Países europeus tentam atrair investidores estrangeiros em troca de passaportes

Enviado por Assis Ribeiro

Do Deutsche Welle

O mercado das cidadanias na Europa
 
Tudo tem um preço e, em alguns Estados-membros da União Europeia, até o passaporte. Países como Portugal e Malta têm programas especiais voltados para atrair investidores ricos em troca da cidadania.

Eles vêm atrás de uma vida melhor e por mais liberdade na Europa. Só que não chegam abarrotados em pequenos barcos à ilha de Lampedusa, mas na classe executiva de nobres companhias aéreas a Malta, Lisboa ou Andaluzia, na Espanha. E não são pobres, muito pelo contrário: são milionários de países não pertencentes à União Europeia, mas que ainda assim pretendem circular livremente pelo bloco.

Programas que aceleram a aquisição de passaportes europeus para investidores estrangeiros já existem há algum tempo na Europa. O Reino Unido foi um dos primeiros a conceder a cidadania a pessoas ricas e sem vínculo europeu. A partir de 2012, desenvolveu-se uma competição por milionários: vários Estados europeus tentam atrair imigrantes ricos – e seus milhões – com custos cada vez mais baixos e com menos exigências para a obtenção da cidadania.

“É preciso fazer uma distinção entre o visto de ouro, um programa de imigração para investidores que fornece um regime simplificado de imigração para os cidadãos ricos de outros países, e o chamado “Cidadania à Venda”, que é a simples venda de nacionalidades”, explica Katharina Eisele, do instituto europeu de estudos políticos Ceps.

Em 2013, o governo de Malta propôs uma iniciativa legislativa, denominada Programa Individual do Investidor. Segundo ela, a pessoa poderia comprar a nacionalidade maltesa com um determinado montante de dinheiro. A lei não exigia que os novos cidadãos tivessem morado em Malta antes da naturalização.

Os outros Estados-membros da União Europeia reagiram imediatamente e criticaram que, através dessa porta, seria possível burlar os regulamentos gerais de imigração. No caso de Malta, primeiro a oposição, depois a Comissão Europeia e por fim o Parlamento Europeu intervieram.

A comissária europeia de Justiça, Direitos Fundamentais e Cidadania, Viviane Reding, argumentou que é preciso haver um vínculo real entre o Estado e a pessoa antes do recebimento da cidadania. Ao final, as leis europeias obrigaram os imigrantes a morar pelo menos 12 meses em Malta antes de obter o passaporte do país.

Estratégia contra a crise

Hoje Malta não é mais um caso isolado. Portugal, Espanha, Chipre e Bulgária também introduziram programas para atrair investidores nos últimos anos. Na Espanha e em Portugal, o programa leva o nome de “visto de ouro”.

Em Portugal, o valor do visto é a compra de um imóvel no valor de 500 mil euros. Além disso, basta comprovar a estadia de sete dias no primeiro ano e 14 no segundo, para, depois de cinco anos, conseguir o visto permanente de residência. Depois de seis anos, os investidores podem entrar com o requerimento da cidadania portuguesa. Após a naturalização, não há normas que impeçam que os investidores levem seu capital para outro lugar.

Outra opção para a aquisição da cidadania europeia em Portugal seria a transferência de 1 milhão de euros para uma conta de um banco português, ou fundar uma empresa com no mínimo 30 postos de trabalho. Mas, segundo informações publicadas em abril deste ano pelo diário português Público, as regras possuem uma lacuna e não são controladas: até então, não houve nenhum pedido de visto no qual o investimento pedido chegou a criar novos empregos.

Notável, segundo Eisele, é que a nacionalidade de repente possui um preço – e, portanto, fica praticamente restrita aos ricos de outros países. “Dessa forma, ocorre uma discriminação contra pessoas menos abastadas”, opina ela.

Portugal iniciou a distribuição dos “vistos de ouro” em outubro de 2012. Na época, o país era um dos mais atingidos pela crise do euro. Em 2011, entrou no pacote de resgate europeu e o deixou apenas neste ano. O impacto positivo do programa de vistos no mercado imobiliário é amplamente visível: Portugal distribuiu 576 “vistos de ouro” em 2013, números que já duplicaram apenas nos seis primeiros meses de 2014.

“No momento, nós nos concentramos na Ásia. Uma proporção significativa dos pedidos que recebemos vem desta região”, diz Vanessa Lima, coordenadora de marketing da empresa líder no mercado imobiliário português, Portugal Property. Recentemente, a empresa apresentou imóveis portugueses no Vietnã. E uma semana, dois contratos de venda para o “visto de ouro” foram assinados.

