Decreto de Trump impede diretor indicado ao Oscar de ir à cerimônia

 
Jornal GGN – Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o cineasta iraniano Ashgar Farhadi será impedido de comparecer à cerimônia de premiação em razão do decreto assinado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
 
A medida impõe restrições à entrada de estrangeiros nos Estados Unidos, com a suspensão por 90 dias da concessão de vistos para pessoas de países de maioira muçulmana, como o Irã. Além disso, também estão suspensas o amparo de refugiados durante 120 dias, incluindo cidadãos sírios. 

 
 
Trita Farsi, presidente do Conselho Nacional Iraniano-Americano, confirmou a informação sobre Farhadi através das redes sociais. Com exceção daqueles que tem passaportes diplomáticos, todos os iranianos estão proibidos temporariamente de entrar nos EUA. 
 
Farhadi foi indicado ao prêmio pelo longa “O Apartamento”. Em 2012, ele venceu a categoria de melhor filme estrangeiro por “A Separação”. Taraneh Alidoosti, protagonista do filme, já havia afirmado na semana passada que não iria à cerimônia em protesto contra a política de imigração de Trump. 
 
Além do Irã, também serão afetados cidadãos da Líbia, Sudão, Somália, Síria, Iraque e Iêmen. Muitos já foram retidos quando chegaram nos aeroportos dos Estados Unidos. Advogados entraram na Justiça pedindo a suspensão das restrições, argumentando que diversas pessoas foram detidas ilegalmente. 
 
Organizações de imigrantes e a União Americana pelas Liberdades Civis entraram com ações em nome de dois iraquianos, um deles ex-funcionário do governo dos EUA e o outro marido de uma ex-funcionária na área de segurança norte-americana. Os dois tinham vistos para os EUA, mas foram barrados no aeroporto John F. Kennedy depois do decreto de Trump. 
 
“O Apartamento” recebeu o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes e está em cartaz nos cinemas brasileiros. 
 

Redação

21 Comentários

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  1. Off topic, ma non troppo

    O tema “Trump” tem dado espaço aqui no blog a discussões acaloradíssimas.

    No meio do tiroteio, vejo a esquerda sendo estilhaçada em mil “facções”.

    Poucas dessas discussões têm se mostrado esclarecedoras. A maior parte dos petardos, infelizmente, são atirados apenas para desconstruir o adversário e alimentar uma polêmica.

    Gostaria de ver a metade dessa energia ser dirigida para combater a direita.

    Mas o que eu queria sugerir ao Nassif é que passe a exercer uma moderação mais efetiva no blog. Os argumentos, que já eram poucos, começaram a ser substituídos pelas ofensas e pelos palavrões. Acho que essa não é a marca do blog.

     

    1. Caro GalileoGalilei

      Concordo parcialmente com você.

      Outros temas além de Trump costumam gerar discussões mais que acaloradas aqui no blog. Notadamente críticas ao PT (me refiro a críticas consistentes e feitas pela esquerda). 

      Pra ficar num exemplo, basta citar que até mesmo um colunista do blog, nomeadamente Aldo Fornazieri, costuma sofrer severamente com argumentos ad hominem em seus lúcidos artigos que tangem ao PT ou “as esquerdas”.

      Definitivamente, esse espaço – infelizmente – só vive em paz em assuntos que  constam de unanimidade. 

      Experimente, você, se posicionar contra o pensamento dominante aqui. Seja qual for o tema. Pra piorar, faça isso com um pseudônimo feminino.

      Depois me diga.

      um abraço

  2. “O clima nunca foi tão ruim como agora, nem depois do 11/09″

    Os fiéis de uma mesquita nos EUA analisam o impacto do veto a imigrantes muçulmanos e a refugiados

    Protestos contra Trump no aeroporto de San Francisco.

     

    http://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/29/internacional/1485660130_3073

    Eles falam como se não acreditassem. Estão com medo. Os sete homens muçulmanos, com idades entre 20 e 50 anos, com trabalho e família, chegaram aos Estados Unidos há duas décadas e têm nacionalidade norte-americana. Sentem-se integrados na sociedade, mas temem que tudo mude: que a retórica discriminatória prevaleça e que a essência multicultural deste país fique manchada. “O clima nunca foi tão ruim como agora, nem depois do 11 de Setembro”, diz Mohamed, de origem argelina, 44 anos (22 nos EUA) e pai de duas filhas nascidas perto daqui.

    É sábado à tarde na mesquita de Dar Al Hijrah, o epicentro social da pujante comunidade muçulmana de Fall Church (Virgínia), nos arredores de Washington. Passaram-se 24 horas desde que o presidente norte-americano, Donald Trump, assinou um decreto que, sob o argumento de combate ao jihadismo, proíbe por três meses a entrada nos EUA de imigrantes de sete países de maioria (Síria, Irã, Sudão, Líbia, Somália, Iêmen e Iraque) e paralisa por quatro meses a chegada de refugiados de qualquer país.

    Mohamed e seus amigos analisam o impacto do decreto de Trump na porta da mesquita após se juntarem a outras 200 pessoas na primeira reza ao anoitecer. “Ele está criando terrorismo. É a melhor receita para dar razão aos extremistas”, lamenta, em referência à possibilidade de o veto ser interpretado como uma declaração de guerra ao islamismo.

    Ali, de 29 aos, digere com humor a tristeza e o nervosismo. “Sou da Somália, um país banido!”, proclama. Todos riem. Ele conta que conhece muitos somalis que gostariam de ir para os Estados Unidos, mas que não poderão fazê-lo. Teme que a proibição seja indefinida. Considera injusto que não afete países como a Arábia Saudita, de onde procediam 15 dos 19 terroristas dos atentados de 11 de setembro de 2001. E afirma que o veto é desnecessário porque os controles já eram muito rigorosos.

