Olímpiadas de Inverno em Sochi podem se virar contra Putin

Sugerido por Gunter Zibell – SP

Da Deutsche Welle

Com desistências de líderes, Jogos de Sochi podem se virar contra Putin

Presidentes da França e da Alemanha anunciaram que não participarão da cerimônia de abertura, e EUA vão enviar ex-atletas gays: rígida posição do governo russo contra a homossexualidade pode ofuscar os Jogos de Sochi.

A expectativa do governo russo é que os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi ajudem a polir a imagem da Rússia. Isso é tão importante para o presidente Vladimir Putin que há meses ele viaja regularmente a Sochi só para controlar o andamento dos trabalhos. Tudo tem de estar pronto a tempo. Panes não devem acontecer, afinal os Jogos deverão ser uma espécie de coroação do governo Putin.

“É claro que esses serão jogos de propaganda”, afirma Jens Siegert, do escritório moscovita da Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde da Alemanha. Há anos que Siegert acompanha de perto a preparação dos Jogos Olímpicos de Inverno pelos russos. “Os jogos estão sendo usados para jogar a luz mais positiva possível sobre a política de Putin e sobre o próprio Putin.”

Mas nem tudo pode ser planejado. Nas últimas semanas, uma série de notícias negativas ajudou a ofuscar o brilho dos Jogos. Não deve ter sido do agrado de Putin, por exemplo, o anúncio feito pelo presidente francês, François Hollande, de que não iria a Sochi, seguindo assim o exemplo do presidente alemão, Joachim Gauck. Embora os dois chefes de Estado tenham dispensado uma justificativa, deram a entender que as suas recusas têm a ver com a situação dos direitos humanos no país, em particular com as leis contra os homossexuais.

Gauck e Hollande não irão marcar presença em Sochi

Palavras claras vieram da comissária europeia da Justiça, Viviane Reding: “Enquanto as minorias estiverem sendo tratadas dessa maneira pelo governo russo, com certeza eu não irei a Sochi.”

Mensagem clara de Obama

Uma forma mais elegante de protesto foi escolhida pelo presidente dos EUA, Barack Obama. O governo americano afirmou que não enviará nenhum político do alto escalão, o que foi diplomaticamente atenuado com a observação de que isso não estava mesmo planejado. Além disso, a ausência de Obama foi justificada com problemas de agenda.

Ainda que o presidente americano não tenha expressado nenhuma crítica à Rússia ou à situação dos direitos humanos no país, ele enviou sinais claros do que pensa. Para as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos, a Casa Branca optou por incluir, na delegação americana, ex-esportistas que assumiram publicamente a sua homossexualidade. Uma delas é Billie Jean King, ex-estrela do tênis mundial que há muitos anos se engaja pelos direitos dos homossexuais. É de se supor que, em Sochi, ela também vá dizer algo sobre as leis discriminatórias aos homossexuais.

Mas é questionável se a sua mensagem será ouvida pela população russa. “Essa legislação é muito popular aqui na Rússia, e é aprovada por um número muito grande de pessoas”, diz Siegert. Por esse motivo, muitos russos acham que as críticas às leis contra os homossexuais não são sérias. “As pessoas acham que, por trás disso, há outros motivos, ou seja, manter a Rússia pequena para que o país não alcance de novo o topo.”

Estrangeiros estranhos

Ex-estrela do tênis Billie Jean King é hoje ativista homossexual e vai participar da abertura dos Jogos

Siegert avalia que os esportistas e os visitantes homossexuais não têm nada a temer durante os Jogos de Sochi. Apesar da atmosfera claramente homofóbica, ataques ou até mesmo prisões não deverão acontecer. “Penso que há instruções claras, vindas de cima, para deixar as pessoas em paz”, diz. Até mesmo beijos e abraços entre pessoas do mesmo sexo deverão ser tolerados. “Justifica-se a vista grossa com o fato de as pessoas no exterior serem mesmo muito estranhas e porque se trata de manter a reputação do país.”

Mas o diretor do escritório moscovita da Fundação Heinrich alerta os ativistas estrangeiros para os riscos de usar Sochi como cenário de protestos públicos e lembra a prisão dos 30 ativistas do Greenpeace, que protestaram há três meses contra as prospecções de petróleo no Mar do Norte e estão presos desde então. “Para o Kremlin, a prisão e a longa detenção dos ativistas do Greenpeace certamente servem de alerta para estrangeiros que planejem protestar em Sochi.”

O deputado alemão Andreas Schockenhoff, coordenador da cooperação russo-alemã, considera ações de protesto nos Jogos Olímpicos de Inverno como a opção errada no lugar errado. “Seria errôneo utilizar um momento que, embora prometa muita atenção pública, não trará consequências de longo prazo.” Quem quiser mudar algo na política tem que ser persistente e escolher o interlocutor adequado, argumenta o político conservador. “Os Jogos Olímpicos são uma festa do esporte, que não deve ser sobrecarregada com questões políticas.”

