A guerra da Ucrânia, a mídia e os heróis e vilões da Marvel, por Luis Nassif

Com essa preparação, é possível que se chegue ao final da linha concluindo que Putin, de fato, abusou, quando ordenou a invasão. Mas se sairá desse padrão de tratar o comandante de um dos países mais poderosos do planeta, como um mero descontrolado de boteco.

Um dos grandes desafios jornalísticos é a cobertura sistemática de temas não usuais. Explode determinado tema, foge do padrão normal de cobertura e de conhecimento do jornalista. O que fazer?

Esse fenômeno ocorreu na CPI dos Precatórios, no final dos anos 90 (abordo em meu livro “O jornalismo dos anos 90”). E acontece agora, na cobertura da guerra da Rússia contra a Ucrânia. As coberturas convencionais têm o roteiro pronto, muitas vezes aceito passivamente pelo jornalista. Vai falar sobre economia? Entreviste os economistas A, B ou C, pergunte da lei do teto, peça uma crítica ao gasto público, e se dê por satisfeito. Em cima dessa receita simples, comentaristas como Boris Casoy, na CNN, ou alguns comentaristas político-econômicos da Globonews fazem sua lição de casa diária, de um jornalismo pouco exigente. Se repetirem, como papagaios, nada lhes será cobrado. Se buscarem outros ângulos, os colegas cairão em cima. Terão que demonstrar um conhecimento muito mais sólido para defender sua tese-fora-do-padrão.

Quando entra tema novo na parada – como a invasão da Ucrânia pela Rússia – não há fórmula pronta. Nas transmissões, o âncora não pode mostrar dúvidas. Então sai distribuindo julgamentos de senso comum, analisando aspectos pessoais das personalidades, como se analisasse seu vizinho, seu colega de redação. Pouco importa se o dirigente está modificando o desenho geopolítico do mundo. Ele será tratado como “descontrolado”, “carniceiro” etc. Ou seja, será trazido à dimensão do homem comum e todos seus atos serão explicados pela lógica do homem comum.

Como essas coberturas envolvem muitos repórteres, esse tipo de análise pedestre se espalha por toda a cobertura.

Vivi algo semelhante na CPI dos Precatórios. Não apenas os jovens setoristas de Congresso, mas experientes chefes de redação caíam na simplificação de encontrar um culpado e denunciar uma operação – em um golpe que envolvia prefeitos, governadores e grandes instituições financeiras.

O caso Rússia-Ucrânia envolve vários aspectos, que uma cobertura competente tratará de levar ao espectador-leitor.

Por exemplo:

  1. A divisão geopolítica do mundo pós-Segunda Guerra.
  2. O isolamento da Rússia, após o fim da União Soviética. Há pensadores americanos conservadores, dos anos 70, alertando para o risco de se tentar isolar a URSS.
  3. A manutenção da OTAN – criada exclusivamente para defender a Europa das investidas da Rússia – mesmo após o fim da URSS.
  4. O golpe de 2014 na Ucrânia e a ascensão das forças neonazistas, que passaram a integrar as Forças Armadas ucranianas. E – pelamordeDeus – parem de invocar a condição do presidente da Ucrânia, de descendente de judeus, como argumento para rebater a acusação. O nazismo é uma ideologia que atua com o racismo como forma de definir o inimigo externo e aglutinar o ódio. Nos anos 20, o “inimigo” eram os judeus. No século 21, a ultra-direita mundial – incluindo Donald Trump, Jair Bolsonaro e Benzion Netanyahu, o ex-primeiro ministro da Israel – definiu como inimigos os árabes, os negros, os LBTGs etc. 
  5. A ascensão da China, acabando com o poder único dos Estados Unidos, desde o fim da União Soviética, e obrigando a uma nova divisão geopolítica do mundo.
  6. O quadro geopolítico atual, e as análises sobre as condições de Biden e Putin de manterem o moral nacional elevado, para enfrentar a batalha da opinião pública. Tudo isso foi levado em conta por Putin, em sua estratégia.
  7. Os preparativos da Rússia, que há anos se planeja para um enfrentamento econômico de grandes proporções.
  8. A partir de todos esses dados, analisar a decisão de Putin de invadir a Ucrânia, com críticas consistentes contra os arroubos do homem de Estado – não com o vizinho de condomínio.

