Leon Blum e a Frente Popular na França

Por Motta Araujo

Leon Blum foi o primeiro Chefe de Governo judeu da França, foi também o primeiro socialista. Nascido em 1872, teve longa carreira política, foi o primeiro Presidente da República no regime provisório que se seguiu ao fim da Segunda Guerra, o chamado Governo Provisional da 4ª República.

Foi também Primeiro Ministro antes e depois da Segunda Guerra, após  ter ficado preso pelos alemães de 1940 até 1945, em campos de concentração.

Blum era da SDIO, a Seção Francesa da Internacional Socialista, sua mais importante eleição foi a de junho de 1936 quando sua coalizão recebeu o nome de FRONT POPULAIRE, uma frente de forças de esquerda que uniu os socialistas e os comunistas e assim chegou ao governo, que durou um ano mas introduziu reformas pioneiras na França e no mundo, como a semana de 40 horas, férias remuneradas, fim de semana pago, liberdade completa de organização nas fábricas, medidas que causaram grande revolta na tradicional direita francesa.

Em 13  de fevereiro de 1936 foi arrancado do automóvel por militantes do grupo CAMELOTS DU ROI e da ACTION FRANÇAISE, de Charles Maurras, fascitoódes, e espancado brutalmente.

Sua ação mais controversa e marcante foi a atitude frente à Guerra Civil Espanhola. Naturalmente apoiava a República por afinidade ideológica mas na sua coligação estava o Partido Radical que pretendia a neutralidade no conflito,

Blum contra suas convicções aceitou um acordo de embargo de venda de armas assinado com a Inglaterra, o que deixou a República sem condições de comprar armas e munições, jogando os republicanos espanhóis nos braços dos russos.

Todavia antes do embargo de armas conseguiu mandar grandes carregamentos de artilharia pesada para a República, tirados dos depósitos do Exército francês. Por esse ato foi julgado pelo regime de Vichy no Tribunal de Riom, onde foi acusado de desguarnecer a França de artilharia para ajudar os espanhóis companheiros ideológicos.

O curto governo do FRONT POPULAIRE foi o grande álibi da direita francesa para aceitar a colaboração com os alemães na ocupação de junho de 1940, o chamado Regime de Vichy, quando a direita francesa mostrou preferir o Terceiro Reich ocupando a França do que os socialistas de Blum unidos aos comunistas.

Leon Blum tornou-se mundialmente um íimbolo do judeu de esquerda, tão presente depois em muitos governos que se sucederam ao fim da Segunda Guerra, o judeu culto, humanista que não praticava o financismo tão associado aos judeus mas sim seguia a linha intelectualizada e progressista de Leon Trotsky.

O FRONT POPULAIRE foi um dos episódios históricos mais importantes do período entre-guerras com repercussão duradoura na moderna história da França.

Leon Blum morreu em 1950.

Redação

2 Comentários

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  1. Dos politicos franceses do século XX, foi o mais vilipendado,

    pela direita e a mídia francesa, por ser judeu, por ser burguês e ser socialista. Se achamos que Lula, Dilma, Dirceu, Guschiken e cia foram e estão sendo vilipendiados pela mídia corporativa e pela classe média-alta, então não vimos nada.

    Meu avó tinha militância política desde 1920, na volta da 1ª Guerra Mundial, no Partido Radical, partido fundado pelo Jean Jaurés (assassinado em 1914 semanas antes da guerra por causa da sua militância pacifista consequência da visão internacionalista das lutas em favor dos trabalhadores). Isso apesar de ser um pequeno empresário do setor da construção civil, e católico praticante (a igreja católica francesa era situada muito á direito no espectro político da época).

    Lá por 1934 ele foi a um aniversário do colégio interno católico onde tinha feito o colegial. Quando alguem soube que ele era do Partido Radical, alguns foram tirar satisfação (muitos católicos eram monarquistas ainda…), quase acabou em pancadaria, e minha avô decidiu que não iria mais em reunião do tal colégio.

    Alias um dos “mitos da família” era que um dos que queriam bater nele naquele episodio, teria sido quem mandou em julho 1944, uma carta para a Gestapo denunciando meu avó por fazer falsos-verdadeiros documentos de identidade para judeus (entre outros). Meu avó escapou por um triz, soube depois da Liberação quem o denunciou mas guardou o segredo, portanto não dá para verificar o “mito da família”.

    Então vamos convir que o que estamos vivendo não é o fim do mundo.

    1. Lionel, não é o fim do mundo,

      Lionel, não é o fim do mundo, mas num paralelo com o que ocorreu na Europa, é muito melhor evitar. Afinal, o sofrimento para toda uma população e o povo pobre em  geral foi muito grande. 

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