Ronaldo Bicalho
Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
[email protected]

A privatização estranha: a distribuidora do Piauí, por Ronaldo Bicalho

Do Instituto Ilumina

Esqueçam a polarização estatal x privado. Examinem o caso da CEPISA e vejam se, contando a história desde o início, a sociedade brasileira está realmente lucrando com essa maneira estranha de privatizar.

Leiam sobre a história dessa distribuidora de energia de um estado pobre do nordeste. Vejam se é razoável e honesto classificar a Eletrobras como ineficiente como tem sido as declarações do Dr. Wilson Ferreira, justamente o presidente da Eletrobras.

Vejam os investimentos feitos depois de 1997, quando, resultado de um plano de privatização mal feito, a empresa cai nas costas da Eletrobras. Que empresa privada suportaria os desafios?

 

Reparem que o compromisso era privatizar, mas o poder político (não a Eletrobras) descumpriu o prometido. Mesmo assim, justamente por ter lucratividade nas suas outras atividades, a Eletrobras continuou investindo pesadamente na CEPISA.  De 2010 até 2017 o total atingiu R$ 2,3 bilhões. Foram “apenas” 29.000 km de linhas e 11 subestações acrescidas no período.

Todos os dados oriundos do “informe aos investidores” na página da Eletrobras e corrigidos pelo IPCA!

Infelizmente, por adotar o caminho fácil de não enfrentar os erros e os ganhos de grupos poderosos, a MP 579 resolveu baixar tarifas às custas da Eletrobras.

A Eletrobrás não consegue ser, ao mesmo tempo, o Luz para Todos, o quebra galho de privatização errada, a parceira minoritária amiga, a que dá bolsa MW no mercado livre e a que reduz tarifa sozinha.

Deu no que deu! Infelizmente a mídia nunca conta a história toda.

1914

De 1914 a década de 1960, o Piauí dispõe apenas de núcleos precários e isolados de geração e de distribuição de energia por meio de usinas termelétricas a lenha ou a óleo diesel, com fornecimento para zonas urbanas durante poucas horas da noite.

Na capital, Teresina, o suprimento é feito pelo Instituto de Águas e Energia Elétrica – IAEE e, no interior do estado, é de responsabilidade das Prefeituras Municipais.

1962

A Cepisa é constituída, em 8 de agosto de 1962, como Sociedade Anônima e razão social de Centrais Elétricas do Piauí S.A.

No final da década de 60, inicia-se a construção, em padrões técnicos, de um sistema integrado de produção, transmissão e distribuição de energia, possibilitando o surgimento de uma mentalidade empresarial para os serviços elétricos. Em 1969, a Cepisa tem apenas 13.805 consumidores.

1970

Entra em operação a Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, construída pela COHEBE – Companhia Hidrelétrica de Boa Esperança, e  o Estado  começa a dispor de energia suficiente para possibilitar a implantação de atividades econômicas de grande consumo de energia.

No mesmo ano, a Cepisa incorpora os acervos da Companhia de Eletrificação do Nordeste – CERNE  e da Companhia Luz e Força da Parnaíba – CLFP e passa a ser a única concessionária de distribuição de energia elétrica no Piauí.

De 1973 a 1978, a Cepisa desenvolve um Plano de Eletrificação para o Piauí,  interligando o sistema com a energia hidrelétrica  de Boa Esperança. No final de 1978, ano da conclusão da rede  básica de distribuição, a Cepisa conta  com 93.457 consumidores.

 1982

São construídas as duas grandes subestações de 69/13.8 kV – 40 MVA, nos bairros Jockey e Marquês, em Teresina, interligados à subestação da Chesf. Até então, são as maiores obras da  Cepisa  em porte físico e  volume de recursos.

1987

Lei Estadual nº 4.126 altera a razão social da Cepisa para Companhia Energética do Piauí e amplia o seu campo de ação.

1995

Construção da primeira linha de transmissão da Cepisa em 138 kV com 141 km de extensão – Piripiri/Tabuleiros.

1996

Construídas a subestação Macaúba 69/13.8 kV e 50 MVA, a terceira em Teresina, a linha de transmissão em 69 kV entre Picos/Itapissuma e a subestação Junco, em Picos.

1997

Eletrobrás assume controle acionário da Cepisa.

Iniciado o processo de alienação das ações de propriedade do Estado que integravam o capital social da Cepisa.

Numa primeira fase, a Eletrobrás amplia sua participação acionária na empresa para 48,86% das ações ordinárias e  assume, em 13 de janeiro de 1997,  a gestão da Cepisa  de forma  compartilhada  com o Governo do Estado.

Em 20 de outubro do mesmo ano, a Eletrobrás adquire o controle acionário da Cepisa de 98,8% e assume o compromisso de preparar a empresa para a privatização. (…) continua no site do Ilumina

Ronaldo Bicalho

Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador