Atraso nas obras contra enchente

Da Folha

Ações contra enchentes atrasam em SP

Após transbordamentos no início do ano, Alckmin fixou metas de limpeza dos rios, que não serão cumpridas

Até o início do verão, em dezembro, governo vai desassorear 60% do que havia prometido no Tietê e no Pinheiros 

ALENCAR IZIDORO
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

As ações de combate a enchentes anunciadas pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) logo após as chuvas registradas no início deste ano atrasaram e ficarão inacabadas no próximo verão.

Com 11 dias de mandato, após um dia caótico em São Paulo diante do transbordamento do Tietê e do Pinheiros, Alckmin divulgou que aceleraria a retirada de sedimentos dos rios para tentar evitar alagamentos na temporada de chuvas seguinte.atedezAté dezembro, no entanto, quando começa o verão, ele conseguirá desassorear (retirar sedimentos da calha) apenas 60% do que havia anunciado para os dois rios.

O governo prometeu, então, remover 1,5 milhão de m3 do Pinheiros ainda este ano. Agora, a expectativa é que apenas 800 mil m3 sejam retirados até dezembro.

No Tietê, Alckmin disse que faria novo contrato para eliminar 2,1 milhões de m3 de materiais também este ano.

A nova meta considerada realista pelo governo é hoje de 1,4 milhão de m3 -embora, oficialmente, considere até 1,7 milhão de m3. O restante só fica pronto em 2013.

Especialistas atestam que o total que será retirado até o fim do ano deve dar uma folga ao sistema, mas há necessidade de outras medidas até o verão, para que os dias de caos sejam minimizados.

“O problema das sub-bacias [todos os pequenos córregos e rios da cidade chegam ao Tietê] também precisa ser atacado”, afirma Mario Thadeu Leme de Barros, professor da USP e especialista em drenagem urbana.

O desassoreamento de toda a cidade, diz ele, é essencial para sobrecarregar menos o Tietê. “Outra coisa é fazer a construção de diques ou a instalação de bombas nas zonas mais baixas”, afirma.

Aluisio Canholi, experiente pesquisador do tema, considera “bastante satisfatória” a quantidade de sedimento que será retirada este ano.

Mas faz um adendo: o desassoreamento precisa ser feito de forma escalonada. Os pontos de maior concentração de sedimento, perto dos afluentes principais como o Tamanduateí, Aricanduva e Cabuçu de Cima, precisam ser priorizados, diz Canholi.

“Assim como as áreas das barragens da Penha e Móvel (sob o Cebolão)”, afirma.

LIMPEZA

O governo diz que, no Pinheiros, questionamentos judiciais atrasaram a contratação, só viabilizada no mês passado, pelo valor de R$ 71,8 milhões, por 20 meses.

No Tietê, uma licitação foi anulada e teve que ser refeita após contestação do TCE (Tribunal de Contas do Estado) sobre as regras de seleção. O contrato também só foi assinado em maio, por 20 meses, ao custo de R$ 107,6 milhões.

Outra preocupação do governo paulista para a próxima temporada de chuvas é a sujeira nos piscinões. “Alguns estão com bastante assoreamento”, afirma Edson Giriboni, secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. 

Veículos ilhados em alagamento na marginal Tietê 

Luis Nassif

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