A nova geopolítica do petróleo, por Ignacio Ramonet

Enviado por Antonio Ateu

Do Esquerda.net

A nova geopolítica do petróleo

https://www.youtube.com/watch?v=mvEzJ2l7Bx0

Washington não quer ver-se de novo na humilhante situação da Guerra Fria (1948-1989), quando teve de compartilhar a sua hegemonia mundial com outra superpotência, a União Soviética. Os conselheiros de Obama formulam esta teoria da seguinte maneira: Um único planeta, uma única superpotência. Por Ignacio Ramonet

Em que contexto geral está a ser desenhada a nova geopolítica do petróleo? O país hegemónico, os Estados Unidos, considera que a China é a única potência contemporânea capaz, a médio prazo (na segunda metade do século XXI), de rivalizar com ele e ameaçar a sua hegemonia solitária à escala planetária. Por isso Washington instaurou secretamente, desde os inícios de 2000, uma desconfiança estratégica em relação a Pequim.

O presidente Barack Obama decidiu reorientar a política externa dos EUA tendo este parâmetro como critério principal. Washington não quer ver-se de novo na humilhante situação da Guerra Fria (1948-1989), quando teve de compartilhar a sua hegemonia mundial com outra superpotência, a União Soviética. Os conselheiros de Obama formulam esta teoria da seguinte maneira: um único planeta, uma única superpotência.

Em consequência, Washington continua a aumentar as suas forças e as suas bases militares na Ásia oriental, com o intuito de conter a China. Pequim constata já o bloqueio da sua capacidade de expansão marítima devido aos múltiplos conflitos em torno de ilhotas com a Coreia do Sul, Taiwan, Japão, Vietname, Filipinas… E pela poderosa presença da sétima frota dos Estados Unidos. Paralelamente, a diplomacia de Washington reforça as suas relações com todos os Estados que têm fronteiras terrestres com a China (exceto a Rússia). O que explica a recente e espetacular aproximação de Washington com o Vietname e a Birmânia.

Esta política prioritária de atenção ao Extremo Oriente e de contenção da China só é possível se os Estados Unidos conseguirem afastar-se do Próximo Oriente. 

Esta política prioritária de atenção ao Extremo Oriente e de contenção da China só é possível se os Estados Unidos conseguirem afastar-se do Próximo Oriente. Neste palco estratégico, a Casa Branca intervém tradicionalmente em três campos. Primeiro, no militar: Washington está implicado em vários conflitos, especialmente no Afeganistão contra os talibans e no Iraque-Síria contra a organização Estado Islâmico. Segundo, no diplomático, em particular com a República Islâmica do Irão, com o objetivo de limitar a sua expansão ideológica e impedir o acesso de Teerão à força nuclear. Terceiro, o da solidariedade, especialmente a respeito de Israel, para o qual os Estados Unidos continuam a ser uma espécie de protetor em última instância.

Este grande envolvimento direto de Washington na região (particularmente após a guerra do Golfo, em 1991) mostrou os limites da potência americana, que não pôde realmente ganhar nenhum dos conflitos nos quais se envolveu fortemente (Iraque, Afeganistão). Conflitos que tiveram, para os seus cofres, um custo astronómico com consequências desastrosas até para o sistema financeiro internacional.

Atualmente Washington sabe que os Estados Unidos não podem realizar simultaneamente duas grandes guerras de alcance planetário. Portanto, a alternativa é a seguinte: ou continuam mergulhados no pantanal do Próximo Oriente, em conflitos típicos do século XIX, ou concentram-se na urgente contenção da China, cujo impulso fulgurante poderia anunciar a decadência dos Estados Unidos a médio prazo.

A decisão de Obama é óbvia: tem de enfrentar o segundo desafio, pois este será decisivo para o futuro dos Estados Unidos no século XXI. Em consequência, tem de retirar-se progressivamente – mas imperativamente – do Próximo Oriente.

