Escócia permanece na Grã-Bretanha

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A Escócia não será independente do Reino Unido, decidiu a maioria dos eleitores (55,3%) no referendo realizado no país, nesta quinta-feira (17). Em torno de 84% da população escocesa participou da votação, um total de 4.285.323 eleitores.
 
Do Estado de S. Paulo
 
Escócia decide pelo ‘não’ à independência
 
Por Andrei Netto, correspondente
 
Resultado oficial saiu na madrugada desta sexta-feira, 19, quando urnas indicaram 55% a 45%; premiê britânico diz que cumprirá promessa de transferência de poderes para Edimburgo, mas quer esperar resultados das eleições gerais da Grã-Bretanha em 2015
 
Em um dia histórico na trajetória milenar da Escócia, 55,3% dos eleitores decidiram pela vitória do “não ” à independência em relação à Grã-Bretanha, contra 44,7% pela secessão. O resultado foi anunciado nesta madrugada, pouco antes das 5h50, horário local – 1h50 no Brasil -, quando a apuração dos 3,6 milhões de votos chegou a 80%. Em pubs e praças públicas de Edimburgo e Glasgow, festa e decepção dividiram os escoceses, encerrando dois anos de disputa.
 
Ao todo, a campanha Better Together, liderada pelo ex-ministro de Finanças trabalhista Alistair Darling, com o apoio dos três maiores partidos britânicos, alcançou 2.001.926 votos, contra 1.617.989 votos para a Yes Scotland, campanha liderada por Alex Salmond, primeiro-ministro escocês e líder do Partido Nacional (SNP). O resultado foi atingido com uma participação recorde desde 1950: 84,5% dos eleitores inscritos nas listas eleitorais foram às urnas, dado que confirmou a mobilização popular em torno da autonomia em relação à Grã-Bretanha.
 
Tão logo a vitória sobre o não foi informada, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, publicou uma mensagem nas redes sociais felicitando o primeiro-ministro da Escócia, Alex Salmond, pela campanha e confirmando que apresentará um plano de reforma constitucional para transferir mais poderes para Edimburgo, cumprindo a promessa que fizera antes do pleito é que pode sido decisiva sobre o eleitorado.
 
Mas, na primeira hora da manhã, Cameron fez um pronunciamento oficial sobre o tema, condicionando a entrega dos novos poderes à Escócia ao resultado das eleições parlamentares da Grã-Bretanha programadas para 2015. “Nós ouvimos a voz da Escócia e agora milhões de vozes da Inglaterra devem ser ouvidas”, argumentou. 
 
O premier ainda deu a entender que pode exigir em troca dos novos poderes o fim do direito a voto dos parlamentares da Escócia em Westminster, o parlamento britânico, em Londres. Essa contrapartida tende a causar imensa controvérsia política, porque dos 40 deputados escoceses, 39 apoiam o Partido Trabalhista (Labours). Na prática, ao realizar as reformas constitucionais Cameron abalaria seu maior rival, o líder trabalhista Ed Miliband, que, pesquisas indicam, é o favorito para a chefia de governo no próximo ano. Miliband deve se pronunciar até o início da tarde de hoje em Glasgow, maior cidade escocesa, onde o “sim” à independência venceu com 53% dos votos.  
 
Outra controvérsia – que indica que a crise política na Grã-Bretanha está longe do fim e ainda pode causar até mesmo a queda de Cameron, pela insatisfação de seus correligionários conservadores – foi a declaração pós-plebiscito feita pelo líder radical de direita Nigel Farage, do Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP), que prega o rompimento entre a Grã-Bretanha e a União Europeia. Farage afirmou que não concorda e não se comprometerá em transmitir mais poderes para Edimburgo. “O fato de que três líderes partidários fizeram acordos em lugar de milhões de eleitores britânicos não significa nada”, disparou. “Por que eu deveria aceitar um acordo feito com a Escócia em momento de pânico do primeiro-ministro?”
De lado dos independentistas, o resultado do plebiscito não pode ser considerado uma grande derrota.
 
