Como se paga uma disputa eleitoral nos Estados Unidos?

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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No documentário “Meet the Donors: Does Money Talk?”, produzido pela HBO, jornalista mostra que a potência mundial é escola no uso de caixa 2 e dívidas que presidencialistas carregam após o pleito com empresariado
 
 
Jornal GGN – Um dia antes de os norte-americanos decidirem a Presidência entre Hillary Clinton e Donald Trump na agressiva disputa dos Estados Unidos, o canal de televisão HBO apresentava os bilionários financiadores de campanha, no documentário “Meet the Donors: Does Money Talk?” [Conheça os doadores: o dinheiro fala?].
 
Dirigido pela vencedora do Emmy Award Alexandra Pelosi, o filme foi lançado no dia 1º de agosto, transmitido às 21h no canal televisivo, exatamente uma semana antes de os 231,6 milhões de norte-americanos irem às urnas. Mas no restante da América Latina, o documentário foi ao ar ontem (07), às 22h, como uma sentença do que estaria por vir no jogo político dos Estados Unidos.
 
A jornalista vasculhou e tentou conversar com os 100 maiores doadores da atual campanha presidencial do país, que juntos angariaram US$ 6 bilhões para seus candidatos. Com uma câmera na mão e outras conduzidas por profissionais, Alexandra foi a jantares e eventos de arrecadação de recursos, hotéis de luxo, milionárias empresas e suas residências para entender o jogo de influências.
 
Rompendo com o preceito de que os multimilionários repassam boa parte de seus bolsos por simples ideologia ou preferência partidária, são diversos os interesses revelados por trás da incansável articulação desses sujeitos, mas é inegável a conclusão da importância deles para bancar a publicidade de votos.
 
https://www.youtube.com/watch?v=-V4aT13ggBM width:700 height:394
Trailer de “Meet the Donors: Does Money Talk?”
 
Grandes empresários não negaram a tentativa de fazer parte da política, influenciando em possíveis aprovações de projetos que favoreçam seus interesses durante o mandato daquele político, como o investidor T. Boone Pickens. Outros atrelaram o gesto de doação como parte da política de lobby – um dos pontos fracos do documentário, que não manteve preocupação de separar a legitimidade do lobby para a política, misturando-o ao financiamento de campanha, escancarando exclusivamente a face da literal compra de interesses. 
 
Também mostrou o extremo de uma minoria que apenas quer ter uma fotografia junto ao futuro mandatário da maior economia mundial. Entre outra parcela de bilhões de doações, a clara intenção de ter um cargo no governo presidencial. Brad Freeman foi um deles, que esperava comandar a CIA durante o mandato de George W. Bush, ao comparar com os convites feitos pelo então presidente a outros conhecidos doadores, mas acabou recebendo a nobre função de cuidar de um gato, já que o animal de estimação não poderia ser levado à Casa Branca. 
 
“O que você ganhou com doar mais de um milhão de dólares para a família Bush?”, perguntou novamente Alexandra. “Eu ganhei um maldito gato!”, respondeu Freeman.
 
Alexandra Pelosi e o doador Haim Saban em “Meet the Donors: Does Money Talk?”
 
Mas foi ao conversar com o número 1 do ranking de maiores doadores de campanhas para os Democratas, que Alexandra Pelosi mostrou que o esquema de corrupção aqui escandalizado na famosa Operação Lava Jato guarda escola em práticas da potência mundial.
 
A documentarista perguntou: “O que você sente por liderar a lista dos maiores doadores de campanha?”.Tom Steyer então respondeu: “Quem disse que eu sou o número 1? Eu fui apenas o que mais revelou o quanto doou.” E completou: “Big money is dark money”.
 
Para mais informações sobre novas transmissões do documentário, acesse aqui.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. Mimimi

       É até ridicula, romantica, bocó, a idéia que empresarios, conglomerados, fundos de investimento, bancos, contribuem, no “aberto” ( um PAC ) ou participem de um “super pac “, por ideologia ou despreendimento politico – social, nem mesmo para fortalecer a democracia ( esta é a mais engraçada ).

        Quem entra com dinheiro em campanhas politicas, nos USA, no Brasil, Finlandia, Nova Zelandia, Paquistão,  até no Inferno ou no Céu , quer no minimo influir no governo de acordo com seus interesses, imediatos ou futuros, os que desejam “cargos” são os mais “honestos” ( bobinhos ), pois o cargo conseguido os expõe, e financiadores, pouco importa se Black-grey  or white, não querem exposição.

         Não apenas milionários e seus conglomerados entraram com dinheiro para a Sra. Clinton, empregados/funcionários tb. montaram “pacs”, alguns exemplos claros e registrados, de empregados nas industrias de defesa ( complexo industrial militar ), da Boeing, Lockheed e GE , enfiaram mais de US$ 300.000,00 na campanha de Hillary .

         E meus filhos, o “black money” no contexto norteamericano, desde que não venha do exterior , é irrastreavel juridicamente, o sistema financeiro dos Estados Unidos, desde que bem operado, é uma festa.

  2. É a TRAMPa ( vide significado

    É a TRAMPa ( vide significado de trampa no Aurélio )  das campanhas  nos  Estados Unidos  agora do presidente  TRUMPa  ops….Trump.

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