Percival Maricato
Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais
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Dois escândalos, por Percival Maricato

Temos novo prato cheio, preparado para a ocasião, para a mídia, para preencher discussões até a eleição: declarações de um ex diretor da Petrobrás, sobre corrupção política na estatal. Até agora pouco se fala de detalhes, quem recebeu o quê, como,provas etc, interessa o efeito político eleitoral nas denuncias totalizantes.

Muito deve ser verdade. O delator era homem de confiança e acumulou muitos milhões em paraísos fiscais (tão piratas quanto). Certamente não era poupança. O PT, infelizmente, não obstante mantenha bandeiras de origem, no mais se tornou um  partido do sistema e seus aliados,  por conveniência, nunca mudaram. As denúncias são graves, devem ser apuradas e os culpados punidos. É o óbvio. As pessoas decentes não podem ser cúmplices, devem preservar a dignidade e com ela a credibilidade, a possibilidade de influenciar nas opiniões dos outros e nos rumos políticos desejáveis.

Como as denúncias, muito convenientemente em vésperas de eleição e convenientemente, atingem as duas principais candidatas à presidência, o candidato do PSDB, que caia pelas tabelas, tenta se aproveitar. No entanto, não convence, pois é público e notório que a corrupção tem cinco séculos no país e ninguém mais que as forças conservadoras têm o rabo preso.  Lembremos que nos últimos anos,  em vez de reforçar suas origens sociais democratas, cultuar fundadores, os tucanos preferem alianças que nada ficam a dever às do PT. A estratégica é pior, com o DEM, ex PFL, ex ARENA. Quando governou a União e nos governos estaduais atuais, o PSDB faz as mesmas alianças fisiológicas que o PT tem feito ao nível federal (PTB, PR etc). Infelizmente ambos se conformaram e preferem se aproveitar do sistema em vez de reformá-lo.

Além do escândalo da Petrobrás, temos o escândalo do descontrole da polícia federal e do acesso de certas mídias às declarações sigilosas nos inquéritos. Impossível comentar esta, diante do frenesi pelo aproveitamento eleitoral e midiático do que vai saindo, gradualmente, da nova denúncia. O meio só não é escandaloso para a mídia, quando lhe interessa. Quando surgiu um dossiê sobre Jose Serra, anos atrás, aconteceu o contrário. A elaboração irregular do dossiê em si recebeu 100% da atenção da mídia, ninguém nunca viu divulgado seu conteúdo. Neste novo escândalo, pouco importa o escandalosa e ilegal vazamento das informações: o conteúdo, mesmo ainda nublado, sim. A mídia sabe do que acontece na polícia federal antes do STF ou do Ministro da Justiça. Mas se julga nesse direito…E inclusive de denunciar por lotes. Só agora vai se ver quem é realmente culpado. Pode haver inocentes, mas são acidentes de percurso.

Percival Maricato

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Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais

11 Comentários

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  1. Reforma política

    Percival Mericato,

    Seu texto vem confirmar a urgência urgentíssima de uma reforma política.

    Sem a dita cuja, que parece estar compreendida que deve vir da sociedade, não será possível a ninguém, governar com as alianças políticas mais estapafúrdias, sem as quais o mandatário não consegue maioria para votar os importantes projetos para a sociedade epara o funcionamento do país.

    Com a reforma política, o toma lá da cá $$$ das campanhas pode não acabar, mas ficará muito reduzido, e me entristece o fato de apenas DRousseff defender esta proposta saneadora. É sinal bem nítido que existe parcela signicativa da sociedade que não demonstra qualquer compromisso com o país, apenas com o seu umbigo.

    Quanto à PF, é notória a divisão interna, muito embora o ministro preguiçoso ainda não tenha tido notícia sobre este fato. Em Curitiba, a PF tem o deputado Francischini para ajudar nos vaqzamentos.

  2. Sem coligações não se

    Sem coligações não se governa.

    Sem corrupção (eleições caríssimas) não se elege e nem a sua bancada.

