Eike Batista tinha visão para a infraestrutura nacional

Jornal GGN – A visão de Eike Batista para a infraestrutura nacional não se concretizou por suas mãos. Mesmo assim, projetos concebidos pelo empresário começam a se tornar realidade com novos gestores, que compraram as ideias dos credores depois de sua derrocada financeira.

O porto do Açu, por exemplo, em São João da Barra, no Rio de Janeiro, resolve problemas logísticos históricos das indústrias mineradora e de petróleo. As obras foram tocadas primeiro pela LLX, empresa de logística do grupo EBX. O controle, desde 2013, é do fundo americano EIG, que criou a Prumo Logística para retomar as obras.

Eike queria mais do empreendimento. Ele tinha um conceito de porto industrial. Chegou a prometer uma fábrica de carros elétricos no local, uma área com térmicas a carvão que seriam operadas pela MPX, empresa de energia do seu grupo.

O projeto foi redimensionado para atender a outros interesses. “Fizemos uma mudança na gestão e também no projeto inicial, porque tínhamos a convicção de que, pela localização, o porto tinha vocação principalmente para petróleo e gás”, disse o presidente da Prumo, José Magela Bernardes.

“Demos sorte de, no momento em que o petróleo caía no mercado internacional, estarmos ainda construindo o porto. Agora, acreditamos que o ciclo de baixa está se revertendo”.

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Da Folha de S. Paulo

Empresas do antigo império de Eike Batista saem do papel e já operam

Por Lucas Vettorazzo

A derrocada do antigo grupo EBX, do empresário Eike Batista, manchou a face privada dos projetos de infraestrutura brasileiros e levou ao prejuízo milhares de investidores. Cedidos a credores e vendidos a novos gestores, no entanto, vários desses empreendimentos foram reformulados e conseguiram, finalmente, sair do papel.

Dois dos projetos mais emblemáticos do grupo, o porto do Açu e o porto do Sudeste foram adiante, porém não com a escala inicialmente imaginada por Eike Batista.

Propagandeado como a Roterdã dos Trópicos, o porto do Açu, em São João da Barra (norte do Rio), nasceu sob o conceito de porto industrial, na qual compunham o empreendimento dois grandes terminais de atracação de navios acoplados a um distrito industrial com usinas térmicas e áreas de transbordo de minério e de petróleo.

Com área prevista de 90 quilômetros quadrados, o porto do Açu tinha obras tocadas pela LLX, a empresa de logística do grupo EBX.

O controle saiu da mão de Eike no final de 2013 e passou para o fundo americano EIG.

Criou-se então a empresa Prumo Logística, que retomou as obras praticamente paradas na ocasião. A Prumo foi a única das empresas originárias do grupo que não pediu recuperação judicial.

Em outubro de 2014, chegou o primeiro carregamento de minério de ferro da empresa Anglo American, cujo contrato remontava a parceria cavada por Eike Batista. No dia 7, a empresa inaugurou um terminal de comercialização de combustível marítimo em parceria com a BP. Um terminal de transbordo de petróleo, que também entrou em operação, tem como primeiro cliente a BG/Shell. O contrato, que deve movimentar 200 mil barris por dia, nasceu com a nova administração do porto.

Outro terminal multicargas também iniciará sua operação movimentando bauxita para a Votorantim. Mais adiante esse terminal poderá, segundo a Prumo, movimentar contêineres.

NOVA VOCAÇÃO

O porto do Açu renasce agora sob uma nova ótica. Eike, que chegou a prometer inclusive uma fábrica de carros elétricos no local, pensou em uma área industrial com térmicas a carvão, que seriam operadas pela então MPX (empresa de energia do grupo, que passou às mãos da alemã E.ON e hoje se chama Eneva) e empresas de chips eletrônicos, volta sua atenção ao petróleo. “Fizemos uma mudança na gestão e também no projeto inicial, porque tínhamos a convicção de que, pela localização, o porto tinha vocação principalmente para petróleo e gás”, disse o presidente da Prumo, José Magela Bernardes.

“Demos sorte de, no momento em que o petróleo caía no mercado internacional, estarmos ainda construindo o porto. Agora, acreditamos que o ciclo de baixa está se revertendo”, completou.

PORTO SUDESTE

No porto do Sudeste, a MMX, antiga empresa de minério do EBX, passou o controle para o fundo Mubadala, do governo de Abu Dhabi, e a holandesa Trafigura, que assumiram R$ 1,3 bilhão em dívidas e fizeram um aporte de US$ 400 milhões em novos investimentos.

O primeiro embarque de minério de ferro ocorreu em setembro do ano passado.

Com a derrocada do grupo, Eike Batista foi cedendo uma a uma antigas participações aos principais credores. Além do porto do Sudeste, o fundo Mubadala ficou também com 100% do Hotel Glória, cerca de US$ 300 milhões em ações do Burger King, e a Minesa, antiga mina de ouro do grupo X na Colômbia, entre outras participações.

Redação

5 Comentários

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  1. O maior erro do Eike foi
    O maior erro do Eike foi querer produzir algo nesse país. Podia aplicar em moeda ou título do governo. Hoje estaria tranqüilo. Os rentistas tem horror de quem produz.

  2. Mais um empreendedor

    Mais um empreendedor verdadeiro, que apesar do erro que cometeu, foi liquidado pela turma do “assim não pode, assim não dá”…

    Depois se quer acreditar que grandes empresários iriam assumir os projetos que a iniciativa pública tocou, ou toca presentemente. Um dia surgirá uma fadinha da floresta, que junto com Papai Noel e o coelhinho da Páscoa irão conduzir o Brasil à prosperidade de um país liberal-capitalista.

  3. É impressionante a falta de

    É impressionante a falta de memória do brasileiro!!!!! O cara fraldou contratos, foi financiado com dinheiro público, deu prejuízo de bilhões ao país e agora é um quase herói… Vai entender esse povo! 

     

  4. Mais uma prova, além da BrOi,
    Mais uma prova, além da BrOi, que demonstra que as empresas de estruturas no Brasil devem ser do Estado, ou entregue à estrangeiros.

    A BrOi foi entregue a portugueses, e o porto de Açu ao fundo americano EIG.

    Uma característica gritante que engloba ambos:

    Muito dinheiro estatal e uma fortuna dos fundos de pensão.

    1. mais uma prova….

      Não acredito em tamanha inocência nem tamanho despreparo por parte do Eike. O filho do Min. Eliezer Batista, esperou por 30 anos, o fim do monopólio estatal e a liberação do controle e exploração do subsolo brasileiro (que o próprio paí dele havia mapeado) para montar suas empresas. Conseguiu com a” nova industrialização nacional”, um aporte fantástico de dinheiro via BNDES. E agora por coincidência, este patrimônio todo cai nas mãos de americanos ( nossos maiores concorrentes) via Abu Dhabi e nas mãos de holandeses, proprietários da Shell (  a maior interessada eem tomar os  c ampos do Pré -Sal da Petrobras)? Acorda Terra da Inocência, aqui ainda se acredita que combatendo a industriualização e o capital e somente dando bolsa-familia para diminuir a pobreza construiremos um país para todos. Quanta mediocridade.

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