Durante os dois anos de campanha, a Yes Scotland esteve sempre atrás na preferência, e apenas há 10 dias uma sondagem indicou sua liderança. Alex Salmond cobrou de Cameron a transferência de novos poderes para Edimburgo, disse que aceita o resultado e que a Grã-Bretanha deve continuar a caminhar “como uma única nação”. Mas, fiel às diretrizes do SNP, deu a entender que a luta pela independência da Escócia viveu ontem apenas mais uma etapa de avanço reiniciado nos anos 1950, sem descartar que um novo referendo seja convocado no futuro. “É importante afirmar que nosso referendo foi processo acordado e consentido e a Escócia decidiu em sua maioria não se tornar um país independente neste momento”, afirmou, exortando a seguir: “Eu aceito o veredicto do povo e apelo a todos da Escócia que aceitem o veredicto democrático”.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

45 Comentários

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  1. Ê, mundo dividido…

    Cada vez mais divisão. Por uns dias houve apreensão pois estavam praticamente em igualdade os que diziam Sim ou Não. No final 45% dos votantes, desejaram a divisão. Por isto que quem governa, sempre tem um grande número de não contentes. Não é um fator puramente brasileiro. Cada vez mais as eleições estão divididas. Se o concenso era um sonho, cada vez mais se torna pura utopia.

  2. Liberdade ainda que tardia

    55% à 45% ! No proximo referendu, o sim passara ! Pelo menos a Escocia não adentrou a violência entre separatisas e não separatistas, catolicos e protestantes da Irlanda. Até hoje, A Irlanda do Norte vive sob tensão e terrorismo, ainda que o Ira não exista mais como antes.

    1. Minha querida Maria:
      A

      Minha querida Maria:

      A iRLANDA faz muito tempo que vive em paz.O Ira acabou,E acabou porque a Inglaterra deu muitos benefícios pra ela.Tudo embaixo do pano,

              E a Irlanda nem precisou fazer plebiscito.Conquistou quase tudo o que queria sem alarde e o Ira desintegrou.

                    O melhor ator vivo no planeta se chama Daniel Day-Lewis

                      Faz muito e muito tempo que fez o filme ”Em nome do pai”(

                         Hoje não é mais necessário.

                   Concentre sua atenção pros ”bascos” na Espanha,

                     Lá está adormecido,mas o bicho vai pegar

                       O ”ETA” continua ativo 

                           Abraços!

      1. Paz do cemitério.

        Porque a Inglaterra deu muitos benefícios pra ela.

        Faz-me rir!

        Veja alguns dos  “beneficios Ingleses” na Irlanda do Norte no site abaixo:

        http://mcgurksbar.com/wp-content/uploads/2012/04/From_Palestine_to_Belfast.pdf

        Até parece os “beneficios franceses” na Argélia!

        O SAS  e  as  MRFs   fizeram sua parte: a história pós-guerra da contra-insurgência britânica esta a  testemunhar que o horror do terror patrocinado pelo Estado deve continuar sem esmorecer.

         

         

    2. Não haverá outro referendo. A

      Não haverá outro referendo. A decisão é definitiva.

       

      Determinados assuntos não podem ficar indo e vindo ao sabor dos ventos. Vc tem que saber perder.

      A chance era uma só, acabou.

       

       

      1. pois é

         Daqui a 100 anos os ventos podem mudar… Seria surpresa se o sim ganhasse, quem conheceu a Escocia, apesar de se posicionarem como outro Pais e cultura, sabe bem que os mais velhos ali, não abrem mão de fazer parte do Reino Unido. E familia real inglesa é boa de marketing e patrocina essa falsa unidade, além de entregarem os anéis para não pederem todos os dedos.

      2. Para com isso,meu. A lei é

        Para com isso,meu. A lei é confusa.

           Mas  no pior das hipóteses ,outra chance terá em menos de 15 anos.Escrevi na pior.

              E na melhor,em torno de uns 10 anos.

            MaIs o menos o que aconteceu no Canadá quando um estado quis se tornar independente;.Perdeu por menos de MEIO por cento, e não se interessou mais pelo assunto.

                 Não se interessou,mas pela lei ( menos de 20 anos) poderia tentar novamente.

                       Agora ,o grande desafio serão os bascos na Espanha.

                         Aí o bicho vai pegar.

        1. Me parece estranho que um
          Me parece estranho que um cidadão tenha que se manifestar duas vezes sobre o mesmo assunto durante sua vida.
          Qual seria a justificativa para isso?

