Milton Ribeiro ofereceu cargo no MEC para pastor suspeito de corrupção

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Segundo funcionários, o pastor Arilton Moura considerou o salário baixo e exigiu um cargo melhor

Milton Ribeiro, ministro da Educação. | Foto: Ministério da Educação

As relações suspeitas entre o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e pastores próximos a Jair Bolsonaro (PL) ficam cada dia mais explícitas. De acordo com funcionários da pasta, um dos reverendos chegou a receber a oferta de um cargo no MEC, mas considerou o salário baixo e exigiu um posto melhor.

Ribeiro e os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos foram presos na semana passada, em operação deflagrada pela Polícia Federal. Eles são suspeitos de coordenar um esquema em que cobravam  propina de prefeitos em troca da liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). 

As declarações dos funcionários da pasta foram dadas em uma segunda investigação sobre o caso feita pela Controladoria-Geral da União (CGU). O relatório final dessa apuração foi obtido pela TV Globo e divulgado pelo Jornal Nacional, na noite desta segunda-feira (27).

Segundo os relatos, o próprio Ribeiro indicou Arilton Moura para um cargo de confiança no MEC, de nível DAS 3, em que o salário inicial é de cerca de R$ 6 mil.

Em depoimento, o atual ministro da Educação, Victor Godoy, que na época era secretário-executivo da pasta, confirmou que a indicação do pastor veio de Ribeiro. Na época, como não havia espaço em seu gabinete, ele disponibilizou a Ribeiro um cargo DAS 3 para o pastor.

De acordo com o ex-assessor do MEC, Albério Rodrigues Lima, Arilton mostrou-se infeliz com a remuneração do cargo e solicitou ao ministro algo melhor.  A insatisfação do pastor teria sido externalizada na frente de outros servidores da pasta, em reuniões que contaram com a presença de Ribeiro.

Com isso, o então ministro indicou Arilton Moura para o cargo de gerente de projeto na Secretaria-Executiva do MEC, com salário inicial de mais de R$ 10 mil. A nomeação, no entanto, foi barrada pela Casa Civil.

Ainda assim, o aliado do pastor, Luciano Musse foi nomeado ao cargo. Ele também é investigado pela PF no suposto esquema de corrupção.

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Moto como propina 

Apurações da Polícia Federal apontam que os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura subornaram com uma motocicleta um servidor do FNDE para agilizar a liberação de recursos. A informação é do O Estado de S. Paulo. 

CPI do MEC

As novas revelações sobre o esquema de corrupção vem à tona nesta terça-feira, quando o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) irá protocolar pedido para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado para investigar o caso.

Interferência de Bolsonaro 

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou nesta segunda-feira (27) à Procuradoria Geral da República (PGR) o pedido da oposição para que Bolsonaro seja investigado no caso. 

O pedido do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) tem como plano de fundo a ligação de Ribeiro à sua filha, onde revelou que o mandatário alertou sobre uma possível operação da Polícia Federal (PF). O telefonema foi interceptado pela PF e divulgados O Globo. 

A análise da PGR sobre o pedido é praxe nesse tipo de caso, que irá apontar se há indícios para abrir uma investigação.

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Ana Gabriela Sales

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