Curso Sociologia Marxista da Religião, de Michael Löwy

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Do Blog da Boitempo

Em tempos acirramento de fundamentalismos pra todos os lados, a Boitempo lança O absoluto frágil, ou, porque vale a pena lutar pelo legado cristão, de Slavoj Žižek, um ensaio explosivo que defende uma aproximação entre o cristianismo e o marxismo num projeto político emancipatório renovado. Nas palavras do esloveno: “O primeiro paradoxo da crítica materialista da religião é este: às vezes é muito mais subversivo destruir a religião a partir de dentro, aceitando sua premissa básica para depois revelar suas consequências inesperadas, do que negar por completo a existência de Deus.

absoluto frágil zizek

Neste contexto, que tal conferir os vídeos do curso “Sociologia marxista da religião“, ministrado por Michael Löwy, que publicamos na TV Boitempo? São 7 aulas completas apresentando a contribuição de alguns dos maiores nomes da tradição marxista (com ênfase aos “marxistas heterodoxos”) na compreensão do fenômeno religioso: MarxEngelsBenjaminBloch,GramsciE.P.Thompson eHobsbawm. Para além da fórmula da religião como “ópio do povo”, o sociólogo franco-brasileiro fornece elementos para compreendermos a dialética entre os elementos emancipatórios e os opressivos das religiões. O curso foi realizado no final de 2014 no curso de pós-graduação em sociologia da USP e foi viabilizado pelo Programa Escola de Altos Estudos da CAPES.

1. A sociologia marxista da religião
A concepção da religião como “ópio do povo” é neo-hegeliana; anterior ao marxismo. O estudo materialista histórico da religião como uma das formas da ideologia, em conexão com as relações sociais, só começa com A ideologia alemã(1848).

2. Friedrich Engels como sociólogo da religião
Engels se interessa sobretudo pelas formas revolucionarias da religião, como por exemplo em seu livro “clássico” A guerra dos camponeses (1850), que estuda as bases sociais do movimento anabaptista do século 16 e o papel do teólogo Thomas Münzer.

3. Walter Benjamin e a religião capitalista
Em um fragmento descoberto recentemente, “O capitalismo como religião“, datado de 1921, Walter Benjamin utiliza uma expressão de Ernst Bloch para analisar, partindo de Max Weber, o capitalismo como religião.

4. Antonio Gramsci: marxismo e religião
Em seus escritos de juventude Gramsci se interessa pelo potencial utópico da religião, mas no Escritos do Carcere seu tema é o papel conservador da Igreja, e em particular dos Jesuítas, na Itália.

5. Ernst Bloch e a religião como utopia
“Ateu religioso”, Ernst Bloch aborda em seus escritos a dimensão utópica da religião; seu estudo sobre Thomas Münzer, teólogo revolucionário (1921) se inspira em Engels, mas da um especial destaque ao milenarismo cristão.

6. E.P.Thompson: a religião dos operários.
Partido dos escritos de Max Weber, o historiador marxista inglês E.P.Thompson estuda o papel do metodismo na submissão dos operários ao trabalho industrial – mas também a efervescência sócio-religiosa contestaria suscitada pelos metodistas dissidentes.

7. Eric Hobsbawm: sociologia do milenarismo camponês
Em seus trabalhos sobre os “rebeldes primitivos”, Eric Hobsbawm descobre o papel subversivo do milenarismo camponês, na Itália e na Andalusia, em fins do século 19.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Até o Marx…

    Essa moda de transformar tudo em marxismo heterodoxo já chegou ao Marx, como alás era previsto. Que balela! Melhor seria analisar cada autor (cada marxista) com seus méritos e problemas do que tentar santificar (palavra apropriada ao contexto, aliás) uns e demonizar outros (os ortodoxos, claro), em uma operação intelectual claramente falsa, simplificadora. Só para arrematar: para Gramsci o marxismo era uma ortodoxia, mas exatamente por isso poderia ele incorporar (sob a forma de uma superação-conservação) um filosofo do quilate de Kant. Sem essa de clichês, mané. 

  2. Creio que a busca do poder é

    Creio que a busca do poder é o que trai qualquer alma humano. A busca do poder seja através do dinheiro ou da força, é o que verdadeiramente corrompe nossa sociedade. Quando encontrarmos outra de compartilhar aquilo que nos satifaça, não haverá necessidade do dinheiro e muito menos haverão aqueles que utilizarão dele para controlar os outros; controlar o que estes pensam, falam, comem ou vestem. 

