Em declaração ao TSE, Bolsonaro inflou valor de veículo vendido um ano antes para ex-funcionário

Mercedes Benz Sprinter 313, ano 2004, avaliada hoje no mercado em cerca de R$ 50 mil, foi vendida por R$ 10 mil em 2017. Mesmo assim, veículo foi incluído como parte dos bens à Justiça em 2018, no valor de R$ 89 mil

Jornal GGN – Em fevereiro de 2017 o ex-soldado da brigada de Infantaria Paraquedista Jaci dos Santos comprou por R$ 10 mil, pagos em algumas prestações, uma Mercedes Benz Sprinter 313, ano 2004, do então deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). Entretanto, o veículo foi declarado pelo hoje presidente como parte de seus bens à Justiça Eleitoral, em 2018, no valor de R$ 89 mil.

A apuração é da Folha de S.Paulo. O jornal aponta que o veículo consta nas declarações do presidente desde 2006. Jaci diz que, na época em que comprou o micro ônibus, era funcionário de gabinete de Flávio Bolsonaro, então deputado estadual na Assembleia do Rio de Janeiro. Por um salário líquido de R$ 2.571,94, o ex-soldado trabalhava como motorista do filho do atual presidente. Mas pouco antes de assumir esse cargo, trabalhou alguns meses no gabinete de Bolsonaro na Câmara onde “fazia um pouco de tudo”.

“Dirigia, fazia faxina”, completou. O veículo foi transferido para o nome de Jaci dia 10 de fevereiro de 2017, um ano e sete meses antes de Bolsonaro ter apresentado a lista de bens ao Tribunal Superior Eleitoral (STF). No Mercado Livre é possível encontrar uma Sprinter Van 313, ano 2004, a partir de R$ 36.900, como mostra a imagem a seguir:

A declaração de 2018 à Justiça, inclui um outro micro ônibus Mercedes Benz Sprinter 414, de 2014, avaliado pelo presidente em R$ 141. O carro fica estacionado na sua casa da Barra da Tijuca.

A distorção e não veracidade dos dados apresentados por Bolsonaro ao TSE podem ser caracterizados como crime de falsidade ideológica, como aponta o artigo 350 do Código Eleitoral, sobre prestação de informação irregular à Justiça Eleitoral. Quem for autuado no crime pode pegar até 5 anos de reclusão, além de multas.

Segundo especialistas em direito eleitoral, entrevistados pela Folha, um candidato pode incluir um bem na declaração ao TSE como estratégia para inflar patrimônio e mascarar futura evolução. Ainda, segundo a Folha, a assessoria do presidente da República declarou que “o Planalto não irá comentar” o teor da reportagem.

Funcionário “faz tudo”

O ex-soldado conta que também prestava serviços durante as campanha eleitorais dirigindo o micro ônibus. “Levava o pessoal para fazer área [panfletagem em regiões marcadas em um mapa]. Depois voltava para buscar”.

Jaci foi aluno de Bolsonaro na Brigada de Paraquedista do Exército, e conhece o atual presidente desde 1984. Em 2012, ele foi autuado junto com Bolsonaro e Edenilson Garcia, marido de Walderice Santos da Conceição, funcionária fantasma do gabinete de Bolsonaro na Câmara, por pesca ilegal na Estação Ecológica de Tamoios, em Angra dos Reis.

A denúncia contra Bolsonaro, feita pela Procuradoria-Geral da República por causa da pesca ilegal, foi arquivada em março de 2016. Jaci e Garcia, por sua vez, foram absolvidos em janeiro de 2016 porque o caso não foi considerado grave pelo juiz Ian Vermelho.

Redação

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