O acervo digital da ALESP

A Assembléia legislativa resolveu disponibilizar seu acervo histórico na internet. Acredito que esse é o meio mais barato de preservação da cultura: pode pegar fogo na ALESP hoje, que com uma chamada pública a gente recupera os PDFs espalhados pelos computadores pessoais dos pesquisadores.

O registro mais antigo é um relatório de 1824 sobre as obras da estrada de Santos:

http://www.al.sp.gov.br/repositorioAcervo/imperio/23660FCGP-SE24_001.pdf

 

Vale a visita, por vários fatores: a curiosidade histórica, imaginar quantas horas-trabalho a Administração perdia para produzir um relatório simples desse com alguém de boa caligrafia, descobrir um pedaço esquecido da história de São Paulo.

Depois para o pessoal especializado opinar sobre a qualidade do trabalho, e ajudar o bem comum, cobrando melhorias enquanto ainda está sendo feito. Pessoalmente, achei difícil de ler. É uma boa digitalização, mas parece que uma resolução mais alta ajudaria – tem alguma coisa estranha.

Mas achei excelente o formato escolhido. PDF é lido em qualquer lugar e você pode baixar inteiro e transferir para outros leitores, manipular, etc. Ao contrário de outros sites mais precários, como o Diário Oficial da União, em que tem que navegar página por página e ficar preso à ferramenta dada pelo site.

Andamos bastante devagar em questões culturais e disponibilização de documentos públicos. Mas esse aí é um grande avanço.

Outra biblioteca histórica que eu queria ver disponibilizada é a de livros raros da Faculdade de Direito da USP. Fica trancada e acessível apenas a pesquisadores de alto nível, com razão, porque os objetos são preciosos. Mas se na próxima calourada de “trote solidário” eles derem uma máquina digital na mão de cada calouro, e cada um tirar 20 fotos das páginas dos livros, em um dia preservamos o conteúdo, disponibilizamos gratuitamente, damos escala ao bem cultural. E o livro antigo fica sendo apenas um objeto para estudo de historiadores do livro, ou para o fetichismo dos colecionadores que tentam levar essas peças embora. Porque para ler, um pdf no Kindle ou iPad tem bem menos pó.

Luis Nassif

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