A melhor maneira de trabalhar esses casos complexos – conforme aconselhei a Folha ne época da CPI -, consiste dos seguintes passos:

  1. Montar uma sala de situação com os jornalistas envolvidos na cobertura.
  2. Montar várias lives com especialistas da matéria, de todas as linhas.
  3. A partir daí, desenvolver uma narrativa central, em torno da qual se dará a cobertura. É a chamada “teoria do fato”, a narrativa que permite entender todas as atitudes (entender não significa defender) e que, obviamente, poderá ser alterada à luz de fatos novos.
  4. Todos os comentários serão enriquecidos com contextualizações, acabando com o achismo.

Com essa preparação, é possível que se chegue ao final da linha concluindo que Putin, de fato, abusou, quando ordenou a invasão. Mas se sairá desse padrão de tratar o comandante de um dos países mais poderosos do planeta, como um mero descontrolado de boteco.

Luis Nassif

19 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Excelente artigo, pretendia escrever sobre isso. Essa visão pós-moderno, que se espalhou para política também.
    Somos uma sociedade sem passado, sem futuro, onde o presente é infinito.
    Ainda estou estudando, mas me parece que surgiu no pós-estruturalismo.

    Tudo, incluindo a realidade e verdade, é relativo e subjetivo, se ignora a historicidade de fatos e pessoas. Odeiam tanto Marx, que apagaram até a análise pelo materialismo histórico-dialético.

    As coisas são analisadas pela aparência ao invés da essência.
    (Exemplo: Votem em negros ou mulheres (aparência), mas ignora-se a essência do indivíduo.
    Uma coisa é votar em um negro que vive na favela, passa pelas mesmas coisas que é a realidade da maioria dos negros. Outra coisa, é voltar num Barack Obama ou num Fernando Holiday, que é negro, assume-se gay, no entanto, tem políticas contra os negros e gays. (essência)).

    Se dá mais valor ao mundo simbólico, portanto abstrato, e abandona-se o mundo concreto. (o problema é um sinônimo usado, ou uma música, uma fala etc). Mas e a questão material? Medidas que mudem a realidade dessas pessoas e suas gerações.

    E o conhecimento é divido em morar e imoral (bom ou ruim), portanto, se algo que um indivíduo (subjetividade) achar ruim, tem que ser proibido.
    Como se a população não “intelectual” – preconceito de classe – não tivessem a capacidade de discernir entre o certo e o errado. (precisamos censurar).
    O que está acontecendo com a crença em fake news, não é isso. É a modulação nas redes sociais. (mesmo discurso de fontes diferentes, impedindo o recebimento de informações contrárias.).
    Estamos criando uma sociedade Minority Report.

  2. Caro Luís Nassif, apreciei muito teu artigo e o roteiro criado para grandes coberturas. Aproveito para fazer uma pergunta (sugestão?): não poderíamos criar tais “salas de situação” envolvendo um pool de veículos em determinados momentos? Penso nas eleições que se aproximam, por exemplo. Caso conseguíssemos montar essa “sala de situação” envolvendo alguns veículos (não sei quantos, nem quais), todos se beneficiariam: os próprios veículos, assim como seus respectivos públicos. E toda a cadeia jornalística pois estaríamos criando um patamar de referência de melhor qualidade para todos os demais. Criaríamos uma referência muito mais “parruda” do que aquela baseada nos veículos atuando individualmente, cada qual com seus próprios recursos. Penso que o segredo seria ter, em cada cobertura específica, um profissional respeitado por todos (ou pela grande maioria) que fizesse uma espécie de instância solucionadora de conflitos. Não me refiro à coordenação da equipe multiveículos mas sim a alguém a mais, que funcionaria como uma “instância recursal” nos casos em que houvesse discordância em relação à coordenação. É lógico que para coordenações com muitas discordâncias, o melhor remédio seria substituí-las em vez de abarrotar a mesa do profissional responsável pelos recursos. O que acha? O pressuposto deveria ser de que as cúpulas dos veículos participantes teriam uma grande afinidade, para sustentar as situações de conflito que certamente virão. E as linhas editoriais deveriam ser próximas umas das outras pois se forem linhas editoriais conflitivas, obviamente que o sistema não funcionará.

