Moro diz que excesso de trabalho o impediu de ler documentos de processo de Lula

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Caso veio à tona depois de a ConJur noticiar que Moro autorizou grampo no escritório. (Foto Reprodução)

do Conjur

Moro diz que excesso de trabalho o impediu de ler documentos de processo de Lula

por Marcos de Vasconcellos

O juiz Sergio Moro conseguiu que sua vara ficasse dedicada apenas às ações da operação “lava jato”, mas afirma que “as centenas de processos complexos” o impediram de ler os documentos da ação na qual condenou o ex-presidente Lula. Na sentença, publicada nesta quarta-feira (12/7), Moro assume que sua vara foi informada de que mandou interceptar o ramal central do escritório dos advogados de Lula, mas que os documentos “não foram de fato percebidos pelo juízo”, por causa do excesso de trabalho.

O caso veio à tona depois que a ConJur noticiou, em março de 2016, que o telefone central do escritório Teixeira, Martins e Advogados, que conta com 25 profissionais do Direito, havia sido grampeado por ordem de Moro.

No pedido de quebra de sigilo de telefones ligados a Lula, os procuradores da República incluíram o número da banca como se fosse da Lils Palestras, Eventos e Publicações, empresa de palestras do ex-presidente. O Ministério Público Federal usou como base um cadastro de empresas por CNPJ encontrado na internet.

À época das notícias, o juiz teve de se explicar ao Supremo Tribunal Federal. Em um primeiro ofício enviado ao Supremo, afirmou desconhecer o grampo determinado por ele na operação “lava jato”.

Em seguida, outra reportagem da ConJur mostrou que a operadora de telefonia que executou a ordem para interceptar o ramal central do escritório de advocacia Teixeira, Martins e Advogados já havia informado duas vezes a Sergio Moro que o número grampeado pertencia à banca.

Por causa da nova notícia, Moro teve de se explicar de novo ao Supremo. Dois dias depois de dizer não saber dos grampos, enviou outro ofício para dizer que a ordem de interceptação “não foi percebida pelo Juízo ou pela Secretaria do Juízo até as referidas notícias extravagantes” — sem citar nominalmente a ConJur, primeiro veículo a noticiar o problema.

Agora, na sentença do caso tenta se explicar novamente: “É fato que, antes, a operadora de telefonia havia encaminhado ao juízo ofícios informando que as interceptações haviam sido implantadas e nos quais havia referência, entre outros terminais, ao aludido terminal como titularizado pelo escritório de advocacia, mas esses ofícios, nos quais o fato não é objeto de qualquer destaque e que não veiculam qualquer requerimento, não foram de fato percebidos pelo juízo, com atenção tomada por centenas de processos complexos perante ele tramitando”.

O juiz tenta jogar a questão para a Polícia Federal, afirmando que nos relatórios da autoridade policial quanto à interceptação, sempre foi apontado tal terminal como pertinente à Lils Palestras. E diz que até poderia interceptar ligações de Roberto Teixeira, pois ele também seria investigado.

Ainda segundo a sentença, não foram apontadas ou utilizadas quaisquer conversas interceptadas de advogados do escritório. “Então não corresponde à realidade dos fatos a afirmação de que se buscou ou foram interceptados todos os advogados do escritório de advocacia Teixeira Martins”, afirma o juiz de Curitiba.

Vale lembrar que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil pediu ao ministro Teori Zavascki (morto em janeiro), então relator da “lava jato” no STF, que decretasse o sigilo e posterior destruição das conversas interceptadas nos telefones dos advogados de Lula.

Clique aqui para ler a sentença.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

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  1. Excesso de trabalho ?

    Quanto trabalho…

    Num badalado encontro social com o governador tucano Taques (respondendo processo) :

     

    Resultado de imagem para moro e taques

    Nos states, prestando contas aos donos :

    Resultado de imagem para moro nos usa

    Bebericando num bar com o cantor Fagner e outros fans :

    Resultado de imagem para moro com fagner num bar

    Numa livraria com uma jornalista fascista, processada por plágio :

    Imagem relacionada

    Confraternizando num badalado encontro com os super-processados, Michel Cunha Temer de Marinho e Aecio Neves :

    Resultado de imagem para moro aecio e temer

    Num evento, ao lado do amig]ao Dória e o tucano Fernando Capez, acusado e processado por roubo de merandas das crianças do ensino público de São Paulo :

    Resultado de imagem para moro doria e o merenda

    Num badalado evento, recebendo das mãos do dono, o troféu faz a diferença :

     Resultado de imagem para moro e roberto marinho

  2. o leite com pÊra de maringa

    o leite com pÊra de maringa azedou,,….agora quer entregar a encomenda e vazar. aqui é arriscado pra ele, pensa…..

    mexeu com o formigueiro sem nunca ter aguentado um formiga. agora guenta. bora ve…..