 

Redação

15 Comentários

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  1. Geografia…

    Portugal e Malta? É por isso que alguns europeus dizem que as terras ao sul dos Pirineus e dos Alpes não são o sul da Europa, mas o norte da África…

    1. Mas quem inventou foi a Inglaterra!

      Leia o texto com atenção amigo… Você verá que o pioneiro e inventor da ideia foi Inglês!!

      ” O Reino Unido foi um dos primeiros a conceder a cidadania a pessoas ricas e sem vínculo europeu…”

      1. Leituras…

        Continue lendo o parágrafo seguinte à menção a Inglaterra (a ilha “dazoropa” que nem tem o Euro como moeda). Quem sabe voce descobre a diferença entre o “visto de ouro” e a “venda de cidadania”.

  2. Esses europeus…..

    Que absurdo esses europeus são tão preconceituosos, tão elitistas, tinham de ser como o governo brasileiro que abraça sem nenhum interesse ideológico e demagógico  todos os bolivianos, haitianos, nigerianos……. que chegam aqui no Brasil sem dinheiro é verdade, mas com valiosa cultura e conhecimento profissional. rsrs 

    1. Esses “brasileiros”…….

      Pelo que sabemos, levas de imigrantes italianos, portugueses e japoneses eram constituídos, em sua grande maioria, de trabalhadores braçais ou pelo menos assim era declarado.

      Porque o preconceito agora, com os bolivianos, haitianos e nigerianos?

      Derrepente, você pode ser um descendente dos imigrantes de outrora…….

      1. Ahahah melhor dar-se por
        Ahahah melhor dar-se por satisfeito, ou pode dar com os costados ” quatrocentões”, nas galés ou nos degredados…contente-se mesmo profissionais humildes. Ahahah

      2. Pego na contradição..

        “Pelo que sabemos, levas de imigrantes italianos, portugueses e japoneses eram constituídos, em sua grande maioria, de trabalhadores braçais ou pelo menos assim era declarado.”

        Esses mesmos italianos, alemães, tiroleses, coreanos, síriolibaneses, pomeranos, trabalhadores braçais, hoje são chamados pelos “progressitas” da tua espécie, de elite branca…..

         

         

  3. É comércio, nada mais……………..

    Notícia que desconhecia, pois eu mesmo já estou na fila há anos, esperando dque o Consulado libere os documentos para conseguir a dupla cidadania. Meu avô era portugues, e veio par ao Brasil em 1878, onde casou e tiveram 5 filhos, dentre eles meu pai. Meu pai não foi registrado no consulado portugues, e só tinha a nacionalidade brasileira, o que segundo as leis lusitanas, impede para que eu tenha direito a dupla nacionalidade.

    Se meu pai houvesse requerido a nacionalidade portuguesa, todos seus filhos poderiam também requere-la, o que não foi o caso.

    Agora, com este mercado de venda de nacionalidade, e nós, não sendo ricos, fica a observação abaixo.

    “Notável, segundo Eisele, é que a nacionalidade de repente possui um preço – e, portanto, fica praticamente restrita aos ricos de outros países. “Dessa forma, ocorre uma discriminação contra pessoas menos abastadas”, opina ela.”

    Com a palavra, o nobre Consul de Portugal no Brasil!!!!!

  4. Calma, gente.
    Isto também

    Calma, gente.

    Isto também existe nos EUA (cerca de US$ 500 mil também).

    Antes de charmarmos os portugueses de elitistas e preconceituosos por “cobrarem” US$ 500 mil por este “visto de ouro”, dêem uma pesquisadinha sobre como é no Brasil.

    No Brasil, desde de 2004, o “visto de ouro” custa módicos US$ 75 mil.

    Detalhes aqui:

    http://www.godoiconsulting.com/pt/english-citizenship-program/english-brazilian-economic-citizenship-program/

  5. Calma, gente.
    Isto também

    Calma, gente.

    Isto também existe nos EUA (cerca de US$ 500 mil também).

    Antes de charmarmos os portugueses de elitistas e preconceituosos por “cobrarem” US$ 500 mil por este “visto de ouro”, dêem uma pesquisadinha sobre como é no Brasil.

    No Brasil, desde de 2004, o “visto de ouro” custa módicos US$ 75 mil.

    Detalhes aqui:

    http://www.godoiconsulting.com/pt/english-citizenship-program/english-brazilian-economic-citizenship-program/

  6. “No momento, nós nos

    “No momento, nós nos concentramos na Ásia. Uma proporção significativa dos pedidos que recebemos vem desta região”

    Diga-se China. O pais comunista agora exporta milionarios.

    Em tempo,o Canada ja tem um programa ha alguns anos para atrair milionarios, principalmente chineses. A imigracao destes endinheirados alimentou a especulacao imobiliaria em diversas cidades.

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