  3. Já que o artigo versa sobre o achismo ideologizado do jornalismo vou também por aqui o meu.
    O Uol, hoje pela manhã estranhava em matéria o uso da letra Z nos tanques ocupantes da Ucrânia, de Kiev em particular. Aí eu me lembrei do filme Taras Bulba, com o brilhante Yul Bryner, em que seu grito de guerra é Zaporizhia, nome da aldeia em que se juntariam para expulsar o estrangeiros poloneses.
    Vai ver que…
    Seriamente, a OTAN, hoje a serviço da banca City-Wall Street, como foi a marinha real inglesa, especialmente no século XIX… encontrou um inimigo à altura.
    A Ucrânia não é o Rio das Pérolas.

  4. Sempre leio os textos do Nassif, pra mim, seus textos estão sempre atualizados, independe de quando foram escritos. Outro que também tinha uma visão extremamente clara era o Paulo Henrique Amorim. Sempre os respeitei, foram pioneiros criticando como Moro conduzia Lava-Jato. Agora vemos que tinham razão.

  5. O lead do Nassif é:

    “Com essa preparação, é possível que se chegue ao final da linha concluindo que Putin, de fato, abusou, quando ordenou a invasão.

    Mas se sairá desse padrão de tratar o comandante de um dos países mais poderosos do planeta, como um mero descontrolado de boteco”.

    O grande “xis” da questão é: teria mesmo Putin abusado geopoliticamente ao ordenar a invasão da Ucrânia? Havia outros meios de enfrentar o poder que se quer hegemônico dos EUA?

    Creio que não e explico.

    Chegaria o momento de colocar em xeque a hegemonia americana e, segundo penso, esse momento foi oportunizado pela questão ucraniana.

    Pimenta nos olhos do outro é refresco, diz o velho ditado da vovó.

    Na crise dos mísseis, na década de 1960, os estadunidenses quase conduziram o mundo a uma guerra nuclear por conta da intenção soviética de instalar mísseis balísticos em Cuba.

    Qual a diferença dessa estratégia defensiva americana de então com a dos russos atualmente? A resposta honesta é: nenhuma.

    Os estadunidenses de então estavam certos em temer mísseis soviéticos instalados praticamente em seu quintal, assim como os russos de hoje temem que o território ucraniano seja utilizado como ponta de lança de ataques contra a Rússia.

    Quase uma década de negociações não demoveu os EUA de sua nítida intenção de conduzir a OTAN à fronteira imediata da Rússia, com a possibilidade de utilizar territórios fronteiriços para instalação de bases militares e mísseis ameaçadores à nação russa.

    A solução que restou aos russos foi demonstrar materialmente, para além de qualquer dúvida, que a neutralidade ucraniana constitui um elemento inafastável da segurança militar do povo russo.

    E o momento da apresentação dessa questão inegociável não surgiu em decorrência da fortuna. A Rússia preparou, planejou, antecipadamente esse caminho.

    Livrou-se da maior parte dos perigos das sanções internacionais, distanciando-se o quanto possível dos efeitos das retaliações comerciais mais previsíveis.

    Aliou-se à China, afastou-se do fardo do dólar o mais que pôde, tornou suas commodities mais atraentes e indispensáveis.