      3. Nada é definitivo. É a lógica. Faz parte da teoria de sistemas

        De fato a única coisa “permanente” em um sistema é a “eterna” mudança. Sistemas são dinâmicos. Apesar de amarmos a previsibilidade, o que acontece com o passar do tempo e a inevitável entropia, é que virá a complexidade. Portanto, não fiquemos perplexos se antes que imaginássemos, as situações nos impuser a necessidade de mudanças. Aliás uma das causas do stress e adoecimento modernos, são a falta de flexibilidade, frente as inevitáveis mudanças dos/nos sistemas (seja mental, físico, social, econômico etc.)

    1. Nada a ver, está delirando,

      Nada a ver, está delirando, toda vez que uma unidade politica se separa de outra existe referendo, inclusive com emancipação de Municipios no Brasil.

      So falatava dizer que Chavez é que inventou o referendo.

      Nos EUA se faz referendo até para construir uma ponte.

      O problema do chavismo não é o referendo e sim o uso manipulativo que se faz dele.

    2. Referendo no chavismo…

      …só vale se o governo ganhar.

      Chavismo, bolivarianismo, castrismo, lulismo, comunismo, socialismo e petismo é tudo a mesma coisa. Um rótulo local para a tirania universal! São espécies do gênero PESTISMO!

  3. É quem disse que a Escócia

    É quem disse que a Escócia perdeu?

     

    O primeiro ministro escocês disse que está resignado, mas que sabe dos dividendos políticos que esse referendo irá trazer ao Reino Unido. Toda entrevista do David Cameron, premier britânico, ele lembra que não há perdedores ou vencedores nessa manhã de sexta-feira. Ele admite que vai iniciar grupo de trabalho a fim de discutir uma distribuição mais igualitaria de poder nos países que compõem o Reino Unido. Muito do ressentimento escocês está relacionado com as fortes caracteristicas culturais, muito mais do que a questão econômica. Hoje, por exemplo, partidarios do YES acusam o “governo central ” de boicotar o uso do gálico na escócia, fazendo com que escoceses percam suas raizes culturais, etc. Mas enfim, longe da Escócia ter perdido. o Reino Unido percebeu que se não der mais autonomia politico-financeira para os paises que o compõe, essa dor de cabeça de ter que convence-los a permaneceram unidos “Together we are more strong!” será repetitiva.

  4. Perderam, é verdade, mas a derrota teve sabor de vitória

    Os escoceses favoráveis à independência não têm por que ficar tão chateados assim. Pelo menos eles ganharam mais autonomia e serão mais respeitados pelos ingleses, pois o recado foi claro: muitos querem a independência e se as coisas não melhorarem, em termos de respeito e concessão de autonomia aos escoceses, num futuro próximo, o país pode ser independente sim, tranquilamente. Plebiscitos podem ser reeditados. Quando o povo quer, não há quem impeça.

      1. A diferença básica entre eu e vc é que eu penso com o cérebro

        E não com o intestino. Teu ódio pelo povo embota o teu esforçado intelecto. Um homem verdadeiramente perspicaz jamais ignora as evidências. A origem do poder está no povo, em qualquer sistema. O povo é a força. Quem não tem o povo ao seu lado tem um falso poder, tênue e que pode desmoronar a menor investida.

      1. Nada a ver. Nem em sonho isso

        Nada a ver. Nem em sonho isso é possível no Brasil. 

        Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

  5. Acho bom

    Gosto mais das ações de unificação, que melhoram a vida dos povos em geral. A ações divisionistas servem mais aos donos do mundo (dividir para reinar)

    1. Até compreendo o bom espírito de sua afirmação …

      Mas note que o contrário é o mais comum.

      Inclusive no próprio caso da Escócia.

      Talvez vc tenha misturado “reinar” com “conquistar”…

      Aí reinar sobre o conquistado, como no caso do Reino “Unido”

      Que não o foi, no passado, por escolha deles.

      Até ontem, foi com ambição, sangue, suor e lágrimas mesmo.

       

    2. Um governo global é a meta

      Um governo global é a meta numero 1 dos donos do mundo.

      O nacionalismo é o que impede a tomada de poder  por parte dos donos do mundo.

      Nem separação nem absorção , republicas federativas seria  uma  solução,  respeitando o principio da subsidiariedade.

       

      1. Depois desse “governo global”

        Depois desse “governo global” estou começando a desconfiar que  Aliança Liberal e o pseudônimo do Olavo de Carvalho.

