Crise abate a imprensa espanhola

Dos Blogs Estadão

Crise agrava situação de imprensa espanhola: mais fechamento de empresas e corte de benefícios

Karla Mendes

Fechamento de jornais, corte de tíquete-alimentação, resultados de balanços negativos, mais demissões. Não é nada glamoroso o cenário da imprensa espanhola, reflexo da crise que não poupa nenhum setor de seus efeitos devastadores.

A mais recente baixa nos meios de comunicação da Espanha foi o fechamento do Canal 4 Navarra, que transmitiu seu último programa em 29 de fevereiro, com o título ‘Canal 4 In memoriam’. A rede de TV encerrou suas atividades depois de 18 anos de história e deixando sem emprego 19 funcionários. A decisão foi tomada pelo Grupo Prisa, o mesmo que controla o jornal El País.

Conforme antecipou este blog em 3 de fevereiro, o Diário Público praticamente fechou as portas. O jornal, publicado em Madri há cinco anos, não circulará mais em versão impressa e passa a ter somente a edição digital. Resultado: 134 dos 160 trabalhadores foram despedidos. Até então, só a edição online do jornal dava emprego a 30 pessoas, sem contar o quadro administrativo e de sistemas.

Corte de benefícios

A agência de notícias Europa Press acabou recentemente com o benefício de vale-alimentação para seus funcionários. É um baque bastante representativo de 150 euros mensais ou 1.800 euros anuais nos salários dos jornalistas da empresa, que ganham em sua maioria cerca de 14.000 euros por ano (ou R$ 35.000), um dos salários mais baixos dos meios de comunicação tradicionais da Espanha, segundo pesquisa divulgada recentemente pela APM, a associação da imprensa de Madrid.

Em um comunicado enviado ao quadro de funcionários, o presidente da Europa Press, Asís Martín de Cabiedes justificou a medida como parte do severo programa de corte de gastos que a empresa tem implementado desde o ano passado, em consequência do “agravamento da crise econômica em geral”.

O executivo explica na carta que a medida tem efeito temporário, mas adverte que ninguém deve “se enganar”, pois ele não é capaz de prever quando o subsídio do vale-alimentação voltará. “Tudo aponta que a difícil situação atual se agravará para nós, durante os próximos anos”. Esse cenário obscuro, segundo Cabliedes, “nos obriga a manter a dura política de contenção de custos, com a qual estamos priorizando manter o emprego”. O objetivo da empresa é efetuar um corte de gastos de 1,5 milhão de euros.

Outro sinal de que as coisas não estão nada bem são os resultados negativos dos meios de comunicação.  Dados publicados recentemente mostram que o El País acumula uma perda de receita de 38%, ou 137 milhões de euros, desde que começou a crise em 2007. Nesse mesmo período, outro grupo empresarial do setor, o ABC, registrou perdas de 25%.

Luis Nassif

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