    Porém, e aqui reside minha desconfiança quanto à viabilidade da tese de “abuso russo”, não creio que o temor pela segurança russa tenha sido o fator determinante para a invasão. Existe esse temor, sem dúvida, mas fosse somente isso, as negociações poderiam se prolongar por tempo indefinido.

    O que de fato moveu a Rússia, segundo creio, com a China articulando nos bastidores, foi a definição do momento de dizer ao mundo que a multipolaridade geopolítica chegou e chegou para ficar.

    Os americanos, principalmente, e os europeus, em segundo plano, levaram um nó tático de Putin e isso ficou claro para o mundo todo.

    A Rússia, e a China por trás dela, mostraram inequivocamente ao mundo que a hegemonia ocidental euroamericana está nas cordas nesse ringue que é a economia global.

    Não houve “abuso” na invasão, mas vontade de pôr fim ao dogma da invulnerabilidade da potência militar ocidental representada pelas forças americanas e da OTAN.

    O que estamos testemunhando é histórico: uma mudança na correlação de forças mundiais a partir do declínio de um império.

    O povo ucraniano está sofrendo, sem dúvida alguma, e não merecia esse destino. Porém, isso se deve às escolhas equivocadas de um governo que não possui noção de si, tal e qual se apresenta o governo brasileiro.

    E que, por conta disso, colocou-se no caminho de uma mudança geopolítica avassaladora que se apresentaria de alguma forma, em algum momento.

    Estamos no limiar da Terceira Guerra Mundial ou, conforme for, de uma mudança paradigmática profunda na correlação de forças internacionais.

    Aguardemos. O tempo dirá.

  6. Muito tem se falado sobre a invasão e guerra da Rússia contra a Ucrânia, e existem muitas informações fragmentadas a respeito dos acontecimentos, indicando suas causas e seus motivos. Um vendaval de informações e desinformações que compromete o entendimento de tudo o que ocorre.

    Essa guerra não deve ser vista como a Rússia contra a Ucrânia, mas sim da Rússia contra a OTAN. A Ucrânia é somente o palco desse horroroso espetáculo entre potências. A expansão da OTAN para as fronteiras russas é um fato bem conhecido, os protestos da Rússia contra a expansão também. Não começou ontem, esse processo vem de bem antes, desde a dissolução da URSS e a promessa do Ocidente pela não expansão da OTAN. A presença da OTAN nas fronteiras russas, especificamente na Ucrânia, é uma ameaça existencial e portanto deve ser respondida. Da mesma forma a ameaça de uma instalação de uma base militar inimiga nas fronteiras estadunidenses seria condenável e passível de uma resposta militar contra quem o fizesse. Há divergências sobre se é válido ou não utilizar a ameaça como justificativa de invasão, muitos especialistas dizem que sim e outros tantos dizem que não. Uma situação difícil de definir.

    A declaração do presidente da Rússia quando da invasão deixa claro seus objetivos: desmilitarizar e tornar a Ucrânia um país neutro, ou seja, fora da OTAN. Não podemos deixar de lado o esforço diplomático que foi exercido durante os últimos anos, pelo menos desde 2014 nesta questão específica, com a Rússia colocando claramente suas reivindicações de segurança, que teriam a OTAN longe da Ucrânia como núcleo, e a segurança dos moradores de etnia russa no Dombass através dos acordos de Minsk. Propostas estas completamente postas de lado, e ao contrário da distensão o que houve foi um aumento da pressão para que a Ucrânia se tornasse um membro. Os EUA enquanto falavam em diplomacia, e ao invés de apaziguar os ânimos, derramou milhões em equipamentos militares na Ucrânia, e mesmo depois da deflagração do conflito, continuam inundando os ucranianos de armas.

