Organização Gehlen, a espionagem terceirizada

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A ORGANIZAÇÃO GEHLEN – A ESPIONAGEM TERCEIRIZADA – Durante a invasão alemã da URSS, que durou cerca de três anos, o Terceiro Reich montou um vasta rede de espionagem dentro o território soviético. Essa estrutura estava a cargo do Serviço de Inteligência militar alemão no Leste formado por três Grupos de Exércitos e comandando pelo Major General Reinhard Gehlen.

Ao fim da guerra Gehlen se rendeu e foi feito prisioneiro pelos americanos. Já nos primeiros interrogatórios viram a importância do oficial que informou seus captores que havia guardado os arquivos de seus serviços em 55 barris à prova d’água e cuja localização ele poderia dizer. Já em 1946 o aproveitamento de Gehlen para os EUA  estava definido por ordens diretas do General Walter Bedell Smith, Chefe do Estado Maior do General Eisenhower e endossado por William Donovan, chefe do OSS, serviço de inteligência das forças armadas e Allen Dulles, chefe da estação suíça da OSS em Berna, a OSS foi transformada na CIA em 1947.

Com apoio americano Gehlen montou sua nova base em Pullach, perto de Munich, começando com 350 oficiais que ele recrutou e disfarçado sob o nome de South German Industrial Development Organization.

Gehlen reativou sua rede de informantes dentro da URSS, calculada em 4.000 agentes, através dos quais mantinha observação sobre ferrovias, aeroportos, portos e reconstrução industrial.

Gehlen não era um personagem unanime, tinha adversários dentro da CIA e no serviço secreto britânico mas conseguiu grande poder e influência nos anos imediatamente posteriores ao fim da guerra. Finalmente sua organização semiclandestina veio à luz do dia e tornou-se em 1956 no BND – o Serviço de Inteligência da Alemanha Federal, do qual Gehlen foi o primeiro chefe. Dirigiu o BND até 1968 quando foi demitido em meio a desgastes pela infiltração de espiões soviéticos no gabinete do Chabceler Willy Brandt. Gehlen foi aposentado no nível de ministro e constava que recebia também uma pensão da CIA. Morreu em 1979.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

6 Comentários

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  1. Quem é inteligente aproveita


    Quem é inteligente aproveita e defende os bons. Já nosoutros só sabemos defender e proteger os carniceiros dos nossos anos de chumbo.

    1. Nada a ver. A guerra no

      Nada a ver. A guerra no leste, iniciada pela invasão alemã de 21 de julho de 1941 teve até fins de 1942 amplo sucesso, a reversão das vitorias até então se deveu a fatores estartegicos como o bombardeamento das refinarias de Ploesti, que cortam o suprimento de combustivel para os tanques e a bem sucedida reorganização das forças sovieticas com equipmento americano, alem da destruiçlão de boa parte da base industrial e de transportes do Reich por bombardeios aereos diarios e noturnos pelos EUA e Reino Unido. Nada disso foi culpa da espionagem e sim de circunstancias estrantegicas do conflito.

  2. empregabilidades

    Vantagem da empregabilidade: um quadro altamente qualificado – como Gehlen – jamais fica sem emprego…

    Falando sério: nos últimos dias do Reich de Mil Anos que nem chegou a 14, a corrida entre estadunidenses e soviéticos se deu pra ver quem capturava os melhores cérebros alemães.

    Nessa disputa, Tio Sam levou a melhor sobre o Paizinho Stalin.

    Aliás, bastante humanitomarcoaureliodemellamente compreensível…

    …Digamos que você é nazista. Naquele pega pra capar do Untergang inevitável, a quem você preferiria se render: ao Tio ou ao Paizinho?

    Von Braun, por exemplo, pizzolaticamente, não contou até “zwei” pra decidir a quem se entregaria.

  3. Sobre Gehlen, soviéticos e a II Guerra…

    Sobre a Gehlen – o expertise de espionagem dos EUA (e mesmo o modelo da estrutura de inteligência montada em 1947) é totalmente nazista. Mas dizer que foi uma “terceirização” é duvidoso. Eles apenas cooptaram a rede de informantes alemães em território estrangeiro, coisa que o MI5 e o MI6 britânicos tb fizeram. Terceirização é o que a NSA faz agora, usando britãnicos, canadenses, neozelandeses e australianos numa rede global de monitoramento diuturno dos sitemas de comunicação mundiais, como a internet. 