  3. buscar relkigião  onde ela

    buscar relkigião  onde ela seria apenas ópio do povo não é tarefa fácil…

    lowy tb tem uma parceria interessanrte com a maria rita khell

    falando sobre bejamin, imperdível, no youi tube…

    e a boitempo parece que lançou cinco aulas sobre o capital de marx, 

    com o marxista norte-americano david harvey, tb  no you tube…

    só não passo o link porque não há como colar aqui nessa tela

    do comentário, um fato meio estranho que até hoje não entend direito…..

     

  4. Como eu nunca ouvi falar do

    Como eu nunca ouvi falar do assunto (como todo adolescente, eu li Das Kapital aos 17 ou 18 anos, nao me lembro de absolutamente nada) gugulei (!) o assunto e terminei com uma aula em 6 slides:

    http://www.slideshare.net/lil-slide-share/marxist-theories-of-religion (ingles somente)

    O que eu nao sbia, no entanto, eh que eu sou a reincarnacao de Marx!  Nem imaginava uma coisa absurda dessas!

    Eu ja falei tudo isso pros espiritas primeiro, depois pra voces aqui no blog, de varias maneiras diferentes e com linguagem bem diversa da usada aqui.  Por exemplo, o que ele(s) chama(m) alienacao eu chamo de aleijamento mental.  O resto ta tudo no lugar!  Tem premio espirita pra quem achar a reincarnacao de Marx?  EU CLAMO!  ME CHAMEM!

    A contradicao teorica do 6o slide, segundo paragrafo, eh obvia:

    em traducao livre, alguns teoricos Marxistas rejeitam a ideia diki (sao todos paulistas) alienacao (aleijamento mental) cientificamente existe caudiki (os que os disprovam sao todos mineiros)  ela eh baseada em uma ideia “romantica” (sic) que os humanos tem um “eu verdadeiro” e isso faria dessa uma ideia “inadequada” para uma teoria de religiao.

    Empiricamente, todo mundo tem um “eu verdadeiro”.  A ideia que essa afirmacao contesta eh absurda, portanto.  MAS NAO POR CAUSA DESSA RAZAO.  Francamente, seu “eu verdadeiro” nao me interessa, nao eh parte da minha teorizacao, e NAO me encha o saco de novo com isso.

    Seu “eu verdadeiro empirico” nao me interessa por, de fato, nao existir.  E como alguem que acha que ja mostrou a construcao da consciencia baseado em maquinas primordiais pensaria de outra forma?  PARA MIM toda consciencia eh oracular em sua propria natureza, portanto nao me incomode com seu “eu verdadeiro”:  eu nao tou interessado.  Tou quase tao interessado pelo bem estar do seu “eu verdadeiro” como voces sabem quem se interessou pelo meu bem estar.  (Ah, eh mesmo, Ivan?  Entao eles sabem que  voce tem um “eu verdadeiro” e o alleijaram?  De livre e espontanea vontade?)

    Eh aplicacao de teorias diferentes, viram agora?  Eu tenho um “Ivan Moraes” verdadeiro sim, o que voces conhecem de me ler.  So que ele eh falso.  O UNICO Ivan Moraes verdadeiro que existe eh, de fato, o oraculo, que nao se comunicaria com qualquer um alem de mim.  E com voces, a mesma coisa.

    Entao tem dois de mim, nao eh?  Um que eh uma personalidade mortal e outro oracular que nunca errou -nem pode- por isso ser impossivel.

    Entao a contradicao eh que o que eles estao chamando de “eu verdadeiro” -que eh o empiricamente correto pois eu sou eu e nao algum de voces- nao esta nem perto de descrever a natureza da consciencia que eu conheco.  A religiao te parasita atravez do que te diz que seu “eu verdadeiro” eh.  E o que te dizem que seu “eu verdadeiro” eh eh…  altamente aleijavel.

    Entenderam?  Pra voce ser “maleavel”, a religiao te diz primeiro o que seu “eu verdadeiro” eh pra te aleijar depois que voce acreditar.

    Eu NAO acredito em o que voce acha que seu “eu verdadeiro” eh, no entanto.  Nao tenho uma gota de razao pra isso.

    Eu SOMENTE confio no seu oraculo.  Cuja arquitetura ja descrevi de varias e varias formas, alias.

    Pra mim voces sao somente maquinas cuja arquitetura eu ja descrevi.  Todas impossivelmente perfeitas.

    (em termos espiritas, pouquissimo do seu perispirito que acredita em seu “eu verdadeiro” sobrevive sua morte me interessa, e como toda imperfeicao, vai continuar nao me interessando muito.)

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