    Mas alguns pontos são obscuros ainda. Os EUA queriam que a Alemanha cancelasse o NORDSTREAM 2, o que significaria menos gás russo para a Europa, assim encarecendo o custo da energia, limitando o crescimento e aumentando a inflação que já está nas alturas. A Rússia também sabia que um ataque à Ucrânia desencadearia as sansões, e provavelmente o NORDSTREAM 2 seria cancelado, ela sofreria perdas econômicas apesar de estar se preparando para isso a algum tempo. Será que o ataque foi sem pensar nas consequências? Duvido muito. Se eles sabiam das consequências e seguiram em frente, tinham certeza que estavam em uma armadilha. E por que caíram nela? De propósito? Foi calculado que o risco de ter uma OTAN as portas era maior que as sansões? Parece ser provável.

    Mas e a Europa? Caiu feito patinho? O choque da sansões e contra sansões irá afetar drasticamente a economia europeia e principalmente a alemã. A Europa sabia da armadilha? Caiu de propósito? Difícil. Achavam que a Rússia recuaria? Provavelmente. Foi um cálculo errado e parece que caíram na armadilha. O NORDSTREAM 2 foi suspenso, as sansões afetarão a economia europeia e as contra sansões, não anunciadas ainda, irá destruir o que ficar de pé. Sua economia ficará mais dependente dos EUA.

    A Ucrânia também caiu em uma armadilha. Ao ser instada a atacar a região do Dombass para provocar a Rússia, e aceitar entrar na órbita da OTAN sabia que provocaria uma reação de Moscou. Sabia das consequências? Não parece ser o caso, seria suicídio. Apostou, assim como os europeus, no recuo da Rússia? Depois da reclamação de terem sido abandonados, parece ser o mais provável. Caíram feito mosca no mel. Independentemente se a Ucrânia seja um país que sofreu um golpe, igual ao Brasil, e se tem em suas fileiras grupos neonazistas, além das dificuldades financeiras já conhecidas, o povo não merece sofrimento. Os ucranianos foram usados como bucha de canhão e agora é tarde, as consequências são devastadoras para o País.

    Além das torcidas apaixonadas da grande mídia e de parte dos que estão comentando sobre a guerra, não existem mocinhos nem bandidos, apenas interesses em jogo. Nesse caso muitos perderam, inclusive a vida. É claro que a partida não acabou, mas fica evidente que o único e grande ganhador de tudo isso, até agora, foram os EUA.

  7. Assisti no dia 24 a partir das 11 da manhã, a melhor e mais surpreendente cobertura do conflito na Ucrânia através do improvável SBT. Repórter internacional direto do front, professores universitários e especialistas esclarecendo as raizes do conflito e o apresentador casca-grossa interferindo na fala final da especialista , professora universitária, quebrando todo o sentido da explicação apenas por machismo. Porém, a cada momento da cobertura, começou a haver uma espécie de apavoramento do apresentador. Os rumos da cobertura estavam corretos demais para os padrões permitidos ao ocidente periférico.
    https://youtu.be/QCkVKTob6HY
    https://youtu.be/73lYycob3e8
    https://youtu.be/KAgbwBnqFAg

  8. Nassif, os mesmos Teóricos, os mesmos Intelectuais, os mesmos Especialistas, a Mesma Mídia e Imprensa que agora você critica são aqueles que recheiam a Mídia e Cátedras Nacionais com suas pérolas: “A Rússia é uma potência em decadência”. “Leão desdentado”. “Com o fim da URSS, a Rússia se tornou um nanico”. “A Rússia não tem mais o poderio econômico, nem militar para impor seus”. “Czar sem um Império”. “O Petróleo não tem mais importância”. “Precisamos abrir mão de Nossa Reservas porque o Petróleo e sua Tecnologia está com dias contados”. “O Petróleo é uma fonte em decadência que está se tornando obsoleto muito rapidamente”. “Não existirão mais fronteiras nacionais”. “Grandes Territórios (indígenas) nas nossas fronteiras não colocam em risco nossa Soberania”. “As Forças Armadas estão ficando obsoletas nas suas funções(por todo planeta)”. “O Patriotismo é o último refúgio do canalha (citação que nossa Elite Esquerdopata adora). Fica escrachado porque construímos esta Nação Terceiro Mundo, o tal Anão Diplomático nestes 92 anos. Falando da Rússia usando o Brasil e CPI como base, você revela o Brasil. É isto aí. Pobre país rico. Estes “Cérebros” estão arquitetando e construindo o Brasil nestes 92 anos. Mas de muito, muito, muito fácil explicação.

