Para investidor, governo deve incentivar ‘startups ambiciosas’

Jornal GGN – Jornal GGN – Apesar de investidores e analistas terem aprovado, com poucas ressalvas, o projeto de lei que cria incentivos para startups, nem todos concordam com algumas propostas. Para o investidor Anderson Thees, cofundador e diretor-executivo da Redpoint e.ventures, fundo de investimentos voltado apenas para startups brasileiras, “o ideal seria incentivar startups de grande potencial e não empresas novas e pequenas”. Para o investidor, o projeto mostra boa vontade na direção certa, mas precisa ser melhorado “para ter impacto real e de longo prazo”. O segredo, diz, não é ajudar a começar,mas diminuir as barreiras para ‘continuar’ e, principalmente, para dar certo”, resume.
 
Na semana passada, analista e investidor disseram ter gostado, de uma forma geral, do projeto de lei aprovado na semana passada pelo Senado, que cria isenção de impostos para empresas iniciantes de tecnologia. Para quem vive no mundo das startups, os sistemas financeiro e regulatório do país também precisam de inovação. Criado pelo senador José Agripino (DEM-RN), o projeto (PLS 321/2012) institui o Sistema de Tratamento Especial a Novas Empresas de Tecnologia (Sistenet) para beneficiar startups com receita bruta trimestral de até R$ 30 mil e no máximo quatro funcionários. 
 
Na contramão de alguns investidores brasileiros, Thees acredita que o número de funcionários previsto pelo projeto é “muitíssimo baixo”, no caso de a startup ter uma grande potencial tecnológico. “Uma empresa que permanece quatro anos com quatro empregados, provavelmente não  será um projeto que realmente ajude a mudar o Brasil”, vaticina. Para o investidor, é dfícil estimar um número preciso, pois varia de acordo com o negócio. Thees não considera o critério bom, e diz que deveria ser um número maior, “uns 30 pelo menos”, estima. “Afinal, queremos incentivar a criação de empregos, não é? Limitar [esse número] me parece pouco inteligente”, completa.

A Redpoint e.ventures é um nova gestora de capital de risco brasileira, sediada em São Paulo, com equipe local e um fundo de US$ 130 milhões para investir em startups nacionais. Criada no início do ano passado, a empresa é fruto de uma joint-venture de dois fundos do Vale do Silicio: Redpoint, que fica em Menlo Park, e bv e.ventures, que fica em San Francisco. Até agora, no primeiro fundo, dos 18 investimentos da empresa, sete já foram feitos. 
 
Startups ambiciosas
 
Em relação ao valor trimestral da receita, o investidor questiona se o  foco do projeto, “é criar uma empresa pequena e nova ou fomentar o surgimento de startups ambiciosas”. Ele sugere que o incentivo nao seja com base na receita, “porque, de novo, cria um incentivo para bloquear o crescimento”. “Imagina só: ‘opa, deixa eu parar de vender neste mês senão cruzo o limite  e perco os incentivos fiscais; aí, em vez de ser premiado, serei punido pelo crescimento!’, meio ridículo, nao?”, critica. Thees propõe que se o incentivo tiver que ser por receita, “que pelo menos seja alinhado ao crescimento, por exemplo R$10 mil mensais para cada empregado contratado”.
 
No entanto, o investidor  afirma que, idealmente, o incentivo deva ser por lucratividade, que é o que indica melhor a habilidade da empresa para pagar impostos. “Se eu fosse o ‘CEO’ do Brasil estaria feliz da vida em dar isenção para uma empresa com cinco anos que estivesse com mil funcionários, faturando R$ 1 milhão por mês, mas que ainda estivesse dando prejuízo porque consegue levantar dinheiro com investidores para continuar crescendo rápido. Quem sabe assim  não aparece um Facebook ou um Google por aqui?”, questiona o investidor.
 
Em relação à possibilidade de o Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) oferecer, em parceria com o Ministério da Fazenda, incentivos também para investidores, Thees sugere que “dificultar menos a vida dos empreendedores é, de longe, o melhor incentivo que o governo pode dar aos investidores”. O investidor da Redpoint conta que reduzir alíquotas para sua categoria “seria mexer no lugar errado”. “Claro que adoraria, mas não acho que seja o caminho certo; [o governo] tem que melhorar para todos os empreendedores primeiro”. Thees explica que são poucas as startups que recebem investimentos, “e essas, de largada, já estão melhores do que a média por conta de acesso a recursos”. Thees finaliza, dizendo que o que o país precisa é de “um ecossistema favorável ao empreendedorismo, e não subsídio para investidores”.
 
 
Redação

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