como a primeira opção de vice do Lula em 2018 era o CIRO?

    1. PT vai esconder a Dilma como PSDB escondeu FHC.
      Alguém viu algum candidato do PT ao lado da Dilma? Algum programa eleitoral do Haddad PPPs apareceu a Dilma?

  2. Enquanto

    isso, o hospital Albert Einstein comunica que alimentação oral do nazista foi suspensa. Estaria o consórcio (mídia, judiciário, PF e integrantes das forças armadas) golpista preparando uma solução a lá Sarney, digo, Mourão? Lembrando que o vice nazista pediu ao TSE para substituir o cabeça de chapa. Tudo muito estranho. Partindo do consórcio golpista tudo é esperado.

  3. Ciro não perde a oportunidade

    Ciro não perde a oportunidade de se referir mal ao governo de FHC, mas, sempre que pode, revela-se amigo, com A maiúsculo de um ou outro, Fez isso quando Aécio começava a cair em desgraça, e há pouco sobre Alkmin. Num dos debates, deu pra perceber o constrangimento em escolhê-lo para perguntas, e vice-versa. Só que daqui pra frente, amigos à parte. Pra quem tem cabelos na venta, vinha arrastando em migalhas nas pesquisa, vê-se agora empatado tecnicamente com os únicos que a seu lado estão abaixo do único vitorioso nas pesquisas, por enquanto. E Haddad só vai precisar de mais uns dias para levar de todos os lados. Já começou, conforme indica essa matéria, que está rolando também na CBN.

    Marina se enrola um pouco pra falar mal de Lula, mas fala. Em nenhum molmento viu exgeros na prisão de quem lhe deu as mãos na sua trajetória política incial. Largou o PT de mãos dadas com Eloísa Helena, antes dois furacões defensoras do PT. A alagoana ficou esquecida nacionalmente. Marina, ao contrário, só aparece em tempos de campanha, sem dizer a que veio, embora tenha sido bem visível no enfrentamento com Bolsonaro. Mas, a bem da verdade, se ela conserva em si um sentimento dos piores, este é visivelmente contra Dilma. Hoje ouvi-a dizer, a títtulo de desconstruir Haddad, que Lula não tá com essa bola – em outras palavras – para indicar substituto, haja vista o que se deu com Dilma no poder. Aí despeja na mineira, ex-Presidente, em vias de ir para o Senado por MG, todos os males do País, com destaque aos mais de 13 milhões de desempregados. Nem ela, nem Alkmin, por esemplo, faz uma sequer referência aos estragos de Temer, tão pouco ao que foi divulgado de criminoso contra ele, por denúncias, e imagens.

    Alkmin pode até bater em Marina, se a vir como ameaça, mas se bater em Ciro será com reservas, porque não se deve bater em amigos com a mão pesada. 

    Acho que somente Deus sabe, ao certo, o que Ciro seria no comando do País. Seus discursos, muito empolados, se dão ao sabor dos ventos, e mudam de acordo com as núvens de agosto. Minha confiança nele, que foi grande, se reduziu a quase nada. Quase, porque, se numa reta final sobrar ele e Haddad, vou com o segundo; mas se for ele o qualquer dos outros, por falta de opção, é nele que eu voto; desconfiada.

  4. Presidente por procuração é

    Presidente por procuração é irresponsabilidade, o país precisa ser pacificado e não vejo isso com a eleição do Haddad. Não quer pacificar? Beleza, mas segura o rojão depois?

    A polarização PT vs Bolsonaro colocará a eleição no colo deste último, vai vendo.

    1. Claro, por que nos acusar de

      Claro, por que nos acusar de fraude é exatamente o significado da palavra “pacificação”.

      Agora, por que diabos a polarização PT x  Bolsonaro vai eleger este último? No segundo turno entre Haddad e Bolsonaro, você vota em Bolsonaro?

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