Moro usa procurador de confiança para manter bloqueio de bens de Lula

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Divulgação
 
Jornal GGN – Um dos mais atuantes procuradores da Operação Lava Jato em Curitiba, ainda que nem sempre nos holofotes da mídia, Januário Paludo defendeu que o bloqueio de bens contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dona Marisa sejam mantidos, precipitando acusação de que eles teriam se beneficiados de recursos.
 
O posicionamento do procurador foi enviado a Sérgio Moro a pedido do magistrado de Curitiba, após a defesa de Lula recorrer, perante o Tribunal Regional Federal da 4ª. Região (TRF4), contra a decisão do juiz, que bloqueou os bens do ex-presidente.
 
O caso foi levado à segunda instância, mais precisamente nas mãos do desembargador federal João Pedro Gebran Neto que, sem sequer analisar o mérito do recurso de Lula, encerrou o caso e manteve o bloqueio determinado por Sérgio Moro. Nesta segunda-feira (06), a defesa de Lula recorreu novamente [leia abaixo].
 
Apesar de o recurso ter sido ingressado no TRF-4, Sérgio Moro abasteceu-se de auto-defesas à sua determinação. Pediu a um dos mais antigos procuradores de sua equipe da Lava Jato que escrevesse um parecer justificando a suposta necessidade dos bloqueios.
 
Januário Paludo então seguiu o pedido e posicionou-se favorável ao bloqueio para “garantir a reparação dos danos decorrentes de infração penal praticada por um dos cônjuges, inclusive em benefício do outro e com auferimento da atividade criminosa”. 
 
De forma antecipada, o procurador afirmou que Lula e dona Marisa, falecida em fevereiro deste ano, beneficiaram-se de dinheiro ilícito relacionado ao processo do apartamento triplex no Guarujá. 
 
O documento foi enviado à Justiça pelo MPF também nesta segunda-feira. Ao percorrer o histórico do procurador, com nome não tão visado pelos meios de comunicação como outros membros da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, verifica-se que Paludo é um dos investigadores mais antigos de atuação conjunta com Sérgio Moro.
 
Ainda quando o instituto da delação premiada estava estreiando no país com o andamento da Operação Lava Jato, em 2015, o coordenador da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, citou Januário Paludo como “um dos pais fundadores do uso da colaboração premiada como técnica de investigação no Brasil”.
 
 
Ele faz parte da equipe de ferro do juiz Sérgio Moro em Curitiba desde 2003, estando presente nas investigações do processo relacionado ao Banestado, ao lado dos também procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima e Orlando Martello Júnior. 
 

Januário Paludo ao lado de Carlos Fernando dos Santos e Deltan Dallagnol – Foto: Geraldo Bubniak/Agência AGB
 
Em parecer similar recente, o procurador manifestou-se também favorável ao sequestro dos imóveis ligados ao ex-ministro Antonio Palocci (Casa Civil, no governo Lula, e Fazenda, no governo Dilma). Em posicionamento também polêmico, Januário defendeu que os imóveis não diretamente de Palocci, mas de sua filha e de sua enteada, fossem bloqueados pela Justiça.
 
Em resposta, os advogados Cristiano Zanin, Valeska Martins, Paula Nunes e Pedro Martinez pediram a nulidade do bloqueio à segunda instância. Em recurso remetido ao TRF-4, lembraram que “o próprio juiz, ao julgar embargos de declaração opostos contra a sentença pela Defesa de Lula, reconheceu que nenhum valor proveniente de contratos da Petrobras foram dirigidos ao ex-Presidente”.
 
Além disso, o próprio MPF não conseguiu provar “qualquer ato de Lula que pudesse indicar a possibilidade de dilapidação patrimonial”. Um dos argumentos levantados pela defesa do ex-presidente é que o mesmo pedido havia sido apresentado pelos procuradores da República em outubro do ano passado, e Moro manteve a solicitação em sigilo, segredo de Justiça, até outubro deste ano, quando decidiu acatar.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

3 Comentários

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  1. Os concurseiros estão

    Os concurseiros estão invertendo as leis. Pelas suas interpretações quem tem que provar não é o acusador e sim o acusado.

  2. Procurador onomatopaico

    Aquele cujo nome faz menção à  imagem: Paludo

    Presença de ogro: malogro.

    Mais que isso, combinam nele imagem, nome e raciocínio.

    Eu queria saber sob que saberes  esses nobres e bem aventurados servidores chegam a certas conclusões.

    Pela lógica não será.

     

    * Derrapada forte:

    e Moro manteu a solicitação em sigilo, segredo de Justiça, até outubro deste ano, quando decidiu acatar….”

     

     

     

     

     

  3. A escolha do melhor instrumento X a própria natureza

    Precisa desenhar, minha gente ? É só exercitar a lógica e fazer as conexões:  

    1.  Deltan Dallagnol, citou Januário Paludo como “um dos pais fundadores do uso da colaboração premiada como técnica de investigação no Brasil”.

    2. “Ele faz parte da equipe de ferro do juiz Sérgio Moro em Curitiba desde 2003, estando presente nas investigações do processo relacionado ao Banestado, ao lado dos também procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima e Orlando Martello Júnior”. 

    Para quem está familiarizado com o Caso Banestado, e se você não estiver leia a respeito, não precisa muito para entender os movimentos todos. As forças que estão atuando aqui são as mesmas que atuaram no bastidor lá, portanto, não se engane, essas forças vão além das fronteiras físicas territoriais porque tem as digitais dos top internacionais ou, se preferir, daqueles que pertencem ao 1% conhecido como elite global – os mesmos que controlam a circulação do dinheiro no mundo e detém, juntos, 60% dos recursos do planeta  – que buscam, a qualquer preço, uma nova ordem mundial que enredará a todos numa ditadura política, social e economica – um tipo novo de escravidão moderna sob o nome bonito de socialismo “democrático”, como dizem, mas que, tragicamente, conquista os corações daqueles, vítimas primeiras, da falência da educação entencional e orquestrada mundialmente. Há um Estado profundo, um governo de não eleitos, que controla todos os movimentos mundialmente. Eles tem seus tentáculos em todas as nações.. A ordem é uma só:  afastar aqueles que inistem no discurso em prol do nacionalismo e soberania, seja por bem ou por mal, se é que me entendem.

    Os globalistas sabem que ninguém vive de vento ou do idealismo. Para coverter o público em privado basta exercer o talento na selecão do melhor instrumento, e eles são bons nisso porque procuram nos candidatos as suas próprias características ou fraquezas. 

    Conspiração? Não. é só um exercício de racionalidade..

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