    Nenhum dos homens quer dar seus sobrenomes nem ser fotografados. Preferem ser prudentes diante de possíveis represálias, apesar de insistirem que a convivência no município é muito boa. Um segurança protege as portas da mesquita.

    O templo, aberto em 1983, tem um passado incômodo. Anwar al-Awlaki, o clérigo norte-americano que se uniu à Al-Qaeda e que os EUA mataram em 2011 em um ataque com um drone no Iêmen, era o imã de Dar Al Hijrah durante o 11 de Setembro. Dois dos terroristas assistiram brevemente a seus sermões e, segundo a investigação oficial do atentado, sua presença “poderia não ter sido uma coincidência”. A mesquita insiste que, na época Al-Awlaki não tinha se radicalizado e o fez no exterior.

    Falls Church, de 13.500 habitantes, fica em uma das regiões mais progressistas do país, que se envolveu na acolhida de refugiados sírios. Esse microcosmos, com seu passado e seus medos, serve para medir o sentimento da comunidade muçulmana nos Estados Unidos um dia depois de o republicano Trump traduzir pela primeira vez em atos o discurso islamofóbico que professou em sua campanha. O medo é fundamentado: no fim de 2015, após os atentados de Paris, um homem lançou um coquetel molotov contra a mesquita. Nas escolas dos arredores foram registrados casos de abuso a muçulmanos. É um fenômeno nacional.

    Os especialistas atribuem o auge dos ataques de ódio contra muçulmanos nos Estados Unidos ao discurso de Trump, que como candidato promoveu um veto aos muçulmanos, defendeu a espionagem de mesquitas e flertou com grupos racistas. “Trump os normalizou e os tornou mais fortes”, diz Ali, em relação aos islamofóbicos. “É irônico que estejamos falando disso em pleno 2017”, acrescenta. “Há uma guerra contra o islamismo. Ponto final”, proclama Abdullah, de 50 anos e origem argelina.

    O que mais preocupa seu amigo Mohamed é que desapareça a “cultura de tolerância”, que faz parte do DNA norte-americano e que ele sentiu quando chegou à Virgínia com sua mulher, em 1995. Ele diz que nem após os atentados de 2001 percebeu que os muçulmanos foram tão marcados publicamente e percebidos como sinônimo de perigo. “As pessoas nos entenderam naquela época”, afirma, em relação à essência pacífica do islamismo. “Se você cumpria a lei, tudo estava bem”.

    Agora é diferente. Mohamed teme que, se Trump tiver sucesso com sua política econômica, a população tolere sua retórica discriminatória contra os “vulneráveis”, como muçulmanos, mexicanos e mulheres. “Agora ele coloca na berlinda os muçulmanos, mas logo virão outras minorias”, alerta. E vê paralelismos com sua Argélia natal: “Os autócratas do terceiro mundo pedem à população que ceda valores em troca de estabilidade. Mas é um método muito ruim. É preciso conhecer a história”.

    Os sete homens admitem estar assustados pelo que pode ocorrer nos quatro anos da presidência de Trump. Mas não vão ceder. “Temos o mesmo passaporte que Trump, e o obtivemos antes mesmo que Melania”, lembra Abdullah sobre a esposa do mandatário, nascida na Eslovênia e nacionalizada em 2006. “Enquanto vivermos aqui, somos americanos”.

  3. Islamofobia

    Combater o terrorismo não justifica de forma alguma colocar sob suspeita geral pessoas de uma determinada religião ou de determinados países. Com a proibição Trump atiçar o ódio aos muçulmanos. Os sete países e seus cidadãos não representam de forma alguma perigo de terrorismo para os USA. Pelo contrário: eles foram as vítimas do terrorismo americano! O ataque ontem dos EUA no Iêmen é um exemplo claro desse terrorismo. Com isso ele apenas atiça ainda mais o Ódio  do ísis, cuja “justificativa” para praticar o terrorismo é exatamente  estigmatização dos muçulmanos. Mas como Trump afirmou, ele vai combater fogo com fogo !! 

     

  4. À moda do Jack, o estripador…

    vamos por partes:

    1. “Concordo parcialmente com você.”

    A última pessoa que eu esperaria vir aqui para concordar comigo, ainda que parcialmente, é você, Vânia.

    Não tanto pelo conteúdo do que eu ou você escrevemos, visto que convirjo muito mais contigo do que divirjo, mas principalmente pela forma.

    2. “Outros temas além de Trump costumam gerar discussões mais que acaloradas aqui no blog. Notadamente críticas ao PT (me refiro a críticas consistentes e feitas pela esquerda).”

    De fato. Até mesmo em questões, aparentemente menos controvertidas, tais como assuntos musicais, eu já tive o enorme desprazer de me ver envolvido em uma discussão na qual fui adjetivado de forma bastante agressiva. O agressor, entretanto, sequer percebia o quão contraditório se mostrava, uma vez que todos os adjetivos que empregava se encaixavam como uma luva em tudo o que escrevia em seu próprio texto.

    Outros assuntos, tais como os relacionados com a sociedade tecnológica do futuro, também já me renderam uma enxurrada de ofensas e palavrões.

    Assim, não é de estranhar que comentários de teor político e mais sensíveis resultem, infelizmente, em arranca-rabos homéricos.

    Sobre o tema “Trump” por exemplo, sem dúvida existem posições antagônicas muito fortes e que já se manifestaram aqui. Eu tenho a minha posição, já manifestada, e que é coincidente com a tua e com a da Ana Torres. Entretanto, parece-me querer forçar muito a barra classificar comentaristas, como o Almeida, por exemplo, de “esquerda-Trumpista”. Posso estar enganado, mas a agressividade (e deselegância desnecessária) contra o Almeida tem impedido um debate mais esclarecedor.