     

    ele sabe q babou o golpe. ele corre. e a favor dele só 5 coroas e 1 cachorro – e caindo.

     

    ninguem mais topa estar na foto ao laod de golpista.

    dilma volta.

    lula 2018!

     

    o poder é nosso – o povo vai agir.

  3. MORO/GLOBO INTIMIDADOS POR LULA: “LEÃO” DE CURITIBA… MIOU!

    MORO/GLOBO INTIMIDADOS POR LULA: “LEÃO” DE CURITIBA… MIOU! – DE NOVO!

    Por Romulus

    Muitos leitores vieram me perguntar o que eu achei da condenação de Lula por Sergio Moro ontem. Queriam saber “quando eu ia publicar um artigo sobre isso”.

    Confesso que, assim que saiu a notícia, além de postagem sumária nas redes sociais, não pretendia escrever sobre isso não.

    E por quê?

    Ora, porque essa “notícia” foi uma…

    – … NÃO-notícia!

    Pior: foi uma não-notícia visando, justamente, a virar a pauta do noticiário em relação a notícias de verdade.

    Ia lá eu fazer o jogo da Globo/ Moro e ajudar a pauta fake a subir?

    Tratando dela especificamente?

    Não…

    Nada disso!

    Não que o (não) acontecimento seja irrelevante…

    Não é bem isso…

    A questão é a minha “pegada” como analista…

    Como os leitores já sabem, pensando ~estrategicamente~, meu foco costuma ser muito mais no ~subtexto~ do que nos textos disparados pelos diversos atores do jogo político.

    E em “atores do jogo político” entram, evidentemente, a Globo e Sergio Moro.

    Muito mais importante do que a condenação de Lula por Moro – per se – são:

     

    (i) a sua timidez!;

    (ii) o timing;

    (iii) as limitações técnicas; e

    (iv) os movimentos casados da Globo para tentar pautar os seus desdobramentos.

     

    Passemos, pois, à análise desse subtexto.
     

    LEIA MAIS »

     

  4. Comentário.

    Quer dizer que suas condições de trabalho prejudicaram o réu.

    Valeu, Moro. Um bom advogado sabe o que fazer com esta declaração.

    1. anule-se

      É a primeira coisa a se pensar, um outro juiz a refazer o trabalho com respeito ao réu, ainda mais se o réu é o ex-presidente da República.

      O próprio juiz moro deu de graça o próimo lance para o oponente.

      Onde estão os magistrados éticos e sérios do Brasil?

  5. Tem toda razão

    Vocês queriam o quê ?

    Que ele se abstesse de comparecer a premiações da família Marinho , jantares nos eventos da LIDE , palestras patrocinadas pelo Paulo Lehman em Harvard…… queriam que ele se abstesse de todo esse glamour para ficar lendo o processo do Lula ? Ora  , faça-me o favor ………..

    P.S. : o cara nem sequer lê os processos e vai se apresentar em Harvard bancando o paladino contra a corrupção. Como tem trouxa em cima dessa terra !

    1. Não examinou documentos da defesa por falta de tempo?

      Vixe!!!

      Se a moda pegar e o tribunal lá de Porto Alegre tb não examinar por excesso de trabalho, nem esperem que os tribunais superiores (STJ e STF) arrumem um tempinho para dar uma espiadinha nesses documentos, pois há muito decidiram que não fazem exame dessa natureza. Salvo engano, tem súmula do STF determinando isso.Acho que sob essa argumentação nem receberiam o recurso. 

      Esse aparente deslise do Moro com essa declaração  pode ter sido uma armadilha. 

  6. Nas decisões judiciais constam a expressão ‘Vistos, etc.”

    Já que o Camundongo de Curitiba não viu os autos, se a sentença condenatória do Lula contiver a expressão “Vistos, etc”, trata-se de falsidade ideológica.

    1. Moro não teria lido documentos por excesso de trabalho.

      Primeiro é preciso saber se ele realmente disse isso. Muito estranha a notícia sem dizer datas nem onde ele teria feito tal comentário. E muito estranho que as pessoas ainda acreditam em tudo sem checar.

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