  9. Duas coisas:
    Primeiro – O jornalismo dos jornalões, Nassif, acabou; ficam as grifes (Estadão, Folha, Globo), tão vistosas como bolsas de madame (Louis Vuitton, Bvlgari, Chanel, etc.), mas, dentro, não tem nada. Jornalistas de verdade, como você, Bob Fernandes, Azenha, e mais um punhado, só tem um caminho: a Internet, onde comerão o pão que o diabo amassou, mas é o único meio em que (ainda) podem manter sua integridade e honestidade intelectual. Quando os jornalões morrerem em definitivo, as plataformas farão, igualmente, a sua peneira, e, sendo elas a encarnação atual do capitalismo no campo da mídia, todos sabemos o que acontecerá com os blogueiros sujos, ou, simplesmente, progressistas.
    Segundo – o Putin (que minha mulher, inocente da sujeira política do mundo, chama Putinho) tem, na ponta da língua, diversos nomes de líderes políticos que acreditaram na sinceridade dos americanos (e seus acólitos ingleses e franceses); Gorbachev, Khadafi, Saddam Hussein…são alguns que me lembro.
    Ho Chi Minh, ainda lutando com os franceses, escreveu uma carta à Casa Branca. Acreditava que um país que se referia com palavras tão bonitas à liberdade e ao direito de autodeterminação dos povos, não poderia deixar de considerar dar uma ajuda, por pequena que fosse, a um povo distante que lutava por essas duas coisas tão singelas – e seu principal temor era de que o Vietnam fosse um país tão pequeno, que lá na América sequer se dariam ao trabalho de ler a sua cartinha. Graças a Deus, foi o que aconteceu. Se tivessem lido, provavelmente o grande líder vietnamita estaria junto com os outros nomes da listinha do Putin.
    Ainda existir diplomacia, depois de Talleyrand, é a prova cabal da hipocrisia da humanidade. A chave da sobrevivência da humanidade é a hipocrisia. Abandonem a hipocrisia, e logo as ogivas nucleares estarão caindo sobre as nossas cabeças.

  10. Algumas observações:
    a) Se a OTAN está aberta a quem quiser integrá-la, que tal aceitar uma adesão da Rússia ao bloco? (hehe). Ou a OTAN, que tem um monte de países a enormes distâncias do oceano, deveria chamar-se “OTAR” (Org.Tratado Anti Rússia)?
    b) A OTAN poderia (deveria) ter sido desmontada (e não ampliada) com o fim da URSS ou do Pacto de Varsóvia.
    c) A Ucrânia é o marisco. A Rússia tem razões em relação à continuidade da guerra fria, que Gorbachev amornou e Yeltsen (um traidor à serviço?) rendeu-se. A Rússia errou em colher mariscos. O assunto de fato é “OTAR” x R.
    d) Putin caiu na armadilha do contínuo (e injustificado) crescimento da OTAN com uma resposta militar (e não diplomática), que não trará frutos em relação à russofobia que se mantém no mundo dito “ocidental” (com Japão, Austrália, etc.). Ajuda a justificá-los.
    e) Por mais que a Rússia venha a ter (e tem) razões contra a OTAN e um poder militar e científico assombroso, o poder de mídia de seus oponentes é acachapante. A narrativa estará sendo contada por eles (vide braZil). Como dizia Cássia Eller: um pouco de malandragem …
    f) Portanto, assim como a Argentina, cheia de razões sobre as Malvinas, errou em dar continuidade à uma solução militar, a Rússia também errou em fazê-lo, ainda que anexe (o que parece ser uma meta) a parte que vai de Kiev à Odessa, incluindo-as ou não, deixando que a parte à esquerda (ocidental) continue a ser uma Ucrânia reduzida, com ou sem OTAN.
    g) Quanto à possibilidade de Putin forçar uma nova ordem multilateral com a China,Europa, EUA e Rússia, seria um grande e bem vindo resultado, fora os danos materiais e humanos para chegar-lá.
    h) Mas uma coisa é certa: a culpa de toda esta tragédia é tão russa quanto da OTAN (“ocidente”), por não parar, como já deveria há décadas, com essa contínua guerra imperial, onde seja pela força, seja pela submissão sutil ou descarada dela decorrente (vide braZil, AL).
    i) O que parece é que a diplomacia “ocidental” inclui tão apenasmente a “discussão” de uma velada submissão incondicional. Vide Europa.
    j) A defesa da “democracia ” (e da livre competição e convivência) inclui aceitar e conviver com os diferentes e independentes.
    Ex. China e Rússia
    Quiçá um dia, até um braZil.

