A Orquestra Vermelha e a espionagem soviética na Segunda Guerra

Por Motta Araujo

A ‘ORQUESTRA VERMELHA” – ESPIONAGEM SOVIÉTICA NA SEGUNDA GUERRA – A Orquestra Vermelha foi uma rede de espionagem dentro da Europa controlada pelos nazistas que operava em favor da União Soviética. Seu criador foi Leopold Trepper, judeu polonês nascido em 1902, com uma vida de agitador comunista. Trepper já era um ativista de esquerda bem conhecido na Palestina em 1924, de onde se voltou para a França e depois para a Rússia, onde se ligou à Inteligência Militar, foi lá treinado e protegido. Enviado à Belgica, sob a cobertura de uma firma de produtos de borracha (que coincidência) viajava por toda a Europa ocupada mas foi a partir da Suíça que operava a rede que contava com um informante de altíssimo nivel no OKH, o Estado Maior do Exército alemão em Berlin. A partir desse informante, cuja identidade jamais foi conhecida, Trepper soube do dia e hora da invasão da URSS, da ordem de batalha da invasão e de outros dados cruciais. Stalin recebeu a informação, que coincidia com aquelas recebidas de Tóquio através de outro espião célebre, Richard Sorge, que trabalhava na Embaixada alemã no Japão, também referendada por informação recebida de Londres, do serviço secreto britânico que tinha também informantes em Berlin na ala da Wehrmacht não nazista.

 
Stalin não acreditou em nenhuma dessas informações, que ele achava despistamento e intriga. Foi surpreendido pela invasão de 21 de julho de 1941 apesar de ter completa informação sobre as operações do Terceiro Reich.
 
A rede Orquestra Vermelha foi já em 1944 dizimada pela contra-espionagem alemã mas Trepper escapou e foi para a URSS, onde foi preso, nas loucuras do ambiente paranoico implantado por Stalin, ficou preso até 1955, só escapou com vida porque tinha proteção da Inteligência militar.
 
Sua amante Irina consta que fugiu para o Brasil, morando no Rio onde faleceu em 2006, Trepper morreu em Israel em 1982, em seu sepultamente estava presente a cuúpula militar do Estado judeu chefiada por Ariel Sharon.
 
Há uma vasta literatura sobre a Orquestra Vermelha, provavelmente a mais importante rede de espionagem sovietica na 2ª Guerra.
Redação

11 Comentários

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  1. Uma singela contribuição ao

    Uma singela contribuição ao instrutivo(como sempre)  post do Motta Araújo. 

    Um dos mais destacados membros dessa organização de espionagem antinazista foi RUDOLF IVANOVICH ABEL, russo nascido em São Petersburgo em 11/07/1903.  Era chamado, em código, de “Alec”.

    Em 1933 já nos quadros da GPU(serviço secreto do exército russo) foi enviado à Alemanha para fazer parte da “Orquestra Vermelha”. Em 1948 é enviado para os EUA e em 1957 é preso e processado para em fevereiro de 1962 ser trocado em Berlim por Gary Powers(famoso piloto espião que foi abatido nos céus da URSS e que gerou uma séria crise dentro da criseque era a Guerra Fria). 

     

    1. Meu caro Costa, sempre

      Meu caro Costa, sempre certeiro nos seus comentarios, esse caso do U-2 é uma senhora estoria, sugiro a vc nos conta-la  ,não conheço todos os detalhes mas é de fato um dos grandes casos de espionagem da Guerra Fria.

      1. Siglas russas são complicadas

        Sempre são “sopa de letras”,  é comum confundir a GPU com o GRU, portanto vamos a um glossário básico:

        1922: GPU – (gossudarstnevennoie politicheskoyie ouporavdenie) – Direção Politica do Estado, substituida em 1923, pela OGPU ( direção politica do estado unificado) – ambas sujeitas ao ministério do interior ( as organizações de espionagem e contra espionagem externa, eram: INO e a KRO), em  1923 até seu estabelecimento final em 1934, a OGPU, tornou-se a NKVD, ou Comissáriado do Povo para Assuntos Interiores – com a morte de Laurenti Béria, em 1953 as organizações internas de inteligência e segurança da URSS, dividiram-se em duas: o MVD ( ministério dos assuntos interiores) e MGB ( Ministério para segurança do estado).