    Calma lá, AA. Sua análise dos fatores que levaram à derrota da Alemanha no leste é muito equivocada – pra não dizer enganosa. Vamos lá:

    1. O Exército Vermelho  virou o jogo e venceu a Wehrmacht nazista em batalhas históricas que os russos estiveram inicialmente em enorme inferioridade de homens e recursos bélicos – Kursk, Stalingrado, Curva do Don, Leningrado, arredores de Moscou, Cáucaso e demais. Perderam inicialmente muitas, mas retomaram tudo depois. Tanto que  ganharam a fama de “exército mais poderoso do mundo” em 1945, em frase cunhada por ninguém menos do que o general Patton (ele apregoava que .

    2. Vale lembrar que os aliados ganharam a guerra a oeste, mas JAMAIS venceram a Wehrmacht em batalhas onde havia igualdade de forças (em divisões de infantaria, blindados e suporte aéreo). Os alemães eram melhores e mais bem-treinados (e os norte-americanos considerados pelos alemães inferiores aos britânicos em valor-combatente).

    3. Stalin transferiu TODA sua indústria (montada nas cercanias de Moscou e nos territórios onde hoje são Ucrânia e Bielorrússia) para além dos Urais. Foram cerca de DOZE MIL fábricas (Ascenção e Queda do III Reich) transportadas – incluindo maquinário e pessoal especializado. Com isso, aproveitou a tática utilizada contra Napoleão – de estender a área de conflito e esperar que a logística de suprimentos e o inverno dificultassem a imediata reposição de material no front de combate.

    4. Os russos não tinham (como o common sense ocidental alardeia até hoje) uma indústria incipiente e tecnologia inferior – fabricaram aviões melhores (a série Yak, que venceu nos ares a Luftwaffe e os Messerchmidt), tanques melhores (os T-34 foram avaliados como o melhor tanque da guerra e o mais fabricado no conflito, superior em blindagem aos Panzer nazis e em muito maior quantidade), melhor artilharia (Katiusha) e melhor armamento disponível à infantaria (a pistola soviética – não recordo a marca – era equivalente às Luger alemas, as melhores do mundo; e também as AK-46 e 47 – as melhores e mais fabricadas no mundo, ainda hoje – foram desenvolvidas durante a guerra).

    5. Houve fornecimento de material bélico dos EUA à URSS, mas foi modesto se comparado à demanda da batalha ou aos números do equipamento que foi desenvolvido e fabricado pelos russos – metralhadoras Browning, M1 Thompson, M1 Carbine e pistolas Colt sendo as americanas mais encontradas entre as tropas soviéticas não representaram mais do que 8% do total de armamento fornecido às tropas. A capacidade russa de desenvolvimento próprio a partir de equipamento alemão capturado é considerada o ponto alto do que se chama hoje de “reengenharia”.

    6. “Ah, então os russos copiaram bem, e só”. Ledo engano – o Messerchmidt ME 262 foi o primeiro avião a jato do mundo, servindo de base para os jatos norte-americanos no pós-guerra; e tendo sido posto em operação pela aviação dos aliados, sempre que capturavam uma aeronave intacta (o primeiro projeto superior dos EUA foi o Sabre, que lutou na Guerra da Coréia, muito depois). A bobagem que eu mais ouço hoje em dia é que os Mustang P-51 (a hélice) eram melhores que os 262 – pura propaganda e a maior asneira já falada.

    7. O marketing estadunidense é tão bom que esconde que os foguetes propulsores das séries Saturno e Redstone (utilizados pela NASA nos projetos Mercury, Gemini e Apollo) eram cópias melhoradas do projeto nazista V-2. E melhoradas por um time de cientistas alemão (radicados nos EUA pela Operação Paperclip) liderado por Wherner Von Braun. Ah, detalhe: o sistema russo Soyuz é o mais utilizado no mundo hoje, porque é considerado mais seguro (não há acidentes com mortes desde 1971) e garante a operacionalidade da ISS (astronautas americanos vão com cosmonautas russos pela Soyuz, o último lançamento foi feito em setembro).

     

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