“Prévia do PIB” confirma descompasso entre inflação e medidas monetárias

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Considerado a “prévia do PIB” (Produto Interno Bruto), o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) divulgado pelo Banco Central cooincidiu com o que alguns analistas esperavam. Segundo a autoridade monetária, a expansão do indicador durante o primeiro trimestre chegou a 1,05% em relação ao quarto trimestre do ano passado, ou 0,72% na variação dessazonalizada, ao passo que a comparação com março de 2012 aponta um avanço de 3,61%.

Em nota, os analistas do Itaú Unibanco sinalizam que o “fechamento sazonalmente ajustado está em linha com a expectativa de 1% para o crescimento do PIB no primeiro trimestre”. O dado completo será divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no próximo dia 29 de maio. E por conta disso, deve-se ter em mente que os dados são apenas uma prévia.

“Pegando as últimas prévias do IBC-Br, elas não foram tão precisas assim. Ao longe de 2012 teve um certo descompasso, e só no fim do ano o Banco Central calibrou a previsão, e bem perto da divulgação do PIB eles anunciaram os dados prévios”, diz o professor José Kobori, do IBMEC de Brasília, ressaltando que a “imprecisão” desses indicadores se deve ao fato do cálculo levar dados reais em consideração, sem uma amostra pré-estabelecida como acontece com outros indicadores.

“A tendência realmente é que, em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, que é a mais correta de se fazer, você vê que existe uma tendência de crescimento ao longo de 2012, quando os juros vieram caindo”.

Deve-se ter em mente que toda decisão monetária tomada pelo Banco Central leva pelo menos seis meses para que seu impacto seja sentido na economia como um todo. Devido a tal pressão, os números do PIB devem vir um pouco mais fortes neste primeiro trimestre do ano, apesar da virada de tendência contrária decorrente da política de juros atual.

Porém, para o professor Kobori, esse descasamento acaba gerando algumas preocupações. “O que preocupa o mercado e os especialistas é justamente esse descasamento entre o momento da retomada da atividade e da inflação. O Banco Central tem como meta garantir que a inflação fique dentro da meta estabelecida, e no mês passado ela estourou o teto”. De fato, segundo o IBGE, a inflação acumulada em 12 meses até o mês de março chegou a 6,59%, mas o resultado perdeu um pouco de força em abril, para 6,49%.

Na visão do professor do Ibmec, a retomada do ciclo de ajuste de juros deveria ter sido feita pouco antes do adotado pela autoridade monetária – “ela deveria ter sido iniciada uma ou duas reuniões antes, e com uma dose um pouco mais forte”. Isso se deve ao risco de aumento da pressão inflacionária que tem se formado, levando o mercado a experimentar um período de inflação um pouco acima do teto da meta na avaliação em 12 meses. E, por conta da pressão, os dados do PIB devem ficar um pouco abaixo do que a prévia traçada pelo Banco Central estima.

Por outro lado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou satisfação com crescimento de 1,05% da atividade econômica do país no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os últimos três meses de 2012 mas, segundo informações da Agência Brasil, disse que é preciso aguardar o dado concreto, a ser divulgado pelo IBGE no fim do mês.

“Elas [estimativas do IBC-Br] combinam com as projeções que estão sendo feitas pelo mercado. Porém eu prefiro ser cauteloso e esperar o verdadeiro resultado do PIB que será anunciado no próximo dia 29. É preferível esperar o dado concreto. Não vamos nos antecipar e esperaremos o final do mês”, disse o ministro.

 

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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