        1. A onu destrói a soberania dos países…

          …a união européia dissolve os Estados nacionais…

          …a elite americana está migrando o poder dos EUA para instituições “multilaterais” controladas pelas organizações privadas…

          …os países subalternos ao Foro de São Paulo caminham para a união política da América Latina…

          Enquanto isto o JB na praça dando milho aos pombos…

  6. As autonomias de unidades

    As autonomias de unidades politicas são projetos de POLITICOS que querem com a autonomia ganhar um espaço de poder para si e seu grupo, ninguem está minimamente interessado em beneficios para a população.

    O primeiro ministro escocês é um demagogo de terceira categoria, esquerdista, que prometeu  muito mais do que poderia jamais cumprir para enganbelar os escoceses a entrar numa aventura que só beneficiaria a ele e seus cupinchas.

    Um territorio como a Escocia ser sócio do Reino Unido é infinitamente mais logico do que ser um paiseco inviavel só para ter a gloria de ser um Pais. O Reino Unido é  um dos cinco membros do Conselho de Segurança, mesmo com toda a decadencia do passado imperial é um grande Pais e uma potencia com projeção de poder global, demonstrou isso ao defender as Malvinas a 10.000 quilometros de Londres, alem disso Londres voltou a ser o centro financeiro mundial que foi por dois séculos, o Reino Unido é forte pelo seu conjunto, dividido perdem o conjunto e suas partes componentes.

    E como o ridiculo separatismo catalão ou basco, vale o que um Pais de dois milhões de habitantes? Autonomia para que? O Estado maior tem custos mas tambem traz vantagens,

    imagine a Catalunha ter uma Embaixada em cada Pais da America que fala espanhol, qual o custo disso? É uma coisa provinciana, pequena, minuscula como a cabeça de politiquinhos de aldeia que inventam essas “”autonomias”” tipo Sucupira.

  7. O próximo vai ser o Rio

    O próximo vai ser o Rio Grande do Sul que deve anexar Santa Catarina e depois São Paulo anexando Paraná e Mato Grosso do Sul.

    1. Ôbaaaa! Só assim deixo de ser

      Ôbaaaa! Só assim deixo de ser compatriota do Planchetta, digo, Zanchetta. 

      Mas, como alegria de pobre dura pouco, infelizmente, futuro ex que nunca foi do país “Supaulo” ou “Paunosul”(mistura de sul com São Paulo, gentílico “supauleiro” ou “pausuleiro”), isso é impossível. Então vai sonhando, vai sonhando.

  8. Como odiar uma abstração?

    A supremacia política do povo é um mito, caso fosse realidade os governantes fariam o máximo esforço para atender os seus anseios mais urgentes. No Brasil, por exemplo, a erradicação dos assassinatos seria a maior preocupação. Uma rede pública de saúde com o mínimo de qualidade estaria funcionando. Os políticos, sem exceção, não se locupletariam com verbas públicas.

    Alguns acreditam no poder popular. Outros acreditam na imparcialidade da justiça. Quando as duas crenças se manifestam no mesmo indivíduo é grave. 

    Como diferenciar o local do atropelamento de um advogado do de um gambá?

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    Antes do corpo do gambá tem marcas de freada.

  9. Que Vergonha!

    Que falta de dignidade! Esses escoceses só servem mesmo para fazer uísque. Ainda bem que os bons escoceses o têm, pois é hora de se embebedar para afogar a vergonheira do resultado desse referendo.

  10. Por favor: não vamos

    Por favor: não vamos extrapolar. Alguns assanhadinhos separistas, minoria da minoria da minoria, principalmente do sul e de São Paulo(o movimento é mais significativo neste estado), pensam ser possível aplicar isso no nosso país.

    J a m a i s! Pela via legal, impossível: a indissolubilidade é cláusula pétrea. Resta guerra de secessão. Topam?

    A Escócia compõe junto com a Inglaterra e o País de Gales a chamada Grã-Bretanha. Acrescentando a Irlando do Norte tem-se o dito Reino Unido. Os laços que os unem à Grã-Bretanha são infinitamente menores que os nossos aqui, de cunho federativo. Até no esporte isso é patente: Escócia, País de Gales e Inglaterra são países distintos para a FIFA. 

    Interessante é que nas Olimpíadas a coisa é diferente. Os três, mais a Irlando do Norte, participam junto, como se fossem um só Nação. Tanto que se fala em “equipes britânicas”.

     

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