Aqui coloca-se uma questão: por que, desde o fim da Guerra Fria, os Estados Unidos se envolveram tanto no Próximo Oriente, ao ponto de descuidarem o resto do mundo? Para esta pergunta, a resposta pode limitar-se a uma palavra: petróleo. Desde que os Estados Unidos deixaram de ser auto-suficientes em petróleo, no final dos anos 40, o controlo das principais zonas de produção de hidrocarbonetos converteu-se numa obsessão estratégica. Isso explica parcialmente a diplomacia dos golpes de Estado de Washington, especialmente no Médio Oriente e na América Latina.

No Próximo Oriente, nos anos 50, à medida em que o velho império britânico se retirava e ficava reduzido ao seu arquipélago inicial, o império americano substituía-o, colocando os seus homens à frente dos países dessas regiões. Sobretudo na Arábia Saudita e no Irão, principais produtores de petróleo do mundo, junto com a Venezuela, já sob controlo dos EUA na época.

Até há pouco, a dependência de Washington do petróleo e do gás do Próximo Oriente impediu-o de considerar a possibilidade de retirar-se da região. Que mudou então para que os Estados Unidos pensem agora em sair do Próximo Oriente? O petróleo e o gás de xisto, cuja produção pelo método chamado fracking aumentou significativamente em começos dos anos 2000. Isto modificou todos os parâmetros. A exploração desse tipo de hidrocarbonetos (cujo custo é mais elevado que o do petróleo tradicional) foi favorecida pelo importante aumento do preço dos hidrocarbonetos, que em média superaram 100 dólares por barril entre 2010 e 2013.

Atualmente, os Estados Unidos recuperaram a auto-suficiência energética e estão mesmo a converter-se outra vez num importante exportador de hidrocarbonetos. Portanto, podem agora por fim considerar a possibilidade de se retirarem do Próximo Oriente.

Atualmente, os Estados Unidos recuperaram a auto-suficiência energética e estão mesmo a converter-se outra vez num importante exportador de hidrocarbonetos. Portanto, podem agora por fim considerar a possibilidade de se retirarem do Próximo Oriente. Com a condição de sarar rapidamente várias feridas que por vezes datam de mais de um século.

Por essa razão, Obama retirou a quase a totalidade das suas tropas do Iraque e do Afeganistão. Os Estados Unidos participaram muito discretamente nos bombardeios da Líbia. E recusaram-se a intervir contra as autoridades de Damasco, na Síria. Por outro lado, Washington procura em ritmo forçado um acordo com Teerão sobre a questão nuclear. E pressiona Israel para que o seu governo progrida urgentemente em direção a um acordo com os palestinianos. Em todos estes temas, percebe-se o desejo de Washington de fechar as frentes do Próximo Oriente para passar a outra questão (China) e esquecer os pesadelos do Próximo Oriente.

Todo este cenário desenvolveu-se perfeitamente enquanto os preços do petróleo continuavam altos, ao redor de 100 dólares por barril. O preço de exploração do barril de petróleo de xisto é de aproximadamente 60 dólares, o que deixa aos produtores uma margem considerável (entre 30 e 40 dólares por barril).

Foi aqui que a Arábia Saudita decidiu intervir. Riad opõe-se a que os Estados Unidos se retirem do Próximo Oriente, sobretudo se antes Washington estabelecer um acordo sobre a questão nuclear com Teerão. Acordo que os sauditas consideram demasiado favorável ao Irão e que, segundo a monarquia wahabita, exporia os sauditas, e mais em geral os sunitas, a converterem-se em vítimas do que chamam de expansionismo xiita. Há que ter presente de que as principais jazidas de hidrocarbonetos sauditas se encontram em zonas de população xiita.

Considerando que dispõe das segundas reservas mundiais de petróleo, a Arábia Saudita decidiu usar o crude para sabotar a estratégia dos Estados Unidos. Opondo-se às orientações da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Riad decidiu, contra toda a lógica comercial aparente, aumentar consideravelmente a sua produção e fazer, desse modo, baixar os preços, inundando o mercado de petróleo barato. A estratégia deu resultado rapidamente. Em pouco tempo os preços do petróleo baixaram 50 por cento. O preço do barril desceu para 40 dólares (antes de subir ligeiramente, até aproximadamente 55-60 dólares atualmente).

Esta política desferiu um duro golpe ao fracking. A maioria dos grandes produtores norte-americanos de gás de xisto estão atualmente em crise, endividados e correm o risco de falir (o que implica uma ameaça para o sistema bancário dos EUA, que tinha generosamente oferecido abundantes créditos aos neopetrolíferos). A 40 dólares o barril, o xisto já não é rentável. Nem as perfurações profundas off shore. Muitas companhias petrolíferas importantes já anunciaram que interrompem as suas explorações em alto mar por não serem rentáveis, provocando a perda de dezenas de milhares de empregos.

Uma vez mais, o petróleo é menos abundante. E os preços sobem ligeiramente. Mas as reservas da Arábia Saudita são suficientemente importantes para que Riad regule o fluxo e ajuste a sua produção de maneira a permitir um ligeiro aumento de preço (até 60 dólares aproximadamente). Mas sem superar os limites que permitiriam ao fracking e às jazidas marítimas de grande profundidade recomeçarem a produção. Deste modo, Riad converteu-se no árbitro absoluto em matéria de preço do petróleo (parâmetro decisivo para as economias de dezenas de países, entre os quais figuram a Rússia, a Argélia, a Venezuela, a Nigéria, o México, a Indonésia, etc).

Estas novas circunstâncias obrigam Barack Obama a reconsiderar os seus planos. A crise do fracking poderia representar o fim da auto-suficiência de energia fóssil nos Estados Unidos e, portanto, o regresso à dependência do Próximo Oriente (também da Venezuela, por exemplo). Por agora, Riad parece ter ganho a aposta. Até quando?

Publicado no Le Monde Diplomatique em espanhol.

Retirado de Attac.es

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

Geopolítica do Petróleo

 

Redação

13 Comentários

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  1. Me fez lembrar uma frase,  (e

    Me fez lembrar uma frase,  (e já combinaram com os russos?), rsrsrs nesse caso, tambem com os chineses. rsrs

  2. Hegemon em decadência?

    Quem foi o pateta que vendeu ao Obama esta falácia de que o fracking é auto-sustentável?

    Bush (pai ou filho) nunca cairia numa desta! Jr. tinha “Dirt” Dick Cheney  como vice-presidente!

    Agora quando instalarem um “estado islâmico” em Riyadh vai ser tarde para chamar os marines!

    Não aprenderam as lições de 2008 e da ENRON?

     

    Em: https://opinacao.wordpress.com/2012/12/18/troca-de-hegemonia-no-sistema-internacional-atual-wallerstein-versus-arrighi/

    Por Andrei Dias

    Troca de Hegemonia no Sistema Internacional Atual: Wallerstein versus Arrighi | 18 de dezembro de 2012

    O mundo vive um período de grandes incertezas sócio-político-econômicas. As diversas crises que eclodem pelo mundo, e em especial na Europa e no Oriente Médio, são interpretadas pela teoria dos sistemas-mundo como marcas do fim de um ciclo: sai de cena a hegemonia norte-americana. O enfraquecimento dos Estados Unidos é um processo que demorará anos e, portanto, o país ainda seguirá sendo fundamental para a estabilidade do planeta por muitos anos, mesmo sem ser o ‘todo-poderoso’. O significado do fim desta hegemonia é a principal divergência acadêmica entre os dois principais autores da teoria dos sistemas-mundo de maneira diferente: o americano Immanuel Wallerstein acredita que o fim do ciclo norte-americano coincidirá com o fim do capitalismo, enquanto o italiano Giovanni Arrighi acreditava que o capitalismo seguiria como modelo de acumulação e que os Estados Unidos seriam substituídos pela China como hegemon do sistema.