    Em tempo, acho que o Almeida se excedeu ao responder ao troll.  O argumento do Almeida era por si suficientemente forte e não precisava do auxílio daquela enxurrada de palavrões. Foi pena, por que no meio dos palavrões a argumentação se tornou invisível.

    Por tudo isso, acho uma pena por que para muitos de nós que viemos comentar aqui, eu em particular, o fazemos muito mais para trocar ideias e experiências do que para expor sabedoria. Muitos comentários meus (reconheço que não todos) são constituídos por dúvidas. Dúvidas estas proveniente de perplexidade ou até mesmo de desconhecimento.

    Não sei se devo atribuir esse comportamento pavio-curto à esquerda. Tenho a impressão que acabamos ficando um pouco contaminados pelo discurso de ódio promovido pela direita. Talvez até como forma de defesa.

    De uma certa forma, aquilo que poderia ser prazeiroso, muitas vezes acaba se tornando desagradável. Atire a primeira pedra aquele que ainda não pensou em não voltar mais a comentar aqui. Muitos, infelizmente, já foram e não retornaram.

    Sinto muita falta, por exemplo, do Gunter. Discordava em muito com ele, mas sempre era um prazer ler os seus argumentos.

    Me permitiria sugerir, se não for muita pretenção, uma regrinha básica de convivência: “o umbigo de cada um acaba onde começa o umbigo do outro”.

    3. “Pra ficar num exemplo, basta citar que até mesmo um colunista do blog, nomeadamente Aldo Fornazieri, costuma sofrer severamente com argumentos ad hominem em seus lúcidos artigos que tangem ao PT ou “as esquerdas”.”

    Já percebi essas críticas ao Fornazieri. Confesso, entretanto, que não parei para refletir muito sobre elas. Não consigo ler todas as matérias publicadas com o mesmo grau de detalhamento. Algumas, infelizmente, acabo lendo muito superficialmente.

    4. “Definitivamente, esse espaço – infelizmente – só vive em paz em assuntos que  constam de unanimidade.”

    Quem sou eu para discordar. Ainda mais de você que deve saber muito melhor sobre isso do que eu. Se há alguém aqui mais propensa a provocar conflitos e bate-bocas eu ainda não percebi.

    5. “Experimente, você, se posicionar contra o pensamento dominante aqui. Seja qual for o tema. Pra piorar, faça isso com um pseudônimo feminino.”

    Até meu pseudônimo, Galileogalilei, já me rendeu qualificativos pejorativos.

    6. “Depois me diga.”

    Falei.

    7. “um abraço”

    O mesmo para você, Vânia.

    Desculpe-me por este desabafo, Vânia.  Não era minha intenção fazê-lo. Até por que em vários outros aspectos há muitas coisa que aprendi a admirar em você.

    Aguardo os adjetivos e palavrões.

     

     

    1. Houston, temos um problema

      Mais uma vez publiquei meu comentário no lugar errado.

      Era para ter saído como resposta ao comentário da Vânia de 30/01/2017 – 17:25.

      Constato a recorrência deste erro.

      Sou sistemáticamente levado a este erro quando o comentário que desejo responder é o último da lista de comentários.

      O espaço para resposta fica logo abaixo, me fazendo esquecer que tenho que apertar antes o botão “Responder”.

      Na última vez que cometi o mesmo engano, acabei recebendo uma enxurrada de palavrões cujo emitente os justificou parcialmente por ter respondido notopo da lista de comentários.

      Como já estou esperando os palavrões, ao menos que não venham por este meu engano.

       

  5. Ao GalileoGalilei

    Dessa vez posso dizer que discordo mais do que concordo com as últimas coisas que escreveu, sobretudo no que me diz respeito. 

    De fato, tenho pavio curto, mas os que acendem-no não costumam ser mais pacíficos do que eu.

    Aliás, seu último comentário me lembrou um conto do Gibran.