    Corrupção já…

    Ou reforma política ampla, já.

    1. A SUPER CRECHE DA NECA

      De todas as creches do Brasil, elas foram visitar exatamente àquela mantida pela comunidade judaica de São Paulo, a mais chique e moderna, patrocinada pelos donos do dinheiro. A Neca entra com Greencard e passeia em território amigo, guiando a musa da floresta. A alusão da prefeitura, como patrocinador da creche (também), é tirada estrategicamente da foto.

      É como se a Dilma levasse jornalistas para o Alfaville, para ilustrar o “Minha Casa Minha Vida”, ou Aecim mostrar o Galeão como se fosse o Aeroporto de Claudio.

  3. Paulo Roberto Costa ocupa cargos na Petrobras desde 1997

    Faltou mencionar que Paulo Roberto da Costa exerce altos cargos na Petrobras ou em suas subsidiárias desde 1997. Será que ele só se tornou corrupto a partir de 2003?

  4. reforma política já.
    como

    reforma política já.

    como proposta pelo lula e pela dilma.

    no site do pt há uma nota sobre como

    assinar o pedido de plebiscito para a reforma política.  

  5. FHC  tinha dois grandes

    FHC  tinha dois grandes aliados no Congresso, como ACM pai e Arruda, que muito ajudaram-no a aprovar sua reeleição. Fraudaram o painel do Senado numa votação, mentiram deslavadamente, até serem dispensados. Ainda hoje estamos vendo a cara de pau do segundo – ladrão de primeira linha -, porém cheio das conversas, como se tivesse o rei na barriga. 

    Se a imprensa, tão devota e leal aos oposicionistas, mostrasse ser ética, iria atrás de muita gente sem nenhum vínculo com o PT. Quando surge um caso como o de Cachoeira, do mensalão tucano, do metrô de SP, entre tantos outros, mal e mal se dá uma notinha, que logo desaparece porque outra chega na velocidade da luz contra o Governo e o PT. Agora mesmo quem está querendo saber de divulgar algo mais sobre os aeroporos fajutos de MG? Não é somente aquele de Cláudio que merece investigação. Carlos Azenha fez uma reportagem de outro aeroporto em MG que mais parece uma piada. Onde deveria trafegar aviões, o povo daquela aldeia considera a pista própria para caminhadas. Mais dinheiro jogado no lixo.

    É assim que a banda toca, enquanto tivermos o quarto poder tomando o lugar do Governo.

  6. A sublimação veio no Jornal

    A sublimação veio no Jornal da Band: o Boechato mancheteou: “A presidente Dilma admite ir ao Supremo para ter acesso ao inquérito da Polícia Federal…”

    Como é que é? A Polícia Federal já é um “poder autônomo”, que não presta contas a ninguém? Não é mais subordinada ao “Ministro da Justiça”, por sua vez subordinado (pois auxiliar) da Presidência da República?

    Em nenhuma democracia (formal, burguesa, representativa) do mundo moderno a “polícia” é órgão autônomo e que trabalha contra o governo – o governo, presidente, governador, ministro – deve ser o primeiro a ser informado sobre investigações desse tipo. 

    Essa polícia “autônoma” ainda vai querer prender e algemar o presidente (ou a presidente) de que não gostar. Falta pouco. Já invadiram o escritório em SP numa ocasião. O próximo passo pode ser prender o presidente (ou a presidente) da Petrobrás, da CEF ou do BB… depois… as trevas…

    Saravá!

  7. Liberda de imprensa

    Esta claro que a imprensa tem que ser cada vez mais livre e o povo cade vez mais culto, para ler, entender, interpretar e julgar. Não podemos ir na contra mão. A imprensa coletar informações entrevistar, obter informações de várias pesar e publicar é normal em qualquer democracia. E para qualquer lado indo a fundo em todos os lados e meios inclusive se a informaçãoa é falsa. Nisto é que se consolidam as grandes democracias. Cair um Presidente por informações divulgadas na imprensa pode e deve ocorrer. É a melhor forma de controle.

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