    Olhando de uma perspectiva histórica, desde a implementação do capitalismo em seu modelo mais primitivo, na transição da Idade Média para a Idade Moderna, o mundo assistiu a quatro ciclos sistêmicos de acumulação e, consequentemente,  a quatro hegemonias: a genovesa (séc. XIV ao séc. XVI), a holandesa (séc. XVI ao séc. XVIII), a britânica (séc. XVIII até o séc. XX) e a americana (a partir do séc. XX). A queda de um hegemon sempre ocorreu concomitantemente à aparição do seguinte e, durante este período de transição, ocorrem diversas crises demarcatórias e originadas das mudanças pelas quais o sistema passa. Assim foi da última vez, quando as duas guerras mundiais e a queda da bolsa de Nova York demarcaram o fim da hegemonia britânica e a consolidação dos Estados Unidos enquanto principal potência do sistema.

    Mapa da divisão do mundo durante o ciclo norte-americano: em azul os países centrais, em verde os países semi-periféricos e em amarelo os países da periferia.

    Os anos 70 foram o start do final do ciclo americano, sendo suas crises econômicas demarcatórias os choques do petróleo. Dez anos depois, começa o colapso político dos países Socialistas do Leste Europeu, que se seguiu a uma nova crise econômica, desta vez nos países emergentes. Apesar de as crises parecerem reforçar o poder dos Estados Unidos, elas também deram abertura para o crescimento de um rival, a República Popular da China, que também se fortaleceu. Nos anos 2000, as crises foram mais duras com os norte-americanos, como o ataque ao World Trade Center, em 2001 e a grande crise econômica de 2008, que ainda hoje causa impactos na economia americana e européia.

    A interpretação arrighiana do mundo observa que as crises atuais marcam apenas a troca de hegemonia do sistema capitalista, ou seja, que se iniciará um novo ciclo sistêmico de acumulação sob a liderança chinesa. O mundo sob a égide da China deverá ser bastante diferente do que vemos atualmente. O Yuan deve ganhar importância enquanto moeda internacional, ao passo que o mandarim deve se tornar uma língua cada vez mais recorrente nos encontros políticos e de negócios. Além disso, as Forças Armadas de Pequim devem se tornar cada vez mais presentes, intervindo em outros países e patrulhando águas distantes, como no Atlântico.

    O sociólogo italiano Giovanni Arrighi, falecido em 2009. Suas principais obras, entre outras, são O Longo Século XX (1994) e Adam Smith em Pequim (2007)

    As relações entre estados mudariam bastante no ‘mundo chinês’. Países ditos ’emergentes’ – como o Brasil – ganhariam poder em relação ao panorama atual e países mais pobres, como alguns africanos, poderiam também obter ganhos econômicos, já que teriam relações menos abusivas com o centro hegemônico. Por outro lado, países da elite antiga, em especial Europa Ocidental e Japão, tenderiam a perder parte da importância que possuem atualmente. Essa previsão futura é resultado de processos que já estão sendo verificados hoje em dia – como crescimento econômico de países africanos que se aprofundaram em relações com a China e o aumento da importância de países emergentes na tomada de decisões políticas.

    Wallerstein enxerga de outra maneira: as crises que vemos nos últimos anos demarcam não apenas o fim do ciclo norte-americano, mas também o fim do sistema-mundo capitalista. Sua tese é baseada na crença de que nem a China – nem outro país – terá poder suficiente para consolidar uma hegemonia clara e manter o capitalismo funcionando. Há indícios para isso, como o fato de Yuan ser ainda muito pouco procurado como moeda de reserva internacional, as muitas críticas políticas que recaem sobre o governo da China em relação a direitos humanos e o fato de os chineses terem questões territoriais a resolver, tanto continentalmente, quanto nos mares próximos.

    O sociólogo norte-americano Immanuel Wallerstein. Suas principais obras são, entre outras, The Capitalist World Economy (1979) e Dynamics of Global Crisis (1982, com Arrighi, Samir Amin e Andre Gunder-Frank).

    O mundo pós-Estados Unidos é bastante nebuloso, mesmo para Wallerstein. Para gerações como a atual, que tem o capitalismo enraizado na sua formação, é difícil imaginar outros desenhos para o sistema internacional. O que se pode prever é que uma mudança desse porte virá acompanhada de crises ainda mais profundas que farão o sistema ruir de vez. Ou seja, se Wallerstein estiver certo, é  provável que o mundo viva anos difíceis no curto prazo. O que virá depois é mero palpite seja revolução socialista, seja governo mundial, seja o que for. O que se sabe é que não será capitalismo.

    Analisar o mundo pela ótica da teoria dos sistemas-mundo nos trás uma vantagem: poder analisar o mundo como um todo, e não país a país, como é feito geralmente. A desvantagem é, por outro lado, é que só conseguimos enxergar o sistema influenciando suas unidades e não conseguimos ver o contrário, como as unidades conseguem influenciar no sistema. E é justamente esta parte não analisada pela teoria que pode ser crucial para saber quem está certo, se Wallerstein ou Arrighi. Se os pesquisadores acertarem sobre o fim do ciclo norte-americano de acumulação, é o comportamento da China, dos Estados Unidos e dos outros países que vai determinar se a China assumirá o posto de potência hegemônica capitalista ou se o sistema capitalista irá ruir.

    A China terá força para substituir a hegemonia norte-americana?

     

     

     

    1. A análise é fraca mesmo.

      A análise é fraca mesmo. Basta ler…

      Atualmente, os Estados Unidos recuperaram a auto-suficiência energética… Portanto, podem agora por fim considerar a possibilidade de se retirarem do Próximo Oriente… Por essa razão, Obama retirou a quase a totalidade das suas tropas do Iraque e do Afeganistão. Os Estados Unidos participaram muito discretamente nos bombardeios da Líbia. E recusaram-se a intervir contra as autoridades de Damasco, na Síria.

       

      Além da segurança energética existe a questão do dólar como moeda de referência. Como o petróleo é a principal commoditie internacional torna-se imprescindível mantê-la sendo transacionada em dólar para manter a sua importância. Isto é, se os EUA perder o Oriente Médio, não perderá necessariamente o petróleo, mas poderá perder o dólar. Portanto é ingenuidade dizer que os EUA se retirariam por conseguirem auto-suficiência.

       

      E dizer que a ação na Líbia foi quase a contragosto e que na Síria se recusaram chega a ser risível.

      Para um ataque aéreo bem sucedido a primeira ação tática é limpar as defesas antiaéreas e essa tarefa primordial foi executada pelos americanos (através do lançamento de mísseis por submarinos). Depois disso é que os Franceses tomaram o protagonismo. Protagonismo vergonhoso diga-se de passagem pelo aspecto do Sarkosy ter aceitado dinheiro do Gaddafi para sua campanha; um episódio que lembra gente mafiosa da pior espécie.

      E no caso da Síria não foi uma recusa, foi um recuo. Os americanos anunciaram que o ataque seria feito, não houve nenhuma relutância quanto a essa intenção. Mas praticamente na véspera do ataque o presidente russo publicou uma carta no NY Times dizendo para bom entendedor que o bicho ia pegar se atacassem um país aliado onde havia uma base russa. E todos viram a movimentação da marinha russa no mediterrâneo de forma que os americanos entenderam muito bem que essa manifestação tinha propósito… Talvez daqui a algumas décadas os bastidores desse evento sejam conhecidos melhor, mas não duvido nada que seja revelado ter sido um episódio tão crítico quanto a crise dos mísseis de 63.

        1. A questão não é se existe um

          A questão não é se existe um substituto pronto a assumir, isso sempre se arranja. A questão é se o rei pode ser destronado.

          Mas uma hipótese de substituto que se comenta é a possibilidade não de uma moeda ligada a soberania de um país especifico, mas uma moeda virtual (puramente eletrônica) regulada por uma instituição transnacional e multipolar. Uma evolução natural do capitalismo, creio.

          1. A moeda é uma ficção, o que

            A moeda é uma ficção, o que vale é o que ela representa, no caso do dolar significa o unico Pais que tem uma soma de condições estruturais que dão ANCORA a uma moeda aceita universalmente, vou repetir ACEITA como moeda reserva.

            Voce pode pagar um restaurante na Sibéria ou na Patagonia com dolar, nenhuma outra moeda tem essa aceitação.

            Isso custou duas guerras mundiais e incontaveis guerras regionais para tornar a moeda aceitavel.

            Os EUA com todos seus defietos tem instituições politicas, juridicas, policiais e de governança respeitadas e somado a isso um poder militar de projeção mundial, esse é o lastro do dolar.

            Uma moeda virtual lastreada por instituições é apenas uma ideia teorica, na pratica não tem viabilidade.

            Keynes já tinha pensado nisso, com o BANCOR, não vingou porque a realidade politica é que faz a moeda.

          2. A moeda é uma ficção, o que

            A moeda é uma ficção, o que vale é o que ela representa, no caso do dolar significa o unico Pais que tem uma soma de condições estruturais que dão ANCORA a uma moeda aceita universalmente… Isso custou duas guerras mundiais e incontaveis guerras regionais para tornar a moeda aceitavel.

            Concordamos, no caso não estou questionando o porquê do dólar ser lasto. Estou apenas lembrando que a geopolítica do petróleo não é simplesmente uma questão de segurança de fornecimento dessa matéria prima, mas a manutenção do dólar como lastro.

            E novamente, dizer que existe algo insubstituível por ter certos atributos que não se encontram em outros é sem efeito. Quero dizer, se disser que matando o Rei o reinado cairá no caos, isso nada mudará a vontade de quem quer velo posto.

            E certamente a defensora de primeira hora de uma moeda alternativa artificialmente criada seria a Rússia visto que o rublo seria piada.

            Uma moeda virtual lastreada por instituições é apenas uma ideia teorica, na pratica não tem viabilidade.

            Não sei se seria viável substituir o dólar por uma moeda virtual [de uso universal], mas elas já existem na prátca. O caso notório é o bitcoin. E ele não só é virtual como é totalmente descentralizado – um espelho da própria lógica da internet. Obviamente ser descentralizado o torna volátil a humores do mercado. Por outro lado é bem possível que se a base monetária de tal moeda descentralizada fosse gigantesca (atualmente o bitcoin representa um montante da ordem de míseros 1 bilhão de dólares) é possível em teoria que sua volatilidade desapareça.

            Mas como você bem coloca tudo isso são apenas possibilidades teóricas. Na prática o processo deve ocorrer de modo natural com o yuan comendo o dólar pelas belas beiradas até se tornar mais importante. E tal processo aconteceria primeiro na zona comercial dos paises do pacífico. Possivelmente é esse entendimento que faz os americanos colocarem essa região como prioridade. Isto é, essa é a primeira linha de defesa para conter a “invasão” e domínio do yuan para o resto do mundo; se essa linha cair de nada adiantará segurar o Oriente Médio.

        2. Como sempre, sua mentalidade

          Como sempre, sua mentalidade maniqueísta distorce toda a questão.

          Não é necessário que o dólar seja substituido por outra moeda hegemônica. Um exemplo de substituição?Os acordos de swap realizado entre vários países, o Brasil e a Argentina, China e vários parceiros, etc. Nesses acordos, o dólar é substituído pelas moedas dos países contratantes.

          Com acordos como esse, há redução na demanda de dólares para o comércio internacional, o que, consequentemente, reduz a influência dos EUA.

  3. A calhar
    A pressão sobre o uso de combustíveis fósseis em função do aquecimentismo antropogenico também é bem útil para esta estratégia dos EUA, não?

  4. OS EUA não dependem do

    OS EUA não dependem do petróleo saudita. Dependem, sim, dos petrodólares, a espinha dorsal do sistema monetário americano. Sem eles, a conta não fecha, o que aliás já não ocorre há algum tempo, haja vista os U$14 trilhões de dívida impagável. Os americanos estão indo para o buraco, isso todos sabem, o que não se sabe ao certo é quando a débâcle definitiva ocorrerá. A estratégia seria a de adiar ou tornar o processo o menos traumático possível, mas não é isso o que sugere as constantes provocações feitas à Rússia utilizando o “pau mandado” de Kiev. Eles querem a guerra, almejam isso ardorosamente e provavelmente conseguirão, de um modo ou de outro. Os BRICS têm um papel importante nessa geopolítica de queda dos EUA, pois constituem uma alternativa de poder “soft” (talvez nem tanto), com o aprofundamento de comércio sem uso do dólar, ainda que a maior parte da dívida desses países esteja lastreada na moeda americana.

  5. Um Planeta, Um país Lider e um monte de escravos

    O sonho americano realmente é este, ou seja criar um mundo onde apenas as as suas elites bilionárias mundiai e de  países  servis aos seus interesses, como as elites da Europa e Asia e porque não incluir aí tambem a elite sulamerica e dentro dela a brasileira, tenham direito a um vida livre e rica. Isto já foi tratado por outros autores como sendo o mundo dos 20% por 80%, onde o vinte porcento mais rico, formado pelos muitos ricos e seus “assitentes necessários” (militares, medicos, dentistas, professores, pesquisadores, policias, etc) teriam tudo e os restantes 80% seriam não importantes, desnessários e porque não eliminável, de modo a melhorar a ecologia mundial.   

    Tudo indica movimentos de montar um chamado acordo de “livre mercado”, TiSA,  entre os países acima citados, excluidos os sulamericanos, para cercar os BRICS e principalmente cercar a China,. Este acôrdo seria extremamente prejudicial aos povos de todo o mundo, pois daria a elite econômica principalmente o total domínio do manejo do dinheiro, comercio, transportes, serviços e principalmente meios de comunicação, sem que governos eleitos nada pudessem fazer para impedí-los.  O peroleo e outras comodities seriam fundamentais para este sonho de “paraízo privativo”. 

    Minha preocupação é que este sonho provávelmente passará por uma guerra nuclear global, entre o ocidente e a Russia/China. Seria o fim a civilização atual!

     

    Como mais um suporte a tese dos 20/80 , texto de  Carlos Henrique Bayo, diretor de Público.es, que redator-chefe da editoria Internacional da versão impressa deste diário, que em um artigo discorre sobre o assunto e nos relata:

    “O nível de confidencialidade com o que elaboram os artigos e anexos do TiSA – que cobrem todos os campos, desde telecomunicações e comércio eletrônico até serviços financeiros, seguros e transportes – é muito superior ao do Trans-Pacific Partnership Agreement (TPPA) entre Washington e seus sócios asiáticos, que prevê quatro anos de vigência na clandestinidade. Entretanto, a reportagem de Público.es teve acesso – graças a sua colaboração com Wikileaks – aos documentos originais reservados da negociação em curso, onde fica claro que se está construindo um complexo emaranhado de normas e regras desenhadas para evadir as regulações estatais e burlar os controles parlamentários sobre o mercado global.”

     

     

  6. Confuso

    Gosto do Ramonet, mas achei a corrente de raciocínio muito, muito confusa.

    Acho que hoje mais do que nunca a peça chave para reorganizar o tabuleiro no Oriente Médio é o Irã, pelo peso específico e pela influência sobre a comunidade xiita. No caso do petróleo, o artigo não aprofunda a análise sobre as consequências do apoio de Washington ao uso do óleo (do preço do óleo) como arma devastadora para atingir a Rússia.

    Para mi, o artigo peca de um simplismo naïve.

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