    ***

    Veneno no mel: do livro “Temporais” de Gibran Khalil Gibran

    Gibran Khalil Gibran
    “Numa manhã de outono que, no norte do Líbano, tem um esplendor desconhecido alhures, os aldeões de Tula se reuniram na praça da igreja para comentar a repentina viagem de Fares Rahal que, tendo abandonado inesperadamente sua jovem esposa, tomara um rumo desconhecido.
    Fares Rahal era o líder da aldeia. Havia herdado sua primazia de seu avô e do seu pai. E embora jovem, havia nele uma superioridade que se impunha.
    Quando se casara na primavera com Suzana Barakat, todos disseram: “Que felizardo! Conseguiu, com menos de 30 anos, tudo o que o homem pode desejar neste mundo.”
    Mas, naquela manhã, quando os habitantes de Tula, ao acordarem, souberam que Fares havia juntado o que pudera de seu dinheiro, montado seu cavalo e deixado a aldeia sem se despedir de ninguém, sentiram-se perplexos e começaram a procurar os motivos que podem levar um homem como ele abandonar de repente sua gente, sua esposa, sua casa, seus campos e vinhedos.
    No Norte do Líbano, a vida se assemelha ao socialismo mais do que qualquer outro sistema. Todos partilham as alegrias e tristezas da vida, levados por instintos simples e singelos. E fazem frente, juntos, a todos os grandes acontecimentos.
    Foi por isto que os habitantes de Tula abandonaram suas tarefas cotidianas e se reuniram em volta da igreja para trocarem opiniões sobre a misteriosa partida de Fares Rahal.
    Enquanto conversavam, viram o padre Estêvão, pároco da cidade aproximar-se deles, a cabeça inclinada, o rosto sombrio. Acolheram-no com olhares interrogativos.
    -Não me façam perguntas, disse ele por fim. Tudo quanto sei é o seguinte: Fares veio bater à minha porta antes da aurora. Seu rosto estava marcado pela tristeza. Disse: ‘Vim despedir-me, padre. Vou-me para além-mar, e não voltarei vivo a este país.’ Depois, entregou-me uma carta lacrada, endereçada ao seu amigo Nagib Malik, e pediu-me que lha entregasse pessoalmente. Feito isso, saltou sobre seu cavalo e desapareceu antes que pudesse fazer-lhe uma pergunta.
    Conjecturou alguém: “Sem dúvida, a carta explica os motivos da viagem, pois Nagib era seu melhor amigo.”
    Perguntou outro: “Tem visto a esposa dele, padre?”
    Respondeu o padre: “Visitei-a após as preces da manhã. Encontrei-a sentada à janela. Fixava as distâncias com olhos de vidro, como se tivesse perdido a razão. Quando a interroguei, abanou a cabeça e murmurou: ‘Não sei. Não sei.’ E desatou a chorar como uma criança.”
    De repente, ouviu-se um tiro de revólver, e todos estremeceram. Seguiram-se os gritos de uma mulher. Os aldeões ficaram um minuto atônitos; depois, correram na direção do tiro. Quando chegaram perto da casa de Fares Rahal, viram Nagib Malik estendido no chão, com sangue jorrando de seu corpo. A poucos passos dele, Suzana, a esposa de Fares Rahal, arrancava o cabelo e gemia: “Suicidou-se. Suicidou-se.”
    O povo parou, apavorado. O padre viu na mão do infeliz a carta que lhe entregara naquela manhã. Retirou-a e pô-la discretamente no bolso.
    Carregaram o corpo do suicida à casa de sua mãe, que, ao ver o cadáver do filho único, perdeu os sentidos.
    As mulheres cuidaram de Suzana e a levaram entre viva e morta.
    Quando padre Estêvão voltou para casa, trancou a porta, colocou os óculos, abriu a carta de Nagib Malik e leu-a com voz trêmula:

    “Nagib, meu irmão,
    Estou abandonando esta cidade porque minha presença aqui é causa de infelicidade para ti, para minha esposa e para mim mesmo.
    Sei que tu és nobre demais para trair teu amigo e vizinho. Sei que Suzana, minha esposa, é pura e incapaz de cometer um pecado.
    Mas sei também que o amor que liga teu coração ao dela é mais forte que vossas vontades. Tu não o podes deter, como não podes deter o curso do rio Kadisha. Fomos amigos, Nagib, desde que éramos garotos. E desejo que continues a pensar em mim como o tens feito hoje. E se te encontrares com Suzana amanhã ou depois de amanhã, dize-lhe que a amo e não a censuro. Dize-lhe que tinha, ao contrário, pena dela quando acordava de noite e a via ajoelhada perante a imagem de Jesus, orando e chorando.
    Nada é tão cruel quanto o destino de uma mulher posta entre o homem que ela ama e o homem que ela deve amar. E Suzana estava numa guerra permanente. Queria manter-se fiel às suas obrigações; mas não podia matar seus sentimentos. É por isto que vou-me para uma terra longínqua, de onde nunca voltarei. Não quero continuar a ser um obstáculo no caminho de vossa felicidade.
    Finalmente, peço-te, amigo e irmão, ficar fiel a Suzana ampará-la até o fim. Ela sacrificou tudo por tua causa. E permanece, ó Nagib tal qual te conheço: coração nobre, alma elevada. E que Deus te proteja!
                                                                       Fares Rahal.”
    Padre Estêvão dobrou a carta e devolveu-a ao bolso com ar sonhador. Sentia que algo ainda lhe escapava.
    Logo depois, levantou-se, agitado, como se tivesse descoberto um segredo terrível, escondido sob aparências benignas. E gritou: “Fenomenal é tua astúcia, ó Fares Rahal! Soubeste matar teu amigo e ficar inocente do seu sangue. Mandaste-lhe o veneno misturado com mel. Quando ele dirigiu o revólver contra o próprio peito, tua mão segurava sua mão, e tua vontade dominava sua vontade… Mortal é tua astúcia, ó Fares Rahal!…”
    E padre Estêvão voltou à sua cadeira, acariciando a barba com os dedos, o rosto iluminado por um sorriso diabólico.

    1. Geometria variável

      Vânia,

      hoje foi um dia bastante tumultuado, mas não queria deixá-la sem resposta uma vez que, felizmente, teu comentário não veio acompanhado nem dos adjetivos nem dos palavrões que tanto eu receava.

      Na falta dos adjetivos, eu mesmo me concedo um substantivo-adjetivo que define bem como me sinto: “gato escaldado”. Não sei quando outro jato d’água virá outra vez com a temperatura próxima dos 100 graus e não quero testar a sorte.

      Pela resposta acima, imagino que você encontrou alguma semelhança com o conto do Gibran. Talvez tenha visto alguma metáfora.

      Li e reli o conto em busca dessa metáfora e confesso que não a vi. Não sei quem seria o Fares Rahal, a bela Suzana e muito menos o Nagib Malik.

      Seria o meu comentário obra de uma “mente astuciosa” capaz de misturar veneno com mel e com o poder ainda de produzir semelhante tragédia?

      Acho que não contém nem mel nem veneno.

      Sequer vejo quem possa dar um tiro no peito a partir daquele comentário, ainda que apenas figurativo, tal como fez o infeliz Malik.

      Mas como li e reli várias vezes este conto, acabei me intrigando com os seus personagens. O triângulo amoroso e um quarto personagem, sibilino, que acaba “querendo” ocupar um papel mais importante e que, acho, não lhe caberia. Este quarto personagem que me intrigou é o padre Estevão.

      Escrevi “querendo” entre aspas por que este personagem “quer” aquilo que o autor, o Gibran, o faz “querer”. E Gibran o faz “querer” ser o juíz moral de um drama que atinge os outros três personagens, vértices do triângulo, e que se transformou em tragédia para um deles.

      Como juiz, o padre passa a competir em importância com os outros três. Talvez “querendo” formar um quadrado ou um retângulo. Refletindo mais um pouco, achei que o papel de juiz lhe dá uma ascendência hierárquica sobre os demais, de tal forma que a figura geométrica mais apropriada seria a de uma pirâmide de base triangular.

      Esta figura geométrica me inquietou mais ainda, pois uma pirâmide de base triangular pode ter sua base constituída por quaisquer três de seus quatro vérices. Tudo dependeria da posição como a pirâmide fosse disposta. Ou seja, em uma interpretação mais ampla, o padre se igualaria a dois dos demais personagens, excluindo com isso o terceiro. Talvez sob a forma de uma pirâmide invertida.

      Você vai dizer que eu delirei e provavelmente você terá razão. Viajei na maionese.

      Mas me pergunto por que o Gibran, faria um padre, cristão, desobedecer um dos preceitos mais difundidos do cristianismo: o “não julgueis para não seres julgado”?

      O Gibran, ao menos, deixa no ar uma dúvida no final ao se referir na última frase a um “sorriso diabólico”. Seria obra do tinhoso?

      Bem…o que tudo isso tem a ver com as calças?

      Estamos em uma época em que todos querem ser juizes; todo o mundo quer patrulhar todo o mundo; todo o mundo se sente com a autoridade par pregar etiquetas morais na testa de todos os demais.

      E  isso me incomoda muito.

      Afinal, me diga se esta é ou não é a razão pela qual todos os impropérios, ofensas e palavrões passaram a ocupar um espaço tão grande em nossas vidas a ponto de, mesmo aqui, lugar onde existe, em princípio, um mínimo de afinidade entre os participantes, nem assim conseguimos nos livrar deste mau hábito?

      E não estou me excluindo disso.

       

      1. Esqueça

        Ih… o dia foi muito atribulado ontem.

        Acabei escrevendo isso que está em cima.

        Deveria estar fora das minhas faculdades mentais.

        Não cadastrados, como eu, não podem apagar o que escreveram.

        Por favor, esqueça.

        1. Eu nem ia responder.

          Certa de quie não valeria a pena. Mas, é da minha natureza ser espontânea e acabei respondendo.

          Ainda que continue com a certeza de que não vale a pena.

          1. Enfim, o consenso… por aproximações, tentativas e erros

            Legal que, embora por caminhos bastante sinuosos, estejamos chegando a um consenso:

            “Ainda que continue com a certeza de que não vale a pena.”

            Embora lamente de verdade, eu também estou adquirindo a mesma certeza.

            “Pra ser sincera, não sei pq você escolheu falar tudo isso para mim (a menos que seja pelo fato de eu ser mulher). Existem vários, mas vários mesmo, comentaristas muito mais exaltados do que eu aqui. E que falam palavrões recorrentemente. Nunca vi você “dar pito” em nenhum deles.”

            Talvez por que tenha ficado surpreendido ao ver meu comentário ter sido objeto de concordância por parte de quem não parece dar a mínima para o que eu escrevi; talvez, quem sabe, por ter sido eu o objeto dos adjetivos e da enxurrada de palavrões; talvez por que, apenas por coincidência, ambos partiram de uma mesma pessoa; talvez por que essa pessoa não tivesse percebido que, desde a última agressão, eu tivesse desaparecido da frente do seu sol; talvez por que nenhum dos demais comentaristas, homens, mulheres ou crianças, se dirigiram a mim nesses termos antes; talvez por que, meu comentário sobre o excesso cometido pelo Almeida não possa ser considerado um “pito”; talvez por que os palavrões proferidos por outros não tenham sido dirigidos a mim. Tudo isso pode ficar no terreno das hipóteses… talvez! talvez! talvez!

            No entanto, o fato de você ser mulher parece ser a explicação para todos esses mistérios. Talvez sim… Talvez você tenha razão… mas talvez não. Eu diria que existem muitas e interessantes controvérsias.

            “Você faz um comentário com “toda a educação do mundo”, mas me chama de pavio curto pra baixo…”

            Eu a convidaria, “com toda a educação do mundo”, (fazer o que? não saberia outro jeito de fazê-lo… e não é pelo fato de você ser mulher) a reler o trecho onde eu cito o “pavio-curto”. Me parece claro, mas ressalto assim mesmo, que minha referência ao “pavio-curto” era relativa à esquerda e não à você.

            Eu até estava achando um grande avanço o seu reconhecimento: “De fato, tenho pavio curto, mas os que acendem-no não costumam ser mais pacíficos do que eu.” quando me dei conta de que nas explosões das quais fui objeto, não tenho a lembrança de ter acendido este pavio.

            Creio que minha impressão de não ser o sujeito dessas explosões ficou mais reforçada com isso:

            “(…) e muito menos escrevo palavrões (salvo raras vezes quando me sinto muito provocada, principalmente se for através de comentários fortemetne machistas como aconteceu recentemente no blog).”

            E, de fato, embora não tenha usado a expressão “pavio-curto” dirigida a você, Vânia, você teria razão em dizer que meu comentário expressa uma percepção negativa em relação a um comportamento seu, já que esccrevi:

            “Se há alguém aqui mais propensa a provocar conflitos e bate-bocas eu ainda não percebi.”

            Mas observe com atenção, Vânia… minha percepção não é uma adjetivação. Tampouco uma ofensa.

            No máximo você poderia dizer que minha percepção é equivocada. Mas recorrer a uma questão de gênero, Vânia? Como diria o Brizola: francamente: “Você jura? Talvez isso fosse verdade se você especificasse o gênero.”

            E minha percepção é fruto da observação dos “conflitos” nos quais você é uma das partes: com homens… e com mulheres… das quais, pelo menos uma, conhecida no blog por ser também aguerrida feminista.

            “Observou quantas vezes em seus últimos comentários você me julgou e condenou, até mesmo a priori?

            Só um exemplo: “Aguardo os adjetivos e palavrões.””

            Você acha mesmo que minha expectativa, a partir de um histórico desagradável, era um pré-julgamento e uma pré-condenação?

            E, finalmente:

            “Como diz o famoso ditado: Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço.”

            Observe o que escrevi em minha infeliz resposta de ontem:

            “E não estou me excluindo disso.”

            Mas estou atento procurando não reforçar o ditado acima, agradecendo, quando merecidos, os devidos puxões-de-orelha.

            Valeu! Um abraço!

             

          2. só uma coisinha

            Já que o senhor insiste em me acusar:

            “(…) ter sido eu o objeto dos adjetivos e da enxurrada de palavrões”

            O senhor está insistindo em dizer que eu fiz ou disse o que o senhor diz que eu fiz ou disse.

            De fato, lembro que já discutimos aqui. Mas eu nunca lhe dirigi uma “enxurrada de palavrões” como o senhor quer fazer crer. 

            Ou o senhor tem uma sensibilidade extremamente aguçada ou está sendo desonesto.

            Portanto, peço que copie aqui a nossa discussão e mostre quando e onde o senhor foi alvo de uma “enxurrada de palavrões” de minha parte.

            Eu sei que isso não aconteceu, mas outros que eventualmente caiam nesse post não sabem.

            Então é isso.

            Falar é fácil. O senhor pode pensar, viajar, criar, inventar o que quiser sobre mim ou sobre qualquer coisa (na sua mente). Mas a partir do momento que o senhor escreve e deixa acusações como essas gravadas é bom que comprove para não passar por mentiroso e injusto.

            Ou será que essa minha mensagem também se enquadra no que o senhor chama de “enxurrada de palavrões”?

            Se for o caso, acho melho o senhor se isolar, pois na vida as pessoas estão sujeitas a ouvir críticas e, principalmente, receber as respostas merecidas.

            ***

            PS: Eu não estou melindrada com o senhor (como o senhor parece estar comigo), mas não aguento mais ouvir o senhor me acusar sem prova alguma.

          3. Meu histórico no ggn

            São 216 páginas de comentários meus, tendo cada uma delas 15 em média. O que dá arpoximadamente 3230 comentários até então. Além das 27 páginas de postagens, estas resultando em algo próximo de 400.

            Obviamente um ou outro comentário pode conter algum palavrão, mas longe de ser um comportamento habitual ou persistente. 

            A minha página pode ser acessada aqui: https://jornalggn.com.br/usuario/vania

            Infelizmente, o senhor que aqui mesmo me julga e condena não tem um histórico que possa ser verificado. Por algum motivo que não me compete ou interessa, falta transparência ao senhor que cobra isso ou aquilo dos moderadores do blog e de seus participantes.

             

          4. E…?

            And so???

            Vânia, já estávamos chegando a um consenso.

            Concordamos, ambos, com a certeza de que não vale a pena essa troca de mensagens sem fim. Mas, tal como no filme “O Anjo Exterminador”, algo nos impede de “sair da casa” a cada a vez em que nos aproximamos da porta. Por algum misterioso motivo retrocedemos… e por várias vezes.

            Você provavelmente não reparou, mas desde outubro eu já tinha desaparecido da frente do teu sol.

            Acredito que você, assim como eu, tem coisas bem mais importante para fazer. No mínimo, direcionar as energias para combater a direita, que promete vir quente tanto em nível nacional, quanto internacional. A esquerda tem muitas qualidades e alguns defeitos. Mas não pode ser burra diante da direita. Já estamos muito ferrados e muito mais mal pagos.

            De minha parte encerro aqui. Volto para onde eu estava, bem longe da frente do teu sol e de lá não saio.

            É verdade que a gente ainda vai se esbarrar por aí, já que compartilhamos (acho) um conjunto de opiniões políticas que nos levarão a comentar nos mesmos posts. Mas não é nada muito difícil de ser feito. Desde outubro não tenho mais me dirigido a você… e vice-versa. Não tenho comentado em teus posts e eu não tenho posts onde você posssa vir comentar.  No máximo o que tenho feito é distribuir, de forma anônima, algumas estrelinhas para você. Quase sempre são cinco (tá bem… às vezes é uma só, mas é raro, ou nenhuma). São tão poucos os pontos de desacordo, que acho que continuar assim não se torna muito difícil. Já nem publico mais no “multimídia do dia”; as chances de algum comentário meu vir a ser elevado a post, portanto, são quase nulas.

            Vamos em frente que atrás vem gente.

            Um abraço. Valeu.

          5. Vânia

            Até então eu a tenho como uma debatedora intelectualmente honesta.

            Jamais me passaria (e jamais me passou) pela cabeça admitir que você recorreria intencionalmente a algum estratagema ardiloso como forma de argumentação.

            Se escrevi claramente a respeito da “enxurrada de palavrões” foi por que admiti implicitamente que, embora você tivesse a posteriori deletado seu comentário, você não iria chegar ao ponto extremo de negá-lo.

            Entendo que existem esquecimentos sobre o que já fizemos no passado, mas que com um certo esforço, eles podem retornar à nossa memória.  Sendo assim, espero ardentemente que com a descrição a seguir, a sua memória venha a ser reativada.

            Lembro que o dito episódio ocorreu em outubro durante um post sobre os perigos de uma sociedade futura em um ambiente dominado tecnologicamente por algoritmos.

            O post é este aqui:

            https://jornalggn.com.br/noticia/era-do-algoritmo-aumenta-vigilancia-de-governos-sobre-individuos

            Neste post, houve diversos comentários, inclusive um seu, no qual você subestimava o problema, classificando-o como uma “teoria um pouco ingênua“.

            Ao mesmo tempo em que o problema era minimizado, você citava um outro problema, o da quarta revolução industrial, na sua opinião mais importante.

            Houve uma resposta minha a este seu comentário, na qual eu reconhecia o problema levantado por vc, mas argumentava que eles seriam complementares.

            Houve uma réplica sua na qual você dizia conviver bem com o primeiro problema, mas não com o segundo.

            Até aí tudo bem. Duas visões opostas sobre qual dos dois seria o maior problema a atingir a nossa sociedade do futuro.

            Mas eis que então, os deuses imponderáveis da tecnologia, da informática e do ciberespaço resolveram todos conspirar em conjunto contra os humanos, até então bem comportados, mas como sempre sequiosos de uma boa refrega.

            Sua réplica era a última da lista de comentários e eu insisti com uma tréplica. E, pelo fato da sua réplica estar situada ao final da lista, fui “enganado”, tal como ocorreu outra vez neste mesmo post, de modo que a minha tréplica não saiu abaixo da sua réplica, mas sim como um comentário novo.

            Reconheço que não é a primeira vez, infelizmente, que cometo este tipo de erro. Sei que grande parte da culpa deve-se à minha falta de atenção, mas transfiro um pouco dessa culpa para os deuses do olimpo ciber internético.

            Quando percebi que a minha tréplica, “Se fosse só isso…“, aparecera fora do local onde eu a esperava, ou seja, longe da tua réplica, Vânia, imediatamente comuniquei “à base” a existência do problema, não deixando também de imprecar contra os “algorítmos” chamando-os de estúpidos por não entenderem onde eu gostaria de ver publicado o meu comentário.

            Meu “comunicado à base” teve exatamente o mesmo título que usei aqui neste mesmo post:

            Houston, temos um problema!

            Só que, quando os deuses resolvem conspirar contra os humanos, sai de baixo. Eles sabem muito bem como criar a desordem, o caos, a discórdia…

            Só consegui avisar “à base” às 18:54, horário no qual todos os funcionários da mesma já haviam encerrado o seu expediente. E, por não ser cadastrado, meu comentário ficou retido na fila para publicação. Motivo pelo qual às 23:50, seguindo escrupulosamente o script previamente calculado pelos deuses demoníacos, você emite uma resposta repleta de palavrões.

            Nela, além dos palavrões, Vânia, você ainda me acusava de ter publicado a minha resposta no alto da seção de comentários e não lá embaixo.

            Por sorte ou azar, dependendo de quais deuses arquitetaram todo este plano, eu vi estarrecido, sem acreditar no que estava lendo, a tua acusação juntamente com todos os palavrões.

            E respondi ainda tonto, aos quatorze minutos da madrugada, com um simples ponto de interrogação: “?“. Nada além.

            O mal estar prosseguiu pela madrugada até que os funcionários da base publicssem, pela manhã, o meu “pedido de ajuda“.

            Não saberia precisar a que horas este foi finalmente publicado. Normalmente os comentários emitidos, por não cadastrados, após o encerramento das atividades na tarde de um dia são publicados na manhã do dia seguinte por volta das 9:00.

            Às 10:22, após a publicação, eu complemento meu pedido de socorro à base, e no qual chamei os algorítmos de estúpidos, com um: “E não só os algorítmos”.

            Somente às 11:40, você se dá conta do mal estar provocado e emite um pedido capenga de desculpas cujo texto reproduzo abaixo:

            “Me desculpe pelo comentário anterior, já apagado!

            Mas você realmente não entendeu meu comentário lá embaixo, muito menos o que vem a ser a chamada quarta revolução industrial. é muito mais que “uma nova organização produtiva/industrial”.”

            Usuários cadastrados, além de terem seus comentários publicados imediatamente, também possuem o direito, não extensivo aos demais terráqueos, de apagá-los quando assim o desejarem.

            Pelo teor do “pedido de desculpas” ficou claro que este havia sido puramente formal, pois de fato, você reiterava que eu deveria ser “merecedor” daquele destampatório por “realmente não ter entendido seu comentário lá embaixo, muito menos (…)”.

            Acredito que você compreenderá bem o que digo se fizer um paralelo com com um pedido de desculpas após um estupro: “mas você realmente estava vestida com uma saia muito curta, além de (…)”. Claramente a gravidade dos fatos não é a mesma, sequer comparável. Mas o raciocínio, sim.

            A partir do episódio, Vânia, desapareci completamente da frente do teu sol, só tendo retornado no início da madrugada de ontem pelos motivos já fartamente discutidos.

            Espero que esta descrição a faça refrescar a memória. Pelo o que já me foi permitido te conhecer, não acredito que, tendo sido o destampatório apagado, você me venha a exigir provas do seu conteúdo.

            Seria, sem dúvida, palavra contra palavra e, tenho a certeza, você não faria isso. Não é o teu perfil.

            E, para variar, como os deuses demoníacos não costumam dormir em serviço, estou conseguindo postar isso somente após as 20:30, horário em que a base já encerrou o expediente há muito. Isso significa que você o lerá apenas amanhã, pela manhã.

            P.S. Eu continuo chamando-a de Vânia e de “você”. A não ser que prefira ser chamada de “senhora”, não precisa me chamar de “senhor”.

          6. Apesar tom de drama shakespeariano com o qual você narra o fato

            existe sim verdade nele. Mas não como você diz.

            Sinceramente, não me lembrava em detalhes desse episódio. Agora, vendo o post, vi que deletei um comentário e, apesar de você negar a priori que eu não poderia ter esquecido, esqueci sim o que disse nele.

            Vejo que o tal comentário deletado foi feito ás 23:50 de domingo. É provável que eu não estivesse totalmente sóbira, considderando que era tarde da noite de domingo. Independente disso, estou certa que devo ter sido malcriada, mas não tão certa que tenha lhe enviado uma ‘enxurrada de palavrões”. Talvez algum ou outro no meio da malcriação.

            Você vai dizer que eu deletei o comentário no outro dia de manhã e por isso deveria lembrar do que estava escrito. Mas não lembro, infelizmente, o conteúdo propriamente. Se nego que tenha dito uma enxurrada de palavrões, apesar de não lembrar do que estava escrito, é porque não é do meu feitio. 

            Embora você minimze a minha atitude posterior, o fato é que eu lhe pedi desculpas. Mais que isso, ainda tentei melhorar o clima mandando um outro comentário com um gif animado como quem quer fazer rir, tipo: vamos fazer as pazes. 

            Mas você além de não aceitar as minhas desculpas, como se nota também agora, ainda me chamou de estúpida. Nem por isso fiquei chateada. Aceitei e nunca usei isso contra você, confesso que também tinha me esquecido disso, mas agora vejo que me chamou de estúpida.  

            Por fim, repito o que disse em comenta´rio anterior. Tenho um histórico de quase 4000 postagens aqui (entre comentários e posts) e em um ou outro é natural que eu tenha cometido exceços. Faz parte, errar é humano. Além disso, é raríssimo, mas raríssimo que eu delete comentários. Pois geralmente não só assumo o que digo como reitero. Nesse caso excepcionalmente, me arrependi por ter sido você o alvo de um comentário ruim meu num dia que provavelmente eu não estava muito bem. 

            Ademais, trocamos muitos comentários amistosos por aqui ao longo de vários anos, mas esse episódio te magoou deveras, ao que tudo indica. Nada mais posso fazer além das desculpas que pedi e não foram aceitas.

            Existem pessoas que são altamente sensíveis, se magoam muito (muitas vezes com pouco) e não esquecem jamais. Para o mal ou para o bem, não é o meu caso. E me sinto feliz por isso, apesar dos pesares, me sinto uma pessoa leve que vive o presente. Sem me apegar ao passado, sobretudo, sem me apegar a mesquinharias ou momentos ruins. Sem carregar um pote assim de mágoas.

            Por isso, por saber que a vida é mais leve quando a gente não leva tudo a ferro e fogo, e também por considerar você uma boa pessoa, apesar do gênio um tanto rancoroso, aconselho que porcure não carregar tantas memórias de aborrecimentos do passado. Ainda mais quando são coisas tão pequenas como esse episódio amplamente (e ampliadamente) aqui tratado. 

            Um abraço

            PS: Procure ler sobre o filósofo Diógenes e talvez entenda o que realmente siginifica o “saia da frente do meu sol”. Mas não leia apenas superficialmente. O simbolismo dessa frase é muito maior do que a historinha contada em poucas palavras pelo google.

      2. Pois é…

        “Estamos em uma época em que todos querem ser juizes; todo o mundo quer patrulhar todo o mundo; todo o mundo se sente com a autoridade par pregar etiquetas morais na testa de todos os demais.”

        Como diz o famoso ditado: Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço.

        Observou quantas vezes em seus últimos comentários você me julgou e condenou, até mesmo a priori?

        Só um exemplo: “Aguardo os adjetivos e palavrões.”

        Você pode dizer que é gato escaldado ou coisa parecida. Mas, de fato, na maior parte das vezes que escrevo aqui não faço tantas adjetivações assim (não mais que a maioria dos comentaristas – a maior parte faz isso o tempo todo, se é que você ainda não notou!) e muito menos escrevo palavrões (salvo raras vezes quando me sinto muito provocada, principalmente se for através de comentários fortemetne machistas como aconteceu recentemente no blog).

        “Se há alguém aqui mais propensa a provocar conflitos e bate-bocas eu ainda não percebi.”

        Você jura? Talvez isso fosse verdade se você especificasse o gênero. “Se há alguma mulher…” Até porque, existem poucas comentaristas mulheres aqui e as poucas que permaneceram se submetem a ter a opinião da maioria ou a escrever cheida de dedos o que pensam -quando não estão de acordo com o pensamento hegemônico sobre qualquer tema em tela. Mulheres devem ser delicdas e educadinhas ao falar, não devem ser muito enfáticas (agressivas, logo dirão alguns) em suas posições.

        Pra ser sincera, não sei pq você escolheu falar tudo isso para mim (a menos que seja pelo fato de eu ser mulher). Existem vários, mas vários mesmo, comentaristas muito mais exaltados do que eu aqui. E que falam palavrões recorrentemente. Nunca vi você “dar pito” em nenhum deles.

        Mas, já estou acostumada com isso. Não é a primeria vez nem será a última. E também não vou passar a ser “delicadinha” por isso. Vou continuar expondo as minhas posições de forma enfática quando julgar necessário. Se eu não me deixo domesticar por quem eu conheço e convivo, imagina por quem nem me conhece.

         

        1. Em tempo: Sobre o conto do Gibran

          Você faz um comentário com “toda a educação do mundo”, mas me chama de pavio curto pra baixo… educadamente, claro! E ainda termina seu comentário dizerndo que aguarda os palavrões.

          Depois não entende por que te enviei o conto do Gibran: Veneno no mel.

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