Incêndio em favela de São Paulo deixa 140 famílias desabrigadas

Jornal GGN – 140 famílias ficaram desabrigadas depois que um incêndio destruiu uma área de 800 metros quadrados na Favela dos Tubos, no bairro do Limão, na zona norte de São Paulo. A favela ficou totalmente destruída.

De acordo com a líder comunitária da União Nacional por Moradia Popular, Terezinha Dramacho de Souza, um problema de fiação foi o que deu início ao fogo. “Os fios eram muito baixos. Falei que qualquer hora ia ter um incêndio, porque era fio amarrado com o outro”, disse.

A área tinha processo de reintegração de posse desde 2005. A Defesa Civil já tinha realizado laudos para retirar 48 famílias da área de risco. “Não eram só 48 barracos, mas toda a área. Já estavam fazendo os laudos para cadastrar as famílias, para vir o auxílio do Bolsa Aluguel”, afirmou.

Com essa ocorrência, a cidade de São Paulo já contabiliza 101 incêndios em favelas este ano. O número se aproxima do total registrado em 2015, quando foram 136 casos.

Da Agência Brasil

Incêndio em favela de São Paulo deixa 140 famílias desabrigadas

Por Fernanda Cruz

Um incêndio na Favela dos Tubos, zona norte de São Paulo, deixou 140 famílias desabrigadas. O fogo consumiu uma área de 800 metros quadrados. Ninguém ficou ferido. A favela, no bairro do Limão, ficou totalmente destruída. No total, 72 homens e 25 viaturas do Corpo de Bombeiros foram deslocados, na noite de ontem (31), para apagar as chamas.

Segundo Terezinha Dramacho de Souza, líder comunitária da União Nacional por Moradia Popular, o que causou o incêndio foi um problema na fiação. “Os fios eram muito baixos. Falei que qualquer hora ia ter um incêndio, porque era fio amarrado com o outro.”

Terezinha conta que o terreno é de propriedade particular, mas a maioria das famílias morava, em média, há 20 anos no local. “Aqui mesmo tem famílias que vieram para cá solteiros, tiveram filhos, casaram e agora tem netos. Tem uma moradora aqui há mais de 27 anos. São moradores antigos, não tem ninguém que chegou ontem. Todos os órgãos públicos têm esse conhecimento. Minha indignação é essa, precisa primeiro acontecer uma desgraça, para depois tomar providência.”

Reintegração de posse

A área tinha processo de reintegração de posse desde 2005. Há dois meses, após reclamação da associação de moradores, a Defesa Civil constatou que havia barracos rachados, além de grande risco às famílias. Os barracos de madeira foram construídos sobre a viela sanitária do córrego Tabatinguera.

Terezinha conta que, após laudos da Defesa Civil, 48 famílias seriam retiradas da área de risco. “Não eram só 48 barracos, mas toda a área. Já estavam fazendo os laudos para cadastrar as famílias, para vir o auxílio do Bolsa Aluguel”, disse ela.

Desespero

João Correa do Nascimento, de 59 anos, soldador desempregado, lembra do desespero do momento do fogo. “Meus documentos queimaram todos. Foi de repente, eu estava na minha casa dormindo porque trabalhei o dia todo, faço bicos. A hora que cheguei, caí na cama e dormi. Acordei com a gritaria do povo.”

Rosimeire Maria de Souza Ponte, cozinheira de 49 anos, morava na favela há 10 anos, desde quando chegou do Recife para tentar uma vida melhor na capital paulista. “Perdi tudo. Ainda bem que meu marido me salvou. Não estou preocupada com móveis, nada, estou preocupada com o meu cantinho. Eu pagava R$ 200 por mês. Agora estou só com a roupa do corpo. A minha felicidade é que eu salvei meus documentos.”

A associação de moradores, onde parte das famílias está abrigada, recebe doações, principalmente de roupas e alimentos. A associação está localizada na Rua Quartim Barbosa, número 40 A, bairro do Limão.

Defesa Civil

Em nota, a Defesa Civil informou que 400 pessoas que ficaram desalojadas foram acolhidas na casa de parentes. Engenheiros e agentes vistores estão cadastrando os desabrigados. “A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil ofertou materiais de assistência humanitária ao município, todavia, o ente municipal, no momento, recusou o apoio”, informa o texto.

A reportagem entrou em contato com a prefeitura de São Paulo sobre o atendimento às famílias, mas não obteve resposta. O incêndio será alvo de perícia do Instituto de Criminalística.

Com a ocorrência de ontem, a cidade de São Paulo contabiliza 101 incêndios em favelas este ano. O número se aproxima do total registrado em 2015, quando houve 136 casos.

Redação

1 Comentário

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  1. Reportagem água-morna não resolve

    Prezada equipe do GGN, prezados leitores.

    Fazer ou reproduzir reportgens água-morna ou clichês pouco ou nada adianta. Os jornalistas e, blogs e portais independentes devem investigar e denunciar a sistemática adotada pelos governos tucanos de SP (há mais de 20 anos no Palácio dos Bandeirantes) de eliminar as favelas – sobretudo as que ficam próximas aos chamdos bairros nobres – incendiando-as. Essa é a forma mais eficiente de enxotar os pobres e desvalidos das  proximidades dos bairros em que mora a conservadora e excludente elite paulistana. Morei em São Paulo quase dois anos e pude perceber que essa estratégia do governo é uma realidade, ocultada pela mídia golpista e criminosa. Na região de Pinheiros-Morumbi, próximo à Av. Engº Luís Carlos Berrini, havia uma pequena favela, que foi incendiada em 2010. A favela do Moinho, a única do centro, próximo à linha férrea da CPTM foi incendiada pouco tempo depois. Paraisópolis, uma das maiores favelas paulistanas, também na região do Morumbi, foi incendiada nio ano passado. Citei três, mas nos últimos 10 anos ocorreram pelo menos 200 (isso mesmo DUZENTOS) incêndios em favelas da capital paulista.

    O Rio de Janeiro, cidade com clima muito mais seco e quente, com um relevo muito mais acidentado, portanto com uma propensão muito maior à ocorreência de incêndios em suas mais de 800 favelas favelas, curiosamente, registrou um número muito menor de casos de incêndio. Alunos da USP chegaram a produzir um filme abordando esse problema e esse crime de Estado, essa tentativa de ‘higienização social’ feita pelo tucanato paulista. O título do filme é “Limpando com Fogo” e chegou a ser objeto de artigo aqui no GGN https://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/memorias-do-esgoto-paulista-por-fabio-de-oliveira-ribeiro

    Naturalmente o filme foi boicotado e o PIG/PPV procurou ocultar o problema e a denúncia.

    O GGN deve retomar o asunto e produzir reportagens próprias sobre esse grave problema e as fortes suspeitas e indícios de que as autoridades policiais, do MP e do judiciário estadual se mostram omissas, quiçá coniventes, com esse brutal crime.

    Uma reportagem bem feita e divulgada nos blogs e na imprensa internacional pode causar um impacto considerável. Fica dada a sugestão.

     

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