        Em 1954, com Kruschev, e a genialidade de Ivan Serov, todos os serviços de segurança interna, diplomatica, contra espionagem, espionagem politica-civil, guardas de fronteira e unidades especiais (spetnaz), foram reunidas em um unico orgão:( Komitet Gossoudarstvenno Bezapasnosti) ou KGB, que durou até 1991, quando seu chefe, Vladimir Kriutchkov, foi um dos participes de uma tentativa de golpe, e após esta defenestração a KGB acabou, e foi reduzida ao atual FSB ( Serviço Federal de Segurança).

        O GRU: Todos estes espiões/contra-espiões (Tepper, Sorge, Olga Benário etc..), sempre foram do GRU ( Glavsnoie Razdedivateinoié Oupravlenié – Direção Principal de Inteligência), o serviço secreto das FFAA soviéticas, hj. russas, criada em 1920 por Leon Trotski, ainda hj. com o mesmo nome, e subordinada diretamente desde sua fundação, ao Estado Maior das FFAA da Russia – é comum em publicações ocidentais, confundir as atividades pregressas ( 60 -90), do GRU com as do 1o Diretório ou diretório principal (PGOu), da finada KGB ( p.s: América do Sul: era responsabilidade do Depto 5 da KGB).

        Quanto a asneira da CIA, referente a Gary Powers ( a USAF disse que a probabilidade dele ser derrubado era imensa, afinal contra medidas contra os Dvina S-75/ SA-2 Nato name, eram inexistentes), amanhã posso até colocar um post., só digo uma coisa: o cara era macho, voar de Peshawar ( Paquistão) até Bodo ( Noruega), atravessando todo território da URSS, era pedir para levar um “Guideline” ( S-75/SA-2) no rabo.

        Livros: Le grand Jeu – de Trepper e Patrick Rotman ( Ed. Seuil); Zubok & Pleshakov -Inside the Kremlin’s Cold War ( Harvard University Press); Remi Kauffer – L’ Arme de la desinformacion (Grasset)

  2. Tenho evitado postar, e não

    Tenho evitado postar, e não posso digitar muito, mas não resisto neste caso.

    A meu ver, a mais importante rede de espionagem era a de Richard Sorge, não apenas por ter sido a primeira a relatar o dia do início da Barbarossa, mas porque suas informações foram essenciais para que a União Soviética montasse a contra-ofensiva no Ocidente ao informar que o Japão não atacaria a URSS naquela fase da guerra. Também foram suas as informações que orientaram a STAVKA a proteger Stalingrado a qualquer custo (se a cidade caísse, os japoneses mudariam os planos e abririam guerra na frente oriental). Nos finalmentes, Sorge foi o espião que mais contribuiu para a vitória aliada. Até o general McArthur – notório anticomunista – reconheceu a rede de espionagem soviética no Japão como “devastadora”.

    Já a história de Gary Powers é mesmo ótima, especialmente pelo senso de humor e astúcia de Nikita Khrushchev.

    1. Concordo plenamente. Richard

      Concordo plenamente. Richard Sorge foi, dentre os mais notórios “espiões”, aquele que mais se aproximou do protótipo  “holliudiano” do agente secreto: boa pinta, corajoso, e principalmente, muito inteligente. Em 15 de maio de 1941 transmite para Moscou a DATA EXATA (22 de junho) da invasão da URSS. Infelizmente foi descoberto e enforcado em 1944 pelos japoneses. Se Stálin não fosse tão desconfiado e turrão milhões de vidas poderiam ter sido poupadas. 

      Disse: 

      “Por que Stálin não acreditou em mim?”(quando a URSS foi atacada pelos alemães em 1941, encontrando-se despreparada).

      “Estou pronto; para que perder tempo?”(Para o carrasco). Cabra macho mesmo!

      Eis o que falou dele RobertGuillan(correspondente da Agência Havas em Tóquio que o conheceu entre 1938 e 1941:

      “Quando penso nas assustadoras leis japonesas contra a espionagem; quando recordo a desconfiança e a vigilância exercidas contra qualquer estrangeiro em Tóquio….que confiança em si próprio e que audácia tinha aquele espião soviético!”

      Fonte: 

      Os Grandes Espiões, Coletãnea da Editora Três 

  3. A Orquestra Vermelha

    Eu sempre achei que a melhor rede, a mais eficiente dos soviéticos, foi a dirigida pelo húngaro Sandor Rado. Não casualmente o nome da rede era “Dora”.

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