Moradores de favelas do Rio movimentam R$ 12,3 bilhões por ano

Sugestão de Alfeu

Moradores de favelas do Rio movimentam R$ 12,3 bilhões por ano

Agência Brasil

Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil          Edição: Denise Griesinger

 

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Pesquisa inédita do Instituto Data Favela revela que os 2 milhões de pessoas que moram em comunidades no Rio de Janeiro movimentam R$ 12,3 bilhões por ano – equivalente a 19% da renda de todos os moradores de favelas do país. O Brasil soma 12 milhões morando em favelas, que movimentam anualmente R$ 64,5 bilhões.

O presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, fundador do Data Favela, destacou em entrevista à Agência Brasil, que se as favelas da capital fluminense formassem uma cidade, esta seria a sétima maior do país, mais populosa que municípios como Manaus, Porto Alegre, Curitiba e Recife.

O Rio de Janeiro concentra 17% dos moradores de favelas do Brasil, indica a pesquisa. “A gente sabe que o Rio de Janeiro é o único estado da Região Sudeste em que mais de 10% da população moram em favelas”.

Há também um aspecto interessante, observou, que é o fato de as favelas da zona sul contribuírem bastante para a renda média dos moradores. Renato Meirelles disse que, em geral, há muito dinheiro que entra nas comunidades da zona sul do Rio e que não entra nas favelas da zona oeste, por exemplo, em função da maior atividade do turismo na região.

O estudo mostra que 29% dos habitantes de favelas do Rio são oriundos de outros estados, enquanto em São Paulo, esse número sobe para 52%. “A favela é um território da miscigenação, de forma clara, e isso acontece em São Paulo e no Rio”.

A pesquisa nacional aponta a existência de mais solidariedade nas favelas do Rio de Janeiro do que fora delas. Segundo explicou Renato Meirelles, há um ecossistema econômico nas comunidades que é  oriundo de um passado de restrição, mas que faz com que as pessoas se ajudem muito mais dentro das favelas. “E isso, no Rio, é ainda mais forte”.

Apesar do otimismo observado pelos pesquisadores com a amostra de 1.003 moradores de 12 comunidades cariocas entrevistados, dos quais 80% afirmaram que sua vida melhorou no último ano e 85% avaliaram que a comunidade onde moram também melhorou no último ano, Meirelles salientou que não se pode confundir a melhora de vida nas favelas e o aumento da renda, como o fim dos problemas dessas comunidades: “A gente ainda tem uma ausência enorme de serviços públicos dentro das favelas brasileiras. E no Rio, não é diferente”.

Destacou também que quando se fala em favelas no Rio de Janeiro, há uma associação quase imediata com os morros quando, na verdade, esse tipo de favela só é comum na zona sul do Rio. “Menos de 1% das favelas nacionais estão em morros. Esse é um dado que as pessoas não atentam. As favelas da zona oeste do Rio não são em morros”. Explicou que pela relevância que a cidade do Rio de Janeiro tem e a zona sul, em particular, como cartão postal do Brasil, essa característica ganhou importância. Mas o morro está longe de representar a geografia das favelas do país, assegurou.

Nas comunidades do Rio de Janeiro, a média de idade dos moradores é 36 anos, contra 29 anos na média nacional, com predominância de mulheres (51%), contra 49% de homens. Isso mostra, disse o presidente do Instituto Data Popular, que as favelas do Rio de Janeiro são mais velhas do que no restante do Brasil. “O que a gente tem no Rio é uma favela estabelecida junto com a cidade há mais tempo”, apontou.

A pesquisa revelou, ainda, que indagados se gostariam de sair da comunidade para morar em outro bairro, 78% dos habitantes das favelas cariocas disseram não, contra apenas 21% que têm essa vontade.

 

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-09/moradores-de-favelas-do-Rio-movimentam-12%2C3%20-bilhões-por-ano

 

 

Redação

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O outro lado da favela – Revista Brasileiros

    O outro lado da favela

    26 de agosto de 2014
    Renato Meirelles

    Para entender as transformações que veem ocorrendo e seu impacto no futuro da sociedade, é necessário romper paradigmas e reformar conceitos para oxigenar o debate; Leia artigo de Renato Meirelles, presidente do Data Popular

    Marcelo Horn/ GERJ (14/06/2013).

    Marcelo Horn/ GERJ (14/06/2013).

    Posso dizer que abracei vigorosamente essa missão no ano passado, quando demos forma ao Instituto Data Favela e iniciamos um périplo investigativo por 63 comunidades de todo o Brasil. Parceiro nessa aventura, caminhou comigo o fundador da Central Única das Favelas, produtor cultural e ativista social Celso Athayde, notório conhecedor da complexa realidade das periferias. O estudo Radiografia das Favelas Brasileiras confirmou, na tabela fria das estatísticas, o que já tínhamos descoberto nas andanças exploratórias pela base da pirâmide social. Portanto, amigo leitor, aposente a visão estereotipada de que os moradores de comunidades são miseráveis incultos, indolentes e bárbaros. Posso assegurar, em palavras e números, que não foi essa a população encontrada nas ruas, vielas e becos percorridos.

    Com rigor científico, pudemos determinar, sobretudo, o que a favela não é – ou aquilo que deixou de ser. Persistem, de fato, graves problemas estruturais, da falta de água à ausência da coleta regular de lixo. Porém, vigora o traço heterogêneo na distribuição da prosperidade recente. Há quem labute demais para pagar um modesto colchão de molas, mas pode o vizinho encontrar-se empenhado em instalar uma banheira com hidromassagem no espaço da laje.