Ao final, a separação entre política e esporte poderá ir muito além do que anfitrião russo gostaria. Após as recusas de Washington, Berlim, Paris e Bruxelas, outros governos estão discutindo se vão estar presentes à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, em 7 de fevereiro – um grande número de ausências seria uma verdadeira ducha fria para Putin.

Redação

12 Comentários

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  1. É que o Hollande está muito

    É que o Hollande está muito ocupado em prestigiar Sua Majestade o rei Abdullah, líder daquele paraíso da diversidade sexual que se chama Arábia Saudita:

    http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/11/hollande-conversa-com-rei-saudita-sobre-ira-e-conflito-sirio.html

    E, de quebra, tratando de apoiar os amigos rebeldes, na Síria, que, como na Líbia, assim que chegarem ao governo, aprovarão o casamento igualitário:

    http://www.diarioliberdade.org/mundo/mulher-e-lgbt/24544-libia-liberada-a-onu-os-gays-sao-uma-ameaca-a-humanidade.html

    E tome-se imperialismo humanitário com a ajuda dos inocentes úteis de sempre, que fazem vista grossa para os crimes e a hipocrisia de figuras como o “Prêmio Nobel da Paz” Obama, Hollande, Cameron e camarilha, que só defendem direitos quando convém aos seus desígnios imperiais. 

    1. Menos, muito menos.
      Se não

      Menos, muito menos.

      Se não fosse a lei anti-lgbt haveria essas manifestações de “imperialismo humanitário”?

      Claro que não, tanto que as sedes das olimpíadas e da Copa foram escolhidas por órgãos mais simpatizantes aos EUA que a Rússia e há anos atrás, não?

      Quem se omite, e quase sempre, em relação a LGBTs é o autodenominado progressismo que adora pagar de defensor de causas, mas não fala nada sobre o que ocorre no Leste Europeu (especialmente Rússia), Oriente Médio, África em geral (exceto África do Sul), subcontinente indiano e América Latina.

      Muita coisa tem ficado clara nos últimos anos e a credibilidade da imprensa que se diz antiimperialista fica arranhada com essas coisas.

      Mas a vida segue.

      1. As estreitas relações de

        As estreitas relações de Obama, Hollande, Cameron com o reino saudita, como eu mostrei acima, demonstram que não se trata da lei homofóbica de Putin a questão. Ela é somente o cavalo de batalha geopolítico do momento. Como você deve saber, a lei saudita é imensamente mais severa do que o sonho mais homofóbico de qualquer líder reacionário russo.

        E os próprios pensadores imperialistas deixam claro quais seus planos quanto à Rússia. Brzesinski, por exemplo, já o delineou em O Grande Tabuleiro.

        O que se vê é que a militância dos direitos das minorias que idealiza as lideranças imperialistas e desconsidera todos os outros fatores acaba pautada pela agenda hipócrita dessas lideranças, por exemplo, privilegiando os ataques à Rússia a qualquer denúncia dos aliados ultrareacionários do império.

        Você, por exemplo, neste blog, publica trocentos artigos denunciando a Rússia e exaltando os líderes imperialistas (se não me engano, chegou até a publicar um artigo elogioso da monarquia saudita por alguma irrelevante concessão às mulheres – participação limitada na eleição para a impotente e decorativa assembleia consultiva do rei feudal) e mal publica artigos sobre os abusos muito mais mortais dos aliados do império. No mínimo, é pautado pela agenda imperial na escolha das denúncias.

        Quanto a mim, não posso falar sobre o “progressismo”, mas minha concepção coloca como prioridades a questão de classe e anti-imperialista em relação às demandas das minorias. Isso quer dizer que as demandas das minorias são interpretadas por uma ótica de classe. De nada adianta obter a igualdade formal para os LGBTs, se, na prática, só vai beneficiar os LGBTs burgueses, enquanto preserva a sua exploração enquanto trabalhadores. De nada adiantam, para as mulheres afegãs, os bombardeios humanitários, supostamente, em defesa da sua igualdade, se são elas, suas filhas e seus filhos os que são mortos. Interessa a luta feminista junto com a luta anti-imperialista e a luta de classes. Interessa a luta LGBT junto com a luta anti-imperialista e a luta de classes.

        O artigo que você reproduz tem o condão de legitimar o imperialismo, suas lideranças hipócritas e seus interesses geopolíticos. Chega a ser mais realista que os reis, atribuindo motivos que os próprios líderes, na sua “esperteza” , não chegaram a explicitar. Por exemplo, Hollande não deixou claro que sua não ida a Sochi é represália contra a homofobia. O que não impede o tom apologista do artigo.

        O beco sem saída da associação com o imperialismo não vai beneficiar a luta contra a homofobia na Rússia. Vai servir para Putin demonizar os homossexuais como agentes do imperialismo. A tendência é forçar o recrudescimento do preconceito, acrescentando um elemento que não tem nenhuma relação com a luta anti-homofóbica. E, como você  deve lembrar do episódio da Geórgia, onde o presidente lacaio do imperialismo foi estimulado pelos EUA a atacar a Ossétia do Sul e desafiar a Rússia, iludido que o império viria em seu socorro, EUA, França, Grã-Bretanha não levantarão uma palha para desafiar a Rússia diretamente.

        A pressão de fora não substitui a luta interna e a construção de alianças de baixo para cima. Pode ser que uma elite econômica “gay” tenha condições de emigrar para o Ocidente. Deixando que a maioria de LGBTs, trabalhadores, pobres, fiquem segurando o pincel. Como as mulheres “liberadas” no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Síria.

         

        1. Morales,
          Você, de maneira

          Morales,

          Você, de maneira polida e sistematizada, fala a mesma coisa que penso.

          Apenas dei um passo: quem financia estes “abobados” úteis (inocentes-úteis)?

          Quem banca o Gunter? eu tenho esta informação.

          Agora, o papel dele é legítimo, na lógica do capitalismo selvagem juntando com a ideologia dele anti-povo, estão fazendo o que eles acham “normal” e “legítimo”, agora, eu não sou idiota e pior, sou inútil.

        2. No caso das reações a Sochi,

          No caso das reações a Sochi, trata-se sim.

          Existe todo um mundo de questões que coloca a Rússia e seus aliados no Oriente Médio contra potências ocidentais.

          Mas são coisas que não repercutem do mesmo modo e não fariam presidentes demonstrarem apoios a queixumes de públicos internos.

          E luta LGBT não tem nada a ver com luta de classes ou correlatos. Intelectuais de esquerda não compreendem isso.

          Mas deixa pra lá. 

  2. Não adianta. A Rússia está

    Não adianta. A Rússia está forte e se recuperando do que vocês fizeram contra a União Soviética, não tem volta.

    A Rússia esta sediando os jogos de inverno e sediará a copa do mundo de 2018 e vocês roubando terras palestinas.

    A Rússia disse não a mais uma guerra na Síria e vocês desesperados com os prejuízos da crise de 2008.

    Os seus chefes no trabalho sujo (EUA) reconhecem o Irã como potência regional (apoiado pela Rússia) e vocês desesperados tomando surra do Hezbolah.

    Deve ser angustiante mesmo para vocês ver o ressurgimento/sucesso da Rússia.

      1. Não é o preço dos hidrocarbonetos.

        A atenção deve se voltar sobre o que:

        “vocês fizeram contra a União Soviética” e “vocês roubando terras palestinas”, “vocês desesperados tomando surra do Hezbolah”, etc.

        Você percebe na categoria em que você é tratado como “vocês”? ´E fácil deduzir a quem ele se refere. Esse psicopata anda solto aqui no blog e Nassif e equipe fingem que não é com eles, o antissemitismo descarado rola solto sob as bençãos do dono do blog.

        1. É claro que eu percebo,

          É claro que eu percebo, Almeida. Como eu não perceberia?

          Eu posso me encaixar em várias categorias dos preconceitos histéricos dele: critico o antissemitismo; defendo direitos civis de LGBTs; não sou antiamericano e não caio na esparrela de que o governo Putin preste. Muito menos dou bola para Snowden, etc.

          Mas ele só está falando bobagens com essas coisas de “retorno da Grande Mãe Rússia”.

          A economia lá é muito dependente de preço de hidrocarbonetos e de exportações (muito mais que o Brasil), a moeda só valorizou e o desemprego só caiu (à base de prestação de serviços, como no Brasil) nos últimos 15 anos graças a valorização de petróleo e gás.

          Em isso dando para trás, e ciclamente dará para trás, esse castelo de cartas cai.

          Com o perigo de que eles têm bombas, claro.

    1. você poderia explicar melhor??

      “Não adianta. A Rússia está forte e se recuperando do que vocês fizeram contra a União Soviética, não tem volta.”

      ‘vocês’ se referem a quem?? os homossexuais?? os judeus??

      eu achava que a união soviética tinha se afundado na própria incompetência.

      “tomando uma surra do hezbolah”  “ressurgimento/sucesso da Rússia”.

      tu estás tomando um negócio forte pelo visto!! compartilha com a gente isso aí!!

       

      1. Frederico,
        Acho que você não

        Frederico,

        Acho que você não é ingênuo. Existem organizações internacionais, anti-povo, financiadas por judeus e/ou estadunidenses.Existem “abobados” (inocentes) uteis para esta lógica, Muitos nem tão inocentes assim.

        Bom, você ainda não percebeu que sempre tentam associar a imagem da Rússia, China, Ira, etc a algo atrasado, ditadura, “homofóbico” que não respeita a natureza, etc, etc, etc Qual o crime que estes países cometeram: ter uma política externa independente dos eua.

        Se você não percebeu que o Gunter é parte destas organizações, cujo mantra é a tal da homofobia.

        Porém, pode perceber, tirando as bobagens que nem ele entende, é sempre posts contra o povo, no caso do Brasil e no plano internacional contra estes três países que citei.

        Claro, sempre que possível, exaltando as “qualidades” dos estadunidenses e judeus. O migué é sempre a homofobia.

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