Brasil melhora em ranking de suborno

Da BBC Brasil

Brasil melhora em ranking de suborno e é ‘líder entre emergentes’, diz ONG

 

O Brasil foi o país emergente mais bem avaliado em um ranking de percepção da prática de suborno por parte das empresas com atuação no exterior, divulgado nesta quarta-feira pela organização Transparência Internacional.

Notas de dólar (Crédito: RIA Novosti)
Brasil ficou mais bem colocado que outros países emergentes em ranking de propina

No ranking, os países recebem notas de zero a dez: a nota máxima corresponde à visão de que as empresas nacionais nunca pagam subornos no exterior, enquanto a nota mínima indica a impressão de que elas sempre subornam.

A nota do Brasil subiu ligeiramente, dentro da margem de erro, passando de 7,4 para 7,7. O país ficou em 14º lugar na lista de 28 nações, subindo três posições em relação ao último levantamento, em 2008.

A melhora na avaliação foi suficiente para o Brasil deixar para trás Hong Kong, África do Sul, Taiwan e inclusive a Itália, país com o qual havia permanecido empatado no último ranking.

A pesquisa foi feita ouvindo 3 mil executivos de empresas de países desenvolvidos e em desenvolvimento, que opinaram sobre a propensão das empresas para oferecer subornos ao atuar fora de suas sedes.

Cingapura e Coreia do Sul, cujo status de rico ou emergente tem dividido analistas, ficaram à frente do Brasil.

Mas todos os países emergentes que entraram no ranking desde 2008 se classificaram abaixo do Brasil: Argentina, Turquia, Malásia, Arábia Saudita, Indonésia e Emirados Árabes.

Os setores onde a percepção do suborno é mais forte são os de obras públicas e construção, imobiliário (incluindo regularização), petróleo e gás e mineração.

‘Vontade política’

O analista de América Latina da Transparência Internacional, Max Heywood, disse à BBC Brasil que a melhora do Brasil significa que o país passa agora a ter responsabilidade de “líder” no exemplo de combate à corrupção.

“O Brasil é um líder entre os emergentes e em especial entre os Bric. Passou a figurar no centro do cenário internacional. Não basta mais dizer ‘somos melhores que outros emergentes’, ou ‘somos melhor que outros países latino-americanos'”, afirmou Heywood.

“O Brasil tem elevado seus padrões e precisa passar a olhar para os países industrializados”, afirmou.

As companhias chinesas e russas mantiveram sua posição no fim do ranking, como na última edição do levantamento.

Entretanto, a ONG reconheceu os “passos importantes” tomados por estas duas potências emergentes, além de Indonésia e Índia, no sentido de criminalizar o pagamento de suborno transnacional.

Nenhum país recebeu a nota máxima: a reputação das companhias holandesas e suíças, as primeiras do ranking, é de 8,8. Para Heywood, isto significa que “todos os países precisam fazer mais para combater a corrupção além das fronteiras”.

O analista disse que os recentes casos de demissão de ministros no Brasil são um “bom sinal” de que existe “vontade política” no país para combater os casos de comportamento indevido no serviço público.

“Vontade política é o mais crucial no combate à corrupção”, observou o analista.

Deficiências

Entretanto, ele ressaltou que ainda existe no Brasil uma deficiência em colocar em prática as leis anticorrupção.

No ano passado, a ONG divulgou um ranking afirmando que o Brasil deixa a desejar na luta contra corrupção de estrangeiros em seu território.

 Brasil está num grupo de 20 nações que não progrediram e que “não aplicam ou aplicam pouco” as regras de uma convenção internacional anticorrupção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Outra iniciativa anticorrupção deve ser aprovada na quinta-feira pelo G20 – o grupo que reúne os principais países ricos e emergentes – em sua Cúpula em Cannes, na França.

O plano prevê iniciativas em 11 áreas, incluindo mecanismos para impedir o acesso de políticos corruptos ao sistema financeiro, o retorno de bens desviados e a proteção de informantes.

O plano foi acertado há um ano pelo grupo, que reúne as maiores economias do mundo. Em seu relatório, a ONG reforçou seu apoio à iniciativa.

“A nova legislação dos países do G20 é uma oportunidade para criar uma economia mais justa e aberta, que gere condições para uma recuperação mais sustentável e uma estabilidade para o crescimento no futuro”, disse a diretora da Transparência Internacional, Huguette Labelle.

Luis Nassif

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