    Convém, como referência informativa, nomear os fatores que, recentemente, tornaram a favela séria candidata à redenção. Em primeiro lugar, destaque-se a queda acentuada nas taxas de desemprego e a multiplicação das vagas formais de trabalho. Hoje, metade dos trabalhadores que residem em favelas tem emprego formal. O contracheque é o salvo-conduto que permite acesso ao território do crédito e do consumo planejado.

    Outro fator fundamental nessa virada é o aumento da escolaridade. Dos moradores com mais de 60 anos, 28% não têm escolaridade, situação que aflige só2% na faixa de 18 a 30 anos de idade. Quem sabe mais constitui padrões comparativos, exercita o senso crítico e se habilita a ter as reivindicações ouvidas. Além disso, passa a desenvolver atividades mais rentáveis. Muitos jovens da favela, antes dos 20 anos, ganham mais do que seus pais.

    Nesse contexto de reinvenção, muitas favelas transformam-se gradualmente (ou rapidamente) em bairros. Foi o que comprovamos em diversas cidades, para que escapemos do exemplo fácil do Vidigal e da Rocinha, no Rio de Janeiro. Os revigorados núcleos urbanos convertem-se logo em foco de interesse de empresas privadas de diferentes segmentos. A pesquisa atesta que esse processo acaba por reter o dinheiro por mais tempo na comunidade. Éo caso do Complexo do Alemão, no Rio, que hoje assisteàrápida multiplicação de negócios formais, de agências bancárias a lojas de lingerie.

    Ora, se há vida econômica cada vez mais vigorosa, o Estado é logo compelido a melhorar a oferta de serviços públicos. E o mesmo sucede às empresas privadas. O resultado é a elevação da autoestima dos moradores: 62% declaram ter orgulho de pertencer à favela onde residem e 66% afirmam que não gostariam de deixar o local.

    Para quem ainda reluta em acreditar nessa revolução silenciosa, convém revelar que os quase 12 milhões de moradores de favelas movimentaram em 2013 mais de R$ 63 bilhões. Quer conhecer esse novo Brasil dentro do Brasil? Suba o morro. Ouse provar os sabores e perfumes desse saudável ambiente de impermanências. A favela é vanguarda e dita regras para a mudança.

    ECO_Indicadores_Ed 852

    *Renato Meirelles é presidente do Instituto Data Popular

  2.  
    Mas a inclusão não pode ser

     

    Mas a inclusão não pode ser apenas via consumo.

    Nos prédios populares já há mais carros que vagas nas garagem/estacionamento e falta traquejo dos moradores/síndicos com essa nova realidade.

     

  3. Tanto faz porque é óbvio que
    Tanto faz porque é óbvio que quem.mora na favela come seu almoço ,como eu, todos os dias.
    Parece uma campanha de desinformação isso.

    Favela tem prazo para acabar. É só dar o registro e pronto, acabou.
    Mas aí é que vem o problema.

    Com o registro, os favelados vão vender seu barraco. Quem vai comprar será gente com dinheiro e construtoras.
    E….e… Vc acham que os favelados vão pra onde?
    As opções são duas:
    Com o dinheiro eles comprariam um apto do programa MCMV.
    Ou constroem outro barraco no que hoje ainda é área verde.

    A questão é porque não construiriam onde não é permitido construir?

    Há outras questões. O pessoal é muito tolerante com pobres morando em.locais onde não dão permitidas construções mas…e se for uma pessoa rica como por exemplo a família Marinho?
    Vai poder ficar ali depois de comprar a favela dos favelados?

    Não adianta tapar o sol com peneira.!!!

  4. Athos

    isso tb acontece com muitos lotes desapropriados para a Reforma Agrária, pessoas da cidade com casa invadem o movimento, ganham o lote e depois vende..nesse caso acho que poderia criar um mecanismo jurídico que proibisse a venda e propriedade do lote..quanto às favelas, principalmente as do RIO que fcaim nos morros, poderia tb ser feito da mesma maneira: urbaniza, implanta políticas públicas e tomba todos os morros, áreas de marinha, vegetação e etc como Patrimônio Público, talvez por aí evitasse esse processo que vc fala, se bem que ele já está em andamento faz tempo..

    Abraços 

    1. Proibir venda é
      Proibir venda é impossível..Não há justificativa.
      O problema é outro.

      O que deveria ser proibido é construir em locais onde SIC são proibidas construções.
      Não é tão difícil porque já é proibido.
      É só querer!

  5. La vem novamente a

    La vem novamente a inacreditavel expressão MOVIMENTOU TANTO, o que é que significa em economia MOVIMENTAR?  É receita, é despesa, é a soma dos dois, é investimento, é o dinheiro que passou pelos caixas, é expressão TOSCA, VULGAR, que não significa nada, só é usada por leigos, porque é uma expressão popularesca, imprecisa, confusa , imperfeita e grotesca.

    O que é ESTATISTICAMENTE movimentou tantos reais numa favela?

  6. isso só vem a comprovar que

    isto só vem a comprovar que temos uma favela riquíssima na casa dos bilhões e que talvez a segunda via à esquerda do poder seja uma política federal de expansão da favelização para o país todo, afim de obtermos exponenciais taxas de crescimento chinês a tempo recorde do sucesso personal e um pouco antes de morrer de bala perdida logo ali na via sacra de uma vida…

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador