A tentativa fracassada de implicar a campanha de Haddad na Lava Jato

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Próximo do pleito eleitoral de 2016, aos poucos, as pautas vão deixando de lado a esfera federal para assumir o foco nos municípios. Mas se o debate de escândalos, propinas, investigações e Lava Jato podem ser conciliados, os grandes veículos de notícia não perderão essa oportunidade.
 
Notícia desta quarta-feira (29) do Estado de S. Paulo traz o ex-diretor da Andrade Gutierrez, Flávio Gomes Machado Filho, tentando implicar a campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, com o esquema envolvendo o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e a empreiteira.
 
No depoimento, o empresário afirma que Vaccari disse que os R$ 30 milhões do pedido de pagamento era para uma dívida da campanha de Haddad. O ex-tesoureiro teria assim se manifestado também para outras cinco empresas. A Andrade Gutierrez entraria com R$ 5 milhões desse total.
 
A campanha municipal em 2012 arrecadou R$ 42 milhões, mas gastou R$ 67 milhões, como o próprio partido deixou claro. Mas quem assumiu o buraco de R$ 25 milhões foi o comitê nacional da sigla, em 2013. E aí que entra a tentativa de relacionar, agora, o prefeito de São Paulo com a Lava Jato, em uma única ponte: parte desse valor era o que faltava pagar a João Santana, marqueteiro das campanhas de Dilma e Lula e também de Haddad.
 
E apesar de só trazer como suposto material de prova a delação, o conteúdo ainda é frágil. Flávio Gomes Machado Filho afirmou, primeiro, que os R$ 5 milhões que a empreiteira teria que pagar eram para Santana. Depois, “não sabe se a dívida de R$ 30 milhões era com João Santana ou o total da campanha de Haddad, mas a parte da Andrade Gutierrez, os R$ 5 milhões, era de dívida do PT com João Santana”.
 
E então esclarece que a relação, neste ponto, do marqueteiro e de sua esposa, Mônica Moura, com Haddad, na verdade não foi com o prefeito, e sim com o diretório nacional do PT, por meio de Vaccari. O delator conta que “foi o próprio Vaccari” que passou o contato de Mônica, sócia de Santana na Polis, a empresa do casal. 
 
Mas, no final da história e da notícia, a Andrade Gutierrez acabou decidindo que não pagaria os valores e o delator admitiu que “nunca tratou com Haddad a respeito”. 
 
A coordenação de campanha do prefeito de 2012 lembrou que “o valor foi declarado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e repassado ao Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, que faria sua liquidação”.
 
Leia a íntegra do depoimento de Flávio Gomes Machado Filho:
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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    1. Fora Temer

      MARÍLIA

      Não se trata de veículos de imprensa.

      São veículos de propaganda política a serviço da plutocracia ou dos fascistas.

       

  1. Isso vai gerar farto material

    Isso vai gerar farto material para atacarem Haddad, afinal sabem que bastam insinuações para que políticos do PT sejam julgados culpados.

    É uma pena, um caso raríssimo no Brasil de politico moderno e competente como Haddad seja queimado dessa forma. São Paulo precisava dele como governador, mas ele não se elege para mais nada, enquanto isso o chuchu nada de braçada.

    A jequice paulista é triste…

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