Moro fugiu do padrão ao liberar grampo de Lula, mostrava pesquisa interna da Lava Jato

"A questão jurídica é filigrana dentro do contexto maior que é político", concluía Deltan Dallagnol, após visualizar o levantamento interno que comparou outros 8 casos semelhantes

Jornal GGN – A Operação Lava Jato fez um levantamento interno, nunca divulgado, que mostra que a decisão de Sergio Moro de divulgar o grampo do ex-presidente Lula fugiu do padrão adotado pelo ex-juiz de Curitiba. A informação foi compartilhada nas mensagens entre procuradores, obtidas pelo The Intercept Brasil.

Em 2016, ano do vazamento dos áudios de Lula, o levantamento interno dos procuradores analisou outras 8 investigações aonde também houveram escutas telefônicas, mas somente no caso do ex-presidente Lula os áudios grampeados foram anexados aos autos do processo e liberados ao público, sem nenhum sigilo. Nos demais, a retirada do sigilo havia sido liberada para advogados.

De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, em parceria com o The Intercept, em resposta, os procuradores da Lava Jato e o então juiz e hoje ministro da Justiça do governo Bolsonaro afirmaram que discordam daquele levantamento.

“Na Operação Lava Jato, foi adotado como prática o levantamento do sigilo sobre as investigações, tão logo a publicidade do processo não mais oferecesse risco a elas”, se opôs Sergio Moro. “Questionar a publicidade de processos judiciais, três anos depois, além de ser uma tentativa sensacionalista e descontextualizada de revisionismo, revela mera intenção de invalidar sentenças de criminosos”, continuou.

Mas naquela ocasião, entre os procuradores de Curitiba, as conclusões do levantamento teriam gerado “desconforto”, escreveu a reportagem de hoje. Porque o objetivo da comparação com casos semelhantes era justamente encontrar argumentos que ajudassem a defender o então juiz, o que não se conseguiu.

“Não sei até que ponto será útil ou benéfico usar as decisões”, escreveu uma das procuradores da força-tarefa, no grupo de mensagens do Telegram. “Lendo as decisões que PG me mandou não vi em nenhuma delas abertura de sigilo amplo”, escreveu a procuradora Anna Carolina. “A questão jurídica é filigrana dentro do contexto maior que é político”, concluía Deltan Dallagnol.

 

Redação

7 Comentários

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  1. Essa organização criminosa chamada Lava Jato só será extinta e seus membros punidos com o retorno do pleno Estado Democrático de Direito. Mas isto depende da formação de uma Frente Democrática que, parece, está longe de ocorrer.
    Então, continuamos assim: ficamos sabendo de crimes variados, nas variadas instituições, e nada acontece. Ou melhor, acontece no dia seguinte: ficamos sabendo de outro crime, e depois de mais outro e outro…

  2. ACHO bastante importante é de grande repercussão em termos políticos, pricipalmente quando envolve as publicacoes do The Intercept, as quais no meu entendimento refletem perfeitamente a realidade dos fatos que imaginávamos naquela época, com certeza o envolvimento do hoje MF Sérgio Moro

  3. Não acreditava muito em demônios, mas hoje sei que, se existem, moro e dallagnol os são. Estes caboclos são maildade pura. E o brasil bolsonárico é o resultado disso.

  4. Duas perguntas: E por que tanta demora do STF em julgar a parcialidade do cafajeste, parecendo até que se prepara a cafajestice maior de não punirem o vigarista, como se devêssemos nos contentar apenas com a libertação (até não sei quando) de Lula? Afinal, a grande cafajestice da justiça é não punirem juízes cafajestes com cadeia, como se devêssemos nos contentar com pseudo-punições sob a forma de aposentadorias compulsórias com régios ganhos dos cafajestes togados. Isto só cria em nós o sentimento de ódio cada vez maior…mas talvez seja isso mesmo que “nossa” justiça queira. E a segunda pergunta: quando será que vão levar a sério investigações que desmintam que a morte de Teori foi só acidente e, portanto, se descubra quem mandou matá-lo? Afinal, sabemos que o grande beneficiado foi o cafajeste-mor…que pôde continuar delinquindo sob o falso nome “julgando”, pois ele não poderia levar um segundo puxão de orelhas público de Teori…e tal morte foi, para ele, muito conveniente.

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