  11. Análise que destaca a necessidade de aprofundar as matérias, principalmente ao abordar temas complexos como a guerra. Como ensina a Teoria da Complexidade, tratar questões complexas com soluções simples é sempre um risco de piorar o tamanho do problema.
    Importantíssimo esse alerta! Grata!

  12. Nassif, eu te acompanho e gosto das suas análises. Em relação ao texto A guerra da Ucrânia, a mídia e os heróis e vilões da Marvel, que eu li em 26/02, naquilo que se refere ao neonazismo na Ucrânia, eu gostaria que vc assistisse um vídeo de 4 min , cujo link posto a seguir, para que algo possa ser acrescentado ao seu texto. É sempre bom lembrar que a Ucrânia tem um regime semi presidencialista.
    https://youtu.be/Om8cIO6aS4Q

  13. O Putin deveria ter deixado os Estados Unidos instalarem mísseis nucleares a apenas 5 ou 7 minutos de Moscou, quer dizer, sem tempo hábil para uma reação. Só deveria reagir depois que a Rússia estivesse praticamente destruída por um país que já demonstrou na ex Iugoslávia que não segue a permissão da ONU para atacar outra nação quando ele não a consegue. Putin agiu de forma errada. Vamos todos condená-lo. A propósito, Nassif, a lawfare que você sofreu, os processos que deram um grande prejuízo financeiro fizeram você desistir de bancar o esquerdista?

  14. O Putin deveria ter deixado os Estados Unidos instalarem mísseis nucleares a apenas 5 ou 7 minutos de Moscou, quer dizer, sem tempo hábil para uma reação. Só deveria reagir depois que a Rússia estivesse praticamente destruída por um país que já demonstrou na ex Iugoslávia que não segue a permissão da ONU para atacar outra nação quando ele não a consegue. Putin agiu de forma errada. Vamos todos condená-lo. A propósito, Nassif, a lawfare que você sofreu, os processos que deram um grande prejuízo financeiro fizeram você desistir de bancar o esquerdista?

  15. Nassif gosta de referenciar muito dos seus comentários lastreando-os em um jogo de xadrez

    Pois bem, Putim tem dado uma aula de xadrez. A própria estrutura de guerra que ele montou difere de tudo aquilo que conhecíamos. Mesmo antes da guerra, pelo colocou altan e o Estados Unidos e várias situações que deixaram claro a recusa de negociações por parte deles. A estrutura de invasão permitiu que milhares de milhares de ucranianos saísse m do país, método contrário ao ao que sempre vimos nessas situações de conflitos, método Schlieffen, algo próximo ao Blitzkrieg. Essa arquitetura enxadrista da mente de Putin empurrou para que o acidente tomasse uma série de medidas que logo depois foram obrigadas a desfazer demonstrando uma enorme desorganização metodológica e falta de liderança.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador