A rejeição da especulação financeira pela China, por J. Carlos de Assis

A rejeição da especulação financeira pela China

por J. Carlos de Assis

A prostituta da liberdade de imprensa no Brasil, que tem se dedicado agora a atacar a suposta falta de credibilidade das redes sociais, não se dignou informar à sociedade brasileira sobre as decisões de extrema relevância adotadas pelo 19º Congresso do Partido Comunista Chinês, que estabeleceu os rumos para a China até 2035 e 2049. Talvez a Rede Globo ache que a segunda economia no mundo, caminhando celeremente para o primeiro lugar, não merece ser acompanhada pelos brasileiros, não obstante sejamos seu primeiro parceiro comercial.

Mesmo se desconsideramos aspectos geopolíticos, que tanto apavoram nossos patrões norte-americanos, a simples questão econômica nos deveria obrigar a dar atenção às tendências de desenvolvimento da China, assim como as decisões de sua direção. Por exemplo, vem aí a Rota da Seda, o mais ambicioso empreendimento físico a ser realizado no planeta a partir da Ásia. Enquanto a Europa patina e os Estados Unidos oscilam no fundo do poço, China e seus parceiros abrem as mais ambiciosas oportunidades de negócio no planeta.

Acaso isso não interessa ao Brasil? Ou somos tão absurdamente americanófilos que fingimos desconhecer o que está sendo planejado e executado do outro lado do mundo, envolvendo não apenas, em sua liderança, a China mas outro gigante, a Rússia. Entretanto, não há a mais remota possibilidade de retomada efetiva de desenvolvimento para o Brasil fora de uma articulação com a Ásia. Para isso teríamos, na área do financiamento, a conexão BRICS. Mas como mostrou a demissão de Paulo Nogueira Batista do Novo Banco do Desenvolvimento, há um propósito claro deste Governo de sabotar o banco dos BRICS por razões estupidamente ideológicas – ou seja, a aliança sem contrapartida com os Estados Unidos.

Os indicadores estratégicos do 19º. Congresso, este que a prostituta da imprensa brasileira sequer mencionou, apontam numa direção bem mais relevante para o desenvolvimento mundial que os indicadores físicos. Primeiro, e mais importante, assinalam um compromisso firme com a economia real. Para quem não conhece os códigos, isso significa uma rejeição cabal do que chamamos de financeirização da economia, isto é, a subjugação da economia física ao capital financeiro especulativo dominante no sistema bancário brasileiro e ocidental.

Não é um objetivo trivial. Especialistas independentes de todo o mundo, e me incluo entre eles, estão antevendo um novo estouro financeiro similar ao de 2008, e por razões idênticas, ou seja, pela completa descolagem entre sistema financeiro especulativo e economia real. A China sabe disso, e a despeito das pressões dos especuladores ocidentais, que a querem ver no baile da financeirização, não se deixará arrastar para ele, seja pelos riscos que uma nova crise colada à ocidental representaria para o país, seja pelos riscos para o mundo.

O outro ponto assinalado pelo 19º  Congresso é de compreensão mais sutil. São grandes as pressões ocidentais para que a China libere o câmbio e as taxas de juros, variáveis cruciais no desenvolvimento econômico. O compromisso, nesse caso, é de subordinar câmbio e juros à política monetária, e não o contrário. Ou seja, em lugar de fixar juros e câmbio, usar a política monetária (expansão e contração da moeda) para estabilizá-los. Obviamente, isso não tem nada a ver com imbecilidades brasileiras do tipo “tripé macroeconômico”, que alguns dos próprios próceres neoliberais (Summers, Blanchar) já trataram de desmoralilzar.

Redação

6 Comentários

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  1. O futuro e tenebroso império chinês

    òtimo texto, José Carlos.

    Apenas uma correção: os Donos do brasil não ignoram China e apoiam totalmente os interesse estadunidenses sem contrapartida: eles são os Donos do país devido ao status quo atual, e eles são muito ricos e poderosos devido ao status quo atual, portanto há muita lógica em querer manter tal sistema acima de tudo. Não ignoro que há também uma questão de cultura em ter os ianques como exemplo e ideal, mas isto é menor.

    Os Impérios nunca são eternos. Há sempre uma troca. Talvez a hegemonia do Império Estadunindense esteja sendo rápida demais, durando apenas um século, mas parece inevitável que a China vai tomar o posto de Grande Super potência Mundial. Mas isto é bom ou mal? Talvez apenas diferente. Talvez pior, por incível que pareça.

    Sob a vig~encia do Império estadunidense, vemos o apogeu do capitalismo, muita desigualdade e injustiça social, muita concentração de renda, as economias mundiais sob o controle dos financistas inconsequentes que jogam com se estivessem em cassino. O Império estadunidense foi marcado por muita ingerêncai e repressão política e militar, apoiando uma série de guerras, invasões e golpes em diversoso países. Na verdade, agiram como toda potencia sempre agiu, enriquecendo sugando riqueza e poder de outros povos subjulgados. A diferença é qeu os estadunidenses sempre passaram a falsa imagem de bastião da democracia e liberdade (mas no fundo, eram iguais a todos os anteriores).

    A China é uma ditadura feroz, que acabou de assumir publicamente que se tornará ainda mais repressora e nãoa ceitará nenhuma forma dequestionamento aoq eu o governante designar. A China está perseguindo e desaparecendo com todo e qualquer opositor (mesmo os conhecidos internacionalmente). A China usa repressão e censura oficial, em larga e compelta escala e em todos os niveis da população. A China está criando uma população embrutecida, que acha natural a repressão violenta ao emsmo tempo que tem como grande e principal valor a prosperidade econômica. A China ainda sofre com gravíssimos problemas de ultra exploração de trabalhadores, de jornadas e cargas trabalhistas pesadas no limite do nocivo. A China, no seu afã de crescer, enriquecer, emesmo dar melhroes condições de vida ao povo, está destroçando seu rico meio ambiente sem pensar muito.

    Se a China se tornar a grande super potência mundial, necessariamente vai começar a infuenciar os outros países, seus governos e suas culturas e vidas sociais. Agora imagine estes valores culturais e sociais acima descritos sendo impostos ou copiados mundoa fora? por incrível que pareça, eles podem piorar o já pessimo mundo administrado pelos EUA. Até porque, ser Super potencia mundial passa por querer se impor e dominar aos outros, equerer se impro e dominar aos outros passa por ser violento, opressor e explorador. 

    Venha EUA, China, Inglaterra, Russia, eu não vejo coisa muito melhor da parte de nenhum desses Donos do Mundo.

  2.   O triste disso tudo (a

      O triste disso tudo (a partir do ponto de vista deste brasileiro) é que temos todas as ferramentas para, potencialmente, sermos um polo de poder mundial. A ordem multipolar nos interessa, porque é uma ordem na qual podemos nos inserir.

      Porém, nossa elite econômica, por questões de ordem pessoal (seja financeira ou coloonização ideologica) insiste em nos manter na condição de colonia. Dentro dessa logica não é sequer de afastar a possibilidade de nossa fragmentação territorial, que só não ocorre porque até o momento a exploração de nosso potencial é maximizada pelo controle unificado a partir de Brasilia. Quem pensa diferente deveria levar e conta o exemplo da Bolivia, que se viu alvo de movimentos que buscavam autonomia tão logo se consolidou o poder de Evo Morales.

  3. Perdas e ganhos
    Ainda estou tentando entender a nova rota da China.

    O que já consegui entender é que a Lava Jato e o Golpe de Estado de 2016 tem mais a ver com China que com o PT.

    Não fora o Golpe e a fraude da LJ, o Brasil estaria muito mais perto da China que dos EUA.

  4. Atacar a China é do interesse dos EUA

    Vi uma parte da entrevista que o Boçalnaro deu à Mariana Godoy onde ficou cabalmente demonstrado que, tirando seus criminosos preconceitos, ele não sabe nada a respeito do Brasil e nem do que seja governar. Afinal o neonazista nunca exerceu um cargo executivo, nem como prefeito ou como governador, portanto sua experiência administrativa é ZERO!

    Mas o que me chamou mais a atenção foi a insistência dele em atacar a China, recém-chegado dos EUA. Alguém tem dúvida de que ele foi instruído pelas autoridades estadunidenses a adotar não um discurso pró-EUA, que está muito desgastado, mas sim anti-China que é o país que está ultrapassando os EUA como maior potência econômica mundial e defensora do multilateralismo. Portanto a China é a antítese de tudo o que o imperialismo decadende norte-americano representa, mas é também o maior credor dos EUA que ficou numa saia justa a ponto da China se dar ao luxo de esnobar o dólar e aumentar suas transações comerciais internacionais com sua moeda, o yuan, lastreado em ouro. Portanto tenho certeza que não faltará dinheiro das fundações de Soros, dos irmãos Koch, do NED, etc. em sua campanha.

     

    PS – Por falar em economia: Sérvia que ter acesso ao porto Muriel, que qualificou como “um dos maiores projetos econômicos da história de Cuba”:

    https://www.telesurtv.net/news/Presidente-de-Serbia-anuncia-visita-a-Cuba-20171031-0042.html

  5. Excelente. Mas sem boicote a bancos privados não adianta…

    Não adianta nos saciarmos com pensamentos críticos ao financismo internacional, sem aqui boicotar seus tentáculos: os bancos privados brasileiros. Ter conta no Itaú, Bradesco e Santander é financiar o golpe, é financiar o Congresso de Eduardos Cunhas, é financiar a privataria, o entreguismo, o escravagismo, a exporação, é financiar o próprio neoliberalismo. É ato de ação política direta e resistência popular fechar todas as contas nos bancos privados e só ter nos públicos, por mais que o governo golpista esteja sabotando o BB